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Efeitos da Integração Regional no Comércio e nos Investimentos

CAPÍTULO III: REGIONALISMO e MULTILATERALISMO

3.4 Efeitos da Integração Regional no Comércio e nos Investimentos

Pode-se dizer que, uma preocupação a saber é, se um acordo de integração regional desvia as oportunidades de investimentos internacionais em direção aos países membros? A análise tradicional considera que os fatores de produção se vêm retidos dentro das fronteiras nacionais e que a liberalização do comércio conduz a reajustes dentro de cada país. Os progressos da liberalização das oportunidades de investimentos internacionais das capitais fazem que este suposto de imobilidade dos fatores sejam muito menos realista e, em alguns casos, totalmente inadequado. Assim, pode haver desvio dos investimentos, quer dizer que, uma reordenação dos investimentos estrangeiros em direção da zona, em favor das oportunidades de investimentos estrangeiros em direção à terceiros países292.

As repercussões que um acordo de integração exerce sobre as exportações de terceiros países e sobre as oportunidades de investimentos estrangeiros vêm determinadas ou condicionadas em grande medida pelas políticas comerciais que adotem os governos membros, tanto inicialmente, como durante a vigência do acordo.

Os terceiros países podem e devem tentar compensar qualquer redução do acesso aos mercados dos países membros de um acordo, associando-se ao acordo; persuadindo a outros terceiros países na conformação de novos acordos ou promovendo

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VINER, Jacob. The customs union issue. New York: Carnegie Endowment for International Peace,1950. p. 41.

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GONÇALVES, Renato. Economia Internacional. uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 70-104. ISBN 85-352-0257-9.

291 GONÇALVES, Renato. Economia Internacional. uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 70-104. ISBN 85-352-0257-9.

292 GONÇALVES, Renato. Economia Internacional. uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 70-104. ISBN 85-352-0257-9.

reduções multilaterais dos obstáculos ao comércio para fazer com que diminua a margem de discriminação.

3.4.1 Efeitos da Integração Econômica no Comércio

Viner acreditava que a criação de comércio beneficiava os países membros interessados, no entanto, o desvio de comércio prejudica pelo menos os membros que pagam um custo (excluindo a tarifa alfandegária) mais elevados pelos bens importados293.

Tem demostrado-se que a liberalização de comércio regional, ainda que seja acompanhada de desvio de comércio, pode beneficiar o país importador.

Nota-se que, o desvio de comércio reduz as exportações enviadas aos terceiros países membros do acordo de integração regional, e é mais provável que se produza quando é substancial a margem de preferência outorgado aos países membros.

Naturalmente, não se pode descartar a possibilidade de que alguns terceiros países possam resultar perdedores quando leva em consideração todos os efeitos que o acordo de integração regional exerce sobre seu comércio. No entanto a importância atribuída ao desvio de comércio por Viner não teve consideração a outros efeitos em terceiros países, o que criava, segundo pode manter-se, um lado pessimista nas perspectivas previstas enquanto que as repercussões dos acordos de integração regional sobre terceiros países294.

Todo aumento do preço de um produto de exportação beneficia em geral a terceiros países, contrário sensu, todo aumento do preço de importação na maioria das vezes prejudica a ele.

A totalidade dos terceiros países não ganharam nem perderam com a formação de uma união aduaneira se o acordo exerce o efeito de manter invariável o volume dos bens e serviços comercializados entre cada um dos terceiros países e os países membros. Pode-se dizer que, nas condições gerais, tem um conjunto de impostos alfandegários

293 VINER, Jacob. The customs union issue. New York: Carnegie Endowment for International Peace,1950. p. 41.

294 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMERCIO. Regionalismo y el sistema mundial de comercio. Genebra: Secretaria da OMC, 1995. p. 49-63. ISBN 92-870-3101-0.

exteriores comuns, em geral, um conjunto de políticas comerciais exteriores comuns que garantem o cumprimento desta condição295.

Quando se trata de uma zona de livre comércio, não existe tarifa alfandegária comum nem políticas econômicas comuns, mas pode fazer-se um reajuste equivalente a cada uns dos impostos alfandegários dos membros para preservar as correntes comerciais entre os terceiros países e a zona. Dito reajuste exigirá uma baixa dos impostos alfandegários (comuns) no caso de não fazer-se, os membros reduzirem suas importações procedentes de terceiros países. No caso de não fazer-se o reajuste, alguns dos terceiros países ganharam e outros perderam, os impostos alfandegários se ajustarão em alguns casos à subida e em outros à queda296.

Pode-se dizer que os efeitos no estabelecimento de um acordo de integração regional exerce sobre o bem-estar de terceiros países dependerá das circunstâncias particulares (como o conjunto dos produtos de exportação e importação, e se o acordo de integração regional estimula o crescimento nos países membros), o qual e somente poderá avaliar-se caso por caso.

3.4.2 Efeitos da Integração Econômica nos Investimentos

Ao constituir-se uma integração regional as preferências alteram os incentivos das empresas localizadas dentro e fora da zona de livre comércio, que vai influenciar nos investimentos diretos, sempre e quando esta integração não varie a regulamentação dos investimentos.

Neste sentido, a criação de uma união aduaneira a zona de livre comércio aumenta além de várias outras maneiras, os investimentos estrangeiras diretos que chegam do exterior, a vantagem do estabelecimento nos países membros.

Os investimentos de terceiros países dentro da união ou zona de livre comércio servem para captar o mercado da integração, quando as empresas radicadas em terceiros países terão o incentivo de estabelecer novas instalações de produção em um país membro e servir aos outros membros do acordo de integração regional com exportações interiores à zona.

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KEMP, M. C.; WAN, H. An Elementary Proposition Concerning the formation of customs unions. International Economic Review. 1976. p.20-40.

Nota-se que, se as empresas estrangeiras são mais eficientes que as nacionais, os investimentos estrangeiros diretos compensarão em certas medidas qualquer prejuízo de bem-estar relacionada com a diminuição das importações, resultante de uma maior discriminação contra as importações procedentes de terceiros países297.

Neste sentido, os efeitos da liberalização no interior da zona de livre comércio exercerá sobre o crescimento das rendas percapita e farão que aumentem o incentivo para o fluxo de investimentos estrangeiros diretos, na medida em que esse crescimento de renda induz às empresas a prevenir um crescimento do mercado e talvez ulteriores reduções de seus custos unitários. Além do mais, se a conformação de uma união aduaneira implica que as medidas não alfandegárias, discriminam em favor das empresas nacionais se convertem em preferências de âmbito regional, aumentará ainda mais a vantagem de estabelecer-se no interior da união298.

Na medida em que o aumento dos investimentos não seja financiado mediante uma tarifa mais elevada de poupança na zona de livre comércio ou em outras partes, tem que desviar os investimentos estrangeiros diretos fazendo que abandonem um ou mais destinos fora da zona de acordo da integração regional299.