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Encontro 05/09/2006 Como “quem eu sou” se relaciona com “onde estou”

O encontro do dia 05/09/2008 teve dois momentos. Pela manhã fui à escola conversar com a professora sobre o desenvolvimento do trabalho com as crianças e à tarde retornei, juntamente com Moniele, para nos encontrarmos com as crianças. A professora Patrícia, de manhã, estava na biblioteca nos aguardando e lá tivemos oportunidade de dialogar sobre suas expectativas em relação ao grupo tendo como base o primeiro encontro com as crianças na semana anterior. Não utilizei gravador porque quis que o diálogo fosse bastante informal. Ela me disse que a convivência no grupo estava contribuindo para que as crianças expressassem melhor suas idéias, seus pensamentos e achou muito importante o uso de brincadeiras que enfatizassem o toque corporal sem agressividade, a afetividade entre as crianças. Segundo ela, até a formação de duplas entre meninos e meninas se tornou

mais fácil porque no grupo eles estavam aprendendo a conviver com todos. Ela parecia estar preocupada em melhorar a relação entre seus alunos.

À tarde, nos encontramos com as crianças na sala de aula do 1º ano. As carteiras já estavam organizadas de forma a deixar espaço para sentarmos em círculo. Isa, logo no início do encontro, pareceu ficar contrariada quando descobriu que não brincaríamos com a música “Bambu”.

Keila – Olha, Isa, é assim....eu trouxe a música do Bambu mas eu também trouxe outras músicas....

Isa – Mas eu quero a do Bambu!

Keila – A gente aprende coisas novas hoje e no final a gente até pode cantar a do Bambu!

Isa – Não! Quero o Bambu! Quero o Bambu!

Não insisti com Isa. Ela saiu da roda, sentou em sua carteira em sinal de contrariedade. Deixei sua participação livre e continuei dialogando com as outras crianças. Em diálogos anteriores com a professora, ela já havia comentado sobre as dificuldades em fazer Isa participar de atividades da sala de aula quando ela não queria. Diante disso, resolvi deixar a participação da aluna livre, pois em encontros anteriores observei que, ainda que contrariada, aos poucos ela se animava, “esquecendo” que “não ia participar” e entrava na roda com as demais crianças. Isa apresentou a atitude de não participação em muitos encontros, sempre quando era contrariada. Porém, no decorrer da descrição da dinâmica dos encontros poderemos ver como ela foi se desenvolvendo em termos de participação e interação com o grupo.

Deixando Isa refletir sobre sua participação ou não, propus então a escuta de uma música: “A pulguinha” (CD Canções de Brincar, Selo Palavra Cantada/Ver anexo 5). As crianças ouviram a música.

Keila – Gostaram?

Alunos – Gostamos! Põe de novo! Põe de novo!

Keila – Vocês perceberam que ela começa mais devagar? Depois ela fica mais rápida!

A partir da música “A pulguinha” propus uma brincadeira de movimento (Ver Quadro III) a partir da qual as crianças pudessem perceber a diferença de andamento na música.

Keila – Nós vamos imitar a música! Quando ela estiver mais devagar a gente se movimento mais devagar e quando ela estiver mais rápida a

gente se movimenta mais rápido! E vamos combinar uma coisa: quando a música terminar todo mundo vira estátua!

Cris – Mas eu não consigo ficar parada! Keila – Ah! Consegue, sim!

ENCONTROS ATIVIDADES OBJETIVOS

Encontro - 05/09/2006 Atividade com a música “A pulguinha”: ouvindo a música o grupo pôde explorar o ambiente da sala de aula e os diferentes andamentos da música, que alternava entre o vagaroso e o rápido.

- Explorar o ambiente da sala de aula sob uma nova perspectiva, a do movimento;

- Reconhecer e diferenciar, através do corpo, a variação de andamentos da música (variação entre o rápido e o devagar); - Brincar com a música; Quadro III – Atividade com a música “Puguinha”, desenvolvida em 05/09/2006.

As crianças parecem ter gostado muito da brincadeira. Isa permaneceu fora da brincadeira. No entanto, os(as) colegas cobraram sua participação. Formamos uma roda, sentados no chão, quando Wander nos contou que era seu aniversário.

Wander – Tia, eu estou fazendo aniversário.... Davi – Coloca a música de parabéns!

Keila – Não, vou colocar uma música especial! Tem uma música de parabéns especial aqui, Wander! Espera aí! Olha que legal essa música!

Coloquei a música para todos ouvirem (Ver anexo 5). As crianças parecem ter apreciado a música e Wander permaneceu na roda escondendo o rosto entre as pernas. Todos(as) começaram a cantar a música.

Keila – Gostaram? Alunos(as)- Gostamos! Keila – Parabéns, Wander!

Ainda na roda retomamos nosso diálogo sobre a rua e o bairro onde moramos. As crianças se empolgaram e todas queriam participar discutindo quem iria falar primeiro. Eu e Moniele achamos interessante anotar os nomes das crianças que gostariam de falar na lousa. Como as crianças continuavam agitadas, ouvimos a música “Oras bolas” novamente para então dialogarmos sobre nossos diferentes contextos. Isa, que desde o início do encontro estava fora da roda, parecia distante. No entanto, quando comecei a perguntar sobre a letra da música, ela foi a primeira a participar.

Keila – O menino tem uma bola... Isa – No pé!

Ao mesmo tempo em que parecia querer participar, Isa incentivava as outras crianças a não se sentarem na roda. Sentada em sua carteira ela falava alto e a professora pedia que ela parasse. Com sua recusa, a professora pediu que ela a acompanhasse para fora da sala de aula, voltando algum tempo depois. Ainda naquele encontro, Isa foi chamada pela vice-diretora e, saindo, voltou apenas no final do encontro.

As crianças começaram a falar sobre o que pesquisaram durante a semana: a rua e o bairro onde moravam. Cada criança falava sobre o que mais chamava a atenção sobre o lugar onde morava. E foi interessante notar que a referência mais utilizada por elas foi a cor do portão de casa.

Leandro – Eu moro lá em cima....minha casa é azul... Cris – Mas como chama?

Leandro – Tem uma rua que....sobe a rua e é minha casa! É no bequinho que eu moro! Eu não sei o bairro...

Keila – Não tem problema, Leandro! (...)

Teo – Eu moro ali embaixo....Jardim São Carlos....

Keila – A cidade é São Carlos, o bairro também é São Carlos? Profª. Patrícia – É Jardim Gonzaga, o dele!

Théo – É Cruzeiro do Sul!

Maria – Eu moro perto da casa do Théo! É do lado, assim! (...)

Davi – Eu moro...não tem um portão preto? Aí tem um cachorro....no Jardim Gonzaga.... a minha avó mora perto da minha casa, embaixo.... Cláudio – Eu moro num portão amarelo no Jardim Gonzaga e ....só! Kalvin – Eu moro perto do Cláudio!

Cláudio – Mas ele mora na descida.... (....)

Keila – Pode falar, João! João – Não quero...

Cláudio – Ele mora na descida, aí tem um portão branco, tem um carro que é do pai dele e tem o irmão dele...

Danilo – Eu moro num portão verde e o nome do bairro é Jardim Gonzaga!

Cris – O meu é cinza!

Pedro – Eu tenho duas casas! Cris – É a do pai dele e da mãe dele!

Pedro – Uma é na rua Ceará e outra na Pernambuco....tem vezes que eu fico com meu pai e de noite com a minha mãe....e também eu moro na minha mãe...e também tem um irmão...

Algumas crianças não quiseram falar, participaram apenas ouvindo as demais, como por exemplo, Bruna, Bárbara e Kalvin. Sugeri, então, que representássemos

o lugar onde morávamos num desenho. Assim, mesmo as crianças que não queriam participar através da fala, poderiam se expressar através do desenho. As crianças ficaram empolgadas com a proposta. Enquanto as crianças faziam o desenho ao som de uma música suave, eu e Moniele conversávamos com a professora e decidimos redirecionar algumas coisas. Escrever os nomes das crianças que queriam participar na lousa não pareceu tão interessante quando pensáramos inicialmente. Elas parecem ter ficado mais ansiosas. Diante disso, combinamos que no próximo encontro as crianças simplesmente teriam que levantar a mão quando quisessem falar e as crianças que não participavam tanto teriam prioridade quando manifestassem desejo de fazê-lo.

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