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Efeitos do nível nutricional e grau de sangue sobre a espessura da

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.6. Efeitos do nível nutricional e grau de sangue sobre a espessura da

puberdade de novilhas Braford

O nível nutricional e o grau de sangue afetaram (P<0,01) o EGC das novilhas (Apêndice 7). Seus valores são apresentados na tabela 10.

O maior nível nutricional pós-desmame determinou maior EGC (P<0,01) nas novilhas por ocasião da puberdade.

As novilhas 75N apresentaram maior EGC (P<0,05) à puberdade do que os demais grupos raciais. Contudo, estas novilhas foram mais tardias na IP devido ao fato de apresentarem um maior percentual de sangue Nelore.

Tabela 10. Espessura da camada de gordura de cobertura (EGC) à puberdade, em mm, ajustadas pelo método dos quadrados mínimos, de novilhas Braford, conforme o nível nutricional pós-desmama (GP) e o grau de sangue (GS) Nível Nutricional (kg/d) Grau de Sangue

G500 3,9a 25N 4,7a

G750 4,3a 37,5N 4,7a

G1000 5,0b 43,7N 4,6a

G1250 6,2c 50N 4,9ab

75N 5,4b

1-Médias, na coluna, seguidas de mesma letra minúscula, não diferem significativamente (P>0,05).

Animais jovens submetidos a altos níveis de energia apresentam uma maior deposição de gordura de cobertura do que aqueles submetidos a menores níveis

energéticos (NRC, 1996), contudo há uma influência genética sobre EGC (Restle et al., 2000).

Na maioria dos modelos testados (Apêndice 1), a EGC sempre apresentou efeitos (P<0,01) significativos sobre a IP. Maiores EGC determinaram uma redução na IP. No modelo definitivo (Equação1) foi demonstrado que para cada unidade de aumento na EGC, a idade à puberdade foi reduzida em média 9,9 dias.

A correlação de Pearson encontrada entre IP e EGC (Figura 2) foi de –0,58 e, maior do que com a CC (-0,37). Quando a correlação foi ajustada para grau de sangue e demonstrou uma maior associação dentro dos grupos 50N (-0,64) e 75N (- 0,71), evidenciando que nesses genótipos, os quais são fenotipicamente mais altos, há tendência de requerer mais tempo para alcançar o peso maduro. Isto conduz à necessidade de depositar mais gordura num mesmo ponto fisiológico, para demonstrar a puberdade, do que animais menores e mais precoces.

Conforme Martin et al. (1992), em zebuínos, ocorre uma menor relação carne magra:gordura, por ocasião da puberdade, ou seja, necessitam nesse momento estarem com mais gordura corporal do que taurinos. Conclusões semelhantes foram observadas por Hopper et al. (1993), comparando novilhas Angus e Santa Gertrudis. Nesse experimento, as novilhas Santa Gertrudis alcançaram a puberdade com 7,0 mm de EGC, enquanto nas Angus foi de 5,0 mm, ainda que a IP tenha sido semelhante entre elas.

Vários autores (Bronson & Maning, 1991; Thomas et al., 1997; Staples et al., 1998) levantaram a hipótese de que a gordura pode influenciar na puberdade, ocorrendo um ponto ideal de composição corporal, o qual produziria sinais metabólicos ou hormonais, modulando seu surgimento. Entretanto, alguns trabalhos não

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conseguiram identificar essas relações (Hopper et al., 1993; Simpson et al., 1998). Problemas relacionados com os protocolos experimentais, particularmente com pequenas diferenças nos níveis de energia entre os tratamentos, não produzem maiores variações na EGC e, com isto, ocorre maior dificuldade na identificação das correlações entre as variáveis EGC e IP. Além disto, na maioria dos trabalhos, os efeitos nutricionais são aplicados por períodos curtos (70-90 dias) antes da puberdade. No presente experimento, todos os animais foram submetidos a um período de no mínimo 120 dias do protocolo experimental.

Na modulação dos efeitos da gordura corporal sobre a IP pode estar agindo a leptina, a qual serviria de sinalizador do status nutricional do estoque energético para o sistema nervoso central e, também, agindo localmente no ovário estimulando ou retardando os processos de esteroidogênese folicular (Hossner, 1998; Clarke & Henry, 1999).

Ainda que os resultados observados neste trabalho não tenham repetido as observações de outros autores, existem evidências claras dos efeitos da EGC sobre IP. Isto poderá determinar sistemas de alimentação das novilhas para produzir ganhos de peso dirigidos à obtenção de uma composição corporal específica no período alvo para alcançar a puberdade.

No apêndice 1 pode ser notado que a EGC aos 11 meses de idade também consta de vários modelos estudados. Como esta é uma avaliação que antecede à puberdade e pode indicar a necessidade de modificações no sistema de alimentação na busca de uma EGC alvo à puberdade, também foram discutidos os seus efeitos sobre IP. Esses efeitos são resultados das manipulações nutricionais a partir de idades inferiores, pois as mudanças na EGC são mais lentas do que o peso vivo.

Na figura 3 podem ser observados os efeitos da EGC11 sobre a IP. À medida em que aumentou a EGC aos 11 meses foram verificados menores idades à puberdade em todos os grupos raciais. A equação geral, sem ajustes para o grau de sangue, foi Y (IP) = 569,2x –0,29 (r2= 0,62; P<0,01).

y (37,5N) = 578,49x-0,32 R2 = 0,64 (P<0,01) y(50N) = 559,35x-0,29 R2 = 0,86 (P<0,01) y(25N) = 567,56x-0,32 R2 = 0,62 (P<0,01) y(75N) = 546,53x-0,20 R2 = 0,78 (P<0,01) y(43,7N) = 576,46x-0,31 R2 = 0,79 (P<0,01) 250 270 290 310 330 350 370 390 410 430 450 470 490 2 3 4 5 6 7 8 EGC - 11m IP(dias) 25N 37,5N 43,7N 50N 75N

Figura 3. Efeitos da espessura de gordura de cobertura (EGC) aos 11 meses de idade sobre a idade à puberdade de novilhas Braford

As equações para cada grau de sangue são demonstradas na figura 3. Em todos os graus de sangue houve um efeito de “potenciação”, sendo que para cada aumento subseqüente da EGC11 ocorreu uma diminuição menos expressiva na IP (Tabela 11). Contudo, é notado que nas novilhas 75N ocorreu uma menor magnitude na redução da IP à medida em que aumentou o EGC. Provavelmente nesse grau de

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sangue, por tratar-se de novilhas mais azebuadas, aspectos relacionados com o genótipo interagiram com a EGC não produzindo maiores efeitos sobre a IP.

Tabela 11. Redução da idade à puberdade, em dias, de novilhas Braford conforme o aumento de uma unidade de EGC aos 11 meses conforme o grau de sangue Aumento na EGC (mm) Grau de Sangue 25N 37,5N 43,7N 50N 75N 2-3 55 56 54 50 37 3-4 35 35 34 32 24 4-5 25 25 25 23 18 5-6 19 19 19 18 14 6-7 15 15 15 14 11

Os efeitos da espessura de gordura sobre a redução da IP são menores à medida em que a novilha torna-se mais gorda. Isto sugere que a partir de um nível mínimo de EGC, outros fatores passam a atuar na modulação do surgimento da puberdade. Conforme Buckley et al. (1990), os efeitos do teor de gordura corporal, numa idade específica, podem alterar a proporção de tecidos metabolicamente ativos com reflexos nas exigências de mantença (NRC, 1996; Jenkins & Ferrel, 1997). Até os 12 meses idade, ocorre uma grande alteração na relação entre a proporção de estruturas de altas demandas de energia, como os órgãos internos, com o restante do corpo. Esse ponto específico da curva de crescimento, poderia gerar os sinais metabólicos para desencadear a puberdade.

4.7 Efeitos do nível nutricional e grau de sangue sobre a área de olho de lombo (AOL) na puberdade de novilhas Braford

A inclusão da AOL como variável independente no modelo geral (Apêndice 1) não apresentou efeito significativo (P>0,05) sobre a idade à puberdade.

A análise da variância (Apêndice 8) não demonstrou efeitos (P>0,05) do grau de sangue sobre os valores (Tabela 12) da área de olho-de-lombo das novilhas por ocasião da puberdade. Embora tenham ocorrido diferenças (P<0,01) entre os níveis nutricionais, os resultados não foram consistentes com a tendência esperada, onde maiores níveis nutricionais determinam maior taxa de crescimento e maior área de olho-de-lombo.

Tabela 12. Área de olho de lombo (AOL), em cm2, à puberdade, ajustados pelo

método dos quadrados mínimos, de novilhas de corte Braford, conforme o nível nutricional pós desmama (GP) e o grau de sangue (GS)

Nível Nutricional (kg/d) Grau de Sangue

G500 51,0ab1 25N 51,7a

G750 47,4a 37,5N 49,8a

G1000 50,2ab 43,7N 49,7a

G1250 52,9b 50N 47,6a

75N 52,8a

1-Médias, na coluna, seguidas de mesma letra minúscula, não diferem significativamente (P>0,05).

A análise de regressão, considerando a AOL como variável dependente do peso à puberdade não demonstrou (P>0,10) qualquer relação entre as mesmas. Além

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desse procedimento, foi incluído o peso vivo aos 12 meses como covariável, numa análise univariada da variância, para melhorar as estimativas e o resultado permaneceu inalterado. Portanto, é possível que a metodologia de obtenção das imagens pelo ultra som tenha gerado resultados inconsistentes. Conforme Wilson (1992), cerca de 60% das imagens colhidas podem apresentar má qualidade. Brethour (1992), também faz referência a erro de leitura na ordem de 14%, principalmente em animais jovens ainda em crescimento.

Hall et al. (1995), encontraram alta correlação entre AOL e o nível energético pós desmame em novilhas Angus. Os valores de 59,6cm2 e 51,7 cm2, obtidos pelos

autores, para novilhas mantidas em 2,51 Mcal/kg e 2,29 Mcal/kg, respectivamente, são semelhantes aos obtidos em alguns grupos genéticos no G1250. Contudo, outros valores obtidos neste trabalho não apresentam uma relação consistente, como a AOL dos grupos 25N e 75N no nível G500 foram maiores do que no G1250.

4.8 Efeitos do nível nutricional e grau de sangue sobre a altura (H) e o