• Nenhum resultado encontrado

Foi usada a análise de conteúdo para avaliação dos dados qualitativos.A análise de conteúdo surgiu nos EUA no início do século. Até os anos 50 predominava o aspecto quantitativo da técnica científica.

Bardin (1979) conceituou a análise de conteúdo como um conjunto de “técnicas de análise das comunicações” que visava obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos a descrição do conteúdo das mensagens. “Indicadores que permitiam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”.

Macedo (2000) definiu esta técnica como um recurso metodológico interpretacionista que visava descobrir o sentido das mensagens de uma situação comunicativa.

Os empregos da análise de conteúdo são bastante variados. Através da análise de conteúdo, pode-se encontrar respostas para as questões formuladas e confirmar ou não afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação. Outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado (Minayo, 1999).

Dentre as diversas propostas de análise dos dados, Minayo (1992) descreveu um método que denominou de hermenêutico-dialético.

A hermenêutica é uma prática muito antiga, sendo a arte de interpretar textos. Busca um sentido que está por trás do discurso aparente (Gomes, 2001). O autor lembrou que a atitude interpretativa continua existindo, em parte, na análise de conteúdo, mas é controlada por técnicas de validação.

No método sugerido por Minayo (1992) e utilizado do presente trabalho, a fala dos atores sociais foi situada em seu contexto para melhor compreensão da mesma. Essa

compreensão teve como ponto de partida o interior da fala e como chegada o campo da especificidade histórica que produziu a fala.

Para a operacionalização da proposta, os seguintes passos foram seguidos de acordo com Minayo (1992):

1. Ordenação dos dados: através de um mapeamento de todos os dados obtidos no trabalho de campo. Ou seja, a transcrição das gravações, releitura do material, organização dos relatos e dos dados da observação participante.

2. Classificação dos dados: construída a partir de um questionamento que se faz sobre eles, com base em uma fundamentação teórica. Através de leituras exaustivas dos textos, estabeleceu-se interrogações para a identificação do que surgiu de relevante. Com base no que foi relevante no texto, elaborou-se as categorias específicas.

3. Análise final: estabeleceu-se as articulações entre os dados e os referenciais teóricos da pesquisa, respondendo aos objetivos e promovendo assim uma relação entre o concreto e o abstrato, a teoria e a prática.

O discurso do sujeito coletivo, segundo Lefèvre & Lefèvre (2000), por ser a principal das figuras metodológicas, mereceu um desenvolvimento mais aprofundado. Assim, a forma utilizada para tabular os dados das questões discursivas, consistiu na leitura das respostas e na identificação de uma palavra, um conceito ou expressão que revelava a essência do sentido da resposta. Gomes (2001) as denominou como “Unidades de análise”. O autor lembrou que a “palavra”, é a menor unidade de análise, o “tema” é uma unidade maior a respeito da qual se tira uma conclusão. O “item”, segundo o autor, caracteriza a unidade total: uma narrativa completa sobre um assunto particular, e a “Medida de tempo e espaço” uma separação física no conteúdo da comunicação.

De acordo com Lefèvre & Lefèvre (2000) encontradas as unidades de análise e, mais especificamente, as palavras ou expressões adequadas para representar os depoimentos, temos o que se chama de “categoria”.

Na categorização, o agrupamento dos discursos, condição necessária para produzir conhecimento ou entendimento através da eliminação da variabilidade individual não pertinente do fenômeno pesquisado, foi pois classificatório. O que

passou a valer foi o nome ou título da classe, deixando de existir os discursos empíricos na medida em que as categorias ou o nome das classes passou a existir em seu lugar (Lefèvre & Lefèvre, 2000).

A categoria foi condição para a cientificidade na medida em que os discursos e os indivíduos que os professavam foram classificados, isto é, reduzidos ou equalizados nas classes, podendo então ser distribuídos por estas classes (Lefèvre & Lefèvre, 2000).

Os autores lembraram ainda que os discursos não se anulam ou se reduzem a uma categoria comum unificadora. Buscou-se fazer o inverso, ou seja, reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como um quebra-cabeças, tantos discursos-síntese quantos julgou-se necessário para expressar uma dada “figura”, isto é, um dado pensar ou representação social sobre um fenômeno.

Para a elaboração do “Discurso do Sujeito Coletivo”, como chamaram Lefèvre & Lefèvre (2000), partiu-se dos discursos em estado bruto, que são submetidos a um trabalho analítico inicial, ou seja, na seleção das principais ancoragens e/ou idéias centrais presentes em cada um dos discursos individuais e em todos eles reunidos, e terminados sob uma forma sintética, onde se buscou a reconstituição discursiva da representação social. Como se o discurso de todos fosse o discurso de um.

As características metodológicas da Análise de Conteúdo foram citadas por Gomes (1999). A observação rigorosa destas características foi útil para a validação dos resultados obtidos. Assim o autor as definiu:

1. “Objetividade”: baseada num conjunto de normas que visa minimizar a subjetividade do pesquisador. Um dos caminhos para a objetividade foi de se trabalhar com categorias. As categorias apresentaram-se homogêneas, ou seja, não misturaram critérios de classificação; exaustivas, esgotando a totalidade dos discursos e exclusivas, ou seja, um mesmo elemento do conteúdo não pôde ser classificado em mais de uma categoria; assim tornaram-se objetivas e adaptadas ao conteúdo e objetivo.

2. “Sistematização”: referindo-se à inclusão ou exclusão do conteúdo ou categorias do discurso de acordo com regras consistentes e sistemáticas.

3. “Inferência”: operação pela qual se aceitou uma proposição em virtude de sua relação com outras propriedades já aceitas como verdadeiras. Para uma maior

compreensão desta característica da análise de conteúdo, o autor lembrou que a descrição é a primeira etapa da análise e a interpretação a última. Já a inferência é um procedimento intermediário que permite passar de uma etapa para a outra. Assim, houve uma necessidade de se articular a superfície dos textos e os fatores que determinaram suas características, deduzidos logicamente.

O produto final da análise desta pesquisa deve ser visto de forma provisória e aproximativa, pois em se tratando de ciência, as afirmações podem superar conclusões prévias a elas e podem ser superadas por outras afirmações futuras (Gomes, 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte

e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Leonardo Boff

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO