Ensaio de consistência para argamassa 54

O ensaio de consistência foi um ensaio realizado apenas para as argamassas estudadas no presente trabalho. De forma a aferir uma trabalhabilidade semelhante a todas as argamassas realizadas, foram estipuladas condições às mesmas de acordo com a norma europeia EN 1015-3. Segundo esta norma e com o recurso a uma mesa de espalhamento (normalizada para este efeito), é possível analisar o espalhamento de cada argamassa individualmente ainda no estado fresco tendo por base a imposição de uma força mecânica exterior. Dada a simplicidade das misturas realizadas, este processo foi realizado para que os espalhamentos se encontrassem entre 160 mm e 180 mm respetivamente, sendo ajustada a quantidade de água usada para a mistura de forma a respeitar estes padrões. Pode-se dizer sendo isto que o valor desejável seria os 170 mm e que quando se verifica uma mistura mais seca e fora do contexto pretendido a solução passaria por o acréscimo de água de forma a se verificar as condições pretendidas.

Este aspeto é muito relevante e importante pois sabe-se que a trabalhabilidade nas argamassas é um fator muito determinante nas suas aplicações.

Figura 26 Mesa de espalhamento (normalizada) usada nos ensaios/ensaios de espalhamento realizados às argamassas

Para a execução deste ensaio teve-se em conta o seguinte procedimento:

1. Primeiramente antes de qualquer tipo de utilização efetua-se a limpeza do equipamento (mesa de espalhamento) através da passagem de um pano seco e livre de impurezas;

2. Após a correta limpeza do equipamento (Figura 26), torna-se necessário proceder ao oleamento do mesmo, com o auxílio de uma trincha pequena e garantindo também que o molde troncocónico que faz parte do ensaio se encontra devidamente oleado;

3. Estando o equipamento em condições de começar o ensaio, centra-se o molde troncocónico e segura-se firmemente nele começando-se desta forma a proceder ao seu preenchimento. Este deve ser feito através da colocação da argamassa no molde em duas camadas de espessuras semelhantes, sendo a primeira camada compactada com 10 apiloamentos e a final com outros 10 apiloamentos, realizados com o pilão existente no equipamento para esse efeito;

4. Estando o molde completamente preenchido procede-se ao alisamento da argamassa da superfície superior do molde retirando a argamassa em excesso existente;

5. Realizando todo o processo em cima demonstrado pode-se retirar o molde cuidadosamente e rodar a manivela do equipamento 15 vezes à velocidade de uma pancada por segundo fazendo-se no final deste espalhamento a medição do diâmetro da argamassa espalhada (Figura 26).

4 Análise e interpretação de resultados

Neste capítulo pretende-se fazer uma apresentação dos resultados obtidos dos ensaios realizados, proporcionando com essa recolha uma análise. Pretende-se com esta avaliação criticar os valores obtidos para as diversas misturas e relacionar os mesmos entre si de forma a ser possível uma interpretação ainda melho.

Uma grande parte dos resultados é obtida por análise direta dos resultados obtidos pelos diversos equipamentos de ensaio. Contudo, sabendo que estes equipamentos se encontram normalizados e que obedecendo a certos procedimentos (referidos no Capitulo 3 do presente trabalho) pode-se afirmar com uma certa confiança que os valores por eles emitidos por si só já podem ter algum enquadramento.

Para além disto, foi realizada também uma análise de custos envolvendo algumas composições que se mostraram com um melhor desempenho nos diversos ensaios efetuados, sendo este aspeto de elevado interesse para uma correta caraterização das composições desenvolvidas.

Num projeto desta natureza, as dificuldades surgidas no âmbito da sua realização podem ser consideradas como algo bastante importante a considerar de forma a melhor caraterizar o comportamento deste tipo de composições estudadas.

Começando pelas razões de A/L tornou-se claro e concreto que o excesso de água trouxe problemas às composições, assim como, em razões A/L mais baixas se verificou um comportamento bastante instável. Isto porque, de um modo geral, pretendia-se numa fase inicial de todo este projeto avaliar várias razões de A/L para pastas realizadas com este novo tipo de ligante. Contudo, foram realizadas experiências, primeiramente, e várias composições se mostraram logo na fase de amassadura insatisfatórias. Um exemplo disso e ao qual se procedeu a uma avaliação visual, é uma mistura realizada com uma razão de A/L=0,4 que logo na fase de amassadura apresentava um comportamento de desagregação de material, tornando-se impossível de desmoldar 24 horas após a sua realização.

Para além disto, foi verificado que para as razões de A/L mais baixas estudadas, com o ativador óxido de cálcio em percentagens superiores a 10%, o fenómeno de expansão criado

pela hidratação do óxido de cálcio levou à rotura de diversos provetes numa fase inicial de ganho de presa (Coelho et al, 2010).

Por outro lado, ainda se pode evidenciar que as misturas realizadas com hidróxido de cálcio na maior razão A/L estudada também mostraram um comportamento de ganho de presa insatisfatório e muito lento, traduzindo a impossibilidade de se desmoldar as mesmas sem danos após 24 horas da sua execução.

Para além do ocorrido anteriormente, ainda em algumas misturas ocorreram fenómenos de lixiviação quando submetidas a ensaios de absorção de água por imersão levando a rotura das mesmas. Em suma e justificando certos valores que durante a presente dissertação se mostraram ser nulos e não evidenciaram resultados possíveis de análise, seguidamente apresenta-se um resumo de todas as causas que estiveram nessas irregularidades (Quadro 16).

Quadro 16 Justificação das irregularidades

Denominação da mistura Rotura por expansão Rotura por fenómenos de lixiviação Rotura devido à impossibilidade de desmoldar (ganho de presa

muito lento)

Pasta_E100+C20-0,2 X

Pasta_E100+C30-0,2 X

Pasta_100 Esc+6.25 CaO_0.3 A/L X

Pasta_100 Esc+30 CaO_0.3 A/L X

Pasta_E100+CH6,25-0,3 X

Pasta_E100+CH30-0,3 X

Pasta_E70+CV30+CH20-0,3 X