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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 ENCHENTES, INUNDAÇÕES, ALAGAMENTOS E ENCHURRADAS

De acordo com Carvalho (2007) os conceitos para diferenciar o acúmulo da água da chuva na superfície são os seguintes:

 Enchentes: ocorrem quando as águas da chuva alcançam o curso d’água aumentam a vazão por um período de tempo, gerando um acréscimo da descarga d’água.

 Inundação: Ocorre quando as vazões são maiores que a capacidade de condução do curso de água, quando a enchente atinge cota acima do nível máximo, levando o extravasamento das águas para áreas onde normalmente a água não chega, essas áreas podem ser chamadas de leito maior ou planície de inundação.

 Alagamento: É o acúmulo momentâneo de águas na superfície quando o sistema de drenagem não funciona adequadamente, podendo ser o acúmulo de água da chuva ou o acúmulo das águas de rios que extravasaram.

 Enxurrada: Quando o escoamento superficial está com uma vazão muito grande, chegando ao ponto de apresentar-se sob forma de correnteza, devido à alta energia de transporte. Ocorrem normalmente em terrenos de alta declividade, vias implantadas onde já existiu um curso de água.

Figura 1: Perfil Esquemático do Processo de Enchente e Inundação Fonte: Carvalho (2007)

Enchentes e inundações são processos naturais de rios. No entanto, fatores antrópicos como a impermeabilização do solo, remoção da vegetação da bacia, principalmente da mata ciliar e construções às margens dos rios, elevam o escoamento superficial e aceleram o processo de inundação. Com isso o homem acaba tornando-se vítima das inundações devido a sua própria falta de planejamento.

As chances de provável ocorrência de inundação, enchentes ou alagamentos estão associadas aos fatores naturais, tais como: forma do relevo; características da rede de drenagem da bacia hidrográfica; intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas; características de permeabilidade do solo e teor de umidade; quantidade de cobertura vegetal. De acordo com o regime de chuvas conhecido juntamente com o estudo dos fatores naturais pode-se entender a dinâmica do escoamento nas bacias hidrográficas (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2012).

A planície de inundação é uma área imprópria para construção pois com frequência ela poderá ser atingida pelas águas dos cursos de água. Conhecendo a forma do vale pode-se prever a velocidade do processo de inundação. Os vales em forma de V possuem grandes declividades fazendo com que as águas escoem em alta velocidade e alcancem o curso d’água em um curto intervalo de tempo. Esse tipo de vale causa as piores inundações. Já nos vales mais abertos, as inundações acontecem de maneira mais gradual devido a existência de planícies (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2012).

Existem também os fatores antrópicos que predispõem o acontecimento de enchente, alagamento, inundação. Dentre eles se destacam: ocupação irregular do solo em áreas que não deveriam ser habitadas, como as planícies de inundação e margens dos cursos d’água; lançamento de resíduos nos cursos d’água; mudança das características da bacia hidrográfica; alterações do curso d’água como canalizações e retificação, bem como a impermeabilização

do solo; erosão do solo e assoreamento dos cursos de água (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2012).

O escoamento da água da chuva em áreas densamente ocupadas ocorre quase que apenas de maneira superficial, sendo que a retirada da rugosidade natural do terreno, assim como da vegetação pela impermeabilização, aumentam o tempo de resposta entre o início da precipitação pluviométrica e o escoamento superficial para os leitos dos rios. A impermeabilização de áreas com relevo acidentado aumenta a possibilidade de inundações bruscas concentradas no leito do córrego, devido a aceleração do fluxo de água pela força da gravidade (SIMÕES et al, 2012).

De acordo com Costa e Miyazaki (2015), a ocupação do leito menor de um córrego e a impermeabilização de uma grande parcela da extensão de rampa da vertente aumentam o escoamento superficial que faz com que o leito do córrego atinja a planície de inundação, alcançando rapidamente as habitações.

As inundações relâmpago acontecem devido a chuvas concentradas em um curto intervalo de tempo, associadas a solos impermeabilizados por asfalto que impedem a infiltração além de aumentar a velocidade do escoamento superficial (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2012).

2.3 HIDROLOGIA

É através do estudo da hidrologia que engenheiros civis e outros profissionais envolvidos com a área da drenagem urbana obtêm conhecimento teórico para elaboração e execução de projetos. Através do estudo da hidrologia pode-se entender a dinâmica da água em um bacia hidrográfica e assim traçar planos para a condução das águas pluviais para fora do meio urbano, de maneira segura e efetiva, de modo a prevenir inundações nas áreas habitáveis.

Hidrologia é a ciência que abrange a distribuição da água na atmosfera, na superfície e no subsolo. É ainda responsável pelo estudo das propriedades da água e os fenômenos que ocorrem com a mesma (PINTO, et al 1976).

De acordo com Tucci (2001), a ciência que estuda a ocorrência, circulação e distribuição de água na terra chama-se hidrologia, a mesma estuda ainda suas propriedades físicas e químicas e sua interação com o meio ambiente. A hidrologia está subdividida em cinco áreas:

 Limnologia: abrange lagos e reservatórios;

 Patamologia: refere-se a arroios e rios;

 Glaciologia: abrange neve e gelo;

 Hidrogeologia: campo cientifico que trata das águas subterrâneas.

Segundo Tucci (2001) os processos físicos da bacia hidrográfica podem ser analisados de acordo com as seguintes subáreas da hidrologia:

 Geomorfologia: retrata as características do relevo de bacias hidrográficas relacionadas ao escoamento;

 Escoamento Superficial: aborda o escoamento sobre a superfície da bacia;

 Interceptação Vegetal: analisa a retenção da passagem de água por parte da cobertura vegetal;

 Infiltração e Escoamento em meio não saturado: estima o quanto de água poderá infiltrar no solo até a saturação do mesmo;

 Escoamento em rios e canais: aborda o escoamento em rios, canais e reservatórios;

 Escoamento em meio saturado: planea sobre o fluxo de água no subsolo quando saturado;

 Evaporação e Evapotranspiração: retrata a parcela de água que parte da superfície de rios, lagos, reservatórios, além da água que parte da vegetação para a atmosfera;

 Fluxo dinâmico em reservatórios, lagos e estuários: aborda o escoamento turbulento em várias dimensões;

 Produção e transporte de sedimentos: mensura o transporte de sedimentos na bacia e nos rios, causados pela erosão do solo devido às condições naturais e de uso;

 Qualidade da água e meio ambiente: Avalia o meio ambiente aquático em relação aos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água.

Para elaboração de projetos de drenagem urbana os profissionais devem abordar em um estudo técnico preliminar as condições climáticas e meteorológicas, assim como conhecer as características geotécnicas do solo, como a textura e capacidade de infiltração até o ponto de saturação que determina o início do escoamento superficial. Tudo isso deve estar atrelado a um conhecimento preciso de hidráulica para o correto cálculo da vazão e dimensionamento da rede de drenagem. A hidrologia faz o enlace dessas diversas áreas de conhecimento conduzindo os profissionais de maneira precisa para a aplicação de modelos hidrológicos em projetos de drenagem urbana.

Para Garcez e Alvarez (1988) a hidrologia relaciona diversas áreas de estudo como Climatologia, Meteorologia, Geografia, Geologia, Oceanografia, Mecânica dos solos e Hidráulica.

Através dos conhecimentos de hidrologia é que profissionais de diversas áreas buscam soluções aos crescentes problemas, resultantes da inadequada ocupação das bacias hidrográficas no que tange à utilização da água e os impactos dessa utilização sobre o meio ambiente do globo (TUCCI, 2001).

A base da hidrologia é a observação dos episódios que acontecem no meio ambiente. A análise da frequência de chuvas, de acordo com as estações do ano em uma região, é realizada através de observações em anos anteriores, método que não traz explicações determinísticas suficientes (TUCCI, 2001).

Um dos aspectos da hidrologia aplicada que mais está em desenvolvimento no Brasil é o planejamento e gerenciamento da bacia hidrográfica que planea sobre o desenvolvimento das bacias hidrográficas, planejando e controlando o uso dos recursos naturais, necessitando a participação da ação pública e privada. Outro ponto da hidrologia aplicada é a drenagem urbana devido a maior parte da população situar-se nas cidades, tornando o meio propicio a enchentes, sendo ainda a produção de sedimentos e a baixa qualidade da água problemas correntes em várias cidades brasileiras. No que concerne ao uso do solo rural, a hidrologia aplicada tenta tratar o problema do assoreamento dos rios devido ao intenso uso do solo na agricultura que produz sedimentos e nutrientes nas bacias do meio rural (TUCCI, 2001).

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