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4 COOPERAÇÃO BRASIL-MOÇAMBIQUE

4.2 Acordos de cooperação bilaterais

4.2.5 Energia

7 milhões, podendo ser destacadas as seguintes realizações:

a) reabilitação do Hospital Provincial de Tete, que inclui a reabilitação de uma enfermaria de pediatria e construção de uma nova enfermaria;

b) reabilitação do Centro de Saúde de Moatize e aquisição de 4 ambulâncias e 40 rádios de comunicação;

c) construção do orfanato Acoma e reabilitação o orfanato Mundo dos Mais Pequenos;

d) reabilitação e guarnecimento do Instituto Médio de Geologia e Minas de Moatize (IMGM);

e) construção de uma nova vila para reassentamento de cerca de 750 famílias abrangidas pela área da concessão em Cateme (a obra já foi iniciada) e;

f) previsão de um investimento de US$ 170 milhões para novos projectos sociais na fase de desenvolvimento do projeto.

No concernente à proposta de tópicos de negociações, propõe-se o apoio institucional ao sector geológico mineiro através de treinamento de técnicos do MIREM nas áreas de negociações de contratos, avaliação e monitoria de projectos e mercados, bem como a formação de inspectores de minas.

4.2.5 Energia

A cooperação no domínio de energia registra um crescimento assinalável nos últimos anos com a participação de empresas brasileiras em projectos de investimento de grande escala, bem como no domínio dos biocombustíveis em Moçambique. Um dos exemplos é o projecto Hidroelectrico de Mphanda Nkua, o qual prevê a instalação de uma capacidade de produção de 1.500 MW de energia, assegurando o aumento da

disponibilidade de energia eléctrica para as necessidades presentes e futuras, incluindo a dinamização de empreendimentos de uso intensivo de energia. Os progressos registrados nas negociações em curso entre o governo e o consórcio formado pela Camargo Corrêa, Electricidade de Moçambique (EDM) e Energia Capital, relativo aos termos e condições de implementação do projecto, permitem ao investidor contactar as instituições financeiras e o potencial mercado consumidor de energia, além de negociar um quadro de benefícios fiscais e tributários.

Entre outros empreendimentos de destaque, tem-se que a Companhia Vale do Rio Doce decidiu assumir também a liderança do projecto da Central de Termoeléctrica de Moatize, sendo que, das ações levadas no quadro de desenvolvimento deste projeto, importa referir o lançamento de concurso para fornecimento de equipamento e seleção do empreiteiro, assim como a negociação de compra e venda de energia entre a Electricidade de Moçambique e o consórcio.

Com estes avanços registrados na área de cooperação em energia, torna-se crucial assegurar as condições necessárias para a materialização da Linha de Transporte de Energia Eléctrica Tete-Maputo, pois sem electrificação do país não se pode falar em desenvolvimento. É neste sentido que Moçambique, através do Ministério de Indústria e Comércio, endereçou um pedido formal ao governo brasileiro para o financiamento da Linha de Transporte de Energia Eléctrica Tete-Maputo. É de referir que a operacionalização da linha é determinante na viabilização dos projectos de geração de energia em Moçambique, com destaque para o projeto Hidroeletrico de Mphanda Nkuwa e a Central Termoelectrica de Moatize, que contam com o envolvimento das empresas brasileiras Camargo e Corrêa e a Vale do Rio Doce, respectivamente.

Com a conclusão do estudo da opção de menor custo e sua posterior optimização para a definição do projecto a ser detalhadamente estudado (uma linha de corrente alternada de 400 KV e outra de corrente contínua 800 KV, ambas com a capacidade de evacuar 3100 MW, solução que poderá reduzir em cerca de 50% o custo inicialmente previsto), foi colocado em curso o processo de estabelecimento da estrutura comercial do projecto, que deverá contar com a participação da Electricidade de Moçambique, como accionista majoritário, da Eskom da África do Sul, como maior utilizador da linha, e dos investidores dos projectos de geração, como principais interessados no

escoamento de energia produzida. A expectativa é que esta experiência positiva e o aumento da disponibilidade de energia para as necessidades de Moçambique, levem os investidores brasileiros a se interessar em desenvolver projectos industriais de uso intensivo de electricidade.

Ainda no domínio da energia eléctrica, Moçambique renovou o pedido formulado em 2005 à ELETROBRÁS para a cooperação nas áreas de operação e manutenção de empreendimentos hidroelecctricos, nomeadamente a capacitação e transferência de conhecimento.

Visando apoiar Moçambique na área de produção de biocombustíveis, assinou-se um memorando que define o quadro jurídico que rege as relações de cooperação entre os dois países. Prevê-se a promoção conjunta de parcerias e desenvolvimento de intercâmbio técnico e formação técnico-profissional de moçambicanos, envolvendo entidades governamentais, sector privado e acadêmico.

No tocante ao setor de mineração, a tabela abaixo ajuda a ilustrar a evolução dos investimentos nos últimos anos:

Tabela 4. Tendências em termos de investimentos no setor dos recursos minerais

Ano Investimento (USD) Carvão (USD) Percentagem 2008 208.075.060 174.078.637 84%

2009 516.100.840 478.409.245 93%

Fonte: Dados fornecidos pelo Ministério dos Recursos Minerais de Moçambique

Como se pode notar, o investimento no setor mineiro duplicou de 2008 para 2009 e nota-se que mais de 80% foi realizado na área de carvão. Importa também referir que, segundo o Ministério dos Recursos Minerais de Moçambique, foram emitidas 80 licenças no setor de carvão, das quais 3 são concessões mineiras e 77 são licenças de prospecção e pesquisa, o que já está a resultar em vários projectos, dos quais se destacam os seguintes:

a) Projecto de Carvão de Moatize, com capacidade para produzir 26 milhões de toneladas por ano;

b) Projecto de Carvão de Benga, com capacidade para produzir 20 milhões de toneladas por ano;

c) Projecto de Carvão do Zambeze, ainda na sua fase de pesquisa, mas com reservas descobertas de 9 bilhões de toneladas;

d) Projecto de Ncondezi, ainda na sua fase de pesquisa, mas tendo já revelado existirem 1,8 bilhões de toneladas;

e) Projecto de Changara, no qual trabalhos de pesquisa revelam que já existe 1 bilhão de toneladas.

Sendo assim, no âmbito do mercado mundial de carvão, tomando em consideração as reservas de carvão existentes em Moçambique – que se estimam em bilhões de toneladas – aliadas ao investimento que estão a realizar no setor, Moçambique vai ser um país incontornável no mercado mundial carbonífero.

Tabela 5. Benesses do carvão a vista

Projeto Postos de trabalho esperados

Diretos Indiretos

Benga 3000 4500

Moatize 2000 4000

Projeto Contribuição para o PIB

Benga 10 bilhões de meticais

Moatize 2,3 bilhões de meticais

Previsão da contribuição do setor mineiro para o PIB nos próximos anos 7 a 10%

Fonte: Revista Capital, julho de 2010.