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O patrimônio se situa entre a memória e a história. Jacques Le Goff

O tombamento das ruínas do prédio da Eletro Metalurgica acha-se já aprovado. Na Prefeitura de Ribeirão Preto tramita o processo n° 02 2003 026116-0 para concretizar o tombamento dos remanescentes da fábrica.

Fica tombado como bem cultural de interesse Histórico e Arquitetônico da antiga Companhia Eletro Metalúrgica Brasileira, os edifícios, construídos entre 1919 e 1930, como exemplos de arquitetura industrial, com relevante destaque para: sua importância para História da industrialização de Ribeirão preto e do Brasil; seu valor como amostragem da arquitetura industrial remanescente da década de 1920, em Ribeirão Preto. Elementos externos e internos a serem preservados; Galpão: partido arquitetônico, gabarito, fachadas, cobertura, treliças metálicas e/ou madeira pilares em estrutura metálica ou revestidos em alvenaria. Construção anexa: partido arquitetônico, gabarito, fachadas, elementos internos e externos. Antiga estação: partido arquitetônico, gabarito, fachadas, portas, ornamentos decorativos e baixo e alto relevo. Área envoltória: Fixada em torno imediato, os lotes deverão ter apenas limite de gabarito, não podendo ultrapassar o térreo e mais um. Quanto ao uso: o imóvel está localizado em área de uso misto I, que comportam atividades de risco ambiental 1,5, quanto a novas construções deverá ser observada a legislação vigente. Todos os projetos e obras de modernização e melhoramentos do imóvel com o uso e função industrial/comercial etc., devem ser elaborados no sentido de preservar e não descaracterizar os elementos destacados para preservação, sempre com apreciação prévia do CONPPAC, conforme legislação em vigor. (em 08 de novembro de 2010). (RIBEIRÃO PRETO, 2003)

A comunidade ou um grupo civil organizado – Associação dos Moradores do Jardim Aeroporto fez solicitação junto ao CONPPAC para a preservação do complexo. (RIBEIRÃO PRETO, 2003)

O edifício foi construído pela empresa The Corning & Company, Inc. New York, contrato estabelecido no dia 18 de maio de 1920, ficou a cargo da empresa a construção do prédio principal, a cobertura e o revestimento externo. (SÃO PAULO, 1923)

Figura 20 - Vista interna do prédio

Fonte: APHRP

Este edifício se encontra em situação precária. Uma pequena metalúrgica opera no local.

Figura 21 – Foto interna do prédio interno

Fonte: RIBEIRÃO PRETO (2003)

O processo de tombamento acha-se, ainda, em trâmite na Prefeitura de Ribeirão Preto, permaneceu sem pareceres durante longo período. Percebemos que teve andamento durante nosso acesso para pesquisa, retornou ao gabinete do prefeito para parecer em 2018.

Algumas das estruturas o prédio, mostradas nas figuras do capítulo anterior, não foram significativamente reformadas. Isso valoriza o patrimônio cultural:

Os bens que compõem o patrimônio cultural de uma sociedade são incomensuráveis. Incluem os elementos pertencentes à natureza e ao meio ambiente, assim como aqueles referentes ao conhecimento, como as técnicas, o saber e o saber fazer e os objetos, os artefatos e às construções feitas a partir do meio ambiente e do saber fazer. No entanto, o patrimônio “oficial” reúne poucos e escolhidos bens eleitos preservados à posteridade. Isso quer dizer que a determinação de concepções como “nação”, “história”, “arte”, “arquitetura”, “paisagem”, “afeição”, dentre outras, é que define o que será considerado patrimônio preservado e o que poderá ser relegado ao esquecimento. Daí a possibilidade de se pensar o patrimônio como representação social, como alvo de escolhas que estabelecem relações entre o visível e o invisível (CHAUÍ, 1992)

O método construtivo como as tesouras do telhado, e os detalhes utilizados para fixar o prédio são arrojados e inovadores na Primeira República.

Figura 22 - Detalhe de método construtivo

Figura 23 - Operários na oficina da empresa

Fonte: APHRP

As obras da empresas foram realizadas e supervisionadas por engenheiros especialistas, oriundos da Suécia com participação de brasileiros, dentre eles: Engenheiro Joaquim Desidério de Mattos, Almiro Pedreira, Martinico Prado Uchôa e os da Força e Luz como: Azevedo Queiroga e J.H.Hodge que participaram ativamente da obra. (RIBEIRÃO PRETO,2003)

Para o processo de tombamento do prédio da empresa, o CONPPAC reuniu extenso material, além do apoio da comunidade, em laudo técnico consta as seguintes observações:

As características arquitetônicas. Tratamento volumétrico das superfícies a maneira moderna, com predominância de cheios sobre vazio; volumes geometrizados e simplificados ou sucessão de superfícies curvas; contenção expressiva dos ornamentos decorativos quase sempre em alto e baixo relevo e composição com linhas e planos, verticais e horizontais; Estruturas em concreto armado e metálica, embasamentos revestidos, mescla de técnicas construtivas industriais/modernas e decorativas artesanais/tradicionais. (RIBEIRÃO PRETO,2003)

Outro exemplo de técnica construtiva é mostrado na figura a seguir:

Figura 24 - Detalhe método construtivo em ferro

Fonte: RIBEIRÃO PRETO (2003)

O parecer final do corpo técnico de apoio do CONPACC foi favorável ao tombamento do prédio pela relevância para a história econômica, da indústria, do trabalho e o valor arquitetônico com possíveis elementos remanescentes da Electro Metallurgica Brasileira, a detecção destes elementos foi observada em visita técnica realizada no local e por meio de análise da documentação escrita e iconográfica. (RIBEIRÃO PRETO, 2003)

A constatação exata dos elementos remanescentes de cada período que o prédio foi utilizado pela Electro Metallurgica Brasileira, Sanbra ou Penha podem ser realizados em estudos posteriores de arqueologia histórica e industrial, segundo o documento de tombamento. (RIBEIRÃO PRETO, 2003)

Figura 25 - Escritório da empresa em visita do cônsul japonês

Figura 26 - Vista externa do prédio 2010

Fonte: RIBEIRÃO PRETO (2003)

Segundo o corpo técnico de apoio do CONPPAC, vários elementos podem ser preservados para a manutenção da história da indústria em Ribeirão Preto, elementos externos e internos que podem ser preservados:

Galpão industrial: partido arquitetônico, gabarito, fachadas cobertura, treliças metálicas e/ou madeira e pilares em estrutura metálica ou revestidos em alvenaria.

Construção anexa; partido arquitetônico, gabarito, fachadas, elementos internos e externos.

Antiga estação: partido arquitetônico, gabarito, fachadas, portas, ornamentos decorativos em baixo e alto relevo. (RIBEIRÃO PRETO,2003)

Para preservação do local e do entorno, algumas sugestões foram apresentadas para regulamentação do uso dos lotes da área envoltória, os lotes deverão ter apenas limite de gabarito, com o máximo de dois pavimentos, ou térreo e mais um. (RIBEIRÃO PRETO, 2003)

Figura 27 - Foto aérea 1956

Fonte: APHRP

Na figura anterior, notamos que o prédio existente no canto direito se encontra em situação precária, mas existente, enquanto os prédios do lado esquerdo não existem mais.

O processo de tombamento se torna parte importante para a preservação do patrimônio e valorização do espaço urbano.

Figura 28 - Vista externa e frontal do prédio

Fonte: AUTOR (2016)

Figura 29 - Vista interna do prédio em ruínas com detalhes do método construtivo

Figura 30 - Vista interna 2010

Figura 31 - Alicerce de prédio demolido 2010

Fonte: RIBEIRÃO PRETO (2003)

A preservação do prédio remanescente se faz necessária para valorização da memória e do patrimônio, uma contribuição para as gerações vindouras.

Dos prédios existentes, na figura de 1956 somente uma das estruturas continua de pé e em situação precária.

Esta mudança de paradigma é pertinente socialmente para preservação do patrimônio. Esta consciência é útil para preservação da memória e para a utilização eficaz dos recursos naturais.

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