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6 REFERÊNCIAS 173 APÉNDICE – NORMAS E PADRÕES

3 DESCARGAS PARCIAIS

3.3 CONDIÇÕES QUE INTERVÊM NA ATIVIDADE E DETECÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS

3.3.6 Efeito pelicular (skin effect)

Esse efeito, caracterizado pela tendência da corrente elétrica alternada em se distribuir na periferia do condutor e não percorrer seu interior, é responsável pelo aumento da resistência elétrica efetiva [1]. A ocorrência do fenômeno depende da frequência aplicada, da intensidade da corrente e das características do material e geometria dos condutores [22].

No MIM, o efeito pelicular pode ocorrer nos condutores do estator, do rotor [47] e no núcleo de aço laminado [138]. Entretanto, em se tratando da atividade de DP, considera-se importante apenas os seus efeitos nos enrolamentos do estator, em máquinas alimentadas a partir de inversores de frequência PWM (seção 3.3.2).

O conteúdo espectral dos surtos advindos da alimentação PWM é de alta frequência. Consequentemente os surtos de corrente nos condutores dos enrolamentos podem ser limitados fortemente pelo efeito pelicular [139]. Só seriam consideráveis os efeitos das frequências altas, em torno de 1 MHz, dentre os harmônicos contidos no sinal PWM, cujas amplitudes vão depender do tipo de modulação empregada, do método de controle, da estrutura do inversor implementada (número de pulsos de controle) e da impedância dos cabos de ligação [63].

O efeito pelicular não deve ser tão relevante para a geração das DP em MIM, visto que o aumento da resistência elétrica efetiva pode atenuar a amplitude dos harmônicos dos sinais, provocando perdas adicionais no condutor e no núcleo laminado [16][139]. Entretanto, pode auxiliar na detecção das descargas, pois a propagação dos pulsos de DP é dependente da frequência [87].

3.3.7 Ruídos

Conforme a IEC60270, medições quantitativas das grandezas de DP são dificultadas por interferências causadas, basicamente, por dois tipos de perturbações que podem ser caracterizadas como: (i) as que ocorrem ainda com o circuito de teste não energizado e que não dependem dele, e (ii) aquelas que somente ocorrem com o circuito de teste energizado, mas não no objeto em teste [82].

As perturbações do tipo (i) são interferências de espectro discreto (DSI – Discrete Spectrum Interference), oriundas de transmissões de rádio e de sistemas de comunicação com portadoras baseadas em linha de transmissão; interferências com formato de pulsos periódicos,

originadas em sistemas de comutação, eletrônica de potência ou outro tipo de chaveamento periódico; interferências com formato de pulsos estocásticos, advindos de descargas atmosféricas; raios cósmicos e operações de chaveamento esporádico; além das interferências provocadas pelo efeito corona em outro equipamento. Esse ruído é geralmente modelado como ruído térmico ou ruído branco [109]. As perturbações do tipo (ii) são interferências devidas aos elementos do circuito e do sistema de medição, suas conexões e interligações quando energizados [82].

Os ruídos representam a principal barreira para uma eficiente medição de DP em campo. Eles são de diversas naturezas, apresentando formas, amplitudes e características diferentes em cada instalação. Algumas técnicas existentes, capazes de minimizá-los, são conhecidas de maneira consagrada; como, por exemplo, o emprego de filtros analógicos [105]. Diniz, em seus estudos [109], faz interessante revisão de métodos e algoritmos para redução e supressão de ruído dos sinais de DP, visando sua classificação em padrões típicos.

3.3.8 Radiação

As DP podem ser estimuladas por fontes de radiação, como os raios X e gama. De forma geral, a ionização por raios X é semelhante à fotoionização, visto que, em ambos os casos, a fotoabsorção leva à excitação ou ionização do átomo [51], que pode induzir cargas elétricas no interior de uma cavidade, na superfície de um isolante ou no meio que rodeia um eletrodo. Os trabalhos de Filho [119] e Silva [51] desenvolvem amplamente o assunto para raios X contínuos e pulsados, mostrando que é possível estimular externamente a atividade de DP. 3.3.9 Comprimento dos cabos de conexão

Os cabos de conexão e os fios condutores podem ser modelados como linhas de transmissão com parâmetros distribuídos [82][90] frente a pulsos rápidos, como: motores alimentados por inversores de frequência, DP, e outras fontes com conteúdo harmônico de elevada ordem de frequência. Essa representação é dada por impedâncias distribuídas em uma série infinita de componentes de resistências, indutâncias, capacitâncias e condutâncias [140] conectadas em série e paralelo. Cada pulso de energia transmitido pelo cabo, sob o efeito desses componentes, acaba sofrendo alterações.

O tempo de subida (rise time – que caracteriza o gradiente dV/dt), o comprimento e o tipo do cabo são fatores predominantes para a incidência de picos de tensão nos terminais do motor [63]. Quando o motor está próximo da fonte de alimentação ou de um circuito de ensaio para detecção de DP, esse efeito dos cabos de conexão pode ser desconsiderado, pois ele só é relevante quando os comprimentos excedem várias dezenas de metros [63].

3.3.10 Aspectos construtivos

Estatores estão sujeitos a variações geométricas em relação ao projeto, decorrentes do processo de fabricação, do desgaste de ferramentas para estampagem das lâminas do núcleo [69], dos desvios na produção de aços e dos estresses mecânicos e térmicos dos materiais. Tais desvios de forma podem levar a mudanças das propriedades magnéticas e produzirem variações elétricas representadas por perdas resistivas, dissipadas em forma de calor [16], que poderiam alterar a resposta de um ensaio de DP. Essas pequenas variações geométricas poderiam modificar, também, os espaçamentos efetivos entre condutores elétricos e entre sistema de isolação e núcleo magnético, com efeito na relação de rigidez dielétrica, função do produto pressão-distância (curvas de Paschen), influenciando a atividade de DP [119].

A disposição final das espiras em relação à isolação com o núcleo laminado ou com outras camadas do enrolamento, pode ser o aspecto construtivo mais relevante do MIM, em se tratando de um teste de DP [98][122].

Espaçamento entre fios e núcleo do estator ou variações no isolamento podem ter efeito nas DP, considerando a concentração do campo elétrico entre fios condutores e núcleo, determinada pela diferença de potencial aplicada, entre condutores (maior que a PDIV) e o núcleo aterrado (com potencial zero), e a distância entre eles.

A disposição final das espiras (local e espaçamento) na cabeça das bobinas (end-turn), logo após a conformação dos enrolamentos, também pode ter efeito na atividade das DP. De acordo com a literatura disponível sobre a teoria e projeto de motores de indução de pequeno porte, os valores da a indutância [11] e da reatância de dispersão na cabeça das bobinas são submetidos a um alto grau de incerteza, pois essa região do enrolamento gera campos magnéticos com formas muito complexas no espaço tridimensional, difíceis de serem estimados [141], cujas grandezas influenciam também na atividade das DP.

3.3.11 Natureza estocástica de algumas propriedades das DP