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Partindo do objetivo desta dissertação: caracterizar as práticas e as perceções de quatro professores, dando particular atenção à prática avaliativa (incluindo a de avaliação formativa) a que recorrem e ao seu papel no desenvolvimento do processo de aprendizagem e ensino, e, numa tentativa de encontrar resposta para as questões levantadas inicialmente: Como se poderão caracterizar as práticas de avaliação (incluindo as de avaliação formativa) que estes professores desenvolvem em sala de aula? Como se poderão caracterizar as perceções dos professores sobre as práticas de avaliação que desenvolvem em sala de aula? Segue-se a contextualização das opções metodológicas adotadas neste estudo, apresentando-se de uma forma sucinta, os diferentes paradigmas de investigação em educação.

Optou-se pelo paradigma qualitativo com recurso à entrevista e à análise documental como instrumentos de recolha de dados, por se considerarem ser o mais adequado ao estudo que se pretende realizar. De seguida procedeu-se à descrição dos participantes no estudo e o contexto pedagógico no qual se desenvolveu esta investigação.

Paradigmas de investigação em educação subjacente à abordagem adotada

A produção de conhecimentos nas ciências sociais e humanas pode fazer-se, especificamente de duas maneiras: 1º através de uma estratégia que visa a explicação dos fenómenos sociais e a sua generalização, por meio da descoberta de leis, assumindo o investigador um papel de distância em relação ao seu objeto de estudo; 2º recorrendo a métodos e técnicas que procuram validar internamente a compreensão e aprofundamento dos fenómenos em estudo, o investigador mergulha e submerge no real social, interagindo e fazendo, ele mesmo, parte dessa realidade.

O primeiro caso remete para uma abordagem tendencialmente quantitativa, enquanto no segundo se está perante uma estratégia de investigação essencialmente qualitativa.

A seleção da estratégia de investigação e das metodologias a adotar está interligada com os objetivos e o objeto da investigação. Ora com o presente trabalho pretende-se conhecer e aprofundar as perspetivas que um número reduzido de intervenientes sociais (professoras) no seu contexto de trabalho, têm face às práticas de avaliação formativa em sala de aula como promotor de aprendizagens nos alunos.

O paradigma que mais se adequa à presente investigação é aquele que responde às necessidades acima referidas, ou seja, o paradigma qualitativo, e, nomeadamente, na modalidade de estudo de caso.

O paradigma qualitativo

Partindo do objetivo desta dissertação – caracterizar as práticas e as perceções de quatro professores, dando particular atenção à prática avaliativa (incluindo a de avaliação formativa) a que recorrem e ao seu papel no desenvolvimento do processo de aprendizagem e ensino – optei por recorrer a uma metodologia de investigação baseada em dados de natureza essencialmente qualitativa.

A investigação qualitativa visa a compreensão mais profunda dos problemas, procurando apreender as atitudes, valores e convicções que podem determinar, ou condicionar a prática dos sujeitos. Segundo Bogdan e Bilken (1994, p. 33), “O significado é de importância vital na abordagem qualitativa. Os investigadores que fazem uso deste tipo de abordagem estão interessados no modo como diferentes pessoas dão sentido às suas vidas.” Trata-se, por isso, de uma investigação compreensiva, que busca os sentidos e os significados que orientam as perceções dos atores sociais e as suas ações. A seleção da pesquisa qualitativa está relacionada com a dimensão reduzida da amostra. Não se procura a generalização, a determinação de tendências, ou a produção de leis universais, mas antes, o aprofundamento do conhecimento e compreensão dos fenómenos sociais com base em estudos locais em intensidade. Neste processo, o investigador procura aproximar-se do objeto de estudo, vestindo a pele do etnógrafo inserindo-se no contexto de estudo interage com o próprio objeto de estudo. Segundo Bogdan e Bilken, (1994, p.30), “Na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal. (…) os dados são recolhidos em situação e complementados pela informação que se obtém através do contato direto”. Deste modo, o investigador é, ele próprio, um instrumento de recolha de dados, dependendo a qualidade dos mesmos (validade e fiabilidade) da sua sensibilidade, integridade e conhecimento.

O estudo de caso como método na investigação

O estudo de caso perfila-se como um método de investigação qualitativa. De facto, segundo Costa (1986, p. 11),

O principal instrumento de pesquisa é o próprio investigador e os principais procedimentos são a presença prolongada no contexto social em estudo e o contato direto, em primeira mão, com as pessoas, as situações e os acontecimentos.

O método do estudo de caso pelo trabalho de campo, nesse sentido, é particularmente adequado à investigação, não duma faceta isolada, mas dum tecido espesso de dimensões articuladas do social.

Neste processo, segundo este autor, o investigador procura reunir informações que não estejam isoladas, mas sim, tão numerosas e pormenorizadas quanto possível, no sentido de abranger a totalidade da situação recorrendo para isso a técnicas de recolha de informação que satisfaçam esse objetivo, como por exemplo: observação direta ou observação participante, entrevista, análise documental, entre outras (Costa, 1986).

De Bruyne et al (1975), citado por Lessard-Hébert, et al. (1994), também partilham esta perspetiva, pois, afirmam que o estudo de caso reúne o maior número de informações que devem ser pormenorizadas com vista a abranger a totalidade da situação. “É a razão pela qual ele se socorre de técnicas variadas de recolha de informação (observações, entrevistas, documentos)” (Lessard-Hébert, et al., 1994, p. 107).

Para Yin (1990 cit. in Carmo &Ferreira, 1998) o estudo de caso surge como o método mais indicado para responder a questões de “como” e “porquê”, uma vez que o investigador não pode exercer controlo sobre os acontecimentos e o estudo focaliza-se na investigação de um fenómeno atual no seu próprio contexto.

Walker, citado por Bogdan e Bilken (1994), tal como Yin (1990) identificaram as seguintes potencialidades e limites inerentes a este método:

Potencialidades:

 Permite avançar no sentido da forma e da estrutura até à realidade da vida humana;

 O fenómeno estudado tem a ver com o contexto real da vida;

 Não requer o controlo dos comportamentos observados;

 Reporta-se a dados atuais e não retrospetivos.

Limites:

 Possibilidade de enviesamento da informação recolhida, devido à interação entre investigador e objeto de estudo;

 Este método não permite a generalização direta dos resultados obtidos para a população.

Os casos objeto da investigação foram quatro professoras do quadro de duas escolas básicas do 2º e 3º ciclos do concelho do Seixal, distrito de Setúbal. Importa relembrar que o motivo da seleção destas professoras e destas escolas, está relacionado com o facto de a escola Y ter sido escola piloto, na implementação do PAFC, no ano letivo 2017/2018 e a escola X ter implementado o PAFC (no ano letivo 2018/2019). A escolha das docentes teve por base o conhecimento, por parte da investigadora deste estudo, das suas práticas avaliativas e o facto de valorizarem e aplicarem práticas de avaliação formativa junto dos seus alunos, defendendo

que este tipo de avaliação é importante para o sucesso educativo. A caraterização das entrevistadas pode ser sintetizada no quadro 1:

Quadro 1

Caraterização das entrevistadas

Entrevistada Anos de serviço

Nível de ensino

(atualmente) Formação

A 36 2º Ciclo

 Licenciatura em Antropologia

 Pós-graduação em Educação e Desenvolvimento

 Mestrado em Educação e Formação B 30 2º Ciclo  Licenciatura em Línguas e Literaturas

Modernas com estágio integrado C 20 3º Ciclo  Licenciatura em ensino da Matemática

 Mestrado em didática da Matemática

D 20 3º Ciclo

 Licenciatura em ensino da Matemática

 Mestrado em didática da Matemática com vertente em Avaliação em Educação

A entrevistada (A), leciona as disciplinas de Português e HGP (História e Geografia de Portugal). A entrevistada (B), leciona a disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM).

Ambas estão colocadas na escola X.

Por sua vez, as entrevistadas (C e D), lecionam a disciplina de Matemática, na escola Y.

Apresenta-se de seguida, de uma forma breve, o meio em que as escolas estão inseridas.

Breve caraterização das escolas onde as entrevistadas lecionam

Os dados, que são apresentados de seguida, foram baseados na leitura e interpretação dos documentos orientadores das duas instituições.

As duas escolas ficam situadas no concelho do Seixal, distrito de setúbal.

Escola X. O Agrupamento é constituído por 5 escolas em todas que pertencem à mesma freguesia. Uma das escolas, considerada “sede” tem o 2º e 3º ciclos, as restantes 4 escolas têm o 1º ciclo e salas de Jardim de Infância.

A comunidade educativa tem origens muito diversificadas, coexistindo, no mesmo espaço, gentes da região, outras oriundas de zonas diversas do país (nomeadamente do Alentejo) e ainda todo um conjunto de nacionalidades, resultado do processo imigratório que marcou o país nas últimas décadas, o que permitiu um enriquecimento multicultural de todos os envolvidos na vida do Agrupamento.

Escola Y. O Agrupamento é constituído por 5 escolas que se distribuem por duas freguesias “vizinhas”. Uma das escolas, considerada “sede” tem o 2º e 3º ciclos, as restantes 4 escolas têm o 1º ciclo e salas de Jardim de Infância.

A população escolar do Agrupamento é maioritariamente portuguesa, verificando-se que apenas 2,5% é oriunda de outros países (sendo o Brasil o mais representativo com 1,4%) o que faz com que a diversidade cultural não assuma grande expressão.

Processo de recolha de dados

Segundo Quivy e Campenhoudt (1998), os métodos de recolha de dados são importantes numa investigação na medida em que “(…) ajudam especialmente o investigador a adotar uma abordagem penetrante do seu objetivo de estudo e assim, a encontrar ideias e pistas de investigador, a ter um contato com a realidade vivida pelos atores sociais” (p. 47). A metodologia qualitativa utilizada em investigação exige a utilização de métodos diversificados de recolha de informação.

De Bruyne et al. (1975) citado por Lessard-Hébert, et al. (1994), caracterizam estes métodos em três tipos de «modos» de recolha de dados: a) o inquérito, que pode ser oral através da entrevista, ou escrito através do questionário; b) a observação, que pode assumir uma forma direta sistemática ou uma forma participante; c) a análise documental, que consiste numa análise de documentos relativos a um local ou uma situação.

Nesta investigação pretendo recorrer a diferentes técnicas de recolha de dados, habitualmente utilizados nas metodologias qualitativas de investigação, tais como: a entrevista e a análise documental. Importa referir, que pretendia, no inicio desta investigação, recorrer à observação direta, por este ser um método de recolha de informação que considero de muita importância para a realização deste estudo. No entanto, devido à situação da Pandemia do Covid 19, as escolas encerraram a partir do dia 13 de março, comprometendo a minha recolha de dados através deste método. Para esta situação também contribuiu o facto de a DGS só autorizar que a recolha de dados nas escolas fosse feita só através de análise documental e da entrevista aos professores, preferencialmente, à distância.

Pesquisa documental

Para poder aceder e divulgar os dados, das duas instituições, considerados úteis para este estudo, foram efetuados os seguintes passos:

 Foram consultados os diferentes documentos estruturantes do Agrupamento (Projeto Educativo e Regulamento Interno, este último apenas no caso da escola X), que se encontram publicados na página eletrónica das instituições selecionadas1.

 Foi estabelecido contacto com as Diretoras das instituições com o objetivo inicial de pedir autorização para desenvolver a investigação. Foram apresentados, sumariamente, o tema do estudo que se pretende desenvolver, os objetivos, bem como os critérios tidos em conta na escolha das respetivas instituições.

 Feito o pedido formal de colaboração, e depois de o mesmo ser aceite, foram tomados todos os procedimentos necessários à auscultação dos atores selecionados (contacto com as 4 professoras entrevistadas –, explicitação dos objetivos do estudo e marcação de reunião para recolha de informação).

A entrevista

No âmbito da investigação qualitativa, a entrevista pode-se constituir como a estratégia dominante para a recolha de dados (Bogdan & Biklen, 1994) e representa um dos instrumentos mais diretos para encontrar informação sobre um determinado fenómeno (Tuckman, 1994).

Por seu lado, Amado (2013), refere que a entrevista constitui uma técnica de recolha de dados que “deve ser usada em conjugação com outros métodos” (p. 212), referindo a observação participante como um complemento da entrevista.

Powney e Watts (1987), citado por Lessard-Hébert, et al., (1994), sugerem que a entrevista se orienta em duas grandes categorias: a) orientada para a resposta; b) orientada para a informação.

Baseando-se em diversos autores, Amado (2013), identifica a entrevista em investigação social segundo três tipos diferenciados: (1º) entrevista dirigida ou diretiva, (2º) entrevista não diretiva, e (3º) entrevista semi-diretiva. Acrescenta também a este grupo a entrevista informal – conversação.

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1 Links das páginas eletrónicas:

http://joomla.aepinhalfrades.pt/

A entrevista semi-diretiva foi o tipo de entrevista utilizado, para recolher dados neste trabalho, e carateriza-se por ter como base um guião, no qual se encontram pré-definidos os seus objetivos e um conjunto de questões abertas de forma a dar espaço ao entrevistado para falar livremente sobre os temas apresentados pelo entrevistador. Esta é também vantajosa por permitir recolher dados na linguagem dos próprios indivíduos e captar, de certo modo, a forma como estes interpretam aspetos do mundo (Bogdan & Biklen, 1994).

A realização das entrevistas. Pelo facto de se tratar de uma entrevista semi-diretiva houve necessidade de elaborar o respetivo plano. Partindo do tema da investigação e dos objetivos específicos, foram considerados blocos temáticos correspondendo a cada bloco objetivos específicos de recolha de informação de uma ou mais questões. Foi, assim, definido um guião para as docentes (entrevistadas A, B, C e D), com um conjunto de perguntas abertas distribuídas por cinco blocos temáticos, conforme se indica no quadro 2.

Quadro 2

Blocos temáticos do guião da entrevista A – Identificar a entrevistada

B – Estratégias Avaliativas C – Estruturação das aulas

D - Implementação do Decreto-Lei 55/2018 E – Sugestões de melhoria

A recolha de dados efetuou-se com base no guião de entrevista (ver anexos 1, 2, 3 e 4), tendo sido usada uma linguagem acessível, com o objetivo de promover a clarificação e uma boa interpretação das questões.

Com base nas principais obras consultadas, a realização das entrevistas teve em atenção um conjunto de aspetos que a seguir se apresentam.

a) O contacto preliminar:

Foi estabelecido um primeiro contacto com as entrevistadas no qual a investigadora pediu autorização para que fossem feitas as entrevistas, explicando o objetivo para o presente estudo.

▪ Foi percebido pela entrevistadora que existia um bom clima de recetividade e alguma motivação e interesse pelo trabalho desenvolvido.

▪ Por sua vez, as entrevistadas perceberam o grau de importância deste trabalho para a entrevistadora.

b) O inicio da entrevista

1º Reapresentação do tema da entrevista:

Iniciou-se, qualquer uma das entrevistas realizadas, relembrando a importância e a pertinência do tema em estudo.

2º Objetivo da entrevista:

O entrevistador “explicita os seus objetivos e opõe-se à inércia e á resistência natural dos entrevistados” (Quivy & Campenhoudt, 1998, cit. em Amado, 2013, p. 215).

Foram explicados os objetivos que servem de pilar a este trabalho de investigação procurando dar ênfase às vantagens que cada uma das entrevistadas podia retirar da entrevista em questão. Amado (2013), refere ainda que é o entrevistador deve ter como objetivos: colocar o entrevistado na situação de colaborador; estar disponível para esclarecer eventuais dúvidas.

3º Pedido de autorização para gravar a entrevista:

Durante o diálogo estabelecido com as entrevistadas foi-lhes pedida autorização para a gravação das entrevistas. Não havendo oposição por parte de nenhuma delas, procedeu-se à utilização de um gravador (entrevistada B) e à utilização da plataforma digital Zoom (entrevistadas A, C e D).

4º Exposição das condições deontológicas:

Estrela (1998, cit. em Amado, 2013, p. 215), refere que o entrevistador “garante o anonimato das informações”.

Houve uma preocupação da autora deste trabalho, tal como está explicitado no protocolo da entrevista, em garantir a confidência e o anonimato das docentes.

5ºOuvir as reações do entrevistado:

c) Desenvolvimento das entrevistas:

Segundo Estrela (1984, p. 357), “a entrevista deverá situar-se num plano de relação individual, um entrevistador para um entrevistado”.

O processo de desenvolvimento decorreu num clima amigável, em que as entrevistadas mostraram-se disponíveis, colaborando e manifestando as suas opiniões num discurso espontâneo e coerente com as questões colocadas

d) O fim da entrevista:

Segundo Ander-Egg, 1987, cit. em Bravo, 1992), a aparentemente simples ação de terminar uma entrevista engloba um conjunto de atitudes que devem ser tomadas em conta pelo investigador para fazer perdurar até ao último minuto a relação que estabeleceu com o sujeito. Assim, houve da parte da investigadora a preocupação de por fim às entrevistas de forma amigável e natural.

Após a realização das entrevistas, procedeu-se às respetivas transcrições, passando-se de seguida para a análise dos dados.

A análise de dados é o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. (Bogdan & Biklen, 1994:3) Seguidamente, é explicitada a técnica de análise de dados utilizada, nomeadamente, a análise documental e a análise de conteúdo.

Análise de conteúdo e análise documental

Segundo Lessard-Hébert, et al., (1994, p. 87) “A análise documental, [é uma] espécie de análise de conteúdo que incide sobre documentos relativos a um local ou a uma situação, corresponde, do ponto de vista técnico, a uma observação de artefactos escritos.”

Costa (1986) refere que a análise documental consiste na “Consulta de registos localmente produzidos e de documentos pessoais (…) fornece informação complementar (…). São auxiliares (…), de grande utilidade na pesquisa de terreno” (p. 16).

Com a mesma linha de pensamento, Lessard-Hébert, et al., (1994, p. 88) refere que “A análise documental trata-se de uma técnica que tem, com frequência, uma função de complementaridade na investigação qualitativa, isto é, que é utilizada para «triangular» os dados obtidos através de uma ou duas técnicas”.

Foram consultados os documentos orientadores das duas instituições selecionadas, os que se encontram em vigor este ano letivo e o que estiveram em vigor anteriormente, com o objetivo de constatar se é feita referência à avaliação formativa e se, após a publicação do Decreto-Lei 55/2018, de 6 de julho, se encontram vestígios de alterações relativamente às práticas de avaliação formativa.

Em relação à análise de conteúdo, Amado (2013), refere que deve fazer parte de uma investigação, uma vez que “(…) cobre processos tão diversos como a elaboração de conceitos e a interpretação de resultados” (p. 305). Classificando-a como uma “técnica privilegiada de

processar o material recolhido” (Amado, p. 307). Por sua vez, Bardin (2002), salienta que é um procedimento que permite “pôr em evidência a ‘respiração’ de uma entrevista não diretiva” (p.

31) ao permitir a classificação e interpretação dos elementos dos textos que não são passíveis de ser obtidos através de uma leitura espontânea. Esse procedimento permite ao investigador criar uma visão interpretativa da realidade do ponto de vista dos sujeitos através da compreensão e da construção de significados que os sujeitos exteriorizam nos seus discursos.

A descrição dos dados vai dando lugar à sua interpretação construindo inferências e “deduções lógicas e justificadas, referentes à origem das mensagens tomadas em consideração” (Flick, 2005, p. 42).

Amado (2013, p. 309), refere as seguintes fases da análise de conteúdo:

- Definição do problema e dos objetivos do trabalho;

- Explicitação de um quadro de referência teórico;

- Constituição do corpus documental;

- Leitura atenta e ativa;

- Formulação de hipóteses;

- Categorização.

Depois de gravadas, as entrevistas foram transcritas e sujeitas a uma análise de conteúdo.

Assim, numa primeira fase, e após a transcrição integral dos protocolos, foi feita uma leitura atenta e ativa no sentido de apreender as particularidades abordadas pelas entrevistadas. A primeira leitura do material tornará possível “fazer o esboço preliminar de um mapa concetual das áreas temáticas e do sistema de categorias” (Amado, 2013, p.318) esboçando e/ou listando os temas e subtemas emergentes que vão sendo acrescentados e/ou refinados à medida que as novas e subsequentes leituras se impuserem.

Feito este exercício, a informação foi organizada numa grelha, separada em três colunas: nas duas primeiras, as categorias e subcategorias de codificação (Bogan & Biklen, 1994) nas quais serão identificados os temas previstos no guião e, na terceira, os excertos do discurso do entrevistado que possam ser inseridos à frente desses mesmos temas. Posteriormente, puderam ser incluídos ainda outros temas/categorias de codificação que não estavam previstos no guião inicial e que se revelaram pertinentes para a investigação.

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