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Na EJA, um dos aspectos destacados pelo Documento Base do PROEJA, Ensino Fundamental a relação do professor com seus alunos. Para tanto é necessário conhecer quem são esses alunos na EJA:

[...] pessoas para as quais foi negado o direito à educação, durante a infância ou adolescência: homens e mulheres, brancos, negros, índios e quilombolas, trabalhadores empregados e desempregados, filhos, pais e mães, moradores dos centros urbanos e das áreas rurais. Algumas dessas pessoas nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar em função da entrada precoce no mundo do trabalho ou mesmo por falta de escolas. A maioria daquelas que já passou pela instituição escolar carrega uma história marcada por numerosas repetências e interrupções. Entretanto, observa-se que, quando retornam à escola, levam significativa gama de conhecimentos e saberes construídos ao longo de suas vidas. (BRASIL, 2007, p.18)

Além do mais, esses alunos possuem inúmeras necessidades de um trabalho diversificado onde valorize os conhecimentos que os alunos possuem. O referido documento também destaca os motivos pelos quais os alunos deixaram ou nem ingressaram nos estudos. Tais como,

[...] nível socioeconômico; dificuldade para conciliar trabalho, família e estudo, assim como horário de trabalho e horário escolar; não-adaptação à vida escolar; tipo de proposta pedagógica da escola; mudança no horário de trabalho; gravidez; novo emprego; mudança de endereço residencial; baixo desempenho e reiteradas repetências; cansaço; problemas de visão; problemas familiares; distância da escola; doenças; transporte; horário; período de safra na zona rural; dupla ou tripla jornada de trabalho; processo avaliativo deficiente e excludente; migração para outras cidades/bairros; e baixa auto-estima. (BRASIL, 2007, p. 18)

Ao falar sobre EJA, precisamos relatar sobre quem são os indivíduos para o qual essa modalidade educativa está voltada. Não estamos falando sobre qualquer sujeito apenas com idade superior aos alunos das escolas regulares. Podemos definir o adulto como alguém que busca a alfabetização ou outra série para desenvolver seus estudos com idade escolar defasada, enquanto o jovem é o mesmo cidadão com menor idade cronológica e que, por motivos de exclusão ou necessidades sociais (semelhantes a do adulto) quer concluir os estudos do Ensino Fundamental ou Médio. Estamos falando, portanto, sobre pessoas com grande quantidade de experiências, vivenciadas dentro ou fora da escola e que, por motivos

diversos tiveram que deixar os estudos. Segundo o Documento Base do PROEJA, no Ensino Fundamental

[...] é importante ressaltar que o corpo discente é constituído por pessoas com diferente quantitativo de anos de permanência na escola, com diferentes níveis de conhecimento e de estágios de desenvolvimento intelectual, além de comportamentos, valores e atitudes diferenciados. (BRASIL, 2007, p.39).

Logo, um trabalho voltado para os jovens e adultos permitirá

[...] qualificação dos trabalhadores, jovens e adultos, para o exercício de diferentes ocupações, contribuindo para a sua valorização social é preciso que a Educação de Jovens e Adultos tenha vinculação direta com o mundo do trabalho. – (BRASIL, 2007, p.22).

No que se refere ao ensino da matemática, Fonseca (2007a) destaca como primordial um trabalho de Educação Matemática Crítica voltada para alfabetização dessa disciplina onde é imprescindível que o professor conheça os conteúdos e torne evidente a sua utilidade. Assim, a autora menciona o papel do professor ao selecionar os conteúdos e utilizá-los de forma que

Torna-se cada vez mais evidente a necessidade de contextualizar o conhecimento matemático a ser transmitido ou construído, não apenas inserindo-o numa situação-problema, ou numa abordagem dita “concreta”, mas buscando suas origens, acompanhando sua evolução, explicitando sua finalidade, ou seu papel na interpretação e na transformação da realidade com a qual o aluno se depara e/ou de suas formas de vê-la e participar dela. (FONSECA, 2007a, p.54)

Ponte, Brocardo e Oliveira (2009) relatam em seu livro Investigações Matemáticas na Sala de Aula que o papel do professor deve ser de incentivador do processo de aprendizagem. Para tanto, é fundamental que o aluno trabalhe de forma colaborativa e investigativa, buscando assim a construção da aprendizagem de forma significativa.

No que se refere à relação Informática com matemática a contribuição de Borba e Penteado (2010, p 17) enfatiza que

[...] a discussão sobre informática na educação matemática deva ser compreendida. O acesso a informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas públicas e particulares, o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma “alfabetização tecnológica”. Tal alfabetização deve ser vista como um aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais, etc. E, nesse sentido, a informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas a cidadania.

A esses diferentes conhecimentos vivenciados pelos educandos é necessária uma prática pedagógica de valorização, na qual o educador precisa conhecer os alunos, suas expectativas de vida, características, cultura, além das principais necessidades que possuem para estudar. Sob essa prática se apresenta o re-pensar a maneira pela qual se vai ensinar. Freire (1997, p. 21) ressalta que

[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.

Ou seja, a aprendizagem da EJA deveria ser dialógica, voltada para atender os interesses e necessidades desses alunos, onde o educador poderá exercer a prática da educação libertadora, que, segundo esse mesmo autor “implica na negação do homem abstrato, isolado, solto e desligado do mundo, e na negação do mundo como uma realidade ausente dos homens” (FREIRE, 1978, p. 81).

Ao refletir sobre os desafios (formação de professores, evasão, tipo de aprendizagem oferecida, entre outros) que a EJA ainda enfrenta, a UNESCO divulgou, no dia 29/01/2013, através da mídia, a notícia que o Brasil é o oitavo país do mundo com maior taxa de analfabetismo entre adultos. À época apresentando cerca de 10 milhões de analfabetos acima dos 15 anos de idade. Contudo, a Educação de Jovens e Adultos tem ganhado cada vez mais destaque no cenário nacional, apesar de ainda serem reduzidos os números de pesquisas relatando sobre tal tema. Na LDBEN 5692/71 a EJA era apenas pensada com caráter de supletivo, já na LDBEN 9394/96 está garantida a gratuidade do ensino ao cidadão que, por diferentes motivos abandonou os estudos na idade regular e, segundo a Lei

11.471 (2008), ele deverá se articular com a educação profissional, de forma a desenvolver-se plenamente ao trabalho, à ciência e à tecnologia. Segundo a Declaração de Hamburgo sobre a EJA,

A Educação de Adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade. A Educação de Adultos inclui a educação formal, a educação não formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2004, p. 38).

Mediante esse exposto, é primordial pensar uma formação adequada para os profissionais da EJA, de forma que, sejam preparados para trabalhar com esses alunos, conhecendo suas expectativas e anseios. Soares e Pedroso (2013) afirmam que “ser educador exige uma postura aberta e dialógica, de comunhão em relação ao contexto no qual cada educando está inserido e aos valores que trazem consigo”.

Sem prescindir da formação adequada, outro fator que falta à Educação de Jovens e Adultos é uma proposta pedagógica voltada para esse público. É importante frisar que as propostas pensadas para as crianças não atende aos anseios e necessidades dos adultos. Assim, alguns estudos serão apresentados neste trabalho com foco na qualidade da educação ofertada para EJA, abordando especialmente o aspecto: a utilização de recursos tecnológicos na EJA.

Também busquei outros estudos que destacavam a relação entre EJA, matemática e utilização de tecnologias como suporte teórico para essa pesquisa.