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Em Cachoeira do Sul (RS): UM ENCONTRO COM A PALAVRA

No documento À Custódia de Oliveira Silva (páginas 115-127)

CAPÍTULO III – PALAVRA, SILÊNCIO, ESCRITURA: UM PROCESSO

3.2 DO NORTE AO SUL: INTERVENÇÕES PELO GEPI

3.2.3 Em Cachoeira do Sul (RS): UM ENCONTRO COM A PALAVRA

Ler um texto, buscar o seu significado, identificar intenções do autor, estabelecer o diálogo possível, juntar razão, emoção e expressão, saborear o entendimento do que se está lendo, desvelando sua arte, sua estética, reconstruindo significados, são movimentos que nos fazem pensar quão incluídos estão nossos alunos no processo de leitura e expressão oral e escrita.

Talvez possa aqui parafrasear Fernando Pessoa (1987, p.56), quando escreveu que é necessário raspar a tinta com que nos pintaram os sentidos e desvelar nossas emoções verdadeiras. Este é provavelmente um exercício que a escola pouco vem fazendo com seus alunos, ou seja, desenvolver a sensibilidade, a percepção, desvelando não apenas emoções, mas talentos escondidos na sala de aula.

Observo muitas vezes o ensino de Literatura como um desencadear de informações fragmentadas constituídas de: contexto histórico, o texto e as questões a serem respondidas pelo aluno. Noto que pouco acontece o exercício da leitura e a análise do texto, o que permitiria desvelar as intenções e emoções do autor misturadas agora com as nossas, degustando o ler e o interpretar, compreendendo as possibilidades do texto e, por isso mesmo, descobrindo novos movimentos de leitura.

Nesse sentido, a palavra “encontro” é a melhor expressão do ato de ler, pois é no encontro com o texto e seu autor que o leitor, mediado pela estética da expressão, vai descobrindo intenções, emoções, segredos. Os textos ganham alma, transformam-se em caleidoscópios multifacetados, polivalentes, graças às leituras plurais que o leitor constrói. (GUIDI, 1997, p.17)

A literatura como arte da palavra poderá, na formação de nossos alunos, constituir-se em preciosa ferramenta para fazê-los nascer pela palavra (GUSDORF, 1970, p.12), assumirem-se pela palavra. Se vir ao mundo é tomar a palavra, quantos ainda não se inscreveram neste mundo?

E a palavra do professor? Quantos verdadeiramente assumem sua palavra no seu fazer diário, no seu compromisso com a educação, com a aprendizagem do aluno e a sua também? O que estaria impedindo o professor de assumir a palavra educação em sua vida profissional?

Nessa perspectiva, assumir a palavra significa honrar sua profissão, seu fazer diário, seus ideais. Assumir a palavra, no entanto, pode ainda significar sua inscrição no mundo da produção escrita, como profissionais da palavra, profissionais de idéias. Quantos de nós registramos, produzimos e socializamos nossas descobertas, no percurso e nos movimentos realizados em sala de aula? Quantos de nós assumimos a escritura? O escritor não é o que renova as palavras comuns e as escreve como pela primeira vez, fazendo-as soar de um modo inaudito, aquele que dá-las a ler (LARROSA, 2004, p.17) como nunca antes haviam sido lidas?

Como ser um professor de literatura se nossa experiência com a linguagem não passa da reprodução oral de conteúdos? O que escrevemos? E como escrevemos? É importante acreditar em nosso potencial e viver experiências de linguagem antes de exigir de nossos alunos algo parecido.

Um bom exercício é aquele que fazia junto com meus alunos quando iniciei no magistério, no ensino médio e fundamental. Toda proposta de redação solicitada aos alunos também eu as realizava em sala de aula, junto com eles. E ao final líamos os nossos textos. Naquela época, exercitava a parceria com o grupo, sem mesmo ter noção do sentido da interdisciplinaridade em sala de aula.

Pensar a sala de aula como espaço e movimento para uma prática comprometida com o despertar de talentos remete à interdisciplinaridade compreendida como atitude (FAZENDA, 2003, p.75) necessária para a busca do conhecer mais e melhor. Atitude de respeito aos saberes do aluno e aos saberes

ainda não desvelados, atitude de reciprocidade, diálogo, parceria, atitude de humildade, mas também de ousadia e compromisso em realizar o nosso melhor trabalho, compromisso com a alegria na sala de aula, pois entre saberes e fazeres estão nossas esperanças de construir o novo na (re)leitura do velho, esperança de reencontrar o sentido do humano nas práticas vividas em sala de aula.

Despertar o talento escondido, portanto, requer espera, humildade, coragem, respeito, comprometimento, responsabilidade, e tudo isso num tempo e espaço rigorosamente reorganizados em que ora respeitamos rotinas ora as transgredimos, fazendo da sala de aula um lugar de encontro (FAZENDA, 2003, p.71) no início, no meio e no fim. Um lugar também de desafios. “É importante estar enfrentando desafios continuamente, revelando-nos e surpreendendo-nos com nossas próprias potencialidades, da mesma forma que permitimos a descoberta das potencialidades do outro.” (SILVA, 1995, p.68)

Assim, ao trabalhar o tema Interdisciplinaridade, Literatura e Linguagem em Cachoeira do Sul, propus uma revisita aos princípios da interdisciplinaridade, pensando na sala de aula interdisciplinar como possibilidade de articular diferentes linguagens e desvelar uma didática da sensibilidade em que o encontro com o texto pudesse ser o despertar da palavra do aluno e do professor.

Uma sala de aula interdisciplinar (FAZENDA, 1991, p.70-1) é o lugar onde habita a interdisciplinaridade; onde a ordem e o rigor aparecem travestidos de uma nova ordem e um novo rigor; onde a autoridade é conquistada; a obrigação é alternada pela satisfação; a arrogância substituída pela humildade; a solidão pela cooperação; o grupo homogêneo pelo heterogêneo; a reprodução pela produção do conhecimento. É lugar de encontro e parceria.

Parceria tem sido a palavra propulsora de quem pesquisa ensinando e ensina pesquisando. Parceria com os alunos, parceria com os teóricos, parceria com nossos colegas de profissão, parceria consigo mesmo, no respeito aos nossos limites, nossas fragilidades, mas principalmente na busca do reconhecimento de nossa profissão, a mais bela de todas, pois é a gênese das demais. Todos os profissionais passaram pelas mãos de um mestre.

Muitos foram os mestres que me marcaram nesse movimento de busca durante a trajetória profissional até chegar à pesquisa sobre formação de professores. Mergulhada nela, fui desvendando caminhos possíveis, estabelecendo conexões, encontrando respostas provisórias.

Foi assim meu encontro com os estudos de Larrosa (2004), ao propor nessa experiência de um encontro apenas, em Cachoeira, pensar o sentido da Literatura e o que tem sido sua prática de ensino. Seguindo as pistas do autor ao refletir sobre o dar-se à palavra e dar a palavra, discuti com o grupo a linguagem como interação entre sujeitos e pensamento tornado ato (FAZENDA, 2003, p.40), entendendo-se que a palavra é o próprio pensamento.

Dessa maneira, o professor interdisciplinar, na comunicação com seus alunos, entre a sua palavra e a dos alunos, aprende a falar escutando, é cortado pelo silêncio intermitente de quem, falando, cala para escutar a quem, silencioso, e não silenciado, fala (FREIRE, 1997, p.12). Nesse sentido, destaca-se a importância de os professores assumirem a sua palavra tendo a linguagem como mediadora do perceber-se interdisciplinar e, para tanto, defendo a idéia de uma didática da sensibilidade.

Ao pensar a linguagem como mediadora do perceber-se “inter”, compreendo-a como lugar da constituição da subjetividade. “Ela abre o espaço para as relações intersubjetivas e para o reconhecimento recíproco das consciências.” (BRANDÃO, 1997, p.284)

Seguindo as pistas de Brandão (1997, p.282), citando Chauí, chego à seguinte definição de consciência:

[...] atividade que reconhece ou que produz, a partir de si mesma o sentido do real, pela produção de idéias ou conceitos dos objetos e dos estados interiores; estas atividades epistemológicas e esse poder definem aquilo que a Filosofia denomina o Sujeito.

Foi pensando na possibilidade de promover a interação entre os sujeitos, seus saberes, suas percepções e suas práticas que preparei todo o material trabalhado no evento, sabendo que em apenas um encontro só poderia anunciar algumas idéias e práticas. Assim, os movimentos realizados com o grupo procuraram instigar a palavra dos professores a partir da sensibilização diante dos textos apresentados, da música sugerida, enfim, dos momentos de expressão e fala sobre a percepção da pessoa e do profissional da educação.

Procurava, ainda, considerar a questão de conhecer-te a ti mesmo, que me parece um elo essencial para quem se envolve com o processo de formação do outro e de si mesmo. Conheces a tua expressão?

Vale lembrar “A Lição do Rio”, de Henfil (s/d), uma bela contribuição para pensarmos nossa trajetória na vida pessoal e profissional, nosso caminho na educação. Contribui, ainda, para pensarmos a arte da escritura, a manifestação de nossa palavra, de nosso ser. A produção nos exige este momento de entrega, de aceitar o desafio e seguir adiante.

A Lição do Rio Henfil

E o RIO corre sozinho. Vai seguindo seu caminho. Não necessita ser empurrado. Pára um pouquinho no remanso.

Apressa-se nas cachoeiras. Desliza de mansinho nas baixadas.

Precipita-se nas cascatas.

Mas, no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho. Sabe que há um ponto de chegada.

Sabe que seu destino é para a frente. O rio não sabe recuar.

Seu caminho é seguir em frente.

É vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando no mar. O mar é sua realização.

É chegar ao ponto final. É ter feito a caminhada.

É ter realizado totalmente seu destino. A vida da gente deve ser levada do jeito do rio.

Deixar que corra como deve correr. Sem apressar e sem represar.

Sem ter medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras.

Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada. A vida é como o rio.

Por que apressar?

Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida?

Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa.

Vai seguindo seu caminho. Assim é a árvore, assim são os animais. Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto.

Tudo tem seu ritmo. Tudo tem seu tempo.

E então, por que apressar a vida da gente?

Desejo ser um rio. Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios. Livre das poluições alheias e das minhas.

Rio original, limpo e livre. Rio que escolheu seu próprio caminho. Rio que sabe que tem um ponto de chegada.

Sabe que o tempo não interessa.

Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar. Importante é chegar ao mar.

Importante é dizer "cheguei". E porque cheguei, estou realizado.

A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.

Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha. Deixe-a seguir seu caminho normal.

Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá. É bom viver do jeito do rio!

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente."

Henfil nos ensina que o Rio vai seguindo seu caminho, não precisa ser empurrado, apressa-se nas cachoeiras, desliza de mansinho nas baixadas, precipita-se nas cascatas, mas no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho. Sabe que há um ponto de chegada. Sabe que seu destino é para frente. O rio não sabe recuar. Seu caminho é seguir em frente. É vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando no mar. O mar é sua realização. É chegar ao ponto final. E ter feito a caminhada é ter realizado seu destino.

A vida da gente deve ser levada do jeito do rio, continua Henfil. Deixar que corra como dever correr. Sem apressar e sem represar. Sem medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras. Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada. A vida é como o rio.

Em Cachoeira, tal qual o caminho do Rio, fui construindo o trabalho pensando cada movimento em sala de aula, no encontro com outros rios para, quem sabe, desaguar juntos enriquecidos pelas trocas intersubjetivas. Foram sete os movimentos realizados no curso oferecido aos professores. Num primeiro momento, a sensibilização dos cento e quarenta docentes ao propor o jogo “Escravos de Jó”, num exercício em que as caixas de fósforos eram substituídas pelos próprios colegas. Uma roda de dentro e outra de fora a girar no ritmo da música. Na tentativa de um colega acompanhar o passo de outro, evidenciavam-se os diferentes ritmos, denunciando a importância do respeito ao ritmo de cada um. Ao mesmo tempo, todos percebiam que precisavam se articular para fazer a roda girar no ritmo da música. Inicialmente, muitos desencontros, até acertar novamente o passo, risos, muitos risos.

Num segundo momento nos dedicamos ao encontro com a teoria; num terceiro à reflexão sobre a prática educativa; num quarto momento novamente à sensibilização mediante a poesia, dessa vez considerando os versos de João Cabral, Cecília Meireles e Fernando Pessoa, no intuito de pensar algumas questões, entre as quais: Como se percebem os professores? Qual a sua palavra? Como a expressam a partir das discussões desenvolvidas no encontro?

Procuro despir-me do que aprendi,

Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,

Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu...

(PESSOA, 1970, p.62)

Não façais de ti Um sonho a realizar.

Vai.

Sem caminho marcado. Tu és o de todos os caminhos.

Sê apenas uma presença. Invisível presença silenciosa. Todas as coisas esperam a luz,

Sem dizerem que a esperam. Sem saberem que existe. Todas as coisas esperarão por ti,

Sem te falarem. Sem lhes falares.

(MEIRELES, 1982, cântico XXIII)

Fábula de um Arquiteto A arquitetura como construir portas, De abrir; ou como construir o aberto; Construir, não como ilhar e prender, Nem construir como fechar secretos;

Construir portas abertas, em portas; Casas exclusivamente portas e teto. O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde casas abertas)

portas por-onde, jamais portas-contra; por onde, livres: ar luz razão certa.

O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar,

Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê

Nem ver quando se pensa. Mas isso

(tristes de nós que trazemos a alma vestida!), Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender

(PESSOA, 1987, p.106)

Considero fundamental iniciar um processo de trabalho com o grupo pelo despertar da essência humana, motivando a sensibilidade para olhar o mundo, a nós mesmos e, neste caso, o mundo da educação. A intenção é chamar atenção para o professor que é capaz de desaprender buscando a essencialidade da alma, o ser verdadeiro, pleno em sua profissão. Ser o de todos os caminhos, ser presença. Silenciosa presença na vida daqueles que passarem por nossa sala de aula.

O que nossos alunos, sem nos falarem, esperam de nós? Quanto precisamos ler a alma de cada um, sentir nossa turma, sem fazer disto um sonho a realizar, mas ir construindo portas de abrir, portas por onde, portas abertas. Junto com nossos alunos abrir passagem para a descoberta do talento de cada um, no exercício de uma profissão que exige um saber ver, saber ver desnudando a alma de cada camada que a vida foi nos vestindo, desaprendendo cada desesperança e acreditando.

No processo de formação, mais que um saber, minha busca vai na direção de um querer-redescobrir, com eles, a curiosidade encaixotada pelos anos de banco escolar. Muitos chegam sem se acreditarem como possíveis construtores de portas- por-onde e, se não provocados, correrão o risco de, ao invés de arquitetos, tornarem-se empacotadores de almas, de sentidos. Assim, traduzo este primeiro movimento como uma tentativa de vivenciar uma didática da sensibilidade na formação de professores.

O quinto momento da proposta de trabalho em grupo estava voltado para a expressão da palavra do professor. Os grupos envolveram-se com a atividade e, a partir dos textos trabalhados, da música e da poesia, puderam representar sua percepção sobre a profissão professor na arte de ensinar e de aprender. Desenharam, colaram, dramatizaram, escreveram poesia. Quanta criatividade! Vale, então, conferir dois dos textos produzidos pelos grupos:

Texto I - Paródia

Se este rio, se este rio fosse meu eu mandava eu mandava completar com palavras, com palavras de coragem

para o mundo, para o mundo melhorar!

Texto II - Reflexão Professores, somos

Somos rio, somos palavras que margeiam os desejos Somos o tronco, a madeira comandada

pelo rio dos sonhos, somos caminho. Caminhantes, sempre no seguir da correnteza

Estaremos perdidos no rio? Não! As palavras nos conduzem

Nós conduzimos o rio no constante movimento de aprender e ensinar.

No sexto movimento propusemos a avaliação da atividade a que chamei de encontro, fazendo as seguintes perguntas sugeridas pela profª Ivani: Como cheguei? Como me encontrei comigo mesmo e com os outros? Como saio daqui? Mediante a análise das respostas dos professores pude constatar a dinâmica da aula como um acontecimento, desde o ponto de partida até o final do percurso, como se pode verificar nas falas dos professores apresentadas a seguir.

→ Como cheguei?

Cheguei: alegre, curiosa, com vontade de aprender, com muitas expectativas, em busca de algo novo para contribuir para minha prática pedagógica, interessada, esperançosa, sedenta de sabedoria, a chegada é sempre uma dúvida, cheguei com anseios e esperança, cheguei sem palavras, cheguei em busca de mais conhecimento, com uma visão limitada, com questionamentos, com curiosidade, alegre, receptiva, interessada, cheguei cheio de esperanças e feliz por participar deste encontro, porque estou passando por um momento de “reforma”, “reconstrução” da casa - que sou. → Como me encontrei comigo mesmo e com os outros?

Já na primeira atividade houve o encontro, Integrada (brincadeira), confusa, encontrei vários colegas, entusiasmada, estou começando, vivenciei nova experiência advinda do velho num encontro, vivenciei palavras, encontrei comigo mesma e com os outros em paz e harmonia, alerta ao novo e ao acréscimo, em harmonia, buscando caminhos, me senti à

vontade brincando de “Escravos de Jó”, perplexa, confusa, integrada com os colegas, integração tanto pessoal como profissional, no primeiro momento apreensão e timidez, depois descontração e o momento de partilhar o trabalho em grupo. → Como saio daqui?

Com a mala cheia de conhecimentos e levo a vontade de melhorar minhas aulas e o ambiente escolar, revigorada, perplexa, desconfiada, com várias sugestões, renovada, perplexa esperava muito mais, com muitas perguntas e a palavra busca, apaixonada, minha porta não foi em nenhum momento fechada, compromisso sem angústias e sem medos, saio com F. Pessoa e Maurina a me sensibilizar e a incentivar o encontro comigo mesmo para promover o encontro com o outro, levando palavras, mais confiante, disposta a inovar, fortalecida, seguirei o rio. A palavra escolhida por mim é “rio”, pois ele traz tantas ramificações com seus afluentes levando vida, com trinta e sete anos de magistério sinto-me jovem diante de qualquer classe, idade e curso. Se vim esperando receitas, saio com possibilidades.

Terminei o encontro com a música de Almir Sater “Tocando em Frente”. Canto, palavra e silêncio foram reveladores da harmonia e comunhão de subjetividades e espíritos.

Tocando em frente Almir Sater/ Renato Teixeira

Ando devagar Porque já tive pressa

Levo esse sorriso Porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte Mais feliz quem sabe

Só levo a certeza De que muito pouco eu sei

Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir

É preciso a chuva para florir Penso que cumprir a vida

Seja simplesmente Compreender a marcha

Como um velho boiadeiro Levando a boiada Eu vou tocando os dias

Pela longa estrada Eu vou Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir

É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora Um dia a gente chega, no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz

De ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir

É preciso a chuva para florir Todo mundo ama um dia Todo mundo chora um dia

A gente chega E o outro vai embora

Cada um de nós Compõe a sua história

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz De ser feliz

Tal qual o Rio de Henfil, o destino do professor é seguir em frente. É melhor seguir em frente abraçando outros rios até chegar no mar... Mas quantos podemos abraçar nesta caminhada?

Aqueles que cumprem a vida, compreendendo a marcha. Aqueles que pela nossa estrada passam como o poente caminheiro... Aqueles que partilham suas histórias, sabendo que a maior de todas elas é a nossa trajetória na vida. Segue, pois, o teu destino, professor(a), rio silencioso persevera no caminho, leva a tua palavra...

Da familiarização com a palavra à revisão da prática educativa, buscando

No documento À Custódia de Oliveira Silva (páginas 115-127)