• Nenhum resultado encontrado

DESISTÊNCIA DOS CURSOS DE ENGENHARIA

4.2 AS ENGENHARIAS DA UNESC: COMPOSIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E ACESSO DAS MULHERES

4.2.4 Engenharia de Materiais

Dando prosseguimento as análises, o curso de Engenharia de Materiais foram instalado na UNESC no ano de 1998 e, como perfil de egresso, busca formar um profissional “capaz de resolver problemas em processos de fabricação e de seleção de diferentes tipos de materiais para os mais variados tipos de aplicações, sempre preocupado com as questões ambientais, humanas e sociais”. De acordo com Willian D. Callister Jr. (2002), os materiais estão culturalmente introduzidos em

nossa história. Ou seja, transportes, habitações, vestuário, comunicação, recreação e produção de alimentos. Segundo o autor, somos influenciados diariamente e virtualmente em menor ou maior grau pelos materiais. Reflete ainda o autor que este desenvolvimento, de produzir e manipular materiais para suprir as necessidades da comunidade, surgiu desde a “idade da pedra, e idade do bronze”. Diante deste contexto, Luis Fernando Espinosa Cocian (2011) em suas pesquisas afirma que diante da modernidade, da civilização e do fluxo contínuo de matérias primas em nosso planeta, faz se necessária a existência de profissionais em áreas de engenharia de materiais.

Segundo Bazzo e Pereira (2006, p.239),

[...] o engenheiro de materiais é o profissional que trabalha no desenvolvimento de novos materiais e novos produtos industriais para aplicações tradicionais. Em essência, trabalha com ciência dos materiais, polímeros, cerâmica, metais e metalurgia do pó; estuda o desenvolvimento de processos de tratamento das matérias-primas, a fabricação e o controle de qualidade de diversos produtos; prepara novas ligas metálicas e gerência a produção. Pode se especializar em cerâmica, metais ou polímeros.

Assim, o curso de graduação em Engenharia de Materiais da UNESC busca, ao longo de seu processo formativo, graduar profissionais para coordenar os processos de fabricação e controle dos diferentes tipos de materiais como os metais, os plásticos (polímeros) e os cerâmicos, “aplicando desde técnicas convencionais de análise (p. ex. metalografia, dilatometria, ensaios mecânicos, entre outros), até técnicas mais avançadas (p. ex. difração de raios-X, análise por infravermelho, entre outras)”. Ainda que possua esta característica laboratorial, o que se associaria a um maior número de mulheres, o curso em sua página principal remete-se ao sujeito universal, padrão da linguagem, buscando dialogar com “Engenheiros” o que remete apenas ao sexo masculino. Reforçamos este argumento, pois a língua é um importante elemento de comunicação e identificação, e assim, repetindo-se inúmeras vezes a mesma nomenclatura, no masculino, a linguagem contribui para a normalização de processos de exclusão e subalternidade das mulheres.

Gráfico 24 - Mulheres e Homens Ingressantes no Curso de Engenharia de Materiais – UNESC – 2003/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

Assim, no período analisado, observamos um total 175 de ingressantes mulheres e de 368 homens, que em números percentuais podem ser traduzidos em 67,77 % ingressantes homens e contra 32,23% ingressantes mulheres. Os números brutos e percentuais apontam um expressivo desequilíbrio entre homens e mulheres no curso de Engenharia de Materiais conforme pudemos visualizar no Gráfico 24.

Gráfico 25 - Evasão de Mulheres e Homens no Curso de Engenharia de Materiais – UNESC – 2003/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

No que tange a quantidade de homens e mulheres desistentes, os números acompanham a média de ingressantes apontando para uma desistência numérica menor entre as mulheres chegando a um total de 53 mulheres contra 147 homens. Conforme o gráfico abaixo destacado, percebe-se que os homens desistem em quantidade maior do que as mulheres, no entanto, observa-se que a quantidade de homens que ingressam neste curso também maior se comparado as mulheres. Em números, podemos afirmar que das 175 mulheres ingressantes, subtraindo-se as 53 desistentes, chegamos um total de permanência de 122, o que representa um total de 35,5%, enquanto para os homens esse número chega a 221, perfazendo um total de 64,5% das/os discente do curso.

Constata-se que os números e percentuais apontam desigualdade referente a mulheres e homens neste curso de Engenharia de Materiais, comprovando que a representatividade das mulheres neste curso ainda é menor. Assim como os demais cursos de engenharias apresentados até aqui, as mulheres continuam em desvantagem com relação aos homens. A análise do período de 2003 a 2018, que somam 15 anos, apresenta-nos que, em média, a cada ano, 11 mulheres ingressam neste curso e 03

delas desistem antes de completar o percurso formativo. Com relação aos homens a cada ano ingressam 24 e destes 09 desistem do curso. Já com relação as/aos concluintes os números são (Gráfico 26):

Gráfico 26 - Mulheres e Homens Graduados/as no Curso de Engenharia de Materiais – UNESC – 2006/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

De maneira geral, os números apresentados sobre o curso de Engenharia de Materiais demonstram um desequilíbrio significativo entre homens e mulheres. No entanto entre os concluintes esta relação é mais harmônica, pois 63 homens concluíram o curso contra e 56 mulheres. Ou seja, das 122 mulheres que permaneceram no curso 45,90% chegaram ao final e dos 221 homens que permaneceram neste mesmo período, 28,51% se formaram em Engenharia de Materiais.Com isso, podemos perceber que na relação entre as/os concluintes há um equilíbrio, mas que, no entanto, não anula a predominância dos homens nas áreas das engenharias da UNESC. Como uma distribuição de dados muito parecida, analisaremos a seguir o curso de Engenharia de Produção.