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3.10.1 Operações de instalação do ensaio

A seguir são detalhadas as operações iniciais realizadas na fase de instalação do ensaio com a cultura da soja.

Análise química do solo – Assim como para o ensaio I, antecedendo à instalação do

experimento foi realizada a caracterização química do solo de cada tratamento, para fins de adubação e calagem quando necessário. Os resultados médios dessas análises são apresentados na Tabela 6.

Adubação mineral e calagem – De posse dos resultados da análise química e de

acordo com a recomendação da adubação para a cultura da soja (RAIJ et al., 1997) foram calculadas as doses de P e K necessários para o pleno desenvolvimento da cultura. Os fertilizantes escolhidos para compor a adubação mineral foram Superfosfato Triplo (ST) e Cloreto de Potássio (KCl). Nos tratamentos T2, T3, T4, T5 e T6 das parcelas irrigadas com AP e EET, a recomendação foi de 8,7 mg dm-3 de P. Nos T1 (AP e EET) foram aplicados 10,9 mg dm-3 de P, enquanto que para os T0 (AP e EET) a dose foi de 17,5 mg dm-3 de P. A recomendação de N foi baseada no trabalho de Lobo et al. (2012a) que obtiveram uma melhor resposta no número de nódulos da raiz de soja com aplicação de 20 t ha-1 de lodo de esgoto. Assim, os cálculos foram baseados na quantidade de N presente no lodo compostado, resultando numa recomendação de 33 mg dm-3 de N (equivalente à 66 kg ha-1 de N) aplicados via uréia. Não houve necessidade de elevar a saturação de bases do solo dos tratamentos.

Tabela 6. Resultados médios da análise química do solo antecedendo à instalação do experimento com a cultura da soja.

Parcela Trat. pH M.O. Presina Al3+ H+Al K Ca Mg SB CTC V% S B Cu Fe Mn Zn

CaCl2 g dm-3 mg dm-3 --- mmolc dm-3 --- --- mg dm-3 --- EET T0 6,0 21 13 0 23 0,6 37 23 60 83 72 136 0,20 0,8 34 0,4 1,1 T1 5,2 21 34 0 39 0,5 30 16 47 86 55 231 0,32 1,2 57 1,1 9,5 T2 6,3 23 96 0 17 0,3 52 25 78 95 82 214 0,31 1,7 45 1,7 21,3 T3 6,0 22 94 0 23 0,1 49 19 68 91 75 37 0,36 2,3 50 1,6 27,5 T4 6,4 29 131 0 16 0,3 84 29 114 130 87 260 0,55 3,4 54 2,6 49,5 T5 6,2 26 129 0 19 0,2 77 28 106 125 85 262 0,50 3,6 58 2,4 45,5 T6 6,3 27 108 0 18 0,8 70 27 98 116 84 273 0,56 3,1 56 2,4 44,0 AP T0 6,3 21 8 0 13 0,2 34 24 59 72 82 5 0,14 0,4 27 0,6 2,4 T1 6,2 22 30 0 16 0,1 37 25 61 77 80 5 0,12 0,3 27 0,5 2,2 T2 5,7 26 65 0 25 0,1 42 19 61 86 71 84 0,27 2,0 49 1,1 23,0 T3 6,0 25 80 0 24 0,2 46 18 65 88 73 88 0,32 2,3 46 1,1 25,3 T4 6,1 31 174 0 22 0,2 68 24 92 113 81 245 0,39 3,3 55 2,1 38,8 T5 6,5 28 260 0 13 0,3 82 31 114 127 90 251 0,37 2,9 49 2,3 43,8 T6 6,0 29 193 0 22 0,3 73 20 93 116 81 35 0,45 5,2 77 2,2 59,5

*EET: efluente de esgoto tratado; AP: água potável; Trat.: tratamentos; M.O.: matéria orgânica; SB: saturação de bases; CTC: capacidade de troca de cátions; V%: percentagem de saturação por bases.

Adubação via lodo de esgoto – O cálculo das doses de lodo de esgoto a serem

empregadas em cada tratamento, foi baseado na quantidade de N presente do resíduo orgânico e na taxa de mineralização do N do lodo de esgoto. Considerando que para 100 kg de lodo na base seca tem-se 1,1 kg de N (Tabela 2); e que 30% desse N serão mineralizados no primeiro ano, as quantidades de lodo de esgoto destinadas para cada tratamento foram:

− T0 – tratamento sem lodo de esgoto (dose 0).

− T1 – tratamento sem lodo de esgoto (dose 0) – 66 kg ha-1 de N mineral via uréia;

− T2 – 125 g/vaso, dose equivalente à aproximadamente 10 t ha-1 (metade da dose de N recomendada, via lodo de esgoto – 33 kg ha-1 de N mineral + 33 kg de N via lodo);

− T3 – 250 g/vaso, dose equivalente à aproximadamente 20 t ha-1 (100% de N da dose recomendada, via lodo de esgoto – 66 kg ha-1 de N);

− T4 – 375 g/vaso, dose equivalente à aproximadamente 30 t ha-1 (150% de N da dose recomendada, via lodo de esgoto – 99 kg ha-1 de N);

− T5 – 500 g/vaso, dose equivalente à aproximadamente 40 t ha-1 (200% de N da dose recomendada, via lodo de esgoto – 132 kg ha-1 de N);

− T6 – 625 g/vaso, dose equivalente à aproximadamente 50 t ha-1 (250% de N da dose recomendada, via lodo de esgoto – 165 kg ha-1 de N).

Preparo dos vasos – Para cada vaso retirou-se o solo contido em toda a camada de 0-20

cm, o qual era colocado sobre lona plástica, incorporando-se os adubos minerais e o lodo de esgoto compostado, procurando dar a maior uniformidade possível. Para facilitar a aplicação do resíduo orgânico, as quantidades de lodo de esgoto referentes a cada tratamento foram separadas em sacos plásticos até o momento da incorporação. A umidade do solo dos vasos foi elevada até 70% da capacidade de campo e três dias depois o solo foi escarificado na profundidade de 5 cm com garfo de jardim para facilitar a semeadura.

Semeadura – Realizada em 26/11/2012 adotando-se oito sementes por vaso. A cultivar

utilizada foi a Monsoy 7211 RR, de porte alto, fertilidade alta e moderadamente resistente à oídio. As sementes foram inoculadas imediatamente antes da semeadura com Gelfix 5, inoculante para soja da Natural Urbana. Foi utilizado um riscador de madeira para marcar um sulco de aproximadamente 1,5 cm de profundidade, o qual seguiu a circunferência do

vaso onde as sementes foram dispostas de maneira equidistante (Figura 12, A). Após a emergência (Figura 12 B) procedeu-se o desbaste, restando três plantas por vaso.

Figura 12. Sulco feito no solo para semeadura da soja (A) e plântulas de soja seis dias após a semeadura, antecedendo o desbaste.

Durante o ciclo da cultura foram realizados tratos culturais como controle de praga e retirada de plantas daninhas.

3.10.2 Parâmetros avaliados

Observou-se diferentes variáveis relativas ao desenvolvimento e à produção da cultura, sendo que no decorrer da fase experimental foram realizadas análises por método destrutivo aos 40 e 60 DAE, restando, na maturidade fisiológica de colheita, somente uma planta por unidade experimental (vaso).

3.10.2.1 Componentes de desenvolvimento e produção

Altura de planta – mensurada aos 40, 60 e 97 DAE, utilizando uma régua de madeira

graduada. É a distância, em centímetros, compreendida entre a base e o ápice da haste principal, avaliada em uma planta por unidade experimental.

Número de nós vegetativos – referente-se à contagem de número de nós presentes na

haste principal, avaliado aos 40 e 60 DAE.

Diâmetro da haste principal – mensurado com paquímetro digital, em milímetros,

medindo-se a região compreendida entre o colo da planta e a cicatriz do nó cotiledonar, aos 40, 60 e 97 DAE.

Massa de matéria seca da parte aérea – por ocasião da colheita de uma planta por

unidade experimental, aos 40 e 60 DAE, foi determinada a massa de matéria seca, em g planta-1. As amostras (haste, folhas, pecíolo e vagens) foram levadas para secagem em

estufa a 65ºC com ventilação de ar forçado, até obter peso constante e aferiram-se suas massas.

Número de nódulos na raiz – na colheita separou-se a parte aérea das raízes, as quais

foram acondicionadas em recipiente contendo uma solução de 30% álcool e 70% água, a fim de conservar as mesmas até o momento da avaliação. Assim, as raízes eram retiradas dos recipientes e colocadas sob papel branco e com auxílio de uma pinça procedeu-se a contagem do número de nódulos de cada planta.

Massa de matéria seca da raiz – após a contagem do número de nódulos, as raízes

foram lavadas em água corrente. Todo o material, ou seja, parte radicular mais os nódulos que eventualmente desprendiam-se da raiz, foram levados à estufa com ventilação de ar forçado à 65ºC até peso constante, e em etapa seguinte, aferiram-se suas massas.

Número de vagens por planta – determinado através de contagem das vagens verdes e

secas de cada planta.

Número de grãos por vagem – as vagens foram debulhadas, sendo contados os grãos

em contador eletrônico e, pela relação entre número de grãos e de vagens, foi determinado o número de grãos por vagem.

Número de grãos por planta – definido pela contagem do número total de grãos por

planta, através de um contador eletrônico.

Massa de 100 grãos – avaliada utilizando-se oito repetições de 100 grãos, por

tratamento, cujas massas foram determinadas em balança de precisão (0,001g) seguindo os critérios estabelecidos nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), sendo o resultado final expresso em gramas.

Rendimento de grãos – determinado pela massa de grãos presente em cada planta,

corrigida para 13% de umidade, expresso em g planta-1, lembrando que cada unidade experimental continha apenas uma planta na fase final.

3.10.2.2 Análise química nas folhas

No final do florescimento, foi realizada a diagnose foliar, com coleta da primeira folha amadurecida a partir da ponta do ramo, excluindo-se o pecíolo. Como a coleta foi efetuada a partir de uma planta por vaso, obteve-se uma amostra composta por tratamento, onde a análise química dos elementos avaliados se deu em triplicada. As folhas foram lavadas com detergente e água deionizada, colocadas em sacos de papel identificados com os tratamentos, mantidas em estufa com ventilação forçada de

ar a 65ºC até peso constante, e moídas em moinho tipo Willey. Posteriormente encaminharam-se as amostras para o Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, da FCA/UNESP, Botucatu/SP, para que fossem determinados os teores de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn, segundo metodologia descrita por Malavolta et al. (1997).

3.10.2.3 Análise química nos grãos

Por ocasião da maturidade fisiológica de colheita, aos 97 DAE foi realizada a colheita da última planta que restava em cada unidade experimental, separando- se as vagens e em etapa seguinte os grãos, obtendo-se dessa maneira 10 amostras de grãos por tratamento. Destas, foram escolhidas três ao acaso, sendo o material mantido em estufa com ventilação forçada de ar a 65ºC até peso constante e moído em moinho tipo Willey. Posteriormente as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, FCA/UNESP – Botucatu/SP, para que fossem determinados os teores de macro e micronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn) de acordo com metodologia proposta por Malavolta et al. (1997). Para as mesmas amostras determinou-se os teores de metais pesados (As, Ba, Cd, Pb, Cr, Hg, Mo, Ni e Se) por ICP-OES (Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry) e/ou espectrofotometria de absorção atômica - modelo AA-6800 SHIMADZU pela técnica de forno de grafite ou via chama, espectrofotometria UV/VIS (Ultra violeta/Visível), dependendo do elemento.