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CAPÍTULO V A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MST

5.2 A Educação Ambiental no MST: caracterização, potencialidades e desafios

5.2.1 Elementos fundantes

Objetivando qualificar a conceituação da educação ambiental no MST, buscamos recuperar, de forma sintetizada, alguns elementos do caminho percorrido até aqui pelo

movimento, sobretudo os que envolveram a identificação da trajetória de sua aproximação com a questão ambiental. Identificaremos agora os elementos que contribuiram para essas aproximações.

Elementos externos:

a) Há, inicialmente, uma questão determinante: a abertura do passivo ambiental deixado pela política de ocupação com projetos de Reforma Agrária, o que suscitou críticas, estranhamentos, diálogos e aproximações entre movimentos ambientalistas e movimentos de luta pela terra e Estado, exigindo uma tomada de posição de ambos os lados.

b) Há também o debate ambiental que a sociedade já vinha realizando, expresso nos eventos, obras e atores políticos citados no capítulo II, além das iniciativas no campo mais popular de entidades, que suscitaram o reconhecimento de pontos de convergência entre as questões sociais e ambientais, sendo exemplar o Fórum Social Mundial como um importante espaço de fomento dessas discussões; ao considerar essas discussões, compreendemos que o MST, embora tendo o seu projeto, não é uma “ilha”, e sim um movimento que faz parte da sociedade, e um movimento de inter-relações, que influencia e é influenciado, em todos os aspectos, seja econômicos, sociais, culturais, políticos e/ou ambientais.

c) As políticas de Estado na área ambiental para os projetos de reforma agrária foram determinantes do ponto de vista de localização temporal do debate ambiental no MST. Essas políticas, como por exemplo as exigências de realização de licenciamento ambiental, a partir de 2001, impuseram ao MST a adequação de sua estrutura e o aprofundamento dos conhecimentos sobre a questão ambiental.

d) A conjuntura agrária da década de 90, agravada pela expansão do agronegócio e seu arcenal tecnológico, também teve uma influência relavante nas discussões ambientais no MST.

Elementos internos:

a) A consolidação do MST e o fortalecimento de sua organicidade (princípios, valores e estrutura). Destacam-se a criação do Coletivo de Meio Ambiente, em 2002, e também o papel do Setor de Educação na construção dos ideários da Educação do Campo.

b) A influência de pessoas com formação na área ambiental (técnicos, agronômos etc.) que passaram a atuar no MST, trazendo discussões acerca da agroecologia, socioambientalismo, entre outros.

c) A percepção de que o debate ambiental é, também, uma estratégia para garantir a própria reprodução social dos trabalhadores rurais ligados aos movimentos sociais, no processo de disputa ideológica com outros atores, sendo exemplares as disputas entre os defensores do agronegócio (trangênicos) e os da agricultura familiar (resgate de sementes criolas). Uma espécie de disputa sobre o futuro dos rumos da agricultura no âmbito do movimento.

5.2.2 Caracterização

A caracterização da Educação Ambiental no MST se circunscreve na dinâmica organizativa, nas práticas políticas e ideológicas, que foram, ao longo dos últimos 20 anos, formatando e consolidando esse movimento social, podendo ser lida à luz dos elementos trazidos no Capítulo II, cujo objetivo foi identificar uma trajetória de aproximação da temática ambiental.

Ao analisar a história da educação ambiental, percebemos que se trata de um campo da educação emergente e polissêmico, que permite múltiplas compreensões, iniciativas e

estratégias de abordagens, e que se vincula e toma corpo, a partir das características dos atores e práticas sociais de quem a assume.

No MST, isso ocorre a partir dos processos educativos de formação do sujeito Sem Terra. Ou seja, esses processos identificam uma trajetória ambiental, e nela, traços identitários de uma educação que vai assumindo no fazer pedagógico da luta pela terra, a dimensão ambiental.

De forma direta, a educação ambiental que se constrói no MST é a educação do campo assumindo a Dimensão Ambiental. As bases políticas, filosóficas e pedagógicas da Educação do Campo se identificam com as correntes de educação, cujas abordagens advêm das perspectivas libertadoras, sendo exemplo as de educação popular surgidas na década de 60 e 70, preconizadas pelo educador Paulo Freire - educação ambiental compreendida em uma perspectiva de sujeitos construtores de seu mundo, sujeitos de ação e não de adaptação (FREIRE, 1970).

À guisa dessa conceituação e buscando dar materialidade a essa educação ambiental, podemos afirmar que o desenho das práticas pedagógicas no âmbito do MST privilegiam o conhecimento, o saber popular, o cotidiano, as experiências, as iniciativas, os diálogos com o pensamento vigente fora do movimento, ou seja, símbolos, ritos e valores do seu contexto (a organização dos setores, a organização dos espaços, nos processos de produção, de formação política, de educação, entre outros). “As pessoas se educam nas ações que realizam e nas obras que produzem. [...] é pela ação que vão aprendendo que nada é impossível de mudar, nem mesmo as pessoas, seu jeito, sua postura, seu modo de vida, seus valores” (CALDART, 2003, p. 54). Portanto, uma identificação que a caracterizará como foi uma educação ambiental, além de popular, crítica e emancipatória. Esses atributos conotam uma identidade, como falado anteriormente, pertencentes a um determinado campo social - o campo que propõe rupturas ao modelo de desenvolvimento vigente.

[...] a transformação da sociedade é causa e consequência (relação dialética) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a transformação de ambos. Nesta visão, educando e educadores são agentes sociais que atuam no processo de transformações sociais. (...) Ensino que se abre para a comunidade com seus problemas sociais e ambientais, sendo estes, conteúdos do trabalho pedagógico. Aqui a compreensão e atuação sobre as relações de poder que permeiama sociedade são priorizadas, significando uma educação política. (GUIMARÃES, 2000 apud SATO; SANTOS 2001, p. 183).

Essa dimensão pode ser melhor compreendida nos trechos de depoimento de uma educadora do MST:

O projeto de educação do MST aposta na mudança de valores. A educação ambiental não está na escola dos assentamentos como uma metodologia, como uma coisa pensada pelo setor de educação, mas ela de alguma forma está na escola. Vou dar um exemplo: se o movimento está discutindo a questão dos trangênicos, esse tema estará na escola sendo discutido, isso já é nossa prática, as escolas discutem muito aquilo que o movimento discute, isso é a nossa pedagogia, a Pedagogia da Terra.

Nós pensamos muito a partir da produção, é verdade. Mas não tem outra maneira, porque isso é o nosso concreto, essa é a nossa raiz. Por isso que a educação precisa ensinar o sujeito a pensar, porque aí ele se contrói e muda suas práticas. 83

O depoimento evidencia que a educação ambiental no MST não está dissociada do projeto político desse movimento social e, tampouco, da sua própria trajetória. Isso traz uma consistência na abordagem da educação ambiental, que vai desenhando, nas ações deste movimento, a construção de novos valores e novos saberes.

Na prática, estamos diante de uma abordagem socioambiental que buscará o equilíbrio entre o social e o econômico na esfera das ações do MST. A educação ambiental será um instrumento voltado ao desenvolvimento sociocultural, socioambiental e socioeconômico dos Sem Terra.

5.2.3 Potencialidades

As discussões em torno da educação ambiental, embora em estágio inicial, vêm sendo construídas sob bases político-pedagógicas consolidadas. Significa dizer que não se trata de experiências em educação ambiental, mas de uma instrumentalização concreta de transversalidade da dimensão ambiental na prática social dos sujeitos Sem Terra.

A potencialidade está na abrangência e capilaridade das ações do MST nas áreas rurais. Um movimento social que tem 1,5 milhões de pessoas em sua base, espalhadas por 23 estados da nação, confere uma diferenciação à medida que as discussões se pauperizam.

O potencial se encontra também nos dados que esse trabalho traz, ao resgatar um encontro dos debates ambientais com os que emergem das lutas por terra e pela reforma agrária. Sobretudo, ao identificar uma educação ambiental que vem sendo gestada, não mais negando os aspectos econômicos, em detrimento dos sociais ou ambientais, mas que vai se fortalecendo na realidade concreta dos Sem Terra.

A educação ambiental, no MST, apresenta-se como uma potencialidade em função da unidade política que vem sendo construída em torno da Agroecologia, projeto que tem colocado o MST em diálogo com outros atores sociais do campo ambiental. Em outro sentido, é um tema emergente que tem exigido uma dinâmica de formação permanente, espaço que vai consolidando a educação ambiental na organicidade desse movimento social.

A maior potencialidade da educação ambiental está na interpretação do seguinte depoimento:

“Acho que o maior feito do MST é produzir um sujeito que pense. O movimento é uma possibilidade de pensar, e se o sujeito Sem Terra pensa, ele reflete e percebe as contradições, então não é possível ele manter a mesma lógica da relação com os outros e com

o meio ambiente” 84.

5.2.4 Desafios

O principal desafio parece encontrar-se na própria estrutura organizativa do MST. Se por um lado ela contribuiu para aproximar o MST da temática ambiental, por outro, a pesquisa apontou haver a necessidade de mudanças, tendo em vista o caráter transversal do debate ambiental. A quem cabe a responsabilidade pelas estratégias de educação ambiental? Aos que pensam o setor produtivo, ou aos que pensam o setor educacional? Essa é uma pergunta presente que o MST deverá responder. A tendência é que vejamos o Movimento Sem Terra transformando uma estrutura organizativa de 20 anos em função do debate ambiental.

Outro desafio se circunscreve na formação específica de educadores ambientais. As ações e os debates sobre a temática ainda são de iniciativa e responsabilidade do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente, que o fazem a partir de seus técnicos, dirigentes e assessorias. Por esse motivo, essas discussões incorporam, predominantemente, um enfoque voltado para a produção, a cooperação e a comercialização, em detrimento de uma perspectiva de prática teórica e metodológica de abordagem da educação ambiental.

Neste contexto, embora se reconheça o papel do setor de educação na formulação e construção dos processos educativos, percebemos que a educação ambiental ainda precisa se consolidar como um tema importante no Setor de Educação, o qual é responsável pela elaboração de estratégias de educação nesse movimento.

RESULTADOS

“É preciso SER a transformação que queremos ver no mundo”. Ghandi

Todo o movimento de debates, interações, preocupações, desafios e enfrentamentos, daqueles que ousaram construir a “questão ambiental”, tem nesse trabalho elementos indicativos de que a iniciativa foi exitosa e logrou abrir um importante espaço no âmbito do MST para essa questão.

Essa afirmação contextualiza a primeira conclusão: de que a aproximação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da temática ambiental foi influenciada, assim como boa parte dos movimentos sociais brasileiros, por um debate amplo e abrangente de contestação de um modelo de desenvolvimento que entrou em crise. Crise esta que forjou outros movimentos sociais de lutas por terra que antecederam o surgimento do MST.

Esse movimento de contestação que evidenciou a questão ambiental não pode ser visto apenas sob a ótica de seu desencadeamento, mas, sobretudo, a partir de suas formulações basilares. O legado deixado pela Conferência de Estocolmo, pela obra de Carson, pelo Relatório de Brundtland, pela Rio-92, pelas iniciativas da AGAPAN, da AS-PTA, pelo Fórum Social Mundial e por tantos outros eventos, obras e organizações que discutiram a questão ambiental foram elementos que tiveram grande influência para a reflexão sobre a questão ambiental.

É no contexto dessas influências que a experiência ambiental tem se construído até agora no MST: um processo que, partindo das questões sociais, passa a incorporar,

paulatinamente, os aspectos ambientais, na busca do equilíbrio socioambiental. Nesse sentido, podemos apontar algumas conclusões:

O MST não é um movimento ambientalista, é um movimento social que busca justiça social e reforma agrária no Brasil. No entanto, na sua história mais recente, tem dado passos importantes, que podemos chamar de “abordagem sócio-ambiental” nas suas ações após a conquista da terra. Isso ocorre sobretudo a partir de 1996, com um processo de avaliação das relações e práticas que o MST havia produzido nos seus assentamentos até então. No entanto, considera-se o ano de 2002 como o marco histórico deste debate no MST, impresso pela formulação de estratégias e pela construção de uma unidade política sobre o tema, a partir de suas instâncias de decisão. Essa unidade passa pela construção de projeto para os assentamentos com bases agroecológicas.

As discussões sobre a temática ambiental podem ser consideradas como um dos temas mais conflituosos do ponto de vista dos debates que pautaram o movimento nesses últimos anos, tendo em vista alguns aspectos: a) uma preocupação maior com as questões sociais em detrimento das ambientais; b) a questão cultural impressa, sobretudo pelas marcas deixadas pelo modelo tecnológico da revolução verde e pela formação dos dirigentes, de certa forma sectarizada; c) a preocupação com a sustentabilidade econômica dos assentamentos; d) a característica de debate transversal que o tema exige e, portanto, mexendo com a estrutura organizativa do movimento; e) a exigência de estudo, qualificação e de proposição de alternativas sem o aporte de políticas públicas para tal.

Embora se reconheça que o debate mundial sobre as questões ambientais influenciou sobremaneira toda a sociedade, inclusive o MST, também se percebe uma autonomia no sentido da escolha de caminhos em contraposição aos encaminhamentos dos debates mais hegemônicos, mesmo no campo das articulações e movimentos críticos à atual situação vigente. Pode-se tomar como exemplo a Carta da Terra (Rio/92), tida como uma construção

abrangente, coletiva e popular, mas que, no entanto, não ganhou o respaldo e o reconhecimento como um documento doutrinador das ações do MST. Nesse contexto, evidencia-se que o campo de articulação em torno das discussões sobre a questão ambiental se deu a partir das articulações de movimentos e organizações próximos, com identidade comum, predominantemente com alguma ligação com o trabalho na agricultura (Movimentos da Via Campesina, CPT, CONTAG, Movimentos de Agricultura Alternativa, e entidades que assinam a Carta da Terra. Observa-se, sobretudo a partir das entrevistas, que o MST não considera determinantes ou influenciadoras as discussões dos debates como os ocorridos na Rio/92. Por outro lado, e especialmente a partir de 2000, o MST tem se articulado nas discussões brasileiras sobre agroecologia, compondo inclusive a ANA ( Articulação Nacional de Agroecologia), considerada atualmente a organização mais representativa do Brasil sobre o tema. Mais que uma preocupação com conceitos e com grandes debates, há, visivelmente no MST, uma preocupação com a prática nos seus assentamentos.

Identificamos ainda uma trajetória de afirmação da questão ambiental no âmbito do MST, inscrita no reconhecimento de um debate ambiental “em construção” no MST. Ou seja, da ausência de discussões, simbolicamente representada pela compreensão da dimensão ambiental, inicialmente como “coisa de pequeno burguês”, hegemônica até meados da década de 90, passando a ser efetivamente uma compreensão ambiental que ganhou um caráter de debate coletivo e cotidiano. Portanto, há um reconhecimento de que as discussões ambientais ainda são embrionárias, passíveis de muitas críticas, geradoras de profundos debates e potencializadoras de uma eminente reestruturação organizativa do MST. Ou seja, ainda sem respostas, o MST se questiona: a quem cabe o debate ambiental se estamos organizados em setores? A responsabilidade da Educação Ambiental é do Setor de Educação? O Coletivo de Meio Ambiente deve ser formado por dirigentes de um setor ou deve ser um coletivo do Movimento?

Portanto, o debate ambiental é um processo que indica a possibilidade de mudanças na organicidade do MST, mexe com a formação consolidada de dirigentes, que precisam voltar a estudar e relacionar os velhos temas com os temas emergentes; tenciona para a des-setorização do Movimento e o desencadeamento de ações concretas nos assentamentos.

Os processos organizativos (comportamentos, símbolos, ritos, valores, debates, discussões, ações etc.) especialmente os desencadeados pelo Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente e pelo Setor de Educação foram determinantes para possibilitar uma abertura de diálogo com as questões ambientais. O primeiro representa, do ponto de vista desse diálogo, a materialidade dessa construção, o que conferiu até agora uma ênfase maior às questões relacionadas à segurança alimentar e à organização dos assentamentos. No âmbito desse trabalho, a Região Sul do Brasil apresenta-se com um dos embriões dos debates ambientais, tendo como lócus mais específico a atuação de alguns profissionais da assistência técnica. Esses profissionais contribuíram para deflaglar, a partir de metodologias alternativas de produção, um processo de conscientização no interior dos assentamentos e que, paulatinamente, foi se espalhando para outras regiões do Brasil. Esses técnicos foram se incorporando ao Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente, produzindo uma abordagem e uma certa pressão sobre as instâncias mais gerais do Movimento, desencadeando o que se julgou chamar de marco, ou seja, o ano de 2002. O Setor de Educação, embora não apresente uma proximidade mais direta com o tema, identifica o processo de formação humana que o projeto educacional do MST construiu, influenciando diretamente a formação dos sujeitos sociais (Sem Terra) em sujeitos sociais reflexivos, que em determinado momento tomam a dimensão ambiental como mais uma das dimensões do seu processo de formação.

Nesse sentido, a educação ambiental no MST pode ser compreendida como o elo dessa formação humana que, de certa forma, potencializou o debate ambiental para dentro desse

movimento social. Ou seja, estamos falando de três momentos dististos do ponto de vista da trajetória ambiental no MST: o de ausência, o de aproximação e o de construção de uma abordagem ambiental. Desse modo, podemos apontar as seguintes constatações relativas à educação ambiental:

Consideram-se todas as ações de aproximação e de abordagem da temática ambiental realizadas pelo MST, a partir de meados da década de 90, como um processo de educação ambiental, representado pela tomada de consciência via os processos educativos.

Do ponto de vista da educação formal, a educação ambiental ainda não representa, na organicidade do MST, uma preocupação educativa específica, ou seja, não se percebe um movimento de discussão de como trabalhar educação ambiental nas escolas. Por outro lado, as discussões que ocorrem no MST sempre refletem na escola, por conta do projeto educativo que discute os temas cotidianos, as questões vivenciadas, as dificuldades, isto é, as questões concretas.

A educação ambiental que se constrói no MST se alimenta das bases políticas, filosóficas e históricas da educação do campo, a qual se identifica com as correntes de educação, cujas abordagens advêm das perspectivas libertadoras, com destaque às de educação popular surgidas na década de 60 e 70, preconizadas pelo educador Paulo Freire.

No corte temporal (1984 – 2004) analisado nessa dissertação, não há, ainda, educadores ambientais com formação específica no MST, e a incidência de dirigentes capacitados ainda era pequena. Contudo, percebe-se que a partir de 2001 houve um grande avanço no que diz respeito à formação ambiental, potencializada pelas atividades específicas de formação e capacitação, especialmente as voltadas para a agroecologia.

Percebe-se uma ausência de referenciais sobre a educação ambiental. Não há, pelo menos do ponto de vista dos materiais produzidos pelo MST, e tampouco evidencia-se nas

falas dos dirigentes, um conhecimento teórico mais aprofundado sobre o tema. As falas são sempre genéricas e aproximam-se do enfoque estritamente voltado ao processo de tomada de consciência, via processos de formação mais gerais do Movimento.

Ao término desse texto afirmar-se-iam, então, como “veias abertas” uma embrionária escolha de caminhos, discursos e práticas de educação em assentamentos do MST. Práticas essas potencializadoras de reestruturações organizativas fundantes de novas vocações e cortes histórico-conceituais da agricultura, da terra e do cidadão.

REFERÊNCIAS

ANCA - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE COOPERAÇÃO AGRÍCOLA. A agroecologia como alternativa. 2002.

______. Receitas para a Agricultura Alternativa. Biofertilizantes e adubos líquidos, Fortificantes de plantas e defensivos naturais. 2002.

______. A viagem das sementes. sementes patrimônio dos povos a serviço da humanidade. Cadernos de Saúde e Meio Ambiente da ANCA, abr. 2004.

______.Milho Orgânico. Produção Orgânica de semente em casa. 2002.

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