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dessas empresas com a rede e a difusão de conhecimento na estrutura social existente podem não corresponder a um processo homogêneo. Para os autores, modelos institucionais específicos podem levar a processos de aprendizagem e interações descentralizadas entre os

stakeholders com interesses muito diferentes. Este parece ser o caso do SIAB, cujos

resultados do programa AMX podem ser reconhecidos para o desenvolvimento da Embraer, mas pouco contribuiu para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores no Brasil.

A partir de Malerba e Mani (2009), considera-se que a separação entre a pesquisa realizada pelas instituições de C&T que apóiam o SIAB e o desenvolvimento de capacidade produtiva e inovadora pelas empresas pode ser prejudicial ao próprio sistema de inovação setorial. Isto ocorre porque, para os autores, pode originar empresas com baixa capacidade produtiva, de um lado, ou empresas que dependem demais da pesquisa realizada por essas instituições e não desenvolvem capacidade interna, por outro lado. Segundo Malerba e Mani (2009), o tipo de rede que emerge no sistema de inovação setorial pode estar fortemente associado à base de conhecimento específica do setor. No caso do SIAB, a base de conhecimento está concentrada no desenvolvimento de aeronaves e parece estar pouco difundida entre as PMEs o que poderia auxiliar na construção da capacidade necessária para inovação em partes e componentes de aeronaves. Por isso, conclui-se que o SIAB é centralizado na Embraer

Conforme exposto na introdução do Capítulo 2, uma das lacunas existentes na literatura refere-se ao exame dos fatores que influenciam o desenvolvimento da capacidade para inovação pelas PMEs fornecedoras para aeronaves comerciais. Te ndo em vista tal lacuna, os objetivos principais desta tese são:

• Identificar até que ponto as PMEs fornecedoras para a empresa integradora de aeronaves comerciais (CoPS) estão desenvolvendo capacidade para inovação; e • Examinar os fatores que influenciaram o desenvolvimento da capacidade para

inovação na trajetória identificada nas PMEs, nos períodos 1980-1994 e 1995- 2002.

Para atingir os objetivos propostos, o modelo analítico, apresentado na Figura 5, é detalhado considerando as características do SIAB apresentadas no capítulo 3. O capítulo apresenta, ainda, o método utilizado para o desenho da amostra, coleta e análise dos dados. É importante destacar que a seleção e coleta de dados em profundidade junto às PMEs foram realizadas no período 2000-2002. Estes dados correspondem às informações sobre as atividades que essas empresas realizaram para gerar e gerenciar a implantação das principais inovações desde suas fundações, ou considerando os períodos 1981 – 1994 e 1995 – 2002. Tais informações ainda são relevantes porque os dois períodos foram marcados por importantes mudanças no SIAB, com a internacionalização e reestruturação industrial, incluindo a privatização da Embraer e mudança na relação com fornecedores. Além disso, o objetivo principal desta tese permite que a análise das informações seja realizada sobre o período histórico determinado.

4.1 IDENTIFICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE PARA

INOVAÇÃO

Cabe lembrar que o conceito de capacidade para inovação utilizado nesta tese refere-se à habilidade das empresas para gerar e administrar a implantação de inovações tecnológicas e/ou organizacionais, incluindo a habilidade para se relacionar na cadeia de

valor. Para tanto, inovação é definida como a implantação de um novo, ou significativamente melhorado, produto (bem ou serviço), processo ou método organizacional para a prática do negócio, organização do trabalho ou relações externas (IBGE, 2009). A inovação pode ser tecnológica ou organizacional. A inovação tecnológica refere-se àquelas novidades ou aperfeiçoamentos que ocorrem no produto e na produção. Identifica-se a capacidade para inovação das PMEs fornecedoras para aeronaves comerciais, considerando inovação como a introdução de produto, processo produtivo, máquina, equipamento ou software, completamente novo ou substancialmente aprimorado para essas empresas.

Já a inovação organizacional relaciona-se à introdução de um novo, ou significativamente melhorado, procedimento nas funções organizacionais que são importantes para a competitividade das PMEs fornecedoras para aeronaves comerciais, ou seja, gestão de projetos e relação na cadeia de valor. Como uma empresa que fabrica aeronaves comerciais organiza-se por projetos e necessita, intensivamente, relacionar-se com outras empresas na cadeia de valor, a introdução de procedimentos para gestão de projetos completamente novos ou substancialmente aprimorados e o tipo de relacionamento na cadeia são as duas funções organizacionais de especial interesse para o entendimento dos fatores que influenciam o desenvolvimento de capacidade para inovação por estas PMEs.

Cabe destacar que as PMEs fornecedoras para CoPS poderão implantar mudanças técnicas sem necessariamente implicar em inovação. Segundo Bell e Pavitt (1993), essas mudanças referem-se à “qualquer forma de incorporação de uma nova tecnologia na capacidade produtiva das empresas” (BELL e PAVITT, 1993, p. 163). Portanto, considera-se a mudança técnica como a compra de materiais, ferramentas, máquinas, equipamentos e

software, entre outros, necessários para o atendimento das especificações e requisitos da

empresa integradora que não se relaciona com as atividades para inovação. A empresa integradora é aquela responsável pelo desenvolvimento, projeção, produção, manutenção, reparos e modernização de aeronaves comerciais, no caso, a Embraer. A mudança técnica poderá ocorrer, também, por influência dos fornecedores de materiais, máquinas, equipamentos e software para a modernização da capacidade produtiva e organizacional pelas PMEs.

Já a inovação empresarial implica em esforços que envolvem as atividades de melhoria contínua e engenharia, até chegar na P&D interna organizada. Cabe destacar que os esforços para inovação ou atividades inovativas

são todas aquelas etapas científicas, tecnológicas, organizacionais e comerciais, incluindo investimento em novas formas de conhecimento, que visam à inovação de produtos e/ou processos. Isto é, são todas as atividades necessárias para o desenvolvimento e implementação de produtos e processos novos ou aperfeiçoados. (IBGE, 2009, p. 16)

Considerando as definições metodológicas da PINTEC 2008 (IBGE, 2009), as máquinas, equipamentos e software, além de outras aquisições realizadas pela empresa, que não estão diretamente relacionadas à inovação tecnológica e/ou organizacional, não são consideradas como inovação nesta tese.

Sendo assim, os quatro níveis de capacidade para inovação apresentados no modelo analítico, ou seja, avançado, intermediário, pré- intermediário e básico são relacionados com as funções empresariais tecnológicas (produto e produção) e organizacionais (gestão de projetos e relações na cadeia de valor), como apresentado no Quadro 9. A capacidade para inovação em produto consiste nos esforços empreendidos para gerar e implantar inovações nos desenhos, nas especificações e/ou na qualidade do próprio produto ou serviço. A capacidade para inovação na produção é subdividida em duas funções: processos e equipamentos. Esta se refere às atividades realizadas para a geração e implantação de inovações nos processos produtivos e nos equipamentos relacionados, tais como máquinas, ferramentas e software. Já a capacidade para inovação nos procedimentos organizacionais envolve atividades para a geração ou modernização de ferramentas de gestão de projetos e a habilidade para se relacionar na cadeia de valor, entendida pelo tipo de governança estabelecido pela Embraer com a PMEs.

A relação entre o tipo de governança e a capacidade para inovação foi construída a partir do estudo de Quadros et al. (2009). O estudo nas fornecedoras brasileiras da cadeia da Embraer teve como foco as questões econômicas, de aprendizagem tecnológica e a interação comercial e tecnológica com a Embraer. Os resultados deste estudo mostram que existem quatro tipos de relacionamentos da Embraer com suas fornecedoras: cativo, mercado, modular e relacional

TECNOLÓGICA ORGANIZACIONAL