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3 PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA

3.3 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE SOCIAL

A fase de avaliação em políticas públicas é caracterizada pela tomada de decisão, com maior qualidade, maximizando o gasto público nas diversas atividades de intervenção estatal (FERREIRA; ALENCAR; PEREIRA, 2012). Em Belloni, Magalhães e Souza (2007), a avaliação em políticas públicas representa um instrumento de aperfeiçoamento da gestão do Estado na busca pelo desenvolvimento de ações eficientes e eficazes em face das necessidades da população.

Neste sentido, no final da década de 1980 e início dos anos 1990, no Brasil, ao lado da preocupação com a democratização dos processos e equidade dos resultados, passou a existir também a preocupação com a eficiência, eficácia e efetividade da ação do Estado e com a qualidade dos serviços públicos, decorrentes da crise fiscal e escassez de recursos vivenciadas no país (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007).

Para tanto, é fundamental assegurar uma metodologia que englobe avaliação do planejamento, dos recursos, do sistema de gestão, o acompanhamento e a supervisão. Esta etapa de avaliação permite realizar uma apreciação das políticas implementadas e então iniciar um novo ciclo de políticas (FREY, 2000). Neste sentido, a eficiência, a eficácia e a efetividade social funcionam simultaneamente como critérios avaliativos básicos e como indicadores gerais de avaliação das ações de planejamento e execução dos resultados alcançados (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007).

Quanto ao delineamento conceitual dos elementos do processo avaliativo abordados pelos autores mencionados, "a eficiência diz respeito ao grau de aproximação e à relação entre o previsto e o realizado, no sentido de combinar os insumos e implementos necessários à consecução dos resultados visados" (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007, p. 59). Os autores ainda afirmam que a eficiência está relacionada à otimização dos recursos utilizados, sendo um indicador de produtividade das ações desenvolvidas. Portanto, está ligada à comparação das necessidades de atuação com as diretrizes e os objetivos propostos, e com os instrumentos disponibilizados para intervir. Ou seja, traduz-se por respostas dadas a

questionamentos ou indicadores relacionados às necessidades atendidas, aos recursos utilizados e à gestão desenvolvida.

O conceito de eficácia está relacionado ao resultado efetivamente alcançado. Corresponde ao resultado de um processo, que contempla também a orientação metodológica e a atuação para o alcance de objetivos e metas de um plano, programa ou projeto proposto. Ao se tratar de políticas públicas, a eficácia deve ser expressa, também, pelo grau de qualidade do resultado alcançado, e não somente pela aferição de resultados parciais (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007).

Por fim, a efetividade social refere-se às consequências, ou seja, procura dar conta dos resultados das políticas públicas, tanto no âmbito econômico como no social. Partindo de uma avaliação externa, a efetividade social está relacionada com os resultados objetivos e práticos da política junto aos interesses sociais visados (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007).

Ainda no aspecto da efetividade social, discutido em Belloni, Magalhães e Souza (2007), este tipo de avaliação em políticas públicas deve considerar, entre outros fatores, as seguintes dimensões:

 verificar quais são e como são estabelecidas as carências e as metas para se saber qual o padrão de referência;

 verificar, entre os beneficiários, a presença de grupos não visados pelas ações da política;

 verificar se as ações propostas têm a ver com as necessidades dos beneficiários e da sociedade;

 verificar se as ações propostas diferem ou não do usualmente oferecido em atividades similares;

 verificar a forma e as condições em que ocorre a participação dos setores sociais envolvidos, seja na concepção seja na gestão da política;

 verificar o potencial de mudança presente nas ações implementadas;

 examinar a interação das ações propostas com outras políticas governamentais (p. 71).

Neste sentido, a avaliação a partir das perspectivas de eficiência, eficácia e efetividade social são permeadas por critérios avaliativos denominados básicos e operacionais. Estes, por sua vez, analisam elementos das políticas públicas, tais como relevância e adequação, coerência e compatibilidade, descentralização e parceria, além de exequibilidade. O desenvolvimento da avaliação demanda integração entre os critérios de avaliação e as hipóteses de trabalho e representa uma estratégia que permite uma análise consistente e sistemática da execução e também a compreensão das características globais da política analisada. Desta

forma, ao final tem-se uma análise comparativa entre o que foi proposto e o que foi realizado, identificando os níveis de alcance dos critérios de eficiência, eficácia e efetividade social (BELLONI; MAGALHÃES; SOUZA, 2007).

Jannuzzi (2002), ao discutir a avaliação de políticas públicas através de indicadores sociais, propõe que a matriz de indicadores deve ser complexa e contemplar indicadores referentes às distintas fases do processo de políticas públicas. O autor propõe, ao citar Cardoso (1999), uma classificação na formulação das políticas públicas que diferencia os indicadores segundo aspectos de relevância para a avaliação de programas sociais. Os indicadores para avaliação da eficiência dos meios e recursos aplicados; os indicadores para avaliação da eficácia no cumprimento das metas; e os indicadores para avaliação da efetividade social do programa, ou seja, indicadores que avaliem o efeito do programa em termos de bem-estar para a sociedade.

Assim, embora o modelo de avaliação por eficiência, eficácia e efetividade social seja mais característico da proposta gerencial, é o mais utilizado nas políticas públicas sob um ponto de vista mais próximo do modelo societal. Concordamos com Jannuzzi (2002) ao afirmar que os indicadores sociais permitem medir ou avaliar as mudanças quantitativas na sociedade, a partir do monitoramento das condições de vida dos cidadãos.

Além disso, o autor coloca que o sistema de indicadores sociais confiáveis e de qualidade potencializa as possibilidades de sucesso no processo de planejamento, implementação e avaliação das políticas públicas, pois está condicionado a um diagnóstico que dá respaldo aos objetivos das ações públicas.