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4 A EFICIÊNCIA NAS UNIDADES PRODUTIVAS DE SAÚDE

4.2 NOÇÕES GERAIS SOBRE EFICIÊNCIA

4.2.1 Eficiência em Políticas Públicas de Saúde

As Políticas Públicas em geral precisam de avaliações constantes devido aos problemas visualizados no meio público, relacionados aos resultados, aos impactos sociais e às restrições de recursos. As características dos programas sociais envolvem o atendimento de diversas e múltiplas finalidades, normalmente de difícil verificação a priori, visto as limitadas possibilidades de identificação dos mesmos (MARINHO; FAÇANHA, 2001).

Para Marinho e Façanha (2001) a eficiência é o resultado da capacidade em obter resultados com o uso da menor quantidade de recursos e esforços, dados que, por sua vez, remetem à avaliação para considerações de benefício e custo dos programas sociais. Isto quer dizer que,

os investimentos que foram mobilizados devem gerar os efeitos desejados na definição da ação.

A partir da conceituação, cabe fazer a distinção entre avaliação política, análise de políticas públicas e avaliação de políticas públicas. A avaliação política compreende a análise e esclarecimento sobre os critérios que balizam determinada política, buscando elucidar os motivos que a tornam preferível em detrimento a qualquer outra. Pode ser ressaltado o caráter político do processo de decisão ou os valores e critérios políticos identificáveis (BAPTISTA; REZENDE, 2011).

A análise de políticas públicas objetiva examinar a engenharia institucional e os traços constitutivos do programa, que apresenta diversos modos de ser formulado e implementado. Esta visa reconstruir as características de forma a apreendê-las em um todo coerente e compreensível, incluindo o entendimento das ambiguidades, incoerências e incerteza presentes nos momentos e estágios da ação pública (SERAFIM; DIAS, 2012).

E avaliação de políticas públicas está atrelada à relação de causalidade entre a política e o resultado. Nesta, o emprego de métodos e técnicas de pesquisa contribui no estabelecimento da relação entre os recursos e produtos. Assim, a avaliação é fundamentada na apreciação dos resultados da políticas/ações/programas/projetos, buscando verificar a eficiência, eficácia e efetividade (DALFIOR et al, 2015). Este artigo busca justamente discutir e exemplificar essa forma de avaliação.

Diante da descentralização operacional dos programas de saúde entre os elos da federação (Estadual e Municipal) são requeridas montagens organizacionais e administrativas complexas, e cujas finalidades são desenvolvidas e realizadas pelos agentes, que são organizações complexas (ex. universidades, hospitais). Este fato induz a problemas de coordenação, entre as metas dos programas e objetivos dos agentes, por exemplo. Ademais, as regras de financiamento e repasses geralmente não são integradas e estruturadas conforme os objetivos que se pretende alcançar, devido às dificuldades de mensuração das metas dos programas, o que tende a reduzir o poder de estímulo das regras e dos instrumentos de financiamento (MARINHO; FAÇANHA, 2001).

Considerando o horizonte de validade dos programas sociais que, em geral, tende a ultrapassar os anos fiscais e orçamentários, submete os programas de um lado às restrições

gerais de recursos e disputas recorrentes por recursos, e de outro aos mecanismos formais de controle das atividades governamentais (MARINHO; FAÇANHA, 2001).

A avaliação do meio político envolve cinco etapas: construção da agenda, formulação de políticas, processo decisório, implementação de políticas e avaliação de políticas. A delimitação dessas etapas permite a aprendizagem por meio do dinamismo do processo, isto é, este modelo permite o estudo detalhado de cada etapa envolvida em um processo político, explicando como em cada uma dessas etapas ocorrem as relações de poder, de processos decisórios e as relações entre os agentes sobre as práticas politico-administrativas. A distinção dos diferentes estágios no processo de construção de uma política permite o reconhecimento das especificidades de cada etapa e possibilita um conhecimento mais amplo e intervenções mais eficazes sobre o processo político (DALFIOR et al, 2015).

Geralmente as políticas públicas são analisadas baseadas nos recursos financeiros e não monetários (recursos/inputs) direcionados para a implementação e realização de uma política ou programa que busca por realizações materiais e imateriais (produtos/outputs) e pelos efeitos ou resultados (resultados/outcome) gerados em uma economia ou território (SANTOS

et al, 2015). As políticas de saúde, bem como as demais políticas sociais, devem passar pelas

dimensões de análise de eficácia, eficiência e valor acrescentado, conforme Figura 2. Figura 2 – Dimensões da avaliação de políticas públicas

Fonte: SANTOS e outros, 2015.

Ressaltando que, a análise da eficiência e da eficácia é balizada na apreciação das relações existentes entre os insumos, produtos e resultados, a eficiência visa identificar se os recursos empregados produziram os resultados, efeitos e impactos requeridos na implementação do programa. A eficácia analisa se as metas definidas foram obtidas. Ao considerar os termos monetários, a análise da eficiência utiliza a razão input-output como indicador para medir os

resultados da política ou programa. Assim, buscar quantificar os resultados dos insumos que foram despendidos, corresponde, portanto, a análise custo-eficácia. Esta tem por finalidade comparar as despesas de um programa com os resultados obtidos (SANTOS et al, 2015). A figura 2 permite a compreensão sobre a dimensão da necessidade de avaliação de programas públicos, uma vez que ao estabelecer os objetivos da ação/programa, delimitando a sua extensão e os recursos disponibilizados, espera-se que os resultados contemplem os objetivos em sua totalidade. A não identificação de resultados eficientes sugere a remodelagem das ações de forma a se alcançar seu fim. Para evitar que resultados divergentes dos estabelecidos sejam encontrados, o acompanhamento e monitoramento das ações se fazem imprescindíveis. Da mesma forma que analisar o que já foi realizado exemplifica o que pode ser ajustado na busca dos melhores resultados das próximas políticas. Cabe agora, explicar uma forma de avaliação de políticas ou programas e aplicá-la para identificar níveis de eficiência, assunto da próxima seção.