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 Volta a São Paulo

4 O empresário

 O livro do historiador militar inglês Sir Basil Henry Liddel Hart foi publicado pela primeira vez em . Fonte: http://en.wikipedia.org, acesso em //.  O sistema de casama- tas construído na fronteira nordeste da França entre e  por determi- nação do então ministro da Guerra André Maginot não protegeu a França do ataque alemão em , pois terminava na fronteira belga, por onde as tropas alemãs entraram no terri- tório francês.Ver GEDL.

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Como evoluiu sua vida profissional depois que o senhor pas- sou a cuidar da área financeira da Byington & Companhia? Na primeira reunião que tive para me inteirar da situação fi- nanceira da Byington & Companhia, me deparei com  ou

contadores na minha frente e tive que me virar como um

louco. Eu tinha aprendido contabilidade na Escola de Enge- nharia, mas meu conhecimento era totalmente insuficiente. Fui obrigado a estudar, a me desenvolver. Hoje conheço con- tabilidade, sei ler um balanço a fundo, mas naquela época não tinha noção.

Conforme o tempo foi passando, fui verificando que a situação da firma era muito mais grave do que o Dr. Bying- ton ou eu pensávamos. É que certas coisas ficavam meio en- rustidas nas filiais, não chegavam a ele com toda a realidade. Eu meio que tinha que ir cavucando. Não sei se o Dr. Bying- ton acabou me entregando essa tarefa porque não tinha al- ternativa. Os filhos eram muito moços, ainda estavam estu- dando, as pessoas de confiança mais antigas não tinham dado conta da missão, e ele estava tendo que saldar a dívida da fir- ma, que fora fundada em  como uma sociedade por co- tas limitada “solidária”. O “solidária” implicava que todos os bens dos sócios respondiam pelo passivo da firma. Isso in- cluía tudo o que a pessoa possuísse: casa, carro, sapato, gra- vata, tudo. Estava em jogo, portanto, a sobrevivência de tudo, inclusive da família. Meu relacionamento pessoal com o Dr. Byington também era muito próximo. Nós íamos al- moçar, ou jantar, aqui ou em Nova York, e trocávamos suges- tões: “Vou comer isto, você vai comer aquilo.Você já provou isto? Já provou aquilo?” Depois vieram os livros. Eu me lem- bro de que um dos livros que dei a ele foi The strategy of the

indirect approach, do capitão inglês Liddell Hart.46 Esse ho-

mem foi quem inspirou o conceito de Blitzkrieg do exército alemão. Em seu primeiro livro ele aborda a inutilidade estra- tégica de defesas fixas, como era o projeto francês da Linha Maginot,47e desenvolve o conceito de ataques e defesas mó-

veis e ágeis. Foi ridicularizado na Inglaterra e na França, mas não na Alemanha. Suas idéias foram absorvidas e postas em prática pelo exército alemão. Depois escreveu The strategy of

the indirect approach, um livro que me fascinou, e que dei ao Dr. Byington. Ele leu e também ficou fascinado. Mandou comprar  exemplares nos Estados Unidos para dar aos co- legas de turma da Escola Superior de Guerra.

Em função dessa amizade, Alberto Byington Jr. lhe dava li- berdade para agir?

Total! Não havia meia restrição. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha que ir adquirindo conhecimento no meio da briga, no meio da luta. Uma das primeiras coisas que fiz foi dar à fir- ma uma estrutura em que eu centralizava toda a informação financeira e todo o dinheiro. Acabei com a história de a fir- ma ter dependência das filiais, ter dinheiro em Porto Alegre, ou em Recife, ou em Belém do Pará. Não, o dinheiro chega- va à filial e tinha que vir para São Paulo, onde eu estava. De São Paulo é que seria aplicado. Criei um centro financeiro que era controlado por mim. No início, meu controle finan- ceiro era para pagar em cartório o título que estava para ser protestado. O prazo, se não me falha a memória, era de  horas a partir do momento em que você recebia o aviso, e al- gumas vezes tive de criar um sistema, através de amizades, ou até dando alguma gorjeta, para ganhar mais  horas, porque não tinha como pagar em  horas. Percebi que o risco que estávamos correndo era grande, e contratei o me- lhor advogado falencista que havia em São Paulo, Luís Lopes Coelho, que era sócio do escritório do Marcondes Filho, ou- tro grande advogado, ex-ministro do Getúlio.48Duas ou três

vezes por semana, eu ficava no escritório com ele e os con- tadores, fora da hora do expediente, das sete até dez, onze da noite, atualizando o pedido de concordata. A concordata poderia, de certa forma, evitar a precipitação da falência. Com ela, ainda manteríamos um controle sobre a firma. Na falência, o controle passaria para as mãos dos credores. Mas o senhor não chegou a pedir concordata.

Não. Mas para se obter a concordata, a lei fixava prazos para dar entrada no pedido e exigia balanços até tantos dias antes. Então, eu tinha que atualizar permanentemente o balanço, para, se fosse o caso, Luís Lopes Coelho poder pedir a con- cordata dentro da lei. Se eu não pudesse pagar um título, e

 Alexandre Marcondes Machado Filho foi ministro do Trabalho (-) e da Justiça (-) durante o Estado Novo. Ver DHBB.

não conseguisse aquelas  horas a mais, o título seria pro- testado. Foi protestado, acabou, eu não poderia mais pedir concordata, e qualquer credor poderia requerer falência. E se pedissem falência, ela estava decretada. Luís Lopes Coe- lho era o advogado que nos orientava e que preparava a par- te jurídica, enquanto eu preparava, junto com os contadores, a parte contábil. Mantive isso durante, sei lá, dois ou três anos. E consegui evitar o protesto.

A essa altura, começamos a ativar a venda de terras no norte do Paraná: já havia duas ou três cidades abertas, ven- diam-se lotes urbanos, as chamadas datas, vendiam-se fazen- das médias para café... O comprador tinha um apelido: “jacu”.Tínhamos que ter um grupo de vendedores indo bus- car jacu onde houvesse, para podermos vender. O interes- sante é que a inadimplência era muito pequena, eles paga- vam regularmente. Começamos assim a ter uma fonte de receita.Ao lado disso, tínhamos minas de zircônio em Poços de Caldas, da Companhia Geral de Minas, de propriedade da família. Esse zircônio de Poços de Caldas tinha um teor de minério da ordem de %, quando as areias zirconitas ti- nham um teor da ordem de % – não posso jurar que os números fossem exatamente esses, só quero dar uma idéia de proporção. Eu punha a tonelada de zircônio no porto de Santos por $  e vendia para o exterior por $  mil. Portanto, tinha uma margem de lucro absolutamente fantás- tica. Infelizmente, eu mesmo interrompi essa magnífica fon- te de recursos. Estava numa viagem aos Estados Unidos, quando vi que tinha acabado de aparecer o primeiro conta- dor Geiger, que media radiação de minério.Aquilo se vendia na rua, houve um momento em que as companhias aéreas davam aquilo para os passageiros, para que todo mundo ten- tasse descobrir urânio e tório, que eram os dois fatores de radiação. Eu trouxe um contador Geiger dessa viagem e dei para o engenheiro chefe do Departamento de Produção Mi- neral de Poços de Caldas, para ele verificar as nossas jazidas, porque eu não tinha tempo. Esse homem chamava-se Resk Fraya, era descendente de libaneses. Nosso gerente local era Henrique Penido, de uma família mineira muito conhecida. Resk Fraya e Penido eram muito amigos, ambos engenheiros da área de mineralogia, e puseram-se em campo com o apa-

relho para pesquisar. Poços de Caldas é a cabeça de um vul- cão antigo, extinto há milhares de anos, e a composição mi- neral do solo é típica de uma área vulcânica. O minério é muito diversificado, não obedece a uma formação geológica uniforme. Passada uma semana, recebo um telefonema do Resk Fraya: “O aparelho endoidou! Tem radioatividade por aqui tudo!” Mandamos analisar, e era urânio, um urânio nu- clearmente ligado ao zircônio. Resk Fraya publicou o acha- do. Era o representante do Departamento de Produção Mi- neral e ficou com a honra de anunciar, pela primeira vez no Brasil, a descoberta de urânio em jazidas de zircônio. Ocor- re que, quando o governo tomou conhecimento disso, a pri- meira coisa que fez foi proibir a exportação do minério. Onde foi feita essa análise do zircônio?

Eu mesmo peguei uma série de amostras de zircônio e, de- pois de ter trocado cartas com a Colorado School of Mines, que naquela época era o centro de pesquisa mineral mais im- portante do mundo, as levei aos Estados Unidos para análi- se. Quando desci no Aeroporto Kennedy, em Nova York, tudo quanto é alarme começou a tocar. Imediatamente um grupo me cercou, me prendeu e me levou para uma sala. Fui preso! “O que é que o senhor está trazendo aí?” Eu disse: “Es- tou trazendo amostras de minério”. “Mas como?” Minha sor- te é que eu tinha toda a correspondência com a Colorado School of Mines. Mostrei a correspondência, eles verifica- ram e me liberaram. Pude entregar o minério à Colorado School of Mines, que comprovou a ligação molecular do zir- cônio e do urânio. Isso poderia ser quebrado aqui, mas o custo seria brutal, porque iria requerer um uso de energia enorme. Se fosse uma separação física, seria banal, mas não era o caso. Seria uma separação nuclear.

Depois, também em Poços de Caldas, nós descobrimos terras raras no Morro do Ferro, resultado da decomposição de um minério de ferro chamado magnetita, cuja fórmula é Fe3O4. Entre os vários elementos que compõem as terras raras, um é o tório – no nosso caso, preponderante –, muito mais rico que as chamadas areias monazíticas, que até vira- ram moda numa determinada época, quando Augusto Frede- rico Schmidt resolveu fazer uma exploração. Mas, na reali-

 George M. Humphrey (-) ingressou na .. Hanna and Company em  e tornou-se seu presidente em . Foi secretário do Tesouro dos Estados Unidos durante o governo de Dwight Eisenhower, de  a , quando retornou à Hanna. Fonte: http:// en.wikipedia.org, acesso em //.

dade, o tório, por uma série de razões técnicas, não teve o alcance do urânio na parte de energia atômica, ou energia nuclear. Esse Morro do Ferro tem uma história interessante: a Unesco queria que fosse feito o seu tombamento mundial, porque é o ponto de maior radioatividade da crosta terres- tre. Eles queriam, com isso, estudar a flora e a fauna sujeitas à radiação nesse local único no mundo.Vários estudos foram realizados, por diversas organizações internacionais. Mas en- fim, resultado prático da descoberta do tório: nenhum. Re- sultado financeiro: nenhum.

Depois ainda – lembram-se de que comentei que o Dr. Byington tinha me dito, quando comecei a ser o seu arquivo ambulante: “Aprenda tudo sobre alumínio”? –, a Companhia Geral de Minas tinha minas de bauxita.A bauxita era explo- rada para fazer sulfato de alumínio, usado para decantar as impurezas orgânicas nas estações de tratamento de água. O estado de São Paulo era o nosso maior cliente, e em segundo lugar Buenos Aires.Tínhamos uma renda razoável com as ex- portações, mas o nosso objetivo não era fabricar sulfato de alumínio, e sim fabricar alumínio. Para poder tentar desen- volver o projeto do alumínio, o Dr. Byington entrou em contato com a Hanna Mining Company.

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A história da Hanna Mining Company merece um capítulo à parte. A Hanna é uma firma de Cleveland, no estado de Ohio, região dos Grandes Lagos, que teve uma história mui- to importante nos Estados Unidos, como uma das maiores mineradoras de minério de ferro americanas.Teve também uma atuação política muito forte dentro do Partido Republi- cano. Dizem que as gerações de sócios da firma fizeram dois, ou três, ou quatro presidentes da República. Um foi secretá-

rio do Tesouro. Era o velho George Humphrey,49que teve

um atrito grande com o Brasil em função do minério de manganês do Amapá, que foi descoberto, de certa forma, por um geólogo da Hanna.

As grandes empresas mineradoras sempre mandam geó- logos pelo mundo, e um dos da Hanna foi para o Amapá. Um

dia, ele viu uma canoa com índios chegar a Macapá, que não tinha um trapiche de desembarque – eu mesmo vi isso, você tinha que arregaçar as calças e saltar na água para chegar à terra. O geólogo viu os índios se aproximarem com a canoa e jogarem a poita. É muito comum, no interior, a âncora ser feita de dois ou três pedaços de pau amarrados numa pedra. O pau pega na areia, a pedra dá o peso, e a poita fica fixa no fundo da água. O geólogo olhou para aquela pedra e teve uma reação de surpresa. Conseguiu, não sei como, examinar a pedra e constatou que aquilo era manganês puro. Conse- guiu também, depois de uma odisséia, convencer os índios a subir o rio de canoa – o que levava três ou quatro semanas – até o lugar de onde eles tinham tirado a pedra. Descobriu que o lugar era uma montanha maciça de manganês, chama- da Serra do Navio.50

Naquela época, o Amapá era território federal, e o in- terventor era um coronel do Exército chamado Janari Nu- nes.51O velho Humphrey, pela Hanna, dirigiu-se a esse in-

terventor, pediu a concessão para explorar a serra, mas o pedido foi negado. Humphrey fez um jogo pesado, pressio- nou o governo brasileiro, e nada. Isso ficou famoso, foi um caso que acendeu os ânimos nacionalistas e levantou uma onda muito grande contra a Hanna, que virou um palavrão no Brasil. Nesse ínterim, o coronel Janari abriu uma concor- rência para a exploração da jazida, e ganhou uma firma bra- sileira. De quem era a firma? De Augusto de Azevedo Antu- nes, que explorava manganês em Lafaiete, perto de Belo Horizonte. Só que as jazidas de Lafaiete já estavam esgota- das, eram paupérrimas em teor de manganês, e o Antunes estava muito mal de finanças, não tinha recursos. Ainda as- sim, obteve a concessão da Serra do Navio.

Antunes era muito amigo da minha família, o pai dele foi muito amigo do meu avô. Ele próprio, antes de , che- gou a ser sócio do meu pai, juntamente com Moacyr Vieira Martins, numa cerâmica em São Paulo, quando os três fali- ram. Nessa ocasião, meu pai, que também era razoavelmen- te pobre, foi quem emprestou dinheiro para a passagem do Antunes, porque ele tinha arranjado um emprego como en- genheiro em Lafaiete, para cuidar dos vagões de uma estrada de ferro que transportava manganês. Portanto, minha liga-

 A descoberta de jazidas de manganês na Serra do Navio, no Amapá, ocorreu em . Fonte: http:// www.valoreconomico.com. br, acesso em //.  Janari Gentil Nunes foi o primeiro governador do território do Amapá, criado em  em área desmembrada do Pará. Foi nomeado por Getúlio Vargas quando era capitão do Exército e permaneceu no cargo até , quando já era tenente-coronel da reserva. Foi ainda presiden- te da Petrobras (- ) e deputado federal (/ Arena-,- ). Ver DHBB. 

 A Indonésia tornou-se independente da Holanda em , após uma guer- ra de independência que durou quatro anos. Fonte: http://en.wikipedia.org, acesso em //.  Augusto Trajano de Azevedo Antunes iniciou sua carreira na mineração em  constituindo a Indústria e Comércio de Minérios Ltda (Icomi), para extrair ferro do Pico do Itabirito, em Minas Gerais. Em , criou a holding Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração (Caemi) e, em associação com a Bethlehem Steel, come- çou a explorar o manga- nês da Serra do Navio, no atual estado do Ama- pá. Em  associou-se à Hanna Mining, formando a Minerações Brasileiras Reunidas .. (), que construiu o porto de Sepetiba para exportar minério de ferro. Fonte: http://www.caemi.com. br, acesso em //.

ção familiar com o Antunes era antiga. Num jantar que lhe ofereci em São Paulo, ele contou a história da Serra do Na- vio, e meus filhos ficaram de olhos arregalados. Quando ob- teve a concessão, como não tinha um tostão para explorar aquilo, começou a lutar por todo lado para levantar dinhei- ro. Foi para os Estados Unidos tentar um financiamento, mas não falava inglês, não tinha dinheiro para comer a não ser no McDonald’s, para pedir um hambúrguer era um problema, para pedir uma Coca-Cola, outro maior ainda.Andou por lá de pires na mão, e nada. Até que ocorreu a guerra da inde-

pendência da Indonésia.52Sob o domínio holandês, a Indo-

nésia era a grande fornecedora de manganês para os Estados Unidos. Com a independência, o novo governo suspendeu a exportação, e da noite para o dia os Estados Unidos ficaram sem manganês. E o manganês é essencial na fabricação de certos aços especiais.

Nesse momento, os industriais americanos começaram a perguntar: “Cadê aquele homem que tem manganês no Brasil?” Antunes passou a ser procurado, foi para Washing- ton, e fizeram a seguinte negociação: o Eximbank, que obri- gatoriamente só poderia financiar exportação ou importa- ção, financiaria % do investimento para a exploração da Serra do Navio.A urgência era tamanha, o problema estraté- gico era tão sério, que o presidente americano da época deu ordem para o Eximbank financiar o Antunes, com a seguin- te condição: que ele tivesse um sócio minoritário america- no. Ele então escolheu como sócia a Bethlehem Steel. Rece- beu financiamento integral e prioridade absoluta. Quando fui visitar a Serra do Navio, na época da obra, toda a comida vinha dos Estados Unidos, o papel higiênico era americano, tudo o que era usado e consumido era americano. Antunes conseguiu manter o schedule, e começou a exportar. E não só teve um resultado brilhante com o manganês, como ampliou para o minério de ferro.53

Mas quando Alberto Byington Jr. procurou a Hanna, ela não tinha mais nada a ver com a Serra do Navio.

Não, a Hanna tinha tentado a concessão com o velho Humph- rey e, quando o Dr. Byington a procurou, não era bem vista no Brasil em função desse episódio. Na época, se não me falha

a memória, a Hanna estava interessada em comprar, como

acabou comprando, a mina de Morro Velho em Sabará,54e se

interessou também pelo nosso projeto. O presidente da Han- na nessa época era o filho do velho Humphrey, Humphrey Jr. Estive em algumas reuniões com ele em Cleveland, mas o ho- mem não era de grande atividade, não tinha a estatura do pai. Queria era ficar com projetos internacionais, porque assim saíam artigos nas revistas de business: “Hanna atuando no Ca- nadá, Hanna atuando no Brasil, Hanna atuando...” Na realida- de, depois que se esgotaram as jazidas de ferro americanas, antes que se descobrisse o famoso pellet, que é um conglome- rado feito com o pó do minério, a Hanna começou a entrar numa certa decadência. Eles foram para o Canadá, acho que chegaram a ir para a Austrália, e quiseram vir para o Brasil. Aqui, devido ao período anterior, ficaram marginalizados. Chegaram a adquirir a Morro Velho, que era uma mina de ouro antiga, já pouco produtiva, e tiveram alguma coisa de mineração de ferro, mas secundária, se comparada à Vale do Rio Doce, que já era muito importante.

Como Alberto Byington Jr. se aproximou da Hanna?

O Dr. Byington se aproximou da Hanna graças aos contatos que tinha nos Estados Unidos, que eram realmente do mais alto nível. Jack Buford, que era diretamente subordinado a Humphrey Jr., o primeiro homem abaixo dele na área de mi- neração, veio então para o Brasil, e passamos a negociar com ele. Depois fomos juntos a Cleveland para conhecer Humph- rey Jr. e os outros membros da diretoria.A idéia era fazer uma associação entre Byington e Hanna para descobrir um terceiro sócio, especialista em alumínio, e fazer uma empresa de alumí- nio baseada na bauxita da Companhia Geral de Minas.

Por que passar pela Hanna, se a idéia era chegar a uma em- presa de alumínio?

Porque a Hanna era uma empresa extremamente famosa, que na ocasião ainda tinha uma imagem muito forte no pla- no mundial. Explorava especificamente minério de ferro,

No documento Paulo Egydio conta: depoimento ao CPDOC/FGV (páginas 126-190)

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