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Efeitos Da Decretação Da Falência

I – Quanto aos bens do devedor – a sociedade é dissolvida, encerrando a atividade empresarial e consequente liquidação para pagamento dos credores.

 Falência da sociedade com responsabilidade ilimitada dos sócios => Falência dos sócios, inclusive os que tenham se retirado voluntariamente há menos de 02 anos quanto às dívidas existentes na data de arquivamento da alteração do contrato;

 Falência de sociedade com responsabilidade limitada dos sócios => Em princípio os sócios NÃO se submetem à falência, sendo possível ao Juízo apurar eventual responsabilidade pessoal do quotistas e administradores. OBS: A AÇÃO PARA RESPONSABILIZAR OS SÓCIOS PESSOALMENTE PRESCREVE EM 02 ANOS DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE ENCERRA A FALÊNCIA.

Inabilitação empresarial AUTOMÁTICA do falido para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação de falência até a sentença que extingue as obrigações (se for sociedade empresária, a inabilitação é da sociedade e não dos sócios).

OBSERVAÇÃO:

Se o falido for condenado por crime falimentar, a condenação impõe a penalidade acessória de inabilitação empresarial, que só cessará 05 anos após a extinção da punibilidade.

Perda do direito de administração de bens - O falido poderá, no entanto, fiscalizar a administração da falência.

II - Quanto às obrigações do devedor

A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exercer seus direitos sobre os bens do falido na forma da lei, devendo, via de regra, habilitar seus créditos.

A decretação:

i. Suspende o direito de retenção sobre bens, devendo ser entregues ao administrador judicial;

ii. Suspende o exercício do direito de retirada ou de recebimento das quotas ou ações pelos sócios da sociedade falida;

iii. Acarreta o vencimento antecipado das dívidas do devedor, com abatimento proporcional dos juros;

iv. Compensam-se as dívidas dos credores, salvo os créditos transferidos após a decretação da falência ou transferidos com conhecimento do estado de crise ou com fraude/dolo.

Contra a massa falida NÃO são exigíveis juros vencidos após a decretação de falência previstos em lei e contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados.

Contratos do falido – NÃO se extinguem de pleno direito, podendo ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa ou necessário à manutenção dos ativos.

Caso o administrador judicial NÃO se manifeste expressamente sobre a continuidade do contrato, o contratante pode interpelá-lo no prazo de 90 dias contado do termo de nomeação para que, em 10 dias, declarar se cumpre ou não o contrato. Se o administrador silenciar ou se negar a continuidade do contrato, o contratante terá direito à indenização em valor a ser apurado em procedimento ordinário, sendo crédito quirografário.

Para os contratos com cláusulas de resolução por falência, a quebra implica na resolução contratual.

Para contratos de compra e venda mercantil, os efeitos da decretação da falência dependerão do momento de entrega das mercadorias.

coisa ao falido (right of stoppage in transitu), salvo se o falido de boa-fé já

havia revendido a coisa a terceiro antes do requerimento da falência, caso em que o credor será quirografário;

 Se for coisa composta não entregue por completo, caso o administrador não continue com o contrato, deverá devolver as partes do que já foi entregue;  Para compra e venda com reserva de domínio, se o administrado não

continuar o contrato, deve devolver a coisa ao devedor e exigir dele a restituição dos valores pagos;

 Para compra e venda a termo de bens com cotação em bolsa ou mercado, se antes de aperfeiçoada a entrega e o pagamento sobrevier a falência, e não continuar o contrato, deve se comparar a cotação do dia em que o contrato foi assinado com a cotação do dia em que as mercadorias seriam entregues, calculando-se o crédito em favor do falido;

 Para promessa de compra e venda de bens imóveis, falência do promitente vendedor – o contrato deve ser cumprido; se falência do comprador, seus direitos serão arrecadados e vendidos em juízo, e o novo comprado sub-roga- se no contrato;

 Contrato de locação, o locatário de imóvel do falido deve continuar pagando os alugueis;

 Obrigações do âmbito do Sistema Financeiro Nacional, o falido não poderá considerar o contrato vencido antecipadamente;

decretação da falência, verificando-se o respectivos saldo.

O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a realização de negócios, cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de sua gestão.

Dispõe a LRE:

Art. 104. A decretação da falência impõe aos representantes legais do falido os seguintes deveres:

I - assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome, da nacionalidade, do estado civil e do endereço completo do domicílio, e declarar, para constar do referido termo, diretamente ao administrador judicial, em dia, local e hora por ele designados, por prazo não superior a 15 (quinze) dias após a decretação da falência, o seguinte:

a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores;

b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações;

c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios;

d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário;

e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;

f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em que for autor ou réu;

II - entregar ao administrador judicial os seus livros obrigatórios e os demais instrumentos de escrituração pertinentes, que os encerrará por termo;

II – depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz;

III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei;

IV – comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua presença;

V - entregar ao administrador judicial, para arrecadação, todos os bens, papéis, documentos e senhas de acesso a sistemas contábeis, financeiros e bancários, bem como indicar aqueles que porventura estejam em poder de terceiros;

VI – prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;

VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza; VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas;

IX – assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros;

X – manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;

XI - apresentar ao administrador judicial a relação de seus credores, em arquivo eletrônico, no dia em que prestar as declarações referidas no inciso I do caput deste artigo;

XII – examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.

Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência.

Reunião de todos os processos do devedor para pagamento em ordem de preferência dos créditos e reunião dos credores (massa falida subjetiva) => juízo universal (aptidão tratativa do juízo falimentar) e suspensão de boa parte das ações.

OBSERVAÇÃO:

A universalidade do juízo falimentar NÃO é absoluta, pois há certas demandas judiciais, como causas trabalhistas, fiscais, ações em que a União ou algum entre público sejam interessados, e ações que demandem quantia ilíquida que NÃO são atraídas pelo juízo falimentar.

A decretação da falência SUSPENDE A PRESCRIÇÃO e todas as ações e execuções em face do devedor.

Ações que NÃO se suspendem pela decretação da falência:

i. Ações que demandam quantia ilíquida – devem prosseguir até que sejam liquidadas;

ii. Demandas trabalhistas – cabe à própria justiça processar e julgar, até que seja apurado o crédito, sendo posteriormente remetidas ao juízo falimentar;

ocorrer perante o juízo em que foi proposta, devendo respeitar a ordem de classificação dos créditos prevista na legislação falimentar;

iv. Execuções com ato de constrição já realizados – a execução de quaisquer créditos contra o devedor falido deve ser feita no juízo universal da falência, ainda que créditos trabalhistas ou tributários. Admite-se o prosseguimento da execução, excepcionalmente, para que se ultimem atos executórios já iniciados, devendo o produto arrecadado ser remetido ao juízo falimentar.