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SUMÁRIO

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Quanto ao enquadramento da pesquisa, esta investigação teórica-empírica caracteriza-se como de abordagem qualitativa, natureza descritiva e explanatória (COLLIS; HUSSEY, 2005) e emprega a estratégia de estudo multicaso (VENTURA, 2007).

3.1.1. Abordagem da Pesquisa

Segundo Richardson (1999), a abordagem da pesquisa científica demonstra a escolha dos procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos fenômenos. Desta forma, quanto à abordagem, este estudo pode ser enquadrado como qualitativo. A abordagem qualitativa é aquela em que o pesquisador discorre sobre o objeto de pesquisa com base em significados múltiplos das experiências individuais, significados esses socialmente construídos, com o objetivo de desenvolver uma teoria ou encontrar um padrão (CRESWELL, 2007).

O dado qualitativo é a representação simbólica atribuída a manifestações de um evento utilizando a estratégia de classificar um fenômeno aparentemente imponderável que, "fixando premissas de natureza ontológica e semântica, instrumentaliza o reconhecimento do evento, a análise de seu comportamento e suas relações com outros eventos" (PEREIRA, 2004, p. 21). De acordo com Richardson (1999), a abordagem qualitativa de um problema justifica-se por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social. Para tanto, o

pesquisador coleta dados emergentes e abertos com o objetivo principal de desenvolver temas a partir destes dados (CRESWELL, 2007).

As investigações que se utilizam da análise qualitativa, em sua maioria, têm como objeto situações complexas ou particulares (RICHARDSON, 1999). Para Pereira (2004), a pesquisa qualitativa se ocupa da investigação desses eventos através de referenciais teóricos menos restritivos e com maior oportunidade de análises subjetivas do pesquisador.

3.1.2. Natureza da Pesquisa

Segundo classificação de Collis e Hussey (2005), a investigação quando realizada através de um estudo de caso pode ser elaborada de forma descritiva, ilustrativa, experimental e explanatória. Neste estudo, as formas descritiva e explanatória são aplicadas, visto que um relato detalhado do fenômeno social é apresentado (GODOY, 2006) e um esforço empregado no sentido de compreender o evento (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Em estudos de natureza descritiva são investigadas as características de um fenômeno como tal. Neste sentido, são considerados como objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo (RICHARDSON, 1999). Para Bervian, Cervo e Da Silva (2007, p. 61), a pesquisa descritiva "observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los". O seu intuito é descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características. Deste modo, busca-se distinguir "as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas” (BERVIAN; CERVO; DA SILVA, 2007, p. 61).

Os estudos descritivos podem ser simples ou complexos e podem ser feitos em diversos ambientes. Assim sendo, um estudo descritivo pode exigir tantas habilidades de pesquisa quanto um estudo causal, necessitando os mesmos altos padrões de planejamento e execução. Os objetivos destes estudos são as descrições de fenômenos ou características associadas com a população-alvo, a estimativa das proporções de uma população que tenha essas características e a descoberta de associações entre as diferentes variáveis (COOPER; SCHINDLER, 2003).

3.1.3. Estratégia da Pesquisa

As estratégias de investigação fornecem uma direção específica para procedimentos em um projeto de pesquisa (CRESWELL, 2007). No caso deste trabalho, foi adotada a estratégia de estudo multicaso, i.e., a condução simultânea de mais de um estudo de caso. Em um estudo de caso a unidade é delimitada e contextualizada, havendo a preocupação de analisar o caso não somente como algo à parte, mas também o contexto em que ele está situado (VENTURA, 2007).

Um estudo de caso é definido por Yin (2010, p. 39) como uma investigação empírica de “um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”. Além disso, no estudo de caso o pesquisador não tem o poder de controlar os eventos e as variáveis da pesquisa, tendo que criativamente descrever, compreender e interpretar a complexidade do caso investigado (MARTINS, THEÓPHILO, 2009).

Ao definir um objeto de estudo, toda pesquisa científica precisa delimitar a abrangência do universo estudado. Os estudos agregados têm a intenção de examinar o universo de pesquisa por completo. Por outro lado, estudos de caso buscam compreender uma unidade ou parte deste todo (VENTURA, 2007). O caso escolhido pode ser um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade, desde que representativo para o seu universo (BERVIAN; CERVO; DA SILVA, 2007). Habitualmente, os estudos de caso têm foco em uma unidade, no entanto, é possível desenvolver estudos múltiplos quando vários casos são conduzidos simultaneamente (VENTURA, 2007).

A maior parte dos trabalhos científicos sobre arranjos institucionais são estudos de caso (KLEIN, 2008). A transação é o objeto de estudo do nível microanalítico da NEI e a sua análise envolve o exame da atividade econômica a partir dos arranjos institucionais existentes. Assim, as unidades de análise investigadas neste estudo não são as firmas em si, mas as transações que ocorrem entre elas (MURRELL, 2008). A dificuldade em mensurar objetivamente os atributos das transações – especificidade dos ativos, incerteza e frequência – faz com que a estratégia de estudo de caso seja preferida. Os primeiros estudos neste campo utilizaram entrevistas e questionários com auxílio da escala do tipo Likert, o que resultou em estudos baseados nas crenças dos entrevistados (KLEIN, 2008).

Collis e Hussey (2005) apontam como os principais estágios da condução de um estudo de caso: a seleção dos casos, as investigações

preliminares, a coleta de dados, a análise de dados e o relatório. As empresas selecionadas para a pesquisa foram a Companhia Paranaense de Energia - Copel, a Centrais Elétricas de Santa Catarina - Celesc, a Tractebel Energia e a Comerc Energia. A escolha destas organizações para o estudo é pertinente, pois cada empresa apresenta uma atuação singular no setor de energia. A Copel atua na geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. A Celesc está presente na geração, distribuição e comercialização. Por sua vez, a Tractebel Energia gera e comercializa energia. Por fim, a Comerc Energia atua somente na comercialização. Além disso, as organizações apresentam perfis distintos, pois enquanto a Copel e a Celesc permanecem empresas públicas, a Tractebel Energia surgiu a partir das privatizações da década de 1990 e a Comerc Energia é uma empresa de capital privado desde a sua concepção. Os procedimentos para a coleta de dados e o relatório da análise dos dados serão descritos na seção a seguir.

A Figura 7 demonstra de forma sintética o enquadramento metodológico da presente pesquisa.

Figura 7 - Enquadramento Metodológico do Estudo Fonte: desenvolvido pelo autor.

Teórica- empírica Qualitativa Descritiva e explanatória Estudo Multicaso