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CAPÍTULO II: O SISTEMA MULTILATERAL DE COMÉRCIO GATT/OMC

2.2 A Estrutura da OMC

A ata final da Rodada Uruguai, estabelece uma nova estrutura da OMC, a qual reformula através da antiga estrutura do GATT, que ajustava-se com as necessidades daquela época, mas a participação de outros países servirá a favor de uma adequada administração das normas do comércio mundial.

A OMC é uma organização que se encarrega das políticas comerciais funcionando para atrair a discussão de temas relacionados ao comércio, meio ambiente, investimentos, concorrências e cláusulas sociais com a finalidade de continuar o processo de negociação na área do comércio, visando sempre uma maior liberalização do comércio de bens e serviços.

A estrutura da OMC esta estabelecida no artigo IV da Ata Final da Rodada de Uruguai, contendo a seguinte estrutura:

2.2.1 Conferência Ministerial173

A Conferência Ministerial é o órgão supremo, composto pelos representantes de todos os países membros, que irão reunir-se pelo menos a cada dois anos. Este órgão tem autoridade para tomar decisões sobre todos os assuntos no âmbito dos Acordos Multilaterais e estabelecer os comitês. Normalmente, é integrado pelos Ministros das Relações Exteriores e/ou Ministros do Comércio Externo dos países membros (art. IV.1, AC) .

intelectual. In: BARRAL, Welber (Org.). O Brasil e a OMC : os interesses brasileiros e as futuras negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal, 2000. p. 69.

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THORSTENSEN, VERA. OMC-Organização Mundial de Comércio: as regras do comércio internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. 2.ed. São Paulo: Aduaneiras: 2001, p.421-426. ISBN 85-7129-290- 6.

173 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

Pode-se dizer que, as atividades da OMC desenvolvem-se através de aproximadamente 30 comitês ou grupos de trabalho, onde os delegados dos países membros possuem lugar efetivo. São normalmente diplomatas credenciados em Genebra e/ou técnicos dos ministérios envolvidos, enviados especialmente para as reuniões. Além disso, a Conferência Ministerial pode criar entidades subordinadas ou novos comitês e assim foram estabelecidos três comitês durante a Rodada de Uruguai: Comércio e Desenvolvimento; restrições por motivos de Balanços de Pagamento (BOP) e Orçamento, Finanças e Administração. Em Marraqueche decidem a criação do Comitê de Comércio e Meio Ambiente. Em 1996 foi criado o Comitê de Acordos Regionais e na Conferência Ministerial de Singapura em dezembro de 1996 foram criados Grupos de Trabalho sobre comércio e Investimentos, Comércio e Concorrência e sobre Transparência das Compras Governamentais174.

2.2.2 O Conselho Geral175

O Conselho Geral é o corpo diretor da OMC, composto pelos representantes de todos os membros, possuindo a função de desempenhar as funções da Conferência nos intervalos entre as suas reuniões que devem reunir-se nos intervalos das reuniões da Conferência Ministerial para desempenhar e atuar como Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), tem seu próprio presidente e está encarregado de solucionar conflitos na área do comércio internacional e contém todo um conjunto de regras e procedimentos para dirimir controvérsias sobre as regras estabelecidas pela OMC (art. IV.3, AC). Prevêem uma fase de consultas entre as partes, e se necessário, o estabelecimento de grupos de peritos para examinar a questão e finalmente, conta também com um órgão de apelação quando for solicitado, para consulta176.

O Conselho também desempenha as funções de órgão examinador das políticas comerciais, que possui seu presidente e estabelece um conjunto de regulamentos, para o cumprimento das referidas funções (art. IV.5, AC). Além disso, cumpre com a função de examinar periodicamente as políticas comerciais de cada membro da OMC, com a

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THORSTENSEN, Vera. O papel da organização mundial de comércio na nova ordem econômica internacional. Debates. n.15. São Paulo: Fundação Konrad-Adenaver-Stiftung, 1998. p.47.

175 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

finalidade de confrontar a legislação com a prática comercial de países membros da organização através das regras estabelecidas nos acordos, assim como também, oferecer aos demais membros do sistema uma visão global da política seguida por cada membro, dentro do princípio de transparência. Os países desenvolvidos como Estados Unidos, União Européia e Japão, são examinados a cada dois anos. No Brasil o processo deve ser examinado a cada quatro anos177.

2.2.3 O Conselho de Bens, de Serviços e de Propriedade Intelectual178

Estes Conselhos estão subordinados ao Conselho Geral. Foram criados para regularizar cada um dos principais segmentos, resultados da Rodada de Uruguai: Conselho de Comércio de Bens, Conselho de Comércio e o Conselho de Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio. Estes conselhos têm órgãos subsidiários, os quais estabelecem seus próprios regulamentos, a aprovação é feita pelo Conselho Geral (art. IV.5, AC)179.

2.2.4 A Secretaria180

O artigo VI da Ata final da Rodada de Uruguai, estabelece a secretaria, chefiada por um diretor geral designado pela Conferência Ministerial. O Diretor Geral designa pessoal e determina os deveres e obrigações de acordo com o regulamento designado pela Conferência Ministerial. O corpo técnico da OMC é composto atualmente por cerca de 500 técnicos. O Diretor e o Secretariado têm responsabilidade de caráter internacional, não devendo pedir nem receber instruções específicas de algum governo ou outra autoridade externa a OMC181.

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ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

<http://www.wto.org/wto/about/organsn2.htm>.Acesso 20 marz. 2002. 177

THORSTENSEN, Vera. O papel da organização mundial de comércio na nova ordem econômica internacional. Debates. n.15. São Paulo: Fundação Konrad-Adenaver-Stiftung , 1998. p. 47.

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ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

<http://www.wto.org/wto/about/organsn2.htm>.Acesso 20 marz. 2002. 179

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

<http://www.wto.org/wto/about/organsn2.htm>.Acesso 20 marz. 2002.

180 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE COMERCIO. Organograma. Disponível em:

<http://www.wto.org/wto/about/organsn2.htm>.Acesso 20 marz. 2002.

181THORSTENSEN, Vera. O papel da organização mundial de comércio na nova ordem econômica internacional. Debates. n.15. São Paulo: Fundação Konrad-Adenaver-Stiftung, 1998. p.47.

2.2.5 O Processo decisório182

O processo decisório é por consenso, isto é, se nenhum dos membros presentes formalmente objetar à decisão proposta. Quando a decisão não pode ser tomada por consenso, deve ser tomada por votação (art. IX, AC) e as decisões são acolhidas por maioria de votos emitidos (cada país representa um voto). Nas reuniões da Conferência de Ministros e do Conselho Geral cada membro tem um voto183.

As decisões definidas pela maioria existem nas seguintes circunstâncias: quando se trata de interpretação das medidas previstas nos acordos e quando se trata de pedidos de derrogações temporárias das obrigações por parte de um membro a maioria é de três quartos dos votos, e no caso de alterações dos acordos, cuja competência pertence exclusivamente à Conferência e cuja votação poderá ser decidida por maioria de dois terços (art. X.1, AC); a admissão de um membro na OMC precisa de dois terços dos membros (art. XII.2, AC), segundo a natureza da disposição considerada e nos casos de modificações no próprio Acordo sobre à OMC e sobre o processo decisório exigem a aceitação de todos os membros por consenso184.

Entretanto, existem cinco normas dos acordos da OMC que são tomadas por consenso e não podem ser alteradas: o artigo IX do AC, que trata do processo decisório, os artigos I e II do GATT 1994 (cláusula NMF e o dispositivo sobre os cronogramas tarifários dos Membros), o artigo II.1 do GATS (cláusula NMF no âmbito deste Acordo)185.