Indústria de Transformação e Intensidade Tecnológica Análise descritiva dos dados
4.3 Decomposição para 34 setores da indústria de transformação: análise dos resultados
4.3.2 Efeito dos mercados interno e externo sobre a mudança estrutural para os 34 setores da indústria de transformação (MAN)
Na Tabela 22 e no Gráfico 11 são apresentados os efeitos dos mercados interno e externo sobre a mudança estrutural – os dados por setor são apresentados no Anexo 5.
Tabela 22: Efeito dos mercados interno e externo sobre a mudança estrutural para os 34 setores de MAN
PERÍODO MERCADO INTERNO (C + E) MERCADO EXTERNO (D + F) TOTAL MUDANÇA ESTRUTURAL
2000-2003 -3,87 3,83 -0,04
2003-2006 1,52 -0,65 0,87
2006-2009 6,26 -3,55 2,71
2000-2009 3,66 -0,55 3,11
Gráfico 11: Efeitos dos mercados interno e externo sobre a mudança estrutural para os 34 setores de MAN em vários períodos
Fonte: elaboração própria.
2000-2003
Como pode ser observado na Tabela 22, nesse período, o efeito positivo do mercado externo (+3,83%) sobre a mudança estrutural foi compensado pelo efeito negativo do mercado interno (-3,87%). O Anexo 5 mostra que apenas 5 setores pertencentes ao grupo de elevada produtividade (que totalizam 25) exibiram contribui-ção positiva para a mudança estrutural via mercado interno.
Nesse aspecto, se destacou o setor de outros equipamentos de transporte, também contribuindo positi-vamente os setores de produtos químicos, perfumaria, higiene e limpeza, fabricação de aço e derivados e peças e acessórios para veículos automotores.
No que tange ao mercado externo, a maioria dos setores de elevada produtividade contribuíram positivamente para a mudança estrutural, destacando-se os setores de máquinas e equipamentos (0,31%) e fabricação de aço e derivados (0,25%). Contribuíram negativamente apenas metalurgia de metais não ferrosos, máquinas para escritório e equipamentos de informática e outros equipamentos de transporte.
2003-2006
Nesse período, a mudança estrutural passa a ser positiva devido principalmente ao mercado interno, que obteve crescimento igual a 1,52%, contrabalançando o efeito negativo do mercado externo (-0,65%). Destaca-se que 12 dos 25 Destaca-setores de elevada produtividade contribuíram positivamente para o efeito do mercado interno sobre a mudança estrutural, destacando-se os setores de máquinas para escritório e equipamentos de informática (0,61%) e outros equipamentos de transporte (0,32%).
Quanto ao mercado externo, 9 dos 25 setores de elevada produtividade contribuíram positivamente para a mudança estrutural, com amplo destaque para o setor de álcool (0,39%). As principais perdas vieram de celulose e produtos de papel (-0,20%) e automóveis, camionetas e utilitários (-0,17%).
PRODUTO 8-2
2006-2009
Nesse período, a variação total da mudança estrutural (+2,71%) e o efeito do mercado interno sobre a mu-dança estrutural (+6,26%) foram muito maiores do que nos demais períodos. Novamente o efeito do mercado interno foi positivo, compensando a contribuição negativa do mercado externo.
Contribuíram de forma positiva para a mudança estrutural via mercado interno 19 dos 24 setores de elevada produtividade, com destaque para os setores de máquinas e equipamentos (1,03%), álcool (0,92%) e auto-móveis, camionetas e utilitários (0,72%).
Dentre os setores de alta produtividade, somente os setores produtos do fumo, jornais, revistas e discos, pro-dutos químicos, fabricação de resinas e elastômeros e materiais eletrônicos e equipamentos de manutenção não contribuíram de maneira positiva para o efeito do mercado interno sobre a mudança estrutural.
Já o efeito negativo mercado externo se deve a um desempenho externo ruim por parte de quase todos os setores da indústria. As maiores quedas se referiram aos setores de automóveis, camionetas e utilitários (-0,43%) e máquinas e equipamentos (-0,37%).
2000-2009
Para o período completo, a mudança estrutural total foi igual a +3,11% devido principalmente ao efeito positivo do mercado interno (+3,66%), o qual superou a pequena contribuição negativa do mercado externo (-0,55%). Como pode ser verificado no Anexo 5, 15 dos 24 setores de elevada produtividade contribuíram positivamente através do efeito do mercado interno sobre a mudança estrutural.
Destacaram-se as contribuições de outros equipamentos de transporte (1,29%), máquinas e equipamentos (1,14%), peças e acessórios para veículos automotores (1,00%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (0,86%) e álcool (0,68%). As principais contribuições negativas vieram de jornais, revistas e discos (-0,64%) e produtos farmacêuticos (-0,53%).
O efeito do mercado externo sobre a mudança estrutural foi negativo. As principais perdas vieram de outros equipamentos de transporte (-0,31%), automóveis, camionetas e utilitários (-0,26%) e peças e acessórios para veículos automotores (-0,25%). O único setor de alta produtividade que apresentou contribuição significativa foi álcool (0,29%).
Como pode ser verificado no Gráfico 11, o efeito do mercado interno determinou o sinal da mudança estru-tural total de MAN em todos os períodos e apresentou tendência crescente. Esse componente contribuiu no sentido de ampliar o efeito positivo da mudança estrutural em todos os períodos, exceto em 2000-2003, em que o efeito da mudança estrutural sobre a produtividade total de MAN foi pequeno e ligeiramente negativo. Os setores de alta produtividade peças e acessórios para veículos automotores e outros equipamentos de transporte contribuíram positivamente para o efeito do mercado interno sobre a mudança estrutural em todos os períodos. Já os setores jornais, revistas e discos e fabricação de resina e elastômeros contribuíram nega-tivamente para o componente em todos os períodos.
No período de 2000-2003, no qual a taxa de câmbio apresentava-se altamente desvalorizada, o mercado externo apresentou desempenho extremamente favorável. Entretanto, o desempenho do mercado interno foi bastante ruim, contrabalançando os ganhos externos. Em 2003-2006, a indústria de transformação inicia sua recuperação no mercado interno, ao passo que, com a valorização cambial, o mercado externo torna-se menos favorável.
O período de 2006-2009 foi o de crescimento mais acentuado do efeito do mercado interno sobre a mudança estrutural, contribuindo consideravelmente para o crescimento principalmente dos setores de maior produti-vidade. Entretanto, o mercado externo apresentou contribuição negativa, principalmente em função da crise,
sem a qual a contribuição do mercado externo teria sido, provavelmente, melhor do que a apresentada no período de 2003-2006 – embora não tão alta quanto a de 2000-2003.
Deve-se ressaltar que, o mercado interno apresentou substancial contribuição para a mudança estrutural no período de 2006-2009, de maneira que, mesmo com a crise, o desempenho tanto da economia como um todo, quanto da indústria, foi superior ao apresentado nos períodos anteriores.