• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 - A TRAJETÓRIA DA REDE APAE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO

3.3 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA DE GRADUAÇÃO E PÓS-

A graduação se refere ao primeiro título universitário recebido por um indivíduo. Em geral, o termo “graduação” está cotidianamente associado também à ideia de formação profissional de nível superior, técnico-científico. Os cursos de graduação estão distribuídos nos seguintes graus acadêmicos:

• Bacharelado: Habilita o seu titular a ser um bacharel em diferentes áreas do conhecimento. Tem duração normal de dois a seis anos e é oferecido na maioria das áreas de estudo. Incluem-se entre os bacharelados aqueles cursos que concedem titulação profissional.

• Licenciatura: Habilita o seu titular a ser um professor em diferentes áreas do conhecimento, especialmente na Educação Básica, podendo atuar também em outros níveis.

• Tecnologia: Habilita o seu titular a ser um tecnólogo ou tecnologista, ou seja, mão de obra técnico-científica especializada em diversas áreas do conhecimento, cobrindo demandas específicas do mercado, como sistemas de informação, redes de computadores, marketing, logística etc.

No Brasil, os cursos de pós-graduação são classificados em: (a) lato sensu, aqueles direcionados à atuação profissional e atualização dos graduados no nível superior:

tecnólogos, licenciados ou bacharéis e; (b) stricto sensu, os voltados à formação científica e acadêmica e também ligados à pesquisa.

Os cursos e programas de educação profissional técnica de nível médio e os cursos de educação profissional tecnológica da graduação, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, incluirão saídas intermediárias, que possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após conclusão com aproveitamento.

A educação profissional observará as seguintes premissas, segundo o Decreto n.º 5.154, de 2004 (BRASIL, 2014):

I – Organização, por áreas profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica;

II – Articulação de esforços das áreas de educação, do trabalho e emprego, e da ciência e da tecnologia; (Redação dada pelo Decreto n.º 8.268, de 2014).

III – A centralidade do trabalho como princípio educativo; e incluído pelo Decreto n.º 8.268, de 2014. (BRASIL, 2014).

IV – A indissociabilidade entre teoria e prática, incluído pelo Decreto n.º 8.268, de 2014. (BRASIL, 2004).

Os educandos com deficiências intelectual e múltipla podem cursar todos os níveis de educação profissional e tecnológica, desde que tenham as habilidades e competências exigidas na primeira etapa da educação profissional e tecnológica, o nível de escolaridade exigido nos níveis técnico e tecnológico de graduação e pós-graduação, o perfil profissional para participar dos cursos, que estes sejam compatíveis com seus interesses e possibilidades e que recebam os apoios necessários às suas demandas.

As instituições especializadas podem, por meio de parcerias com instituições de ensino regular, assumir o papel de articuladoras e apoiadoras dos educandos em cursos de qualificação/formação inicial e continuada. Caso necessário, poderão igualmente contribuir para encaminhá-los ao mundo do trabalho convencional, apoiado ou autônomo.

As instituições especializadas devidamente habilitadas pelo Ministério do Trabalho (ver “MT” no Glossário) ou da Educação podem ofertar a qualificação, formação inicial e continuada do trabalhador, assim como a certificação.

A educação profissional (alíneas “a” e “b”) pode ser desenvolvida de duas formas e em dois contextos, a saber, (LDB, art. 40):

Formas

Em articulação com o ensino regular.

Com a adoção de diferentes estratégias de educação continuada.

Aqui, vale lembrar que um dos princípios de organização do ensino é

“o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” (LDB, art. 2º, inc. III).

Contextos

Instituições especializadas.

Ambiente de trabalho (empresas públicas, privadas e agências formadoras).

A educação especial para o trabalho (LDB, art. 59, inc. IV), no caso de educandos com déficit intelectual mais importante, requer arranjos institucionais específicos, de tal sorte que sejam assegurados programas e cursos de aprendizagem com modulação

avaliação, no foco da intencionalidade final de cada programação/curso e na tipologia de certificação. Tudo isso tendo “como referência os objetivos constitucionais, vazados na cidadania e na dignidade da pessoa” (Res. n.º 4/2010 – CNE).

Nesse horizonte, é imperativo considerar:

1. As condições desiguais de escolaridade dos alunos.

2. A organização curricular destravada (objetos de conhecimento assistêmicos).

3. O quadro de habilidades específicas e indispensáveis a um exercício laboral adequado, acessado e internalizado pelo aluno, em ritmo compatível com suas etapas de desenvolvimento.

4. Em qualquer dos casos, a instituição certificadora deve contar, para tanto, com anotação em seu Regimento Escolar e com previsão, quando for o caso, de antecipação de conclusão de escolaridade, no Projeto Pedagógico.

5. Uma transição entre os módulos de aprendizagem sem o sobrepeso próprio das formas de articulação das dimensões orgânica e sequencial dos conteúdos e atividades, de tal sorte que o aluno vivencie, sem tensões nem rupturas, a continuidade de seus processos peculiares de aprendizagem e desenvolvimento.

6. Construção de agregados de conhecimentos laborais não condicionados à padronização remissiva convencional do trabalho competitivo.

7. Foco formativo em unidades de aprendizagem que, somadas, qualifica o aluno para uma ocupação com identificação social, enquanto área circunscrita de atividades e tarefas.

8. A formulação diferenciada de cursos ou de programas alternativos (educação especial para o trabalho, nos termos do art. 59, inc. IV da LDB) refere-se, de um lado, ao nível de extensão e de complexibilidade do trabalho e, do outro, ao feixe de conhecimentos, habilidades e aptidões requeridas para o exercício de profissão ou de ocupação, com um objetivo focal: permitir nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso, permanência e progresso no trabalho (LDB, art. 36, § 2º e 3º). Nesse sentido, é imprescindível a interação psicopedagógica no âmbito do eixo Serviços de habilitação profissional → Serviços de reabilitação profissional → Serviços de educação profissional.

9. Aqui, vale lembrar o que diz o art. 14 da Lei Brasileira de Inclusão: “O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa com deficiência”, como a educação escolar e a educação profissional também o são! A articulação dos três segmentos deste eixo subordina-se ao imperativo legal de adequação de meios e estratégias para que, sobretudo no caso de cursos de formação inicial e continuada, pessoas com déficit intelectual leve ou severo tenham assegurado acesso, via educação básica regular, a conteúdos acadêmicos de desenvolvimento de competências cognitivas na circunscrição de habilidades básicas em leitura, escrita e cálculo. (LDB, art. 32, inc. I).

10. Por fim, convém ressaltar que os cursos de educação profissional de formação inicial e continuada, previstos no art. 39, § 2º, inc. I, da LDB, conectados a um perfil profissional específico e pré-definido, não devem ser confundidos com programações rápidas e eventuais para atender requerimentos circunstanciais, sempre moldados em agendas institucionais de informação e orientação profissional. Essas programações têm uma configuração de cursos livres e estão desobrigadas de um enquadramento curricular sob o ordenamento de diretrizes normativas prévias. Nesse caso, cabe à instituição ofertante definir simplesmente o alinhamento das atividades de aprendizagem não voltadas, no caso, à certificação de conhecimentos acadêmico-profissionais, mas, apenas, a informar e orientar pessoas no cenário amplo das atividades profissionais hospedadas no mercado formal de trabalho.

CAPÍTULO 4 - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E INCLUSÃO LABORAL PARA