• Nenhum resultado encontrado

Os efeitos e conseqüências do estresse podem ser diversificados e numerosos. Algumas conseqüências podem ser primárias e diretas; outras, a maioria, pode ser indiretas e constituir efeitos secundários ou terciários; umas são, resultados do estresse e outras se relacionam de forma hipotética com o fenômeno; também podem ser positivas, como o impulso exaltado e o incremento de automotivação ou provocam desequilíbrio e resulta em perigos a saúde. (LIPP,1996) Uma taxinomia das conseqüências do estresse seria:

a) Efeitos subjetivos. Ansiedade, agressão, apatia, aborrecimento, depressão, fatiga, frustração, culpabilidade, irritabilidade e mau humor, melancolia, baixa estima, tensão e nervosismo;

b) Efeitos de conduta: Propensão a sofrer acidentes, ataques emocionais, excessiva ingestão de alimentos ou perda de apetite, consumo excessivo de bebidas ou cigarros, excitabilidade, conduta impulsiva, fala afetada, riso nervoso e inquietude.

c) Efeitos cognitivos: Incapacidade para tomar decisões e concentrar-se, bloqueio mental e hipersensibilidade a crítica.

d) Efeitos fisiológicos: Aumento dos corticoides no sangue e na urina, avaliação dos níveis de glicose sangüínea, incrementos do ritmo cardíaco e da pressão arterial, secura na boca, dilatação das pupilas, dificuldade para respirar, calafrios e nó na garganta.

e) Efeitos organizacionais: Absenteísmo, relações de trabalho pobres e baixas produtividade, alto índice de acidentes e de rotação de trabalhadores, clima organizacional pobre, antagonismo e insatisfação no trabalho.

Por estressores se entende um conjunto de situações e estímulos físicos ou psicossociais de que se dão no trabalho e que com freqüência produz tensão e outros resultados desagradáveis para o indivíduo.

4.4.2 - ERRO HUMANO

A cada época, alguma catástrofe nos recorda que o elo mais frágil de um sistema de produção é o homem, pois é ele que tem em suas mãos a garantia e a confiabilidade de seu funcionamento, sendo necessário olhar mais criticamente para esse problema.

A confiabilidade, traduzida no menor número de falhas, é almejada por todos os agentes envolvidos no desempenho do processo de trabalho, incluindo equipamentos, instrumentos, e as pessoas que desenvolvem essas atividades. Estatisticamente é atribuído ao ser humano a maioria das falhas ou erros ocorridos em diferentes áreas de trabalho.

A confiabilidade global no sistema dependerá da capacidade de que disponha um sistema de produção para evitar as falhas técnicas e/ou erros humanos, dependendo da capacidade que o sistema tenha para permitir aos trabalhadores de se recuperar, levando em conta suas capacidades fisiológicas, psicológicas, psíquicas e sociais, as falhas técnicas e as dificuldades na execução de uma tarefa concreta.

A importância do erro no trabalho é reconhecida muitas vezes pelos resultados negativos observados após a conclusão das tarefas e atividades. Porém, o erro influência todo o processo, a partir do conhecimento por parte do trabalhador da possibilidade de ocorrência do mesmo até o final das atividades, que além de interferir no produto final do trabalho, a perspectiva do erro tem influência direta na vida do trabalhador, podendo este sentir desde prazer até temor ao trabalhar. Os resultados da satisfação ou não do profissional são refletidos no seu comportamento, saúde, produtividade, entre outros.

Segundo LEPLAT (1977), o erro humano é um desvio dos procedimentos recomendados ou das práticas habituais da profissão, onde este desvio geralmente é

resultado de uma resposta humana não concordante com as ordens e instruções recebidas. Portanto, deve ser considerada a possibilidade de não existirem instruções ou das mesmas não terem sido repassadas ao trabalhador. Desta forma, o erro é avaliado a partir dos resultados não esperados do trabalho, onde o termo erro é específico para as falhas relativas ao comportamento humano, não devendo ser confundido com o termo incidente que envolve outros componentes.

Segundo a metodologia utilizada para a análise ergonômica de postos de trabalho, sugerida por SANTOS e FIALHO (1997), são vários os aspectos que podem influenciar na ocorrência de erros humanos durante as atividades, como:

Aspectos fisiológicos: posturas e movimentos e não adequação do organismo a determinadas atividades que podem levar ao erro. Ex. fadiga muscular ou visual. Aspectos ambientais: características do ambiente que provocam exigências físicas,

sensoriais e mentais. A influência da iluminação, barulhos ou ruídos que possam interferir no cumprimento das tarefas. Ex: excesso de ruído impedindo a concentração. Aspectos sensoriais: referentes aos órgãos sensoriais. Ex: rapidez de percepção de sinais

visuais. E às fontes de informação. Ex: variedade de suportes (cor, grafismos, letras). Aspectos organizacionais: turnos, equipes, métodos e comunicação. Ex: A maneira

como as tarefas são repassadas ao trabalhador.

Aspectos mentais: - Detecção: constatar se há ou não um sinal; - Discriminação: classificar as informações em categorias; - Interpretação: dar um significado às informações. Estes três passos só ocorrerão se houverem informações previamente armazenadas na memória.

Segundo DOIREAU et al (1997), apontam dois caminhos para a autodetecção de erros e falhas. 1- De um lado mecanismos que detectam o erro durante a atividade, através de análise do traço cognitivo da atividade; 2- De outro lado, os mecanismos posteriores à execução, baseado na comparação entre as expectativas e os resultados obtidos.

A experiência é determinante para a autodetecção de erros, pode além de diminuir a probabilidade de ocorrer erro, devido ao maior número de conhecimentos a partir da realização das atividades, também facilita a percepção e correção do erro.

Segundo LEPLAT (1977), “não é incomum encontrar-se muitas dificuldades ao analisarmos um erro. Pois o mesmo pode ser muitas vezes compatível com hipóteses

diferentes.” Apesar das dificuldades que se possa encontrar ao estudarmos os erros humanos, a sua importância nos sistemas é grande, bem como, a preocupação do trabalhador com sua ocorrência, justificando assim um maior número de estudos e pesquisas.

Medir o error humano é medir os limites e capacidades do homem, e para ele é necessário integrar nos sistemas técnicos esses limites e capacidades, criar tecnologia compatível com o cérebro. A ergonomia tem as melhores ferramentas, métodos e os conhecimentos necessários para produzir esta integração, concebendo máquinas, organizações, procedimentos e formação, que respeitem o bem estar físico, psíquico e social de os indivíduos. Onde teremos sistemas de produção e produtos confiáveis, que produzam com a qualidade e quantidade prevista e sistemas em que os homens não cometam erros.

4.4.3 - FADIGA

Nesta época de transformações nas organizações, junto com o avanço tecnológico aparece a automatização dos processos de trabalho, o qual contribuiu consideravelmente para atenuar a carga física e mental de trabalho. Mesmo com essas transformações, muitas atividades exigem um esforço maior do trabalhador, levando-o à fadiga e podendo causar danos a sua saúde.

A fadiga segundo EDA (1997), “é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho.” O estado de fadiga é causado por um conjunto de fatores com efeitos cumulativos e criado por uma atividade excessiva que debilita o organismo e reduz sua capacidade funcional, envolvendo todo o indivíduo no aspecto psíquico e físico, diminuindo a produtividade e a satisfação no trabalho.

Desta Forma, as observações sobre a fadiga, evidenciam um grande número de sinais e sintomas, que consequentemente, provoca a diminuição da capacidade de entendimento, atenção, memória, concentração, percepção sensorial, capacidade de reação, além de outras funções psicológicas e fisiológicas.

A sobrecarga surge quando um grande número de solicitações feito sobre o indivíduo ultrapassa a sua capacidade de resposta, dependendo do grau de liberdade para resolver problemas, das estratégias para solução do problema e dos conhecimentos e habilidades de cada indivíduo. (IIDA, 1997).

Portanto, a administração deve estar sempre atenta para a ocorrência da fadiga, proporcionando todo o suporte necessário (médicos, psicólogos, ergonomistas, entre outros), para tentar reduzir ou prevenir a fadiga, ou ainda, encaminhando para um tratamento adequado e fazendo as correções nos casos mais graves.