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2 SITUAÇÃO ENERGÉTICA BRASILEIRA

2.1 ENERGIA ELÉTRICA

A hidroeletricidade foi priorizada, no Brasil, desde a década de 1960, com a atuação da Eletrobrás, sendo a mais adequada fonte energética para produção de eletricidade no País. No contexto atual, é a fonte mais econômica em termos de custos da energia produzida.

Segundo o Ben (2014) a geração de energia elétrica no Brasil em centrais de serviço público e autoprodutores atingiu 570 TWh em 2013. Esse resultado representa um aumento percentual de 3,2% em relação à geração de energia elétrica no ano de 2012. A maior parcela da energia elétrica foi produzida por meio de fontes hidráulicas, porém em relação ao ano de 2012 essa parcela apresentou uma redução em torno de 5,9%.

A geração elétrica a partir de não renováveis representou 20,7% do total nacional, contra 15,5% em 2012. Importações líquidas de 39,9 TWh, somadas à geração interna, permitiram uma oferta interna de energia elétrica de 609,9 TWh, montante 2,9% superior a 2012. O consumo final foi de 516,3 TWh, um acréscimo de 3,6% em comparação com 2012 (BEN, 2014).

A oferta interna de energia elétrica deve ser maior que o consumo total final, devido às perdas na rede e a necessidade de uma margem de segurança na oferta em relação à demanda estimada. Para o ano de 2013 as perdas totais na rede foram de 16,8% e para os anos anteriores variaram entre 16,4 a 17,7%, de acordo com o Anuário estatístico de energia elétrica (2014).

De acordo com o Anuário estatístico de energia elétrica (2014) conclui-se que atualmente a participação da geração hidráulica está abaixo de 70%, conforme mostra a Figura 11.

Figura 11: Geração de energia elétrica por fonte em 2013

Fonte: Anuário estatístico de energia elétrica 2014 Notas: i) inclui autoprodução

ii) Oléo diesel e óleo combustível iii) Lenha, bagaço de cana e lixívia

Quando comparado com anos anteriores observa-se uma significativa redução na

participação da fonte hidráulica na oferta interna de energia elétrica, que segundo o Ben (2013) foi de 76,9% em 2012 (incluindo importações de energia).

O Balanço energético nacional de 2014, Ben (2014), apontou ainda uma grande tendência de aumento da geração de energia elétrica por meio de termelétricas no país, fato que pode ser observado na Figura 12.

Figura 12: Capacidade instalada de geração elétrica por fonte

Fonte: (BEN, 2014)

Segundo Amorim e Bahnemann (2014) a participação das termoelétricas a diesel e óleo combustível teve um crescimento percentual de 286 % de 2011 a 2013. O crescimento da participação das termelétricas deve-se essencialmente ao rápido crescimento da demanda elétrica e a baixa nos reservatórios das usinas hidrelétricas, decorrente de períodos com escassez de chuvas, levando o governo a usar mais térmicas para poupar água nos reservatórios e evitar racionamento.

De acordo com Borges (2014), o acionamento das termelétricas, para cobrir demandas de energia elétrica decorrentes de baixa nos reservatórios das usinas hidrelétricas, está levando as usinas termelétricas à exaustão operacional, pois o projeto inicial previa que essas usinas entrassem em funcionamento somente para atender demandas emergenciais de energia elétrica, operando entre 8 e 10 % do ano, porém atualmente estão operando em torno de 70% do ano.

Borges (2014) destaca ainda que a geração térmica corresponde atualmente a 25 % da geração de energia no país (Dado referente a outubro de 2014) e que não existe tendência de diminuição da participação das termelétricas para os próximos anos devido a atual crise hídrica.

De fato o Anuário estatístico de energia elétrica (2014) aponta para um grande aumento da capacidade instalada de usinas termelétricas, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1: Capacidade instalada de geração elétrica no Brasil (MW)

Fonte: Anuário estatístico de energia elétrica (2014) Nota: PCH – Pequena Central Hidrelétrica CGH – Central Geradora Hidrelétrica

Conclui-se pela análise da Tabela 1 que em 2013, 28,8 % da capacidade de geração elétrica instalada correspondia a termelétricas, existindo ainda uma tendência de aumento relativo maior para a capacidade instalada de usinas termelétricas em relação a usinas hidrelétricas nos últimos anos, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2: Crescimento percentual da capacidade instalada de energia elétrica no Brasil Intervalo de anos Hidrelétricas (%) Térmicas (%) PCH (%) CGH (%) Nucleares (%) Eólicas (%) 2009-2010 2,38 12,02 13,79 6,94 0,00 53,99 2010-2011 -0,30 1,49 0,03 16,76 0,00 53,72 2011-2012 1,76 5,33 11,16 11,11 0,00 32,35 2012-2013 1,68 11,00 8,23 12,50 -0,85 16,76

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Tabela 1

Nota: PCH – Pequena Central Hidrelétrica; CGH – Central Geradora Hidrelétrica

Da Tabela 2 pode-se observar a grande taxa de crescimento anual da capacidade instalada de geração termelétrica em contraste com o pequeno crescimento da capacidade instalada de geração hidroelétrica, a geração a partir de PCH, CGH e Eólicas são as que apresentam a maiores taxas de crescimento anual, contudo sua participação da geração total de energia elétrica ainda é pequena, como pode ser visto na Tabela 1.

Desta forma, o aumento do consumo final de eletricidade tem sido atendido pela geração termelétrica, especialmente das usinas movidas a gás natural. Como decorrência houve aumento das perdas na transformação (o rendimento da planta térmica na conversão de energia é bastante inferior ao da usina hidrelétrica), elevação do custo de produção de energia e aumento das emissões de gases de efeito estufa associados à geração elétrica.

A Figura 12 e as Tabelas 1 e 2 mostram também uma estagnação na utilização de energia nuclear para geração elétrica no país e uma tendência de crescimento da geração eólica a partir de 2009. Contudo apesar da alta taxa de crescimento da participação da geração eólica o montante de eletricidade gerada a partir dessa fonte é ainda bastante baixo, para se ter uma ideia, em 2013 a capacidade instalada de geração eólica atingiu 2202 MW. Isso representa uma participação total na geração elétrica de 1,7 %, valor bastante baixo para um país com grande potencial eólico como o Brasil.

O potencial hidrelétrico brasileiro está estimado em torno de 260 GW. Atualmente pouco mais de 30 % (81,1 GW conforme pode ser visto na Tabela 1) desse potencial é explorado. O potencial a aproveitar, excluindo-se o potencial avaliado a partir de cálculos teóricos sem a identificação do barramento, está em torno de 126 GW, desse total mais de 70% encontra-se nas Bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia, de forma que a utilização esbarra em questões ambientais e legais, devido ao fato dessas áreas serem de preservação ambiental e algumas delas estarem em Terras indígenas.

Esse fator é bastante preocupante, pois cenários tendenciais realizados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano nacional de energia 2030 (2007), apontam que o consumo de energia elétrica em 2030 estará entre 950 e 1250 TWh/ano (ou seja, o consumo de 2030 poderá ser acima do dobro do consumo atual) o que exigirá a instalação de um potencial de geração adicional. Este cenário demonstra a limitação do potencial hidrelétrico nacional, assim, outras fontes além da hídrica, deverão compor a geração elétrica em longo prazo.

Frente a grande tendência de aumento da demanda elétrica, já existem muitas plantas de geração em construção no país. A Tabela 3 apresenta as plantas em construção no país no ano de 2013, segundo o Anuário estatístico de energia elétrica (2014).

Tabela 3: Plantas de geração elétrica em construção no Brasil no ano de 2013

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