• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1- EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E AS EDIFICAÇÕES PÚBLICAS

1.3 Eficiência Energética no Brasil

1.3.2 Principais Políticas Públicas e Programas de Eficiência Energética no

1.3.2.4 A Lei de Eficiência Energética

A Lei 10.295, de 2001, dispõe sobre a “Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia”, delegando ao Poder Executivo a competência para estudar e

estabelecer padrões mínimos de eficiência energética para equipamentos consumidores de energia elétrica que são comercializados no Brasil. O Poder Executivo, como aduz em seu artigo 2º, estabelecerá “níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados e comercializados no país” (BRASIL, 2001).

A Lei 10.295 articula-se com os programas PBE/Inmetro e Selo Procel, uma vez que o Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), estabelecido pela mesma lei, visa, principalmente, elaborar um programa de metas com indicação da evolução dos níveis que cada equipamento regulamentado deve atingir compulsoriamente.

A Lei nº 10.295, de 2001, denominada Lei de Eficiência Energética é um instrumento importante para a indução da eficiência energética no Brasil. A concepção da lei, que incentiva o desenvolvimento tecnológico, a preservação ambiental e a inserção de produtos mais eficientes no mercado, ocorreu na perspectiva de que a conservação de energia deve ser a finalidade da Política Energética Nacional.

A Lei de Eficiência Energética determina a existência de níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, também de edificações.

O Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), instituído por meio do Decreto nº 4.095/2001, tem o objetivo de executar o disposto na lei. O Comitê é composto pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por um representante da universidade e um cidadão brasileiro. As principais atribuições do CGIEE são: regulamentar os níveis mínimos de eficiência energética de aparelhos consumidores de energia ou máximos de consumo de energia, determinar programas de metas indicando a evolução dos níveis a serem alcançados por cada equipamento regulamentado e constituir comitês técnicos para analisar matérias específicas.

Assim, a implementação da Lei de Eficiência Energética (10.295/2001), por intermédio do Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética e sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia, articula-se de forma inseparável à Ence e ao Selo Procel, uma vez que esses mecanismos de estímulo ao consumo de

produtos eficientes são complementares e compartilham metodologias de ensaio e rede laboratorial.

O processo de definição dos padrões necessários para regulamentação dos equipamentos fundamenta-se em estudos de impacto e priorização, metodologias e regulamentos específicos, além de critérios de avaliação de conformidade, contando com laboratórios credenciados para ensaios e testes do PBE, do Selo Procel e do Selo Conpet (fig. 8). A lei e o decreto estabelecem a obrigatoriedade de realização de audiências públicas para aprovar regulamentos específicos.

Figura 8 – Selos Procel e Conpet

Fonte: Inmetro-Eletrobras-Procel.

Em 2014, houve um significativo avanço no cumprimento da Lei n.º 10.295/2001 quanto à regulamentação de edificações eficientes. O artigo 4º dessa lei aduz que o “Poder Executivo desenvolverá mecanismos que promovam a eficiência energética nas edificações construídas no País”.

Deste modo, o Inmetro, Eletrobras e o MME, que disseminam a Ence, contribuíram para elaborar a Instrução Normativa n.º 02/2014/MPOG/SLTI, publicada em 4 de junho de 2014 e em cujo artigo 5º prevê que “os projetos de edificações

públicas federais novas devem ser desenvolvidos ou contratados visando, obrigatoriamente, à obtenção da Ence Geral de Projeto classe A”.

As novas edificações da Administração Pública Federal e Autárquica, assim como as edificações que sofrerem retrofit, deverão, com esse dispositivo legal, propor projetos para que os edifícios atinjam o melhor desempenho energético possível, respeitando as características da edificação. Ainda de acordo com a Instrução Normativa,

Nas aquisições ou locações de máquinas e aparelhos consumidores de energia, que estejam regulamentados [...], deverá ser exigido, nos instrumentos convocatórios, que os modelos dos bens fornecidos estejam classificados com classe de eficiência “A” na Ence vigente no período da aquisição.

Assim, o poder de compra governamental é utilizado para complementar a política iniciada pela Lei de Eficiência Energética.

Em novembro de 2014, o Ministério de Minas e Energia e a Eletrobras, lançaram o Selo Procel de Economia de Energia para Edificações, o Selo Procel Edificações. Este constitui um instrumento voluntário que atua como diferencial de mercado, especialmente por ser concedido apenas às construções que apresentam os mais altos níveis de eficiência energética do país. O selo é um relevante instrumento de combate ao desperdício de energia elétrica, encorajando projetistas e construtores à contínua evolução do desempenho energético das edificações.

A Lei nº 10.295/2001 configura-se como um dos principais componentes do marco legal da política de eficiência energética, constituindo-se em um instrumento eficaz e efetivo de política pública. Ademais, sua efetivação demanda, por parte do Poder Executivo, um forte empenho para a elaboração das regulamentações específicas e dos programas de metas, assim como de planos para a fiscalização e estudos de impactos para o acompanhamento sistemático de todo o processo. Na aplicação da Lei de Eficiência Energética, existem vários aspectos de governança passíveis de aperfeiçoamento e de melhorias contínuas.

A elaboração dos Estudos de Impactos Regulatórios solicita metodologias e abordagens próprias, mantidas por uma base de dados confiável. A partir do processo de regulamentação de lâmpadas incandescentes, surgiu a necessidade de se realizar uma abordagem integrada dos efeitos e impactos da regulamentação dos níveis mínimos de eficiência energética.

Um grande desafio é relativo a edificações eficientes. A aprovação da compulsoriedade da etiquetagem das edificações da administração pública federal requer que o Poder Executivo esforce-se no sentido de articulação e coordenação para efetivar esta regulamentação e alavancar a Etiquetagem de Edificações.

O Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética possui um papel estruturante e permanente na implementação da Lei de Eficiência Energética, que se sustenta em uma política pública que compulsoriamente estabelece a transformação do mercado de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil, incentivando a evolução tecnológica tanto desses produtos como das edificações.

Documentos relacionados