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Entendo ser válido, ao situar o ambiente escolar, o locus onde foi desenvolvida a pesquisa, apresentar alguns momentos de importantes alterações na sua forma e na organização,

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porque foi esta unidade que me proporcionou situações em parcerias da escola com a universidade e instituições de pesquisa, promovendo a nossa formação contínua, a reflexividade docente, a busca de um trabalho mais coletivo, principalmente entre os professores. De acordo com Sadalla e Sá-Chaves (2008) a parceria com os professores e profissionais atuantes em outros contextos educativos dá a abertura ao espectro de referência a outras ciências da educação. Possibilita a constituição e reconstrução na ação parceira e reflexiva um conjunto de novos entendimentos e conhecimentos pedagógicos e educacionais, que favoreçam a qualidade de ensino respondendo mais ajustadamente às novas demandas dos sujeitos que freqüentam as escolas do ensino fundamental. Nesta linha, as autoras acreditam que ―é possível intervir intencionalmente nos processos de construção de conhecimento e de desenvolvimento profissional e pessoal docentes, a partir da promoção de um processo de reflexão compartilhado acerca de suas práticas e ações cotidianas.‖ (2008, p.4)

Com estas experiências de parcerias, tivemos o nosso desenvolvimento, a oportunidade de se ter uma relação enriquecedora e positiva com a nossa própria profissão, a docência, o que de algum modo refletiu em nós, educadores. Aliado a isso, também em ter os alunos como parceiros, compartilhando a construção do cotidiano, relacionando o trabalho a um processo de coletividade, a reflexão da prática com a teoria, as ações e experiências diárias que nos conduziram às tomadas de decisões. CANÁRIO (2010) afirma que a escola é o lugar onde os professores aprendem e produzem competências profissionais, porque é no contexto e a partir da experiência de trabalho, e não na escola de formação inicial, que se decide o fundamental da aprendizagem profissional, que é coincidente com o processo de socialização. Considero ser essencial para o nosso aprendizado docente, a prática exercitada na coletividade, no pensamento refletido do trabalho em aula e extra-aula. São os conhecimentos que podem originar- se das interações, da formação no interior da escola e fora dela, propiciando alterações nas práticas dos/entre os educadores. Segundo Canário (2006), é importante que as escolas evoluam na direção de um funcionamento como comunidades de aprendizagens, nas quais o trabalho colaborativo dos docentes possa se contrapor a situação insular, com cada professor na sua sala, com sua disciplina e turma. O encontro de percursos férteis que permitam a produção de mudanças qualitativas e pertinentes nas escolas supõe que seja possível colaborar com a constituição dos professores como produtores de inovações, articulando o exercício profissional e

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a elaboração das mudanças nos aspectos da formação e da pesquisa. Em cada unidade de ensino, a produção de inovação assume o modo de um empreendimento de aprendizagem coletiva.

Para tanto, são necessárias algumas condições, e na época nós tivemos na nossa escola, para que o funcionamento e a organização do trabalho se realizem de modo integrado e aberto a modificações, mesmo que ocorram os momentos de tensões, conflitos, divergências de idéias e ações. Em nossas vivências, considero que foi importante a existência de uma equipe de gestão participativa e articulada entre si (Diretora, Vice-diretora e Orientadora Pedagógica), receptiva ao diálogo e às mudanças. Atuante no plano interno da escola e no externo relacionado às resoluções, às aprovações e autorizações junto as Secretarias de Educação, para as modificações desejadas, em caso de algum tipo de orientação ou impedimento legal. Contamos, também com apoio parceiro dos profissionais da universidade pública em atuação junto à gestão, no incentivo e na possibilidade de realização de estudos teóricos e discussões, ampliando-se os espaços de reflexão, além dos estabelecidos pela instituição. Isto promoveu a mobilização e motivação do corpo docente e dos demais funcionários, envolvidos nas propostas parceiras. Fortalecendo o grupo dos profissionais, agindo de modo a discutir e debater aspectos fundamentais, como por exemplo, o processo ensino-aprendizagem, as relações interpessoais, o currículo, entre outros.

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental ―Padre Francisco Silva‖2

na cidade de Campinas localizada na região Noroeste, no Jardim Londres, divisa da Vila Castelo Branco com o Jardim Garcia. É uma instituição que tem, como todas, problemas. Estes relacionados ao contexto social, histórico e cultural da sociedade em geral, como também da comunidade em que está inserida. São situações, muitas vezes desafiantes, que estão presentes no modo e na organização do funcionamento escolar, nas diretrizes legais, educacionais e pedagógicas, nas políticas públicas para a educação, na atuação dos profissionais que nela convivem, entre tantas outras. Mas cada realidade educacional apresenta um modo particular de trabalho, buscando alternativas na superação dos seus problemas. Em uma área de grande concentração populacional atendia as comunidades do bairro e outros do entorno: Vila Padre Manoel da Nóbrega, Campos Elíseos e Jardim das Roseiras. A região possui diversos estabelecimentos comerciais, bancários e recursos dos equipamentos públicos nas áreas: da saúde, educação, segurança. Existem, ainda, entidades com projetos

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A escola funcionou neste local até dezembro de 2009, quando foi transferida para outro endereço, no próprio bairro, instalando-se em um prédio de uma escola estadual, ampliando o número de alunos atendidos, corpo docente e funcionários.

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sociais, como a Casa da Cultura -TAINÃ e o Projeto Gente Nova – PROGEN - ambas organizações não governamentais – ONGs -, instituições de educação infantil e universitária, centros comunitários e de lazer, igrejas, Associação de Bairro, Centro de Atenção Psicossocial– CAPS. À época da realização dessa pesquisa, a escola atendia aproximadamente a 540 discentes de 1º ao 9º ano, de seis a dezesseis anos. Foi implementado na organização e funcionamento o sistema de ciclos de Ensino Fundamental, com duração de nove anos, tendo se iniciado em um Ciclo3 de três anos. O espaço escolar era utilizado constantemente, pois seu funcionamento era das 7hs da manhã até as 19 hs, funcionando em três períodos escolares, com cinco turmas por turno, e também os grupos de alunos do ensino de jovens e adulto (EJA – Educação de Jovens e Adultos – FUMEC – Fundação Municipal para Educação Comunitária).

O quadro de profissionais era constituído por funcionários concursados e também outros de empresas terceirizadas, prestadoras de serviços, principalmente nas áreas de limpeza, merenda e segurança escolar. No caso específico, há um grupo significativo de docentes que permanecem na escola há mais de dois anos, os demais se mantêm durante o ano letivo, com a possibilidade de mudanças no ano posterior. Uma particularidade é o significativo atendimento de alunos com necessidades educativas especiais, devido principalmente à demanda da região. Temos poucas áreas livres, uma quadra poliesportiva, salas no espaço térreo, um refeitório, uma biblioteca, sala de informática, sala da administração e gestão. A infraestrutura do espaço físico requer sempre manutenção. Possuímos poucas áreas livres para a circulação das pessoas. Há alguns anos, conseguimos um local próximo para a construção de um parque infantil. Existiu a possibilidade de uma reforma geral, que depois foi descartada em função da mudança de prédio.

Das instalações físicas podemos destacar: 5 salas de aula; 1 biblioteca; 1 sala de informática; 1 sala de vídeo (onde acontecem as reuniões com os professores); 1 quadra de esportes; 1 mini quadra, 1 cozinha; 1 copa; 4 banheiros; 1 refeitório; 3 salas para administração e secretaria; corredor externo, espaço verde e espelho d’água.

Os recursos humanos estavam assim formados: Professores Ciclo I, II. (anterior denominação 1ª a 4ª. Séries); Ciclo III, IV (anterior 5ª. à 8ª. Séries); 1 diretora; 1 vice-diretora 1

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Houve na escola, em 2008, uma mudança na organização do Ensino Fundamental com a duração de nove anos, iniciado em um Ciclo de três anos (Ciclo I), sucedido por um Ciclo de dois anos (Ciclo II), correspondentes aos anos iniciais do Ensino Fundamental, e, na seqüência, dois Ciclos de dois anos (Ciclo III e Ciclo IV), correspondentes aos anos finais do Ensino Fundamental. Foi em 2009 iniciou-se os ciclo III ( 6º e 7º anos) e o ciclo IV (8º e 9º anos). Por este motivo alterei a designação inicial de série para ano.

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orientadora pedagógica; inspetora de alunos; assistente administrativa; funcionárias readaptadas - prestando serviços na secretaria e biblioteca ; 2 professoras de educação especial; 2 professoras substitutas contínuas (1º. ao 5º. ano); serventes (funcionária da Prefeitura Municipal de Campinas – PMC - contratadas de modo terceirizado e contratadas pela FUMEC); guardas (funcionários da PMC e contratados de modo terceirizado); merendeiras (contratadas de modo terceirizado).

O horário de funcionamento organizava-se em três períodos para as classes de ensino fundamental:- matutino: 7:00 h às 11:00 h,- intermediário: 11:00 h às 15:00 h, vespertino: 15:00 h às 19:00 h. Funcionam na escola, também, no período noturno, três classes de ensino de jovens e adultos (Suplência I – 1ª à 4ª série - da FUMEC.