• Nenhum resultado encontrado

4.2 – Unidade de Produção de Negro de Fumo de Paulínia

EMISSÕES DE POLUENTES (%) 1%

2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Kg/d Nox HCNM SO2 MP CO Poluentes

INVENTÁRIO DAS EMISSÕES DA PLANTA DE NEGRO DE FUMO (Kg/d) Nox HCNM SO2 MP CO

FIGURA 30 – Estimativa das emissões de poluentes da Unidade de Negro de Fumo (adaptada da JGP, 2000).

FIGURA 31 – Porcentagem das emissões de poluentes da Unidade de Negro de Fumo (Adaptada da JPG 2000).

Observa-se que o empreendimento apresenta emissões de poluentes percussores da formação de ozônio (óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos).

EMISSÕES DE POLUENTES (%) 1% 20% 6% 0% 73% NOX HCNM SO2 MP CO

Segundo a consultoria JGP (1999), o processo de Licenciamento da Unidade de Negro de Fumo da empresa Degussa Hulls, junto à Secretaria do meio Ambiente do Estado de São Paulo, iniciou-se através de um Relatório Ambiental Prévio (RAP), concluído em 1988. Nele os principais impactos associados ao empreendimento foram detalhados em nível compatível com o EIA.

Os estudos de dispersão de poluentes para a nova planta apoiaram-se no Modelo Matemático de Dispersão de Poluentes ISC3 View, aceitos pela USEPA e normalmente usados em processo de licenciamento ambiental dos Estados Unidos.

Os resultados indicaram que, mesmo em situação mais crítica de dispersão, a contribuição da Degusa será inferior ao Padrão de Qualidade do Ar, segundo critérios estabelecidos pela Resolução CONAMA 3/90, apresentada na tabela 3 do item 2.6.

De acordo com o Parecer Técnico Complementar da Secretaria do Meio Ambiente, elaborado em atendimento ao questionamento efetuado pelo Ministério Público sobre as emissões de óxidos de nitrogênio, haverá um incremento de emissão de óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos advindos da instalação da Degussa e embora não sejam significativos em relação às emissões existentes em Paulínia, podem levar a um leve aumento nas concentrações de ozônio.

Como forma de viabilizar implantação de um empreendimento que irá contribuir com o aumento dos níveis de emissão de óxidos de nitrogênio, a Secretaria do Meio Ambiente exigiu do empreendedor, a aplicação de 2% (dois por cento) do valor a ser investido na planta industrial, para implementação de programas que visem acompanhar a qualidade do ar e das águas superficiais da região.

4.2.5 – Análise crítica

A análise do processo de licenciamento revela uma série de falhas técnicas, legais e conceituais que seriam determinantes para impedir a implantação do empreendimento ou condicionar seu licenciamento à compensação das taxas de emissão dos poluentes, primordialmente óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos, quais sejam:

A área escolhida para implantação do empreendimento encontra-se em região saturada por ozônio, no entanto, este poluente e os seus

percussores (óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos) não foram contemplados no EIA/RIMA, exigindo estudos complementares em função dos questionamentos do Ministério Público;

Os estudos complementares indicaram um acréscimo de emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e Hidrocarbonetos, advindo da instalação da

Unidade de Negro de Fumo, que poderiam levar a um leve aumento nas concentrações de ozônio na atmosfera. Mesmo diante desse impeditivo legal, a Secretaria do Meio Ambiente considerou o empreendimento ambientalmente viável, infringindo desta forma o disposto no artigo 42 do Regulamento da Lei Estadual 997/76 e a Lei Federal 6938.

O empreendimento (Unidade de Negro de Fumo) apresenta emissões de óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos, poluentes precursores do ozônio. Não foi exigida a compensação ambiental desses poluentes.

O empreendedor indicou o “Flare” como alternativa de controle da poluição do ar, sendo aceito pela Secretaria do Meio Ambiente e CETESB, apesar de não ser considerado um equipamento de controle de poluição do ar. O “Flare” é tido como equipamento de segurança para atuar em situações de emergência ou eventuais purgas de equipamentos, permanecendo, portanto, fora de operação na maioria do tempo. Além disso, apresenta baixa eficiência (98%) de processamento dos poluentes e gera outros poluentes entre os quais dióxido de nitrogênio e hidrocarbonetos, precursores da formação de ozônio na baixa camada da atmosfera, o que o torna uma fonte de poluição potencial, principalmente no presente caso, onde a queima de gás se dará de forma ininterrupta 24h/dia.

O estudo de dispersão de poluentes na atmosfera (modelo matemático de simulação da qualidade do ar ISCST3 - Industrial Source Complex Short Term – Versão 3, contemplado no EIA/RIMA, foi realizado somente para os poluentes (dióxido de enxofre e material particulado), poluentes não saturados e, portanto, não determinantes no processo de licenciamento de área saturada por ozônio. O modelo indicou que as

concentrações máximas de SO2 e Material Particulado encontram-se

abaixo do padrão de qualidade e, equivocadamente, esses foram considerados como poluentes determinantes para aprovação do empreendimento;

A Secretaria do Meio Ambiente, a CETESB e o Empreendedor não procuraram verificar a existência de estudos realizados pelas Universidades. CLEMENTE (2000) realizou através da UNICAMP, uma avaliação da qualidade do ar de Paulínia, baseado no modelo matemático ISC3 na área de influência das fontes de Paulínia e constatou a existência de regiões críticas (Jardim Leonor, Alto de Pinheiros e CDHU), cujas concentrações dos poluentes dióxidos de enxofre e óxidos de nitrogênio ultrapassam o limite do Padrão Nacional de Qualidade do Ar, em termos de concentrações médias anuais. A região central de Paulínia, a região de pastagem e a região de cultura anual ultrapassam o limite do padrão de qualidade do ar em termos de máxima concentração na média horária para o poluente óxido de nitrogênio. Este estudo reforça a necessidade de compensação das taxas de emissão de óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos e até mesmo de dióxido de enxofre.

A compensação ambiental exigida pela Secretaria do Meio Ambiente se limitou à aplicação pelo empreendedor de 2% (dois por cento) do valor a ser investido na planta industrial, para implementação de programas que visem acompanhar a qualidade do ar e das águas superficiais da região. A compensação tem por objetivo minimizar o impacto ambiental, o que só é conseguido pela redução das taxas de emissão dos poluentes na atmosfera e não pelo monitoramento da qualidade do ar e das águas, conforme proposto pelo Órgão Ambiental. Neste caso não foi aplicada a compensação das taxas de emissão “Conceito Bolha” e a compensação ambiental exigida pela SMA deixa a impressão de venda de licença.

4.2.6 – Simulação

Fazendo uma simulação da aplicação do Conceito bolha, compensando as emissões acima da proporção de 1:1 (no caso 1:2, como proposto pelo autor) e, levando em consideração os poluentes saturados observados no estudo da CETESB e UNICAMP, obteve-se o seguinte cenário de compensação:

FIGURA 32 – Aplicação do “Conceito Bolha” na planta de Negro de Fumo.

OBS: Por tratar-se de um empreendimento novo, portanto sem a existência de créditos para compensação das taxas de emissão de poluentes, haveria necessidade do empreendedor recorrer ao comércio das emissões com outros empreendimentos situados na mesma bacia aérea. Essa troca de emissão deveria ser realizada entre poluentes similares. Pela legislação como a bacia aérea não é saturada em SO2 a compensação seria feita em NOx e Hidrocarbonetos.

624 1248 47 94 7742 15484 30 2126 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 Emissão (Kg/dia) NOx HCNM SO2 MP CO Poluentes

Compensação das taxas de emissão de poluentes saturados (Kg/dia)

Emissão Compens.

Documentos relacionados