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O encontro com a Educação Pré-Escolar: as diferentes fases de aprendizagem

No documento O encontro com a profissão (páginas 41-51)

CAPÍTULO II: O ENCONTRO COM A EDUCAÇÃO PRÉ ESCOLAR

2. O encontro com a Educação Pré-Escolar: as diferentes fases de aprendizagem

O estágio curricular decorreu em diferentes fases: na primeira fase pretendia- se observar a realidade educativa, na segunda fase intervir e planear, desenvolvendo atividades pontuais e, por último, a fase de agir e implementar que consistiu na implementação e desenvolvimento de um projeto pedagógico.

A primeira fase do estágio curricular decorreu entre o dia seis de março e vinte e dois de março de 2013 e foi dedicada à observação. Nesta primeira fase, e sendo fulcral no desenvolvimento da prática educativa e profissional, estiveram presentes as capacidades de observação, de adaptação e de integração.

Para compreender o funcionamento do Jardim-de-Infância e o conhecimento do grupo/criança foi essencial o foco nos seguintes pontos: observar, integrar, interagir, questionar, participar.

A observação é uma ferramenta essencial para a intervenção educativa de qualquer educador/a. Deste modo, a observação permitiu-me obter conhecimentos para conhecer o grupo e cada criança, bem como, as suas relações, as suas necessidades e as dificuldades. Tal como, as OCEPE (1997, p.25) evidenciam:

Observar cada criança e o grupo para conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informações sobre o contexto familiar e o meio em que as crianças vivem, são práticas necessárias para compreender melhor e adequar o processo educativo às suas necessidades.

Quanto ao processo de integração, posso dizer que este decorreu sem dificuldades. A educadora-cooperante realizou a integração com a devida apresentação das estagiárias ao grupo, tendo sido atribuída como principal tarefa a “brincadeira” com as crianças, de modo a facilitar o processo adaptativo e integrativo. Este procedimento foi crucial para observar e integrar-me com o grupo, conhecendo as crianças. Pode-se dizer que o grupo foi sempre recetivo, revelando interesse em realizar “brincadeiras”. Durante este período de adaptação, questionei sempre a educadora e a auxiliar sobre as necessidades e comportamentos das

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crianças, tendo como base a importância destes conhecimentos para a realização da prática educativa. Este processo foi uma ferramenta essencial e esteve sempre presente no decorrer do estágio curricular.

A segunda fase do estágio decorreu entre o dia três e o dia vinte seis de abril de 2013 e consistiu no planeamento e desenvolvimento das práticas pontuais. O processo de observação foi fundamental para realização desta nova fase. A fase de planear decorreu de forma gradual, começando por pequenas intervenções em diversas atividades, tais como: os trabalhos de expressão plástica, a participação em jogos, a leitura de histórias. Após a intervenção nas atividades mencionadas anteriormente, a educadora solicitou a abordagem sobre o tema: a mãe. O projeto apresentado intitulou-se:“ Pinceladas com Amor”.

Ambas as fases de integração nas atividades, bem como o início do planeamento das atividades foram fundamentais, proporcionando e contribuindo diariamente para a reflexão sobre a nossa prática, bem como permitiu traçar estratégias para estimular as crianças na próxima fase do estágio.

A terceira e última fase do estágio curricular decorreu entre os dias um a trinta e um de maio de 2013, tendo como objetivo implementar um projeto pedagógico. De acordo com as OCEPE (1997, p.27) agir é:

Concretizar na acção as suas intenções educativas, adaptando- as às propostas das crianças e tirando partido das situações e oportunidades imprevistas. A participação de outros adultos - auxiliar de acção educativa, pais, outros membros da comunidade - na realização de oportunidades educativas planeadas pelo educador é uma forma de alargar as interacções das crianças e de enriquecer o processo educativo.

Deste modo, a fase de agir é a fase mais completa da ação de um/a educador/a, pois reúne os intervenientes essenciais e necessários para a intervenção educativa. Para agir é necessário observar para planear e para avaliar é necessário observar, planear, agir e comunicar.

Para a implementação do projeto, foi de extrema importância a fundamentação das minhas práticas de acordo com as fases supracitadas. A

27 elaboração do projeto foi definida, em conjunto com a educadora-cooperante, sendo solicitado pela mesma que o projeto estivesse integrado no projeto curricular intitulado: “Qual é coisa qual é ela que sobe e fica no ar, desce e procura o mar? A água”. O projeto implementado intitulou-se: “De olhos voltados para a água”.

O projeto “De olhos voltados para a água” teve a duração de um mês, tendo como tema chave a água. Este foi constituído por um enquadramento teórico e cinco questões problema, pretendendo que as crianças construíssem os seus conhecimentos há cerca da importância da água. Tal como refere Katz & Chard (1997, p.30) um projeto deve ser “Um estudo em profundidade de um determinado tópico que uma ou mais crianças levam a cabo. Consiste na exploração de um tópico ou tema”.

A metodologia utilizada durante todo o percurso de implementação foi a pedagogia de projeto, sendo a mesma referenciada e verificada no projeto curricular da educadora. O decurso do projeto respeitou sempre as diversas fases da pedagogia de projeto: a definição do problema, a planificação do trabalho, a execução e a divulgação/avaliação do mesmo.

No que diz respeito à definição do problema, construiu-se uma teia sobre o que as crianças conheciam e desconheciam sobre o tema proposto. Após os conhecimentos, e para a planificação e lançamento do trabalho foram elaboradas cinco planificações, com o intuito de prever a elaboração de cada atividade. As questões problema que as crianças desenvolveram consistiram nos seguintes temas: “A água, o conhecido e o desconhecido”, “ “Pequenos Cientistas”, “Gota, como és tu?”, “Vamos dizer não à poluição!” e por último “ Vamos lá, poupar água!”.

Na fase de execução, as crianças de um modo abrangente realizaram diversas atividades, tais como: a realização de um boneco ecológico, experiências relacionadas com o flutuar, visitas de estudo, leitura de livros, pesquisas em livros e através de meios informáticos, anotações, teatro de fantoches, dramatizações sobre as gotas, elaboração de cartazes, desenhos, jogos, visualização de vídeos. (Apêndice I)

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tais como: o Sistema de Acompanhamento das Crianças3, os registos fotográficos, os registos de conversas em grande grupo e individuais e os registos de observação. Em relação à divulgação do projeto, foi solicitado à comunidade educativa a visualização de um vídeo sobre o projeto, onde constaram todos os trabalhos elaborados pelas crianças sobre cada tema. Importa mencionar que durante a fase de implementação, as crianças participaram ativamente em todas as fases e atividades, revelando motivação e empenho na sua realização.

Durante a realização de ambos os projetos utilizámos um novo instrumento de avaliação, que nos foi apresentado nas aulas de Prática Educativa I, intitulado “Sistema de Acompanhamento das Crianças”. O SAC é um instrumento de avaliação, que permite ao educador/a conhecer o seu método de trabalho, e enriquecer os seus saberes nos procedimentos em relação ao grupo, tendo em consideração o bem-estar, a implicação, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Tal como refere Portugal & Laevers (2010,p.20), “avaliar a qualidade em qualquer contexto de ensino é atender a duas dimensões: bem-estar emocional e implicação experienciados pelas crianças”.

O instrumento referido organiza-se em três fases: fase 1g - avaliação geral do grupo (o educador tem como principal objetivo perceber o nível de bem-estar e de implicação de cada criança);fase 2g - análise e reflexão sobre o grupo e o contexto educativo; fase 3g - definição de objetivos e iniciativas para o grupo e o contexto educativo geral. Na primeira fase, e em relação à avaliação geral do grupo, o/a educador/a tem como principal objetivo perceber e avaliar as crianças quanto ao seu nível de bem-estar emocional e de implicação.

Segundo Portugal & Leavers (2010,p.20), o nível de bem-estar emocional, consiste num “ um estado particular de sentimentos que pode ser reconhecido pela satisfação e prazer, enquanto a pessoa está relaxada e expressa serenidade interior, sente energia e vitalidade e está acessível e aberta ao que a rodeia”. Deste modo, o/a educador/a pode avaliar o grupo, de modo a perceber o nível de bem-estar emocional de cada criança, tendo em linha de conta os seguintes indicadores: autoestima, assertividade, vitalidade, tranquilidade, alegria e recetividade.

29 Quanto ao nível de implicação, Portugal & Leavers (2010,p.25) define a implicação como “ uma qualidade de atividade humana que pode ser reconhecida pela concentração e persistência. Caracterizando-se por motivação, interesse e fascínio, abertura aos estímulos, satisfação e um intenso fluxo de energia”.

O/a educador/a quando avalia a criança em relação ao grau de implicação deve ter em atenção os seguintes indicadores: concentração, energia, criatividade, expressão facial e postura, persistência, precisão, tempo de reação, expressão verbal e satisfação. No decorrer da avaliação quanto à implicação, o/a educador/a deve relacionar o nível de bem-estar da criança, bem como as ofertas educativas que propõem e o contexto educativo em que a criança se encontra inserida (Portugal e Leavers, 2010).

Na segunda fase, o/a educador deve avaliar o contexto educativo em que o grupo se encontra inserido, avaliando de forma individual cada criança e principalmente as que apresentam dificuldades. Importa mencionar que durante o estágio curricular apenas foi possível realizar a avaliação sobre o contexto educativo em que o grupo se inseria.

Quanto à última fase relativa à definição de objetivos e iniciativas para o grupo e o contexto educativo geral, o/ a educador/a deve ter em atenção os aspetos positivos e negativos avaliados na segunda fase, de forma a promover o bem-estar e implicação das crianças (Portugal e Leavers, 2010). Esta última fase também não foi desenvolvida no estágio curricular. Tal como mencionado anteriormente, durante o estágio curricular utilizámos durante os projetos a ficha 1g e 2g para avaliar as nossas práticas, bem como o nível de implicação e bem-estar em relação aos projetos

elaborados.

Em suma, posso referir que estas fases de aprendizagens que ocorreram durante o estágio curricular foram cruciais para o desenvolvimento da minha prática educativa como estagiária, bem como permitiram construir uma base mais consistente de aprendizagens para o meu futuro profissional.

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