• Nenhum resultado encontrado

EIXOS DE ANÁLISE DAS FORMAÇÕES DESENVOLVIDAS PELO PNAIC NO

2 O PNAIC E O COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

2.3 EIXOS DE ANÁLISE DAS FORMAÇÕES DESENVOLVIDAS PELO PNAIC NO

Diante da amplitude do Pnaic, sentimos a necessidade de estabelecermos alguns eixos sobre os quais concentraremos nossa análise. Temos consciência, no entanto, de que há muitos outros aspectos a serem analisados, porém serão necessários outros estudos para dar conta da gama de possibilidades que existe em torno desse Programa. Por hora, me proponho a me debruçar em torno dos seguintes eixos: a estrutura do Pnaic no município do Recife; os fatores que favoreceram (ou não) a decisão do/a Professor Alfabetizador em participar das formações e a avaliação da formação na perspectiva dos Professores Alfabetizadores e Orientadores de Estudo.

Nas subseções adiante faremos uma breve descrição do que será observado especificamente em cada eixo.

2.3.1 A estrutura do Pnaic no município do Recife

Neste eixo concentraremos nossa análise na estrutura em que o Pnaic se desenvolveu no município, levando em consideração os espaços reservados para as formações, o local, a acessibilidade, as condições físicas dos espaços e os recursos destinados ao desenvolvimento das formações, entre outros aspectos.

Partimos do princípio de que as condições dos ambientes de trabalho mexem com a autoestima e, consequentemente, a saúde do/a professor, seja elevando-a, no caso de ambiente confortável, climatizado e com todos os equipamentos necessários para seu bom funcionamento, seja rebaixando-a, no caso de ambientes desconfortáveis, não climatizados e sem os recursos necessários para o bom desenvolvimento da sua prática.

A autoestima, tal como conceituada por Moysés (2004 apud JÚNIOR, 2010, p. 9),

(...) é a percepção que a pessoa tem do seu próprio valor [...]. O sentimento de valor que acompanha essa percepção que temos de nós próprios se constitui na nossa autoestima [...]. Em termos práticos, a autoestima se revela como a disposição que temos para nos ver como pessoas merecedoras de respeito e capazes de enfrentar os desafios básicos da vida.

Pereira (2004 apud JÚNIOR, 2010, p. 11) diz que a autoestima não é um dado definitivo. Ela é “a dimensão da nossa personalidade eminentemente móvel: mais ou menos alta, mais ou menos estável, ela precisa ser alimentada com regularidade”. Ainda segundo Pereira (2004 apud JÚNIOR, 2010, p. 12), “a autoestima pode ser ameaçada por fatores internos, próprios da pessoa, ou por fatores externos, sociais, familiares, reais, imaginários, passageiros, duradouros, etc.”.

Sendo assim, entendemos que um ambiente de trabalho digno, decente, é um dos fatores externos que poderá contribuir para a elevação da autoestima, por que, tal como Moysés (2004 apud JÚNIOR, 2010) falou, o professor vai se perceber valorizado, respeitado e se sentirá “capaz de enfrentar os desafios básicos da vida”. Com a autoestima baixa o/a professor desanimará, passará a desacreditar da sua própria capacidade e, consequentemente, adoecerá.

Esteves (1999 apud GONÇALVES, 2010) diz que o adoecimento do professor está relacionado, entre outros fatores, ao ambiente profissional e às deficiências nas condições de trabalho, assim como na insuficiência de recursos materiais:

[...] a falta de recursos generalizada aparece como um dos fatores referidos em diversos trabalhos de investigação. [...] professores que enfrentam com ilusão uma renovação pedagógica de sua atuação nas aulas encontram-se frequentemente, limitados pela falta de material didático necessário e pela carência de recursos para adquiri-los. [...] Quando esta situação se prolonga a médio e longo prazo, costuma-se produzir uma reação de inibição no professor, que acaba aceitando a velha rotina escolar, depois de perder a ilusão de uma mudança em sua prática docente, além de utilização de novos recursos dos quais ele não dispõe (ESTEVES, 1999, p. 48).

Cremos que um profissional com autoestima elevada tem uma postura confiante, tem consciência do seu valor pessoal e profissional e está sempre em busca de novas oportunidades, novas aprendizagens. Já um/a profissional com autoestima rebaixada não tem esta gana de aprender, de ir em busca de novas aprendizagens.

Diante disto entendemos que este é um eixo importante de ser analisado, pois um/a professor consciente do seu valor pode negar-se a participar de um processo formativo onde as condições mínimas de funcionamento e a acessibilidade não estejam garantidas. O nosso objetivo neste eixo é analisar a avaliação que o/a professor fez do Pnaic no município do Recife levando em consideração este aspecto e tentando identificar o quanto esta avaliação influenciou na sua decisão de participar das formações.

2.3.2 Fatores que favoreceram (ou não) a decisão do/a Professor Alfabetizador em participar das formações

Colocamos também como eixo de análise os “Fatores que favoreceram (ou não) a decisão do/a Professor Alfabetizador em participar das formações”. Partimos do seguinte questionamento: se a decisão de participar do Pnaic no município do Recife se deu por meio de adesão e não por obrigação, que fatores levaram estes/as professores a decidirem participar ou não desse Programa? Fomos então à busca das respostas para este questionamento, tentando identificar os fatores que favoreceram as decisões tanto de um grupo de professores quanto de outro grupo. Entendemos que ao

encontrarmos respostas para este questionamento estaremos colhendo elementos para a elaboração de um plano de ação mais atraente, utilizando estratégias que melhor viabilizem o processo e evitando outras que não contribuem efetivamente.

A experiência e o envolvimento no Programa desde o seu início nos ajudou a iniciar a pesquisa já com algumas hipóteses: acreditamos que estejam entre esses fatores: o calendário das formações, os dias de sábado, a qualificação dos Orientadores de Estudo, o valor e os prazos de liberação das bolsas pagas pelo MEC e também as dificuldades do/a professor em relação ao Simec.

Percebemos que estes são aspectos que podem contribuir para o sucesso ou insucesso de uma formação. Sucesso tanto no sentido de melhoria da prática do professor quanto no sentido da participação efetiva nas formações.

2.3.3 Avaliação da formação na perspectiva dos Professores Alfabetizadores e Orientadores de Estudo

O objetivo deste eixo é explorar a avaliação das formações a partir da visão dos Orientadores/as de Estudo e dos Professores Alfabetizadores. Como estes/as profissionais estão concebendo esta formação? Esta formação ofereceu e está oferecendo, de fato, subsídios para a melhoria da sua prática pedagógica? Os conteúdos explorados estão atendendo ao que realmente necessitam para condução da dinâmica em sala de aula de maneira mais apropriada e aprimorada? Em suas opiniões, os caminhos que estão sendo trilhados estão sendo direcionados de fato para o atendimento da meta de “alfabetizar todas as crianças até os 8 anos ao final do 3º ano do ensino fundamental”?

Na seção seguinte faremos uma análise a partir dos dados coletados dos Professores Alfabetizadores, por meio dos formulários, e dos Orientadores de Estudo, por meio das entrevistas e dos relatórios elaborados por estes últimos ao final de cada encontro de formação.