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Engenharia educacional do Complexmedia

No documento Hipermídias - Interfaces Digitais em EaD (páginas 86-89)

COMPLEXMEDIA: PLATAFORMA INTEGRADORA DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA A EDUCAÇÃO – PROJETO CONDIGITAL MEC

2. Engenharia educacional do Complexmedia

Neste artigo, foca-se a concepção geral de um dos conjuntos de mídias desenvolvidos para o Condigital/MEC/IGGE, mais especificamente software educacional

O projeto originalmente aprovado no Edital 001/2007 apresentava uma tecnologia de autoria de software focada em objetos de aprendizagem cuja ênfase recaia sobre laboratórios virtuais de física. Ainda que tais objetos apresentem aspectos relevantes quanto aos impactos pedagógicos que podem proporcionar, como meios interativos para a abordagem de inúmeros cenários e problemas da física e suas tecnologias, ao se iniciar o processo de desenvolvimento dos mesmos, percebia-se que a existência de lacunas nas 13 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/

estruturas pedagógicas a serem atendidas no projeto tornava as soluções incompletas, quando não superficiais.

Dentre os aspectos mais importantes, destacam-se aqueles relacionados ao crucial inter-relacionamento entre a ciência física, enquanto fundamento teórico- epistemológico, e as tecnologias que decorrem desse conhecimento, em contraponto às percepções que estudantes apresentam a respeito do distanciamento que reconhecem entre tais aspectos e “a vida fora da escola”, não estabelecendo relações significativas. Relações significativas referem-se aqui ao aspecto em que sujeitos entram em contato com um objeto de conhecimento, dele culturalmente apropriando-se, fazendo uso em seu contexto social (MELO, 2003). Além disso, a preocupação em não se produzir apenas mais um recurso de natureza propedêutica e meramente formal, ainda que nele estivessem presentes simuladores e animadores interativos, ensejou a concepção de uma plataforma digital original que contemplasse um conjunto de objetos de aprendizagem interligados, utilizando hipermídia integrada por um eixo temático-pedagógico comum.

Por esta linha de enfrentamento surgiria um desafio maior, a escolha do referencial teórico-metodológico que oferecesse sustentação pedagógica passível de validação, à autoria do software. Este caminho possibilitou a escolha da pedagogia vivencial.

A proposta de autoria foi assim orientada pelos pressupostos de uma pedagogia suportada nos alicerces da teoria sócio-histórica, na concepção de ciberarquitetura e na revisão dos conceitos de tecnologia e mídia dedicada à educação. A pedagogia vivencial defende a necessidade de oportunizar um cenário culturalmente enriquecido por hipermídia, contextualizado, onde os estudantes e demais sujeitos envolvidos em processos educacionais possam construir conhecimentos através de vivências interativas, em cenários desafiadores, de modo que as situações e os problemas apresentados possam ser enfrentados por via de pesquisa.

O trabalho teve início com o desenvolvimento de um conceito de objeto de aprendizagem. Para que uma mídia se caracterize como um objeto de aprendizagem, ela precisa oferecer aos usuários (estudantes, docentes e interessados em geral), dentre outros aspectos, condições de construção de conhecimentos tácitos (competências e habilidades) e explícitos (teóricos). Para isto, ela precisa oportunizar vivências interativas (simulações e animações) e um complexo de outras formas de construir conceitos e esquemas cognitivos de resolução de problemas. Nesta perspectiva, deve-se levar em conta a existência dos variados canais de aprendizagem. Afinal, há sujeitos mais auditivos, há os visuais, os táteis (que precisam experienciar), os emocionais e assim por diante.

O segundo passo foi escolher, dentre as diversas alternativas de mídias, uma que se enquadre nas especificações do Comitê Internacional de Avaliação de Objetos de Aprendizagem, pois a exigência editalícia obriga a apresentação de um Piloto. Após considerações optou-se por um software com as características de uma hipermídia.

Quando se pensou neste piloto, objetivou-se atingir o máximo (possível) de probabilidades de chegar aos canais de aprendizagem do variado público-alvo a que se destina o Projeto Condigital MEC/SEED.

Dessa forma, em vez de se apresentar apenas o simulador originalmente proposto foi concebido e produzido um complexo de mídia (Complexmedia15). Um Complexmedia contém um simulador (interativo), elementos de vídeo (que também servem de canal de acessibilidade a usuários que tenham deficiência visual ou auditiva), referenciais teóricos, apresentados como forma de possibilitar o avanço no entendimento dos problemas propostos, mapas interativos de acesso aberto, elementos de história e tecnologia da física e a própria avaliação como elemento de aprendizagem.

15 CARVALHO NETO, C. Z.; MELO, M. T. Complexmedia: um conceito de autoria dedicado a objetos de aprendizagem. São Paulo: Laborciência Editora, 2009.

O termo Complexmedia passou assim a ser utilizado como sinônimo de uma plataforma de aprendizagem e foi concebido no sentido de possibilitar, além do uso presencial-sistêmico por professores, estudantes e outros interessados, também um recurso preferencial para a educação à distância, no que se refere ao processo de formação continuada de professores de Física no Brasil.

Dados do INEP (2007) revelam que apenas uma pequena parcela dos professores que atuam hoje, nesta área, nas instituições públicas, tem habilitação plena em Física. A grande maioria (noventa por cento) de profissionais que está atuando na docência de Física não é formada na área, é de áreas próximas, está em processo de formação ou é leigo. O MEC tem ciência desses fatos e já prepara uma ofensiva de enfrentamento em direção a este problema. Destaque-se, ainda, uma notável demanda de mercado não atendida a qual se estima ser da ordem de cinquenta mil docentes. Ao passo de formação atual desses profissionais a demora no atendimento da referida demanda estima-se ser da ordem de setenta a oitenta anos!

Tendo-se consciência dos aspectos citados e das lacunas identificadas, caminhou- se no sentido de aperfeiçoar os recursos digitais destinados ao edital, remodelando-se as mídias para que pudessem ir além do proposto, ou seja, atingir o ensino regular e presencial e se expandir como objetos de aprendizagem, integrados pela plataforma Complexmedia, também para o ensino a distância.

No documento Hipermídias - Interfaces Digitais em EaD (páginas 86-89)