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2.3 – ENTRE TIJOLOS E TELAS

EMPREGO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: A NÃO OPÇÃO DO TRABALHADOR

“Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse eventualmente Um operário em construção.”

(Vinícius de Moares, 1981) As questões que conduziram esta pesquisa permitiram identificar quem são os trabalhadores desse setor e as principais razões que os fizeram ingressar nos canteiros de obras. Em termos gerais, são pessoas que não tiveram alternativas para iniciar ou dar continuidade aos estudos, estabelecendo assim uma relação direta com o setor da Construção Civil, por ser esse mercado de trabalho um dos poucos onde a exigência de escolaridade ainda não se constitui em fator preponderante para a contratação de seus profissionais.

O emprego na Construção Civil apresenta elementos singulares que se contrapõem às outras categorias profissionais, que normalmente são constituídas no ambiente acadêmico ou de formação profissional. Quando buscamos respostas para questões como: Quem forma o pedreiro? Onde o carpinteiro adquire as habilidades necessárias para sua função? Como se definem os critérios para a elevação profissional da função de servente a ajudante prático e posteriormente a de pedreiro? As perguntas permanecem sem respostas ou são atribuídas ao “saber fazer” de cada profissional, ou seja, como competências inatas do trabalhador.

Em busca do esclarecimento dessas e outras questões, consultamos o documento normativo do Ministério do Trabalho e Emprego sobre as profissões regulamentadas no Brasil, a CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, onde encontramos uma descrição sucinta relativa aos trabalhadores da Construção Civil, que foram categorizados como “Trabalhadores de Estruturas de Alvenaria”. Tomando-se, como

exemplo, o pedreiro, segundo esse documento, esse profissional seriam:

Descrição sumária

Formação e experiência

Diante desta análise, fica evidente que o próprio Minis que a formação profissional

ambiente de trabalho. Com isso, o Ministério assume a não existência de políticas públicas para formação dessa importante categoria profissional, ao tempo em que a exigência do Ensino Fundamental, que

corresponde aos dados apresentados tanto nesta pesquisa, quanto nos índices constantes em diversas instituições que analisam regularmente essas questões. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que as estatísticas apontam para

oferta no número de vagas para a educação básica, o lócus de aprendizagem nos canteiros de obras não é reconhecido como um estabelecimento educacional a que esses trabalhadores da Construção Civil ficam restrito. Torna

canteiros de obras não são mencionados nos registros do Ministério da Educação ou do Trabalho como espaços oficiais de ensino, assim como não há um recorte específico que apresente dados sobre os cursos de qualificação existentes para os profissionais dessa categ

Ou seja, constata-se a ausência de políticas públicas efetivas, tanto para alfabetizar milhares de trabalhadores que constroem este país, quanto para possibilitar uma carreira profissional a estes

O grau de escolaridade exigido para atuar como profissional dessa área é o ensino fundamental. O aprendizado,

obtido em escolas de formação profissional da área de construção civil. Para o pleno desenvolvimento das atividades requer

Fonte: MTE/CBO2000

Organizam e preparam o local de trabalho na obra; constroem fundações e estruturas de alvenaria. Aplicam revestimentos e contrapisos.

exemplo, o pedreiro, segundo esse documento, a principal atividade e requisito :

Diante desta análise, fica evidente que o próprio Ministério do Trabalho reconhece que a formação profissional destes trabalhadores, normalmente, acontece no próprio ambiente de trabalho. Com isso, o Ministério assume a não existência de políticas públicas para formação dessa importante categoria profissional, ao tempo em que a exigência do Ensino Fundamental, que compreende da 1ª a 8ª série, não corresponde aos dados apresentados tanto nesta pesquisa, quanto nos índices constantes em diversas instituições que analisam regularmente essas questões. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que as estatísticas apontam para

oferta no número de vagas para a educação básica, o lócus de aprendizagem nos canteiros de obras não é reconhecido como um estabelecimento educacional a que esses trabalhadores da Construção Civil ficam restrito. Torna-

os de obras não são mencionados nos registros do Ministério da Educação ou do Trabalho como espaços oficiais de ensino, assim como não há um recorte específico que apresente dados sobre os cursos de qualificação existentes para os sa categoria e que são ministrados no próprio ambiente de trabalho.

se a ausência de políticas públicas efetivas, tanto para alfabetizar milhares de trabalhadores que constroem este país, quanto para possibilitar uma carreira profissional a estes trabalhadores, relegando os mesmos à busca de

O grau de escolaridade exigido para atuar como profissional dessa área é o ensino fundamental. O aprendizado, geralmente, ocorre no canteiro de obras ou ainda pode ser obtido em escolas de formação profissional da área de construção civil. Para o pleno desenvolvimento das atividades requer-se experiência entre um e dois anos.

Organizam e preparam o local de trabalho na obra; constroem fundações e estruturas de alvenaria. Aplicam

a principal atividade e requisito para

tério do Trabalho reconhece destes trabalhadores, normalmente, acontece no próprio ambiente de trabalho. Com isso, o Ministério assume a não existência de políticas públicas para formação dessa importante categoria profissional, ao tempo em que a compreende da 1ª a 8ª série, não corresponde aos dados apresentados tanto nesta pesquisa, quanto nos índices constantes em diversas instituições que analisam regularmente essas questões. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que as estatísticas apontam para uma maior oferta no número de vagas para a educação básica, o lócus de aprendizagem nos canteiros de obras não é reconhecido como um estabelecimento educacional a que -se evidente que os os de obras não são mencionados nos registros do Ministério da Educação ou do Trabalho como espaços oficiais de ensino, assim como não há um recorte específico que apresente dados sobre os cursos de qualificação existentes para os os no próprio ambiente de trabalho. se a ausência de políticas públicas efetivas, tanto para alfabetizar milhares de trabalhadores que constroem este país, quanto para possibilitar uma trabalhadores, relegando os mesmos à busca de O grau de escolaridade exigido para atuar como profissional dessa área é o ensino

geralmente, ocorre no canteiro de obras ou ainda pode ser obtido em escolas de formação profissional da área de construção civil. Para o pleno

se experiência entre um e dois anos.

alternativas em forma de cursos de suplência ou a comporem o discurso de “responsabilidade social” comumente propalado pelas empresas privadas que assumem a formação de seus profissionais.

[...] boa parte do esforço de escolarização dos trabalhadores incluídos tem sido assumido pelas empresas, em face da insuficiência das políticas públicas. O resultado tem sido a manutenção de uma grande massa de excluídos do sistema de educação regular e profissional, que tende a crescer, caso não haja políticas públicas mais incisivas, com relação ao acesso e à permanência, particularmente de jovens e adultos (KUENZER,1999, p.5).

Essa perspectiva abre questionamentos para analisarmos até que ponto há interesse das empresas em continuarem alimentando a “carência escolar” desses trabalhadores, enquanto outros profissionais com maior grau de escolaridade, dificilmente ingressariam nesse setor por não possuírem as habilidades manuais, ou “aptidão” para a natureza do trabalho característico da Construção Civil. Ao mesmo tempo, há de se perguntar se um trabalhador escolarizado se submeteria às condições precárias do ambiente da Construção Civil, assim como estaria sujeito às demissões periódicas e acidentes de trabalho que ocorrem frequentemente nesse ramo de atividade.

Estas considerações têm como referência as estatísticas que apontam ser a Construção Civil um local com altos índices de ocorrências em acidentes de trabalho, como constatamos neste histórico relativo aos últimos dez anos, apenas no Estado da Bahia.