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De acordo com Glasson, Therivel e Chadwick (2005), a AIA pode ser vista como uma ferramenta de gestão ambiental eficaz, caso atinja os seguintes objetivos: auxílio à

55 tomada de decisão, auxílio aos empreendedores e auxílio no alcance do desenvolvimento sustentável.

Existem inúmeros questionamentos que tentam explorar o conteúdo do termo efetividade, qualidade e sucesso em relação ao sistema de avaliação ambiental de um país, procedimentos e diferentes partes de um processo de AIA (screening, scoping, prognósticos, revisões, participação pública, entre outros). A questão sobre o quanto algo é efetivo, qual qualidade possui e se pode ser considerado como bem sucedido, é totalmente dependente da questão da efetividade, qualidade e sucesso em relação às metas propostas e procedimentos do processo de AIA. Isto também pode ser verificado por diferentes perspectivas de diferentes atores que são uma parte do sistema de AIA e seus processos (legislação, proponentes, autoridades competentes, Organizações Não-Governamentais, entre outros) (HILDING- RYDEVIKA, 2006).

A efetividade do processo de avaliação de impacto ambiental tem sido questionada, tanto na teoria quanto na prática, por diversos autores, desde sua criação, na década de 1970 (LEE; WALSH; REEDER, 1994; SADLER, 1996; GLASSON; THERIVEL; CHADWICK, 2005; CASHMORE et al., 2004; HARMER, 2005). Desde então, diversas pesquisas e debates tem sido realizados sobre o conceito de efetividade (HARMER, 2005).

De acordo com HILDING-RYDEVIKA (2006), efetividade é, essencialmente, “atingir um resultado desejado". Em um contexto nacional, regional ou local, considerando-se uma meta a ser alcançada, a AIA deve ser efetiva a fim de ser bem sucedida, o que será obtido por meio de um sistema com elevada qualidade.

A literatura também afirma que a AIA é efetiva quando alcança os objetivos de proteção ambiental, possui custo-benefício e avalia os impactos ao longo de toda a vida de um projeto (LEE; WALSH; REEDER, 1994).

O conceito de efetividade mais difundido foi descrito por Sadler, em 1996, no Estudo Internacional da Efetividade da Avaliação de Impacto Ambiental, o qual teve como foco quatro principais aspectos: o scoping, a avaliação de significância, a revisão de relatórios de avaliação de impacto ambiental e monitoramento e auditorias após a tomada de decisão (HARMER, 2005).

De acordo com Sadler (1996), o interesse sobre a efetividade da AIA é um assunto abrangente e integral na teoria e na prática de estudos de impacto ambiental. O termo efetividade refere-se a verificar se algo funciona como o pretendido e se atende à finalidade para o qual foi concebido. No caso da AIA, a avaliação global do desempenho é realizada

56 com referência às funções políticas e institucionais que se destina a servir. O autor descreveu três tipos de efetividade:

Efetividade procedimental: se o processo de avaliação de impacto ambiental está de acordo com as disposições e princípios estabelecidos;

Efetividade substantiva: se o processo alcança os objetivos definidos, como por exemplo, apoio à tomada de decisão baseada em informações confiáveis que resulte em proteção ao meio ambiente;

Efetividade transacional: se o processo de avaliação de impacto ambiental está sendo realizado no menor tempo e com o menor custo possível, sendo efetivo e eficiente.

Os aspectos procedimentais do scoping estão na forma de diretrizes e requisitos legais, políticos e administrativos em vigor em determinadas jurisdições. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, o Conselho de Qualidade Ambiental (CEQ) emitiu uma detalhada diretriz sobre o scoping, observando a importância desse processo como o primeiro contato entre os proponentes de um projeto e a população (SADLER, 1996).

Os princípios da efetividade são:

Enfrentar os problemas em sua verdadeira perspectiva;

Reconhecer que os julgamentos sobre a efetividade da AIA são relativos; Identificar critérios específicos de avaliação (que devem refletir o nível e o

foco da avaliação);

Assegurar itens relevantes na tomada de decisão (o que inclui questões importantes como: a qualidade da informação produzida pelos estudos ambientais e a profundidade da influência dos estudos ambientais nas escolhas realizadas);

Encontrar condições que permitam desempenho adequado (como controles institucionais e competências operacionais adequados);

Fornecer benefícios ao meio ambiente (a proposta deve reduzir, anular e mitigar efeitos adversos);

Tanto quanto possível, usar ou adaptar metodologias genéricas e robustas que possam ser amplamente aplicadas e/ou permitam comparações (auditorias, revisões, análises de pós-projeto).

Assim, verifica-se que a etapa de scoping é de suma importância para que todas as demais etapas do processo de avaliação de impacto ambiental sejam bem sucedidas, uma vez

57 que o exercício adequado de scoping gera o conhecimento satisfatório sobre o empreendimento proposto, bem como sobre os efeitos ambientais potencialmente significativos gerados por sua possível implantação. Neste momento, ações podem ser planejadas, pessoas afetadas podem participar e ter seus interesses defendidos, impactos ambientais significativos podem ser previstos e evitados, permitindo maior fornecimento de informações à sociedade e a possibilidade da tomada de decisão de forma segura e assertiva.

A AIA consiste em um processo múltiplo, formado pela interação de muitos atores. Uma abordagem de múltiplas perspectivas é necessária para obter a completa apreciação da efetividade, com verificação cruzada suficiente para garantir consistência e representatividade. No entanto, as perspectivas tradicionais dos participantes são, em geral, bem conhecidas e, frequentemente, rompem-se devido às diferentes expectativas e perspectivas de cada grupo:

Os tomadores de decisão veem o processo como algo que, às vezes, leva muito tempo, que parece custar muito, que parece desnecessariamente complicado e que, no final, nem sempre fornecerá o tipo de informação necessária para uma decisão adequada;

Gestores e praticantes veem um processo no qual os resultados de seu trabalho nem sempre são levados em consideração na decisão final, e no qual eles nem sempre têm tempo e recursos para realizar um trabalho adequado;

Membros da sociedade veem um processo que pode excluí-los da participação nas decisões que afetam suas vidas e da comunidade, ou que pode fornecer grandes volumes de dados científicos complexos, mas com poucas explicações diretas e simples.

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