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Em busca da excelência: os Rankings das instituições de ensino superior

No documento 2015VAnderleiaFruscalso (páginas 63-67)

3.3 A modelagem do pesquisador docente em decorrência do sistema Capes de avaliação

3.3.1 O sistema Qualis

3.3.1.1 Em busca da excelência: os Rankings das instituições de ensino superior

Com a manifestação da globalização, mudanças ocorreram na relação entre educação superior, Estado e sociedade. Nesse sentido, “o conhecimento se tornou o alicerce do poder econômico, social e político” (HAZELKORN, 2010). Seguindo a tendência do mundo globalizado, no Brasil, como afirmam Lima, Azevedo e Catani (2008), “iniciou-se a implantação de um mercado competitivo e de critérios de avaliação da sua qualidade, visando a prestar informações aos alunos aqui denominados consumidores”.

Nesse contexto, para sobreviver em meio a tantas mudanças e acirradas competições, as instituições de ensino superior estão usando os rankings como forma de fortalecer ou proporcionar visibilidade à sua excelência. Tais rankings universitários têm como objetivo classificar as melhores instituições de ensino superior e se constituem enquanto um fator determinante em prol da excelência acadêmica, divulgando, assim, os resultados de qualidade da educação no Brasil.

Os rankings têm se destacado cada vez mais no cenário educacional, em consequência, as classificações têm causado alguns constrangimentos as instituições que não tem galgado uma boa posição nas tabelas classificatórias, porém não se podem negar os efeitos resultantes da acirrada competitividade que também promovem.

Segundo Dias Sobrinho (2010), os rankings são uma prática que teve início no mundo empresarial e posteriormente foi adotado no Brasil, no ano de 1996, com a publicação dos resultados obtidos através do Exame Nacional dos Cursos, chamado de “Provão”. Após oito anos de execução do Exame Nacional dos Cursos, no ano de 2004, surge uma nova proposta de avaliação da Educação Superior, sendo criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, o Sinaes. Partiu de uma nova proposta de avaliação, onde a principal era a implantação de um sistema emancipatório, isto é, “de uma concepção global de avaliação”

(DIAS SOBRINHO, 2010). Já no ano de 2008, foi criado o Conceito Preliminar dos Cursos (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC), tirando a centralidade do Sinaes, enquanto principal órgão regulador (BARREYRO; ROTHER, 2009).

Nunes et al. (2012) destacam que independentemente do órgão que divulgue os rankings – podendo ser organizações sociais, jornais, revistas e academias –, todas as instituições almejam classificar o grau de excelência. Talvez isso ocorra pela crença de que tais posições equivalem à qualidade, galgando diferentes fontes de financiamentos, além de dar maior visibilidade para a instituição através da ênfase dada pela imprensa aos resultados obtidos.

Em nível de imprensa, podemos citar o Ranking Universitário Folha (RUF), realizado pela Folha de São Paulo. O RUF é a avaliação do ensino superior brasileiro, realizada anualmente pela Folha desde o ano de 2012. Tal avaliação está dividida em duas categorias de análise, quais sejam: i) o ranking de universidades, no qual são analisadas as 192 universidades brasileiras, públicas e privadas, a partir de cinco indicadores: pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado; e ii) avaliação dos quarenta cursos de graduação com maior número de alunos a partir de dois indicadores: ensino e mercado, indiferentemente de sua natureza, se universidades, centros universitários ou faculdades. Para a coleta de dados, a Folha criou uma metodologia própria, tomando como referência modelos de avaliação internacionais. Os dados são coletados em bases de patentes brasileiras, apoiando-se em periódicos científicos, em bases do MEC e também em pesquisas nacionais realizadas pela data folha.

Em 2014, o ranking avaliou 192 universidades brasileiras, a partir de diferentes categorias, onde cada indicador representa uma pontuação, até o limite de cem pontos. As categorias são representadas por: pesquisa, aferindo o limite máximo de quarenta e dois pontos; internacionalização, com o máximo de quatro pontos; inovação, também com, no máximo, quatro pontos; ensino, com no máximo de 32 pontos; e mercado de trabalho, o qual pode alcançar o máximo de 18 pontos. Das categorias relacionadas, destacamos a pesquisa, pela influência na universidade, que tem em seu papel o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão. Essa categoria concentra sete indicadores, sendo composta pela qualidade, quantidade e reputação da pesquisa, tendo como intuito de disseminar o conhecimento. Nesse sentido, Phil Baty (THE, 2013) destaca a relevância das citações, pois “ajudam a demonstrar o quanto cada universidade tem subsidiado a disseminação de novas ideias e conhecimento, elas mostram as pesquisas que se destacam a são utilizados por outros acadêmicos e mais importante, são compartilhadas pela comunidade mundial”. Nesse mesmo sentido, para Nunes et al. (2012), as

citações se justificam pelo “nível relativamente alto de confiança que a comunidade acadêmica global deposita no indicador, como parâmetro da qualidade da pesquisa”.

Já a internacionalização é outra categoria da avaliação, que nos permite visualizar a capacidade de uma instituição acadêmica para publicar em meios internacionais, possibilitando, assim, a diversidade, através da colaboração entre pares internacionalmente em projetos de pesquisa.

A categoria Inovação inclui a capacidade de uma instituição em explorar comercialmente os conhecimentos, através de patentes, colaborando com inovações e consultorias para a indústria. Essa categoria é representada somente por um indicador, o qual tem por objetivo captar financiamento para a instituição de pesquisa vinculada à indústria.

O Ensino é outra categoria que merece destaque na avaliação, pela pontuação atribuída a ela, subdividida em quatro indicadores, o qual nos dá um panorama da qualidade dos cursos superiores, na perspectiva ensino/aprendizagem tanto do aluno, quanto do docente e das IES. Tal categoria, além de considerar a formação acadêmica e a carga horária do corpo docente da instituição, leva em conta os resultados obtidos na avaliação do ENADE.

Por fim, a categoria Mercado de Trabalho demostra a reputação da instituição na hora da contratação de profissionais no mercado de trabalho. Essa categoria serve como panorama da capacidade da instituição em formar recursos humanos de alta qualidade.

Desse modo, no quadro a seguir, podemos observar as categorias e seus respectivos indicadores, de acordo com o Ranking Universitário Folha.

Quadro 1 - Ranking Universitário Folha– Indicadores

CATEGORIA INDICADORES

Pesquisa

Total de publicações considerando o número de pesquisas científicas publicadas pela universidade em 2010 e 2011 nos periódicos indexados na base Web of Science.

Total de citações considerando o número de menções em outros artigos científicos feitas em 2012 a trabalhos publicados pela universidade em 2010 e 2011.

Citações por publicação, considerando o número de citações feitas em 2012 a cada artigo científico publicado em 2010 e 2011.

Publicações por docente considerando a relação entre o número de artigos científicos publicados em 2010 e 2011 e o número de professores da universidade.

Número de citações por docente considerando o quantitativo de citações que cada pesquisador da universidade recebeu em 2012.

Número de publicações em revistas nacionais, artigos científicos publicados nas revistas científicas brasileiras da base SciELo entre 2010 e 2011.

Volume de recursos financeiros obtidos em agências de fomento à ciência tanto estaduais (como a Fapesp) quanto federais (como o CNPq), em 2012.

Internacionalização

Citações internacionais por docente considerando a quantidade de citações aos trabalhos da universidade feitas em artigos de grupos de pesquisa internacionais em relação ao número de docentes da mesma instituição, em 2012.

Proporção de publicações em coautoria internacional.

Percentual de publicações feitas em parceria com pesquisadores estrangeiros em relação ao total de publicações da instituição, entre 2010 e 2011.

Inovação

Número de pedidos de patentes (direito de exclusividade para explorar comercialmente novas ideias) pela universidade ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) de 2003 a 2012.

Ensino

Pesquisa feita, entre maio e julho de 2014, pelo Datafolha, com 611 professores escolhidos pelo MEC para analisar a qualidade de cursos superiores. Esses profissionais são ouvidos sobre os três melhores cursos do país em áreas em que são responsáveis pela avaliação.

Percentual de professores da universidade que tem doutorado e mestrado, segundo dados do Censo da Educação Superior 2012, do Ministério da Educação.

Percentual de docentes que trabalham em regime de dedicação integral e de dedicação parcial na universidade, segundo dados do Censo da Educação Superior 2012, do Ministério da Educação.

Nota geral da universidade no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

Mercado de Trabalho

Pesquisa Datafolha com 1.970 responsáveis pela contratação de profissionais no mercado (empresas, consultórios médicos, academias, hospitais, firmas de construção civil etc.), entre março e julho de 2014. Os entrevistados listam três instituições cujos alunos teriam preferência numa eventual contratação. Fonte: Ranking Universitário Folha, 2014.

Esses dados evidenciam que o modo de avaliar a qualidade das universidades é apoiado na quantidade de publicações. Isso parece apontar que o mais importante são os indicadores de produção científica, que contam com uma considerada porcentagem do total de pontos que incluem número total de publicações, citações recebidas, artigos com colaboração internacional extraídos da Web of Science (Thomson Reuters) e da base SciELO. O fato é que, em função dos rankings, as universidades tendem a valorizar mais a produção científica, pois assim, adquirem maior visibilidade e divulgação no meio acadêmico, medidos pela reputação que estes dados podem ocasionar.

No quadro 2, são listadas as dez melhores universidades brasileiras segundo a classificação da RUF - 2014.

Ranking 2014 Nome Universidade UF Pública/ Privada

Ensino Pesquisa Mercado Inovação Interna- ciona- lização Nota 1º USP SP Pública 7º 1º 1º 1º 3º 97,00 2º UFMG MG Pública 1º 6º 2º 3º 9º 96,55 4º UFRGS RS Pública 2º 5º 9º 6º 13º 95,87 5º UNICAMP SP Pública 8º 2º 11º 2º 17º 95,23 6º UNESP SP Pública 11º 7º 5º 7º 24º 93,17 7º UFSC SC Pública 6º 10º 22º 8º 12º 91,79 8º UNB DF Pública 4º 12º 22º 10º 11º 91,09 9º UFPR PR Pública 10º 13º 11º 5º 20º 91,01 10º UFSCAR SP Pública 5º 9º 43º 13º 19º 89,54

Fonte: Ranking Universitário Folha, 2014.

No ranking 2014 com as dez primeiras universidades brasileiras, a Universidades de São Paulo (USP) aparece na primeira colocação, com 97,00 pontos. Logo após, aparece a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na segunda colocação com 96,55 pontos. Tais resultados têm base nos ranqueamentos, que, além de serem indutores de qualidade, podem servir de auxílio para estudantes no momento de fazer a escolha da melhor universidade. Cabe destacar, nesse contexto, que, entre as dez primeiras colocadas, todas são instituições públicas, o que revela que a universidade que possui maior apoio da iniciativa pública tem mais possibilidades de se destacar em sua qualidade.

No documento 2015VAnderleiaFruscalso (páginas 63-67)