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4.1 Modelo de coerência estrutural da petição visual

4.1.1 Elementos estruturais específicos

No modelo de coerência estrutural proposto, a representação da petição inicial, através da narrativa visual, fica definida com base em sete elementos estruturais31:

T1: Partes em Conflito. Representa as partes em conflito (o autor e o réu).

T2: Acontecimento Inicial. Representa o acontecimento que define o início do conflito.

T3: [Outros Acontecimentos]. Mostra a evolução do conflito, o que aconteceu entre o acontecimento inicial e o conflito ou o que se passou depois do conflito.

T4: Conflito. Representa a razão do conflito.

T5: [Avaliação]. Representa, na opinião do autor, as consequências do que foi previamente descrito. Usualmente, mostra a consequência do que foi apresentado no elemento conflito (se existir uma relação de causa e consequência).

T6: [Opinião Final]. Representa a conclusão final (a opinião do autor) sobre o conflito. T7: Pedido. Representa a forma como o autor pretende que o conflito seja resolvido.

31 Os parênteses indicam os elementos estruturais que são opcionais, na construção de uma petição visual.

Figura 4-1 – A especialização dos elementos do modelo de coerência estrutural (MCE) com base nos modelos de Labov (1972) e de Cohn (2013).

Labov Orientação Complicação → Princípio, Evolução e Confronto Avaliação Coda Resolução

Cohn Apresentação Inicial Prorrogação Principal Finalização → Avaliação, Resultado e Solução

MCE Avaliação Opinião

Final Pedido Acontecimento Inicial Outros Acontecimentos Conflito Partes em Conflito Petição

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O elemento “Partes em Conflito” (T1) representa as partes em conflito, ou seja, o autor e

o réu. Este elemento corresponde na petição inicial à “Introdução”, na qual o autor identifica, entre outros dados, o nome e a localidade do autor, o nome e a localidade do réu. O elemento “Partes em Conflito” é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Orientação” do modelo de Labov (1972) e do elemento “Apresentação” do modelo de Cohn (2013). No modelo de Labov (1972), o elemento “Orientação” expõe o enquadramento geral da história – as personagens principais, o local onde a ação ocorre e o período de tempo. No modelo de Cohn (2013), o elemento “Apresentação” fornece um conjunto de informações referenciais relativas a personagens ou objetos, sem os envolver nas ações da narrativa visual.

O elemento “Acontecimento Inicial” (T2) representa o início do conflito e corresponde na

petição inicial ao princípio da “Narração”. Na forma mais usual, o “Acontecimento Inicial” mostra, por exemplo, o tipo de contrato que foi estabelecido entre o autor e o réu e que, posteriormente, por qualquer razão, não foi cumprido pelo réu. Este elemento é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Inicial” do modelo de Cohn (2013). No modelo de Cohn (2013), o elemento “Inicial” define o início de uma ação preparatória, o ponto inicial da evolução dos acontecimentos.

O elemento “Outros Acontecimentos” (T3) mostra a evolução do conflito, o que aconteceu

entre o “Acontecimento Inicial” e o “Conflito” ou o que se passou depois do “Conflito”. Este elemento é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Prorrogação” do modelo de Cohn (2013). O elemento “Outros Acontecimentos” é utilizado para explicar, com mais pormenor, um determinado acontecimento ou o que se passou entre dois acontecimentos, adicionando nova informação contextual. Este tipo de elemento enquadra-se na definição de “Interregno Contextual”, dada por Quesenbery e Brooks, (2010). O elemento “Outros Acontecimentos” pode ser usado entre o “Acontecimento Inicial” e o “Conflito” para esclarecer a forma como evoluíram os acontecimentos entre estes dois elementos, ou pode ser usado para explicar outros acontecimentos, após o “Conflito” (Figura 4-2). Note-se que a utilização deste elemento é opcional, pois na petição inicial não é necessário que o autor introduza informação pormenorizada ou contextual.

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O elemento “Conflito” (T4) identifica a razão do conflito, o motivo pelo qual o autor

apresenta a petição visual. Este elemento é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Principal” do modelo de Cohn (2013). No modelo de Cohn (2013), o elemento “Principal” identifica o aspecto mais importante da narrativa visual – o motivo, a causa, do que é descrito na sequência de figuras – que corresponde, geralmente, a uma alteração do estado inicial da narrativa visual. Na petição visual, o elemento “Conflito” mostra, por exemplo, a forma como o réu não cumpriu o contrato estabelecido.

O elemento “Avaliação” (T5) mostra, na opinião do autor da petição, as consequências do

que foi anteriormente descrito. O elemento “Avaliação” é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Avaliação” do modelo de Labov (1972). No modelo de Labov (1972), a “Avaliação” é um elemento opcional que mostra a opinião do autor sobre o que aconteceu, assinalando a importância relativa de um conjunto de acontecimentos. Tal como no modelo de Labov (1972), o elemento “Avaliação” é opcional e pode estar concentrado numa parte ou distribuído ao longo da petição visual. Assim, na “Avaliação” o autor da petição apresenta as consequências que resultam do “Conflito” ou apresenta as consequências que decorrem dos acontecimentos antes do “Conflito”. Este elemento é opcional pois, na petição inicial, não é necessário que o autor faça uma avaliação das consequências que decorrem de determinados acontecimentos.

O elemento “Opinião Final” (T6) apresenta a conclusão final (a opinião do autor da

petição) sobre o conflito e corresponde, na petição inicial, à parte final da “Narração”. O elemento “Opinião Final” é definido como uma especialização, no contexto da petição visual, do elemento “Coda”, do modelo de Labov (1972). No modelo de Labov (1972), a “Coda” é um elemento opcional e mostra que a narrativa está concluída, ao mesmo tempo que procede à ligação entre o que foi descrito e a situação atual. Tal como a “Coda”, o elemento “Opinião Final” é opcional, pois na petição inicial não é necessário que o autor expresse a sua opinião sobre o caso.

Depois da exposição dos acontecimentos, o autor da petição apresenta a forma como pretende que o conflito seja resolvido, através do elemento “Pedido” (T7). Este elemento

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especialização, no contexto da petição inicial, do elemento “Resolução”, do modelo de Labov (1972), onde o autor apresenta uma solução para o problema exposto na narrativa. Na Tabela 4-1 está sumariada a correspondência entre os elementos do modelo de coerência estrutural e as partes da petição inicial.

Tabela 4-1 – Correspondência entre os elementos do modelo de coerência estrutural e as partes da petição inicial.