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DESISTÊNCIA DOS CURSOS DE ENGENHARIA

4.2 AS ENGENHARIAS DA UNESC: COMPOSIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E ACESSO DAS MULHERES

4.2.6 Engenharia Química

De acordo com Luis Fernando Espinosa Cocian (2011), foi através da parceria do químico com o engenheiro, do conhecimento da composição das substâncias, das suas propriedades, dos métodos para produzir as mudanças desejáveis em tais propriedades e pela importância que a profissão se deu para a revolução industrial e, com o uso de químicos na manufatura e no processamento, que foi criada a nova indústria química, em meados de 1880, no qual o objetivo maior era a “produção de toneladas e milhares de toneladas de produtos químicos”. Segundo Cocian (2011, p. 197),

[...] a química trata da composição e das mudanças de composição de substâncias e da sua preparação, separação e análise. A Engenharia Química se preocupa com a fabricação em escala industrial de substâncias provenientes de matérias primas, através de processos físicos e químicos. Em conformidade com a afirmação acima destacada, de acordo Bazzo e Pereira (2006), o profissional de engenharia química “estuda processos de transformação de materiais brutos” que estão em composição química ou física, tanto para produtos de uso comercial ou industrial. Combinando técnicas e a ciência, busca “projetar, construir e operar sistemas de conversão de matérias químicas em produtos finais”. Ainda, segundo os autores, algumas de suas atribuições são:

[...] projetar e controlar a construção, a montagem e o funcionamento de instalações e fábricas onde se realiza o preparo ou o tratamento químico; estudar processos de produção empregados em indústrias ou laboratórios para verificar as diferentes etapas de operação, a viabilidade de produção, a redução dos custos e conseguir um melhor controle de qualidade; melhorar e aperfeiçoar os processos técnicos de extração das matérias-primas, sua transformação e utilização; responsabilizar-se pela fabricação de tintas, solventes, reagentes, amônia, ácidos, fósforos,

fosfatos, sódio, cerâmicas, vidros, cimentos, plásticos, borrachas, fibras naturais e sintéticas, papel, celulose etc.; trabalhar na produção de derivados do petróleo ou em processos de destilação do álcool (BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 248).

De acordo com a conceituação apresentada no site do curso “a graduação em Engenharia Química oferece formação curricular sobre os processos industriais em que diferentes matérias-primas são transformadas em produtos de maior interesse industrial”. Assim como os demais cursos apresentados, mesmo em uma área mais tradicionalmente ligada ao feminino por sua característica laboratorial e de gestão, o perfil do egresso ainda aparece no masculino, buscando uma aproximação da área e da profissão do sujeito universal, que de forma geral é o homem. Assim, de acordo com o site do curso “o Engenheiro Químico deve ser um profissional pluralista em seus conhecimentos, capacitando-se a desenvolver uma atividade eclética no campo da produção, aplicação, pesquisa e desenvolvimento gerencial de plantas químicas, bem como desenvolvimento de novos produtos e processos”. O curso de Engenharia Química da UNESC teve início em 2007, portanto o recorte será a partir de 2007 a 2018.

Gráfico 30 - Mulheres e Homens Ingressantes no Curso de Engenharia Química – UNESC – 2007/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

Conforme observado no Gráfico 30, neste período o montante de ingressantes foi de 405 mulheres e de 264 homens, o que em números percentuais representa cerca de 39,47% ingressantes homens e 60,53% ingressantes mulheres. De maneira o gráfico demonstra que as mulheres predominam no Engenharia Química, o que leva a refletir sobre o campo de atuação e a prática profissional que em grande medida está ligada aos laboratórios, a atenção para execução de fórmulas químicas ou ao trabalho no campo da cosmética, todos elementos que supostamente estão atrelados ao feminino.

Seguiremos a respectiva análise apresentando a quantidade de homens e mulheres desistentes no curso, pela qual chegamos à cifra de 76 mulheres e 95 homens (Gráfico 31).

Gráfico 31 - Evasão de Mulheres e Homens no Curso de Engenharia Química – UNESC – 2007/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

Assim, de acordo com o Gráfico 31, percebemos que os homens desistiram em maior quantidade do que as mulheres, e ao contrário dos demais cursos que tinham em maior quantidade de ingressantes os homens, neste caso eles permanecem em menor quantidade. Conforme os dados apresentados, das 405 mulheres ingressantes, 76 mulheres desistiram do curso, restando um número de 329 e por outro lado, dos 264 homens ingressantes, 95 foram desistentes, restaram 169. Estes dados transformados em percentuais representam especificamente um total de 66% de mulheres contra 34% de homens.

A análise do período de 2007 a 2018, que somam 11 anos, demonstra que, a cada ano, 36 mulheres ingressam no curso e destas, 07 desistem; por outro lado, dos 24 homens ingressantes, 09 deles são considerados desistentes. Ou seja, a quantidade de homens que ingressam é menor do que as mulheres e, no entanto, inversamente do

que ocorre em outros cursos, o número de desistentes é maior, o que nos leva a supor que o curso de Engenharia Química vem passando por um processo de feminilização que acaba operando na permanência das mulheres e na desistência dos homens.

Gráfico 32 - Mulheres e Homens Graduados/as no Curso de Engenharia Química – UNESC – 2011/2018

Fonte: Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC - 2019. Gráfico alterado no formato, e adaptado para este contexto. Sendo extraído somente os números de interesse ao tema debatido. Própria Autora.

No caso dos concluintes (Gráfico 32), percebemos que entre 2011 a 2018, 54 homens chegaram ao final do curso, contra o dobro de mulheres que acabou perfazendo um total de 115 mulheres concluinte. Ou seja, das 329 mulheres que permaneceram no curso, 34,95% chegaram ao final, enquanto que dos 169 homens que perduraram 31,95% se formaram em Engenharia Química da UNESC, apontando para uma diferença de 3 pontos percentuais.