• Nenhum resultado encontrado

Anderson Lauro não é musculoso, ao contrário, é rechonchudo e facilmente intimidável. Não possui a esperteza dos garotos da idade dele e vive enclausurado conversando com o urso Pompom, seu “amigo” mais íntimo. Anderson Lauro não é super-herói, é menino, medroso, esquivo. Anderson Lauro é “marginal”. Dentro da hierarquia das masculinidades ele se perde pelos feixes de poderes que são como correntes marítimas dentro da sociedade. É o “duplo paradigma naturalista” (WELZER-LANG, 2001, p.460), o qual norteia as relações entre homens e mulheres e também entre homens e homens: “a pseudo-natureza superior dos homens” e a “visão heterossexualizada do mundo”.

Bem antes de Anderson Lauro “nascer”, a sociedade já havia construído papéis de gênero, bem como as disputas em torno da “masculinidade hegemônica” (CONNELL, 1995, p.192). Eco (1993, p.262) diz que a “pedagogia paternalista” precisa da ausência de dimensão de “projeto”. O efeito que o pai exerce não reconhece as peculiaridades de Anderson Lauro e procura incutir no garoto a mesma noção que foi passada a ele (pai): abandonar-se no mundo, sair, desbravar, tendo em mente o esquecimento do passado e o domínio sobre o futuro.

Eco (1993, p.262), vai dizer que essa simplificação do processo de auto-identidade e supervalorização do papel “maternal” da sociedade é como um efeito curativo para evitar outro que implica em “cansaço e dor, ao passo que a sociedade está em situação de oferecer ao homem heterodirigido26 os resultados de protestos já feitos” (ECO, 1993, p.262).

Estereótipos são tão mais eficazes quanto mais simplificados. Essa é uma idéia partilhada pela publicidade e que nos quadrinhos interfere diretamente na compreensão. Anderson Lauro quer se inserir socialmente, mas não se utiliza de “válvulas” convencionais. Convencional aqui está no sentido de equiparar-se à matriz heterossexual enquanto regente de

26 Eco especifica esse homem heterodirigido: “ é um homem que vive numa comunidade de alto nível tecnológico e particular estrutura social e econômica (nesse caso baseada numa economia de consumo), e a quem constantemente se sugere [...] o que deve desejar e como obtê-lo segundo certos canais pré-fabricados que o isentam de projetar perigosamente e responsavelmente.”. Ver em: ECO, 1993, p.261.

masculinidades. Os elementos de iconografia nas tirinhas realizam um “pulso”, um movimento pendular que alterna inserção e alheamento externo refletidos na forma como o corpo do garoto é apresentado (figura 27).

 

 

      Figura 27: Performances de Anderson Lauro Fonte: Denilson Albano

Adota-se um rótulo para fugir à norma. Nas tiras de Anderson Lauro, a representação da homossexualidade masculina é acompanhada de perucas, blushes, unhas quebradas - o gênero é representado dentro de uma feminilidade performática semelhante às práticas das drag-queens27. O autor

quando trabalha com o exagero na disposição dos símbolos femininos mostra a desidentificação com o “fantasma normativo do sexo” (BUTLER apud LOURO, 2007, P.156) nas tirinhas de Anderson Lauro.

Essa feminilidade atrelada à figura do homossexual é popularizada no imaginário social no momento de polarização dos papéis sociais de homens e mulheres durante a Revolução Francesa. Nesse período, o homossexual é associado aos celibatários, libertinos e sifilíticos; a feminilidade vai ser afirmada como forma de legitimar a designação “homossexual”. “Ele tinha que ser feminino, pois, não sendo feminino, não tinha como ser invertido” (COSTA, 1995 apud NUNAN, 2003, p.31). As mar-

27 Segundo Chidiac (2004) ser drag associa-se ao trabalho artístico. São artistas que elaboram uma personagem, “A elaboração caricata e luxuosa de um corpo feminino é expressa através de artes performáticas como a dança, a dublagem e a encenação de pequenas peças.” Ver em: CHIDIAC, 2004, p.471.

cas que libertam o corpo são as mesmas que estabelecem fronteiras dentro da norma heterossexual.

as marcas se inscrevem de maneira permanente sobre o corpo e delimitam fronteiras muito claras, estabelecendo fortes cortes relacionais entre grupos sociais, bem como produzindo o surgimento de novas tribos, a reinvenção dos guetos e a demarcação explícita dos limites extracorporais. (GARCIA, 2006, p.58)

A heterossexualidade cristalizada pode ser vista, em quadrinhos, na figura do Superman28. Os estereótipos precisam fixar-se em algo, e nas aparências físicas eles fixam-se preferencialmente (LE BRETON, 2007), as quais serão transformadas com o tempo em estigmas. Fisicamente o Superman possui atributos estéticos dotados de marcas de virilidade, por meio de músculos tonificados, porte assertivo, trânsito intenso o que denota disposição para aventura. Trata-se de um herói com sentidos superdesenvolvidos, porém, com virtudes humanas como nobreza, inteligência, o que lhe garante uma aproximação com o leitor.

A personalidade estética do Superman facilita a interação com o leitor já que é possível “tornar-se termo de referência para comportamentos e sentimentos que também pertencem a todos nós”(ECO, 1997, p. 250). Clark Kent personifica o leitor que lê as tirinhas e nutre a fantasia de ser um pouco super-homem no dia-a-dia, com todo o bônus de poder e influência de que o homem-alfa é dotado no universo dos quadrinhos. Uma vez que há essa identificação coletiva, o Superman torna-se figura mitológica. Em quadrinhos, o mito funciona porque existe “uma soma de determinadas aspirações coletivas”29, os arquétipos (Jung). Esse conjunto então são cristalizados em signos facilmente reconhecíveis.

Os arquétipos, ao passo em que tranquilizam e aplacam ansiedades coletivas, também engessam e limitam individualidades. O conceito de papel masculino possui vários pontos fracos. Uma vez que se cria o molde, as mudanças ficam limitadas. Connell (1995, p.186), diz que as masculinidades levantam questões diretamente relacionadas às práticas de

28 O Superman é criação da dupla de quadrinistas Joe Shuster e Jerry Siegel. Sua primeira aparição ocorreu na revista Action Comics, em 1938, nos Estados Unidos.

violência doméstica e organizada (por exemplo, as guerras); também às disputas por poder e desigualdades materiais.

4.5. Dentro do armário

Anderson Lauro vive em um país de espelhos, age por reflexo, rebate, mistura auto-anulação com tentativas de se auto-projetar. Começa a conhecer quem faz parte de sua comunidade e até onde pode ir com as pessoas dentro de seu convívio social. O “armário” ainda é habitat do garoto.

Segundo Sedgwick (2007) esse “segredo aberto” é a “estrutura definidora da opressão gay no século XX” (SEDGWICK, 2007, p.26), é um dispositivo que regula a vida de gays e de lésbicas e ao mesmo tempo reserva aos heterossexuais os privilégios de visibilidade e hegemonia de valores.

Trata-se de uma “presença formadora” (SEDGWICK, 2007). Apesar de não ser uma característica específica de pessoas gays, o armário, para a maioria delas, ainda é um hábito dentro da vida social. É um espaço incoerente porque vive da distinção entre público e privado dentro de um “torturante sistema de duplos vínculos” (SEDGWICK, 2007, p.26). Existir dentro desse ambiente implica em oprimir discursos e atos de modo que a identidade não funciona por afirmação, e sim por reflexo entre regra e anti- regra sociais.

O armário torna evidente a condição velada do sexo, uma existência mantida a custo de anulação e ocultamento (FOUCAULT, 1988). Mais ou menos no século XIX, época da rainha Vitória, a sexualidade individualizada e baseada na recusa é estimulada socialmente enquanto as sexualidades marginalizadas passam a existir dentro de uma suposta não- existência. O ocultamento é institucionalizado na figura do armário, é “quando o próprio segredo se torna manifesto como este segredo” (SEDGWICK, 2007, p.31), e às vezes pode não ser percebido por quem está dentro dele. Anderson Lauro não consegue viver de acordo com o que de fato é exigido dele e permaneceria relativamente indiferente à situação se não fossem as interferências dos pais, dos colegas da escola, dos sentimentos por Felipe. Não é possível se tornar homossexual sozinho. Denise Portinari (1989 apud

DUARTE, 2008, p.3) diz que “o que não se costuma perceber é que o outro que está em questão aí não é só outro concreto, e sim imaginário […] um significante”.

A identidade homossexual é difusa, discutível, mutante. É formada por sujeitos transgressivos de sexualidade e gênero. São sujeitos que lidam com um estigma do silêncio que constrange e da fala que cala. Transitam entre público e privado, dentro e fora. Formam heterogeneidades de desejos, afetos, crenças, padrões estéticos e culturais; e por vezes não se reconhecem entre si. A definição de identidade gay não incorpora esse

conjunto de descontinuidades. São comunidades não muito afeitas a rótulos, mas que se politizam. Desde a década de 70 desenvolvem aparatos culturais por meio de revistas, filmes, artigos em jornais, teatro. Nessa mesma década, surgem movimentos a partir de 1975, surge como o Movimento de Libertação homossexual no Brasil.

O que na verdade Anderson Lauro busca é entrar em contato com esse outro eu significante de que Denise Portinari fala; tornar real uma porção da sociedade ainda percebida de forma clandestina e habitada por estigmas. Um corpo não termina na pele. É encontro, ação, ambiente. Precisa de sentido em objetos, discursos, em auto-percepção. Anderson Lauro significa quando se aproxima de objetos, cumpre normas e burla as mesmas normas. Anderson Lauro é signo e Pompom, bonecas, Felipe - essa cadeia de outros objetos que habitam as tirinhas imprimindo sentido na narrativa - materializam os discursos de gênero, apontam para normas que precisam ser repetidas ao longo de uma vida inteira para que sejam percebidas como efeito da natureza. E o garoto passa a ter noções de permitido e proibido e brinca com os signos de masculinidade e feminilidade. Ensaia performances e, aos poucos, descobre uma masculinidade própria, povoada por mitos; uma masculinidade limítrofe, que nasce e se torna perene dentro do movimento corporal e subjetivo.

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi visto que a norma pode ser reapropriada e pode ganhar novos significados a partir do uso que se faz dos signos. Rosa e azul, dentro e fora, público e privado. Para que a identidade se afirme dentro desses sistemas de oposições é necessário negar o seu oposto direto, o qual passa a ser entendido enquanto diferença. A partir disso surgem as categorias de gênero, a norma, os discursos de validação da norma, o estigma sobre o que foge ao roteiro heteronormativo. Os corpos aprendem uma diferença ensinada e reiterada em discursos dentro da mídia, da escola, da família.

Dentro dos quadrinhos, Anderson Lauro é tipo. O termo de Eco (1996) encerra o que nas tirinhas é inacabado: o garoto possui uma sexualidade que está sendo construída e, ao longo das tiras, não há elaborações definitivas sobre sua homossexualidade, as questões são deslocadas, abertas e ambíguas. Anderson Lauro é um corpo em trânsito entre signos do masculino e do feminino e traduz, com isso, a característica mutante da identidade homossexual.

O personagem de Denilson Albano torna evidente motivos e comportamentos reconhecíveis pelos leitores. O interesse em continuar com as pesquisas sobre o Anderson Lauro reside nas possibilidades de o personagem gerar múltiplas identificações por parte de quem lê e também de estabelecer um sentido de realidade.

6 REFERÊNCIAS

BANDEIRA, Gustavo Andrada. Representações de masculinidade nas torcidas de futebol. In: ULBRA - Universidade Luterana do Brasil , 3, 2008,

Canoas. 3º Seminário Brasileiro de Estudos Culturais em Educação. Anais... : ULBRA - Universidade Luterana do Brasil , 2008.

BARNARD, Malcolm, 1958 - Moda e Comunicação. Tradução: Lucia Olinto.

Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

BARTHES, Roland. A Retórica da Imagem. São Paulo: Cultrix, 1987.

, Roland. La Aventura Semiológica. Ediciones Piados Ibérica,

S.A. Bouenos Aires. 1993.

, Roland. Mitologias; tradução Rita Buongermino, Pedro de

Souza e Rejane Janowitzer. – Rio de Janeiro: DIFEL, 2003. , Roland. Inéditos. São Paulo, Martins Fontes, 2005.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulações. Tradutora: Maria João da

Costa Pereira. Relógio d’Água. 1991.

BENJAMIM, Walter. Magiae técnica, arte e política: ensaios sobre literatura

e história da cultura/ Walter Benjamim; tradução Sérgio Paulo Rouanet; prefácio Jeanne marie Gagnebin. – 7. Ed – São Paulo: Brasiliense, 1994. – (Obras escolhidas; v.1).

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico/ Pierre Bourdieu: tradução Fernando

Tomaz (português de Portugal) – 11ª ed. – Rio de Janeiro; Bertrnad Brasil, 2007.

BOZON, Michel. Sociologia da sexualidade. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 2004,

p.36.

CANCLINI. Néstor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair

da modernidade. Edusp. São Paulo. 1997.

CERTEAU, Michel de. A cultura no plural/ Michel de certeau; tradução Enid

Abreu Dobránszky. – Campinas, SP: Papirus, Coleção Travessia do Século.1995.

CHIDIAC, Maria Teresa Vargas. Ser e estar drag queen: um estudo sobre a

configurac ão da identidade queer. Maria Teresa Vargas Chidiac e Leandro Castro Oltramari. Estudos de Psicologia, 471-478, 2004.

CONNELL, Robert W. Políticas da Masculinidade. Educação e Realidade,

COSTA, Jurandir Freire. A inocência e o vício: estudos sobre o

homoerotismo – Rio de Janeiro: Relume-dumará, 1992.

COSTA, Sebastião Guilherme Albano. Kitsch, adaptac ão e telenovelas no Brasil. Universidade Federal do Rio Grande de Norte. 2010

CYRNE. Moaci. História e crítica dos quadrinhos brasileiros. Editora

Funarte. 1990.

DANTAS, Daiany Ferreira. Histórias em Quadrinhos, consumo e mitologias: do romanesco ao camp. Programa de Pós-graduac ão da

Universidade Federal de Pernambuco. 2005.

DELEUZE, Gilles. Conversac ões. São Paulo: Ed. 34, 1992.

DUARTE, Rafael Soares. Lesbianismo nos quadrinhos, uma leitura de Fun Home de Alisson Bechdel. Fazendo Gênero 8 – Corpo, violência e

poder. Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008.

ECO, Umberto. Viagem na Irrealidade Cotidiana. Tradução de Aurora

Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade – Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984.

, Umberto. Apocalipticos e Integrados. 5ª edição. Editora Perspectiva

S.A. 1993.

, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução

Hildegard Feist. – São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

____, Umberto. O signo. Tradução Maria de Fátima Marinho. 5ª edição.

Editora Presença. Lisboa, 1997.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber.

Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de janeiro. Edições Graal, 1988.

GARCIA, Wilton. Produtos midiáticos: perfis simbólicos e culturais. ECA-

PÓS. v.9, n.2, agosto-dezembro 2006, pp.54-63.

GARCIA, Wilton. Corpo e subjetividade – estudos contemporâneos/ Wilton

Garcia, (orgnaizador). – Sào Paulo: Factash Editora, 2006.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade/ Anthony

Giddens; tradução Raul Fiker. – São Paulo: Editora UNESP, 1991.

, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor &

erotismo nas sociedades modernas. Tradução de Magda Lopes. – São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1993.

GOFFMAN, Erving. Estigma – Notas sobre a manipulação da identidade Deteriorada. Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro, RJ. 1988.

HALL, Stuart. Da diáspora: Identidades e mediações culturais/ Stuart Hall;

Organização Liv Sovik; Tradução Adelaine La Guardia Resende. – Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília; Representação da UNESCO no Brasil, 2003.

, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10º ed. Rio de

Janeiro. DP&A, 2005.

IDEAFIXA. Edição: Janara Lopes y Alicia Ayala. Editorial: O desejo através dos olhos. Revista Ideafixa. Edição nº11. Março 2008.

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem/ Martine Joly; tradução

Marina Appenzeller – Campinas, S: Papirus, 1996.

KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser/ Milan Kundera; tradução

de Tereza B. Carvalho da Fonseca. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. LAQUEUR, Thomas. Inventando o Sexo – Corpo e Gênero dos Gregos a

Freud. Rio de Janeiro, Ed. Relume dumará, 2001.

LE BRETON, David, 1953. A Sociologia do corpo. 2. Ed. – Petrópolis, RJ:

Vozes 2007.

, David. Adeus ao corpo: Antropologia e sociedade/ David Le

Breton; tradução Marina Appenzeller. - Campinas, SP: Papirus, 2003.

LOURO, Guacira Lopes. Ge nero e sexualidade: pedagogias

contempora neas. Pro-Posic ões, v. 19, n. 2 (56) - maio/ago. 2008.

, Guacira Lopes. Um corpo estranho – Ensaios sobre sexualidade e

teoria queer. 1ed.; Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

, Guacira Lopes. O Corpo Educado – Pedagogias da Sexualidade.

2ª edição. – Belo Horizonte; autêntica, 2007.

MAFESSOLI, Michel. O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas

sociedades de massa. Apresentação de Luiz Felipe Baêta Neves; tradução Maria de Lourdes Menezes – 2 ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.

MAGALHÃES, Henrique. Indigestos e sedutores: o submundo dos

quadrinhos marginais. Cultura Midiática. Revista do Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba.Vol. II, n. 1 – jan./jun./2009 artigo

MARCONDES, Ciro. A linguagem da Sedução. A conquista das

consciências pela fantasia. Tradução e revisão: Ciro Marcondes Filho e Plínio Martins Filho. Editora Perspectiva S.A. 2ª edição revista, 1988.

MARQUES, Luciana. Versões da homossexualidade na psicanálise. IV

Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental. 2010.

NOLASCO, S. O masculino: um dilema contemporâneo? In: O mito da

masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

NUNAN, Adriana. Homossexualidade: do preconceito aos padrões de

consumo; pref. Bernardo Jablonski. – Rio de Janeiro: Caravansai, 2003. PRADO, Marco Aurélio Máximo. Preconceito contra homossexualidades:

A hierarquia da invisibilidade/ Marco Aurélio Prado, Frederico Viana Machado. São Paulo: Cortez, 2008.

RAMOS, Paulo. Tiras cômicas e piadas: duas leituras, um efeito de humor.

São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2007. 424f [Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa].

RATTS, Júnior. A Parede Cor-de-Rosa de Rodrigo Blue/ Júnior Ratts –

Fortaleza: Expressão e Gráfica Editora. 2011.

ROCHA, Luis Fernando Campanella. O design para calçados masculinos e a modernidade. Cienc. Cult. [online]. 2010, v. 62, n. 2, pp. 30-33. Mundo HQ.

Caio e os gays dos quadrinhos. Disponível em: <http://www.mundohq.com.br/site/detalhes.php?tipo=5&id=245>. Acesso em: 18 de maio de 2011

, Luís Fernando Campanella. Calçado: considerações na sua

história. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/modabrasil/historia_calc/calcado/index2.htm>.

Acesso em: 16 maio 2011.

ROHDEN, Fabíola. O corpo fazendo a diferenc a. Ensaio Bibliográfico.

1998

SCHULZ, Charles M. Peanuts completo: 1950-1952/ Charles M. Schulz;

[tradução de Alexandre Boide]. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2010.

SEDGWICK, Eve Kosofsky. A Epistemologia do Armário. 1991. Cadernos

Pagu (28), janeiro-junho de 2007:19-54.

UMA FAMÍLIA DA PESADA. 2ª temporada. Episódio: 15 minutos de Vergonha: Griffins na vida real. 2007 Twentieth Century Fox Home

Entertainment.

VATTIMO, Gianni. A sociedade transparente. Tradutor: Hossein Shooja e

WELZER-LANG, Daniel. A construc ão do masculino: dominac ão das

mulheres e homofobia. Florianópolis. Revista Estudos Feministas, Universidade Federal de Santa Catarina, v. 9, n. 2, 2001.

                                        APÊNDICE                                                  

APÊNDICE A: Denilson Albano – questionário

Nome: Denilson Albano. Desenhista Entrevista: 28/03

Como foi o processo de criação do Anderson Lauro?

Eu já tava desenhando há um bom tempo essa tira [Red Rogers Chill Pappers]. Aí quando foi uma vez, um dia eu tava na casa de um amigo meu, e aí a gente tava brincando, desenhando umas coisas aí eu desenhei o Anderson Lauro e aí eu coloquei ele na tira do Red porque não tinha nome nem nada. Aí tu acredita que eu não lembrava disso? Eu lembrei porque fui procurar depois que conversei contigo, aí eu saí catando tudo que tinha antigo e peguei algumas até em preto-e-branco, esse estilo. Aí quando eu vi, lembrei: putz, agora eu já sei de onde era o visual. Mas ele já era meio gayzinho.

O Anderson Lauro foi calculado?

Foi uma jogada de marketing, não, foi uma jogada de protesto que era...

Começou com essa tirinha do Red Rogers?

Foi, começou com a tira do Red Rogers Chill Peppers. Essa tira eu ganhei um concurso no jornal. O jornal fez um concurso pra publicar tiras do jornal O Estado, daqui, na verdade os que competiram foram o pessoal de Fortaleza. Aí eu ganhei esse concurso e comecei a publicar no jornal as tiras do Red Rogers. Creio eu que duraram dois ou três anos de publicação. Foram três anos porque eu acho que a primeira tira que chegou lá, dos primórdios do Anderson Lauro, foi em 2003, né. Provavelmente foi [...] quando o Buchicho foi fundando em 2003, não existia o Buchicho no jornal. Quando montaram o novo projeto gráfico do jornal na época, fizeram o Buchicho. Aí quiseram que as tiras fossem pra lá e eu não queria, porque eu achava muito bacana publicar no Vida e Arte, “todo cult”. Aí eu fiquei meio puto, mas não queria deixar de publicar também.

Você achava que no Buchicho as tiras até então do Red Roger Chill Peppers não teriam tanta repercussão?

É porque não cabia a minha tira, não cabia. Minha tira era de nerd mesmo. Coisa de quem gosta de [...] tira. Coisa de quem gosta de Startrack, Star Wars, de alienígena, de abdução, de coisa de nerd. Aí cara, não existe

noveleiro nerd. Porque não tinha feito Mutantes, os caminhos do coração. Que é novela de nerd, né. Um menino que era bicho. Aí eu achava que não combinava. Aí assim eu, não, tudo bem, eu vou publicar pra mim. Eu não falei pra ninguém. Não tinha voz pra essas coisas não, Ainda talvez nem tenha. Aí eu disse, não tudo bem, eu publico nessa porra mas foca um

negócio assim de “viadagem”. Aí eu fiz o Anderson Lauro. Quando eu fiz o Anderson Lauro, eu não sabia, logo no começo, com pouco tempo mesmo, coisa de semanas, dois caras do jornal logo apadrinharam, o Luciano Almeida que ele na época era do caderno de, fazia resenhas de música, parte de crítica musical do jornal, e o Emerson Maranhão que até hoje é o cara que publica na coluna. Eles logo gostaram e tal, e num sei o quê. Na época o editor não era nenhum deles, mas eles gostaram. Talvez nem tinha pêgo porque nem era do caderno deles e tal, mas, eles curtiram e aí logo, em pouco tempo, um montão de gente começou a gostar. E eu nem gostava de

Documentos relacionados