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4.4 Redes de Petri como Linguagem de Especificac¸˜ao em Engenharia de Conhecimento

4.5.2 Engenharia do Conhecimento

No sentido de estabelecer uma relac¸˜ao da abordagem para especificac¸˜ao de conhecimento pro- posta neste cap´ıtulo com as metodologias correlatas descritas no item 2.5, deve-se considerar o pro- cesso de produc¸˜ao de um SBC como um todo. Esta abordagem se justifica na medida em que a aquisic¸˜ao de conhecimento s´o faz sentido dentro da respectiva ferramenta para o desenvolvimento de um SBC. Dependendo da ferramenta, ´e muitas vezes imposs´ıvel delimitar o que corresponde `a aquisic¸˜ao e o que corresponde `a implementac¸˜ao dos mecanismos que d˜ao suporte ao sistema.

Quanto `a abordagem empregada no processo, entende-se que a abordagem proposta ´e baseada em modelos, assim como o KADS/CommonKADS e o Prot´eg´e. Esta designac¸ ˜ao se justifica uma vez que ela utiliza um modelo de cognic¸˜ao baseado em aspectos da inteligˆencia com o objetivo de modularizar o processo de aquisic¸˜ao de conhecimento. Estes m ´odulos de conhecimento podem ser constitu´ıdos por sub-bases de conhecimento, ou mesmo por um novo sistema baseado em conheci- mento completo6. Uma alternativa ´e, ainda, a constituic¸ ˜ao de uma ´unica base de conhecimento cujas regras s˜ao agrupadas de acordo com o aspecto da inteligˆencia tratado. O KADS/CommonKADS uti- liza a estruturac¸˜ao em torno de modelos com o objetivo de generalizar tanto o conhecimento elicitado como a arquitetura subjacente. J´a o Prot´eg´e, que tem seu desenvolvimento centrado em ontologias, aborda esta estrutura sob trˆes classes distintas: ontologias de dom´ınio, ontologias de m´etodo e on- tologias de aplicac¸˜ao. Desta forma, o engenheiro de conhecimento, por interm´edio destas classes, engloba os principais conceitos do sistema, que devem ser instanciados pelo especialista. Por outro lado, o EMYCIN/TEIRESIAS e o ONCOCIN/OPAL tˆem suas abordagens de desenvolvimento ba- seadas em transferˆencia de conhecimento. A abordagem proposta tamb´em mant´em uma relac¸˜ao de similaridade com o primeiro uma vez que permite uma organizac¸˜ao de regras em grupos. No caso

4.5. Discuss˜ao 107

do EMYCIN/TEIRESIAS, este agrupamento d´a-se em torno de regras com parˆametros similares, enquanto na abordagem proposta este agrupamento d´a-se em torno de regras que abordam aspectos similares do conhecimento.

O crit´erio relac¸ ˜ao com o dom´ınio estabelece o grau de dependˆencia entre a metodologia e/ou abordagem e o dom´ınio de aplicac¸˜ao. Nesse aspecto, entende-se que a proposta pode ser vista como uma abordagem de desenvolvimento independente do dom´ınio. Entretanto, isto n˜ao implica dizer que ela pode ser utilizada em qualquer dom´ınio. Desta forma, ela apresenta uma certa similaridade com o EMYCIN/TEIRESIAS. Apesar de ambas serem consideradas ferramentas independentes do dom´ınio de aplicac¸˜ao, os mecanismos dispon´ıveis para a implementac¸˜ao do sistema limitam as possibilidades a um subconjunto espec´ıfico de dom´ınios. Neste caso, os parˆametros que definem este conjunto s˜ao os mecanismos de inferˆencia e os formalismos de representac¸ ˜ao de conhecimento dispon´ıveis. Entende- se que assim, propˆo-se uma abordagem mais geral, uma vez que se tem um maior conjunto de opc¸˜oes para estes parˆametros se comparado com o EMYCIN/TEIRESIAS. Por outro lado, seu subconjunto de dom´ınios ´e menor do que o oferecido pelo KADS/CommonKADS e Prot´eg´e. Estas metodologias, dada a maior flexibilidade e complexidade de suas ferramentas, permitem a aplicac¸˜ao a um maior n´umero de dom´ınios.

No que se refere a representac¸ ˜ao de conhecimento, a abordagem proposta apresenta-se como uma alternativa t˜ao poderosa quanto aquelas mais gerais, como KADS/CommonKADS e Prot´eg´e. N˜ao obstante, sua linguagem de especificac¸˜ao permite a estruturac¸ ˜ao de qualquer formalismo, inde- pendente dos formalismos dispon´ıveis pela arquitetura subjacente. O KADS/CommonKADS, limita a sua linguagem de especificac¸˜ao formal `a l´ogica de predicados de primeira ordem, contudo, assis- tida por uma linguagem de especificac¸˜ao informal, a Linguagem de Modelos Conceituais (CML). J´a o Pr´ot´eg´e utiliza ontologias, e conseq¨uentemente, todo o seu poder de reutilizac¸ ˜ao. O EMY- CIN/TEIRESIAS e o ONCOCIN/OPAL restringem-se a uma representac¸ ˜ao em regras de produc¸˜ao.

As metodologias apresentadas dividem-se, tamb´em, entre aquelas que operam diretamente no

n´ıvel simb´olico , ou no n´ıvel de conhecimento do sistema, abstraindo aspectos de implementac¸˜ao

(Newell, 1982). O EMYCIN/TEIRESIAS e ONCOCIN/OPAL estruturam o conhecimento elicitado diretamente em regras de produc¸˜ao. Desta forma, o especialista participa do processo de construc¸˜ao do sistema apenas na etapa de elicitac¸˜ao de conhecimento e de avaliac¸˜ao do sistema, sendo esta ´ultima, j´a na fase de prot´otipo. Desta forma, muitos erros de natureza estrutural do conhecimento, inclu´ıdos devido a n˜ao familiarizac¸ ˜ao do engenheiro de conhecimento com o dom´ınio, s´o podem ser detectados apenas na etapa final. O ONCOCIN/OPAL permite a participac¸˜ao direta do especialista uma vez que seu processo de aquisic¸˜ao de conhecimento ´e totalmente dependente do dom´ınio. A concepc¸˜ao do

processo de aquisic¸˜ao no n´ıvel de conhecimento, por interm´edio de uma linguagem de especificac¸˜ao mais intuitiva, permite que problemas deste tipos sejam minimizados, incluindo a participac¸ ˜ao do especialista nas etapas intermedi´arias do processo de construc¸˜ao do sistema. A abordagem proposta permite uma concepc¸˜ao em n´ıvel de conhecimento uma vez que se estabelec¸a as representac¸ ˜oes de conhecimento a serem utilizadas pelas fichas da RP de Alto N´ıvel. J´a os mecanismos oferecidos pelo KADS/CommonKADS n˜ao s˜ao t˜ao intuitivos, na medida em que o engenheiro de conhecimento deve prover ferramentas espec´ıficas para cada tipo de dom´ınio. Diz-se assim, que EMYCIN/TEIRESIAS e ONCOCIN/OPAL tˆem sua concepc¸ ˜ao viabilizada no n´ıvel simb´olico do sistema, por interm´edio de linguagens formais, enquanto a abordagem proposta, assim como o KADS/CommonKADS e o Prot´eg´e, tem sua concepc¸˜ao no n´ıvel de conhecimento, viabilizada por interm´edio de linguagens

semi-formais. Estas linguagens semi-formais, por sua vez, estruturam o conhecimento segundo a

linguagem formal adotada no sistema.

De maneira geral, conclui-se que a abordagem proposta preenche uma lacuna entre as meto- dologias analisadas. ´E poss´ıvel afirmar que a proposta resolve o problema dos arcabouc¸os baseados em uma abordagem por transferˆencia, mas sem a complexidade associada `as metodologias baseadas em modelos. Isto ´e obtido aumentando a flexibilidade das abordagens por transferˆencia, mas sem o excessivo n´umero de funcionalidades das abordagens por modelos. Desta forma, abrange-se proble- mas que requerem soluc¸ ˜oes descentralizadas, baseadas em um conhecimento altamente especializado, mas para um n´umero intermedi´ario de agentes no sistema.