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Ensaio de Filtração em Leitos de Bancada para a Condição de Concentração

No documento Henrique Azevedo Silveira (páginas 76-101)

5.1 ENSAIOS EM ESCALA DE BANCADA

5.1.3 Ensaios de Filtração em Escala de Bancada

5.1.3.1 Ensaio de Filtração em Leitos de Bancada para a Condição de Concentração

Os resultados do ensaio simulando a configuração de ciclo completo com filtração em areia encontram-se apresentados na Figura 22. Estão dispostos gráficos para cada parâmetro monitorado (turbidez, cor aparente, ferro e manganês), para as amostras de água decantada (após 2’20’’, 4’40’’ e 14’00’’) e para as amostras de água filtrada. Está indicada a eficiência média de remoção após a filtração, diante da concentração de entrada no filtro, e o desvio padrão correspondente; está indicado, também o Valor Máximo Permitido (VMP) para cada parâmetro, de acordo com a Tabela 21. As leituras de ferro e manganês foram realizadas após 14’00’’ de sedimentação, e na saída do filtro.

FIGURA 22: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM AREIA, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

a) Turbidez (NTU)

(*) VMP adotado para água pós-filtração, conforme Portaria MS 2914/2011

Turbidez Cor Aparente Ferro Total Manganês Total Unidade NTU uH mg.L-1 mg.L-1 0,5 15 0,3 0,1 Parâmetro VMP*

FIGURA 22: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM AREIA, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

b) Cor Aparente (uH)

FIGURA 22: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM AREIA, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

d) Manganês

Fonte: O Autor

Observa-se que houve remoção de ferro durante a sedimentação. A concentração afluente de ferro (1,6 mg.L-1), foi reduzida após 14’00’’ de sedimentação. Os valores de pH de coagulação, próximos a 7,0, conforme o par ótimo de coagulação adotado (pH de coagulação 7,0 x dosagem de coagulante 10 mg.L-1), resultaram em formação de ferro precipitado, o qual, unindo-se aos flocos formados na floculação, foi removido, em parte, na sedimentação. A diminuição da concentração de ferro após a sedimentação resultou em menor concentração do metal chegando aos filtros.

Em relação à concentração de manganês afluente (1,0 mg.L-1), também ocorreu redução após a sedimentação, porém, com menor eficiência do que com o ferro. A menor remoção de manganês está associada ao pH de coagulação (pH 7,0), o qual não favorece a formação de precipitados de manganês, pois, para tal, há necessidade de valores de pH maiores que 8,5 (MORUZZI & REALI, 2012). Após a filtração, houve remoção de manganês apenas na terceira repetição, de 12,50%.

Avaliando-se os valores remanescentes de turbidez após 14’00’’ de sedimentação, foi observado que a eficiência não atingiu os mesmos padrões esperados após a confecção dos diagramas de coagulação e seleção do par ótimo de coagulação (pH de coagulação 7,0 x dosagem de coagulante 10 mg.L-1), sendo possível na Figura 22 valores de turbidez remanescente iguais ou maiores que 5,0.

Tal comportamento é resultado de um pH de coagulação diferente do estipulado pelo par ótimo, sabendo-se que a dosagem de coagulante foi igual a 10 mg.L-1.

Para os valores de remoção após filtração em areia, foi observada remoção média elevada dos parâmetros de turbidez e cor (86,25% e 93,89%) com menor desvio padrão dos dados. Ferro e manganês apresentaram maiores desvios em relação a média, com remoção média consideravelmente maior para o ferro, e baixa remoção média de manganês.

Diante dos resultados, é possível afirmar que a areia apresentou boas condições de remoção de ferro, embora as concentrações de entrada no filtro tenham sido menores, em decorrência da remoção durante a sedimentação. Quanto ao manganês, a areia não foi suficientemente eficiente, sendo a remoção média próxima a zero e, tornando a aplicação da areia inviável para retirada deste metal de água para abastecimento.

Quanto aos Valores Máximos Permitidos (VMP) após a filtração, apenas a concentração remanescente de manganês ficou acima do limite estabelecido.

Os resultados do ensaio simulando a configuração de ciclo completo com filtração em carvão antracito, com os pontos indicando os valores remanescentes após sedimentação e após filtração, e destacada a eficiência média de remoção e desvio padrão correspondente para os parâmetros monitorados, encontram-se apresentados nos gráficos da Figura 23.

FIGURA 23: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM CARVÃO ANTRACITO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

FIGURA 23: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM CARVÃO ANTRACITO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

(continuação)

b) Cor Aparente

FIGURA 23: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM CARVÃO ANTRACITO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

(continuação)

d) Manganês

Fonte: O Autor

Como também visto nos ensaios de filtração em areia, as amostras de sedimentação apresentaram remoção parcial de ferro (81,25% nas duas primeiras repetições e 62,5% na terceira repetição). As amostras utilizadas foram as mesmas dos ensaios com areia; portanto, aqui cabem as mesmas observações já feitas a respeito das remoções de turbidez, ferro e manganês após a sedimentação. Quanto a filtração e concentração remanescente de ferro, houve bons valores de eficiência de remoção, atingindo 100% na segunda repetição.

Quanto ao comportamento da concentração de manganês após filtração, foi verificado um fenômeno específico. Ao invés de ocorrer remoção, houve aumento da concentração do metal, de no mínimo duas vezes a concentração de entrada no filtro, passando de 0,80 mg.L-1 para 2,00 mg.L-1, 2,20 mg.L-1 e 1,90 mg.L-1 para a primeira, segunda e terceira repetições, respectivamente. Tal comportamento apontou para possível ocorrência de solubilização de manganês contido nas partículas de leito filtrante, resultando em aumento da concentração de metal na água filtrada. Entende- se, em primeiro instante, que o aumento da concentração, vinculado à liberação de finos do carvão antracito, esteja vinculado à dureza reduzida do material, uma vez que suas partículas são quebradas facilmente quando sujeitas a ações abrasivas.

Características essas, referentes ao fácil desgaste e baixa resistência dos grãos de carvão antracito, já haviam sido observadas por Di Bernardo e Paz (2008), quando da avaliação de alguns carvões antracitosos utilizados em algumas ETA’s brasileiras. Esse efeito também foi observado durante a lavagem do material e aplicação nos filtros de bancada. Como consequência do aumento da concentração de manganês na água filtrada, a eficiência média de remoção foi negativa (-154%). Consequentemente, a concentração remanescente de manganês ficou consideravelmente acima do limite estabelecido pelos Valores Máximos Permitidos (VMP).

Quanto à turbidez e cor, houve elevada remoção média dos valores, atingindo a totalidade de remoção de cor em duas repetições. Os desvios em relação à média foram menores do que os observados para a areia, apresentando melhor constância na remoção destes parâmetros.

Quanto a retirada de ferro, a remoção média elevada (81,11%) apresentou desvio padrão também elevado (20,09), aproximadamente duas vezes e meia o desvio apresentado para a areia na remoção de ferro, indicando que o carvão antracito utilizado é inconstante na retirada do metal.

Com exceção do manganês, os outros parâmetros monitorados apresentaram valores abaixo dos Valores Máximos Permitidos (VMP).

A partir dos resultados obtidos, afirma-se que o carvão antracito mostrou-se um leito filtrante eficiente na remoção dos parâmetros de turbidez e cor, com maior regularidade nas repetições. Quanto a remoção de ferro, entretanto, já não se observou o mesmo comportamento, considerando que o desvio padrão elevado permite afirmar que o leito é irregular na retirada do metal, embora a remoção média tenha sido elevada. Ressalta-se que a concentração afluente de ferro no filtro foi pequena, devido a remoção parcial do metal durante a sedimentação. Os resultados de remoção de manganês, com valores de remoção negativa (aumento da concentração) permitiram afirmar que o leito de carvão antracito utilizado não é adequado para aplicação na retirada deste metal.

Em nenhum dos ensaios envolvendo filtração em areia e carvão ocorreu etapa de pré oxidação, ou seja, não foi realizada adição de agente oxidante. A provável ação oxidante ocorrida foi devido a entrada de ar no momento da mistura rápida de dez segundos, a qual resultou em remoção de ferro, em maior escala, e manganês, em

menor fração, após a sedimentação. O pH aproximadamente neutro de coagulação favoreceu a precipitação do ferro, mas não a de manganês.

Devido ao pH favorável à precipitação do ferro, na concentração de ferro afluente ao filtro há uma parcela de ferro em estado solúvel (Fe2+), e uma parcela em estado insolúvel não sedimentado (Fe3+), cuja remoção ocorreu no leito filtrante. Quando ao manganês, que precipita em valores mais elevados, tal comportamento não foi observado.

Os resultados simulando a configuração de ciclo completo com filtração em zeólita WATERCELL ZF-0410® sem etapa de pré oxidação, para os parâmetros monitorados, estão apresentados nos gráficos da Figura 24, com indicação das eficiências médias de remoção e valores de desvio padrão.

FIGURA 24: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM ZEÓLITA WATERCELL ZF-0410®,

SEM ADIÇÃO PRÉVIA DE CLORO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE

FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

FIGURA 24: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM ZEÓLITA WATERCELL ZF-0410®,

SEM ADIÇÃO PRÉVIA DE CLORO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE

FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

b) Cor Aparente

FIGURA 24: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM ZEÓLITA WATERCELL ZF-0410®,

SEM ADIÇÃO PRÉVIA DE CLORO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE

FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

d) Manganês

Fonte: O Autor

O ensaio de filtração adsortiva em zeólitas como meio filtrante, sem aplicação prévia de cloro na água decantada apresentou bons resultados, com eficiência de remoção média de 100% de cor aparente e ferro, o que não foi observado, em média, na filtração envolvendo areia e carvão. A eficiência média de remoção de turbidez (95,15%) foi maior do que as eficiências médias obtidas na areia e no carvão antracito. O manganês, que não registrou remoção na areia e no carvão antracito, foi removido na filtração com zeólita, com eficiência maior que 85% em todas as repetições.

Diante das eficiências e médias obtidas, nota-se que, para todos os parâmetros físico-químicos avaliados, os desvios da média foram consideravelmente menores do que os observados na areia e no carvão antracito. Os desvios padrões encontrados (1,61; 0; 0 e 0,80 para turbidez, cor aparente, ferro e manganês; respectivamente) permitem afirmar que o leito filtrante é regular na remoção dos parâmetros avaliados, para as mesmas amostras utilizadas nos ensaios com os outros leitos filtrantes. Todos os parâmetros apresentaram valores remanescentes abaixo dos Valores Máximos Permitidos (VMP).

O pH aproximadamente neutro, favorável à precipitação de ferro, resulta em espécies iônicas de ferro solúvel (Fe+2) e insolúvel (Fe3+), com remoção tanto na sedimentação, quanto na filtração, para os todos os leitos filtrantes testados; o mesmo não foi observado na remoção de manganês, para o qual não houve pH favorável à precipitação. Sendo assim, é possível afirmar que a remoção do manganês pela zeólita WATERCELL ZF-0410® ocorreu com o metal solubilizado.

A remoção de manganês solubilizado indica que o acréscimo de cloro na água decantada (pré oxidação), como o fornecedor recomenda, não foi necessário, podendo ser dispensado nas condições de concentrações adotadas. A remoção do composto solubilizado aponta para uma remoção através de adsorção pela zeólita, em moldes de troca iônica.

Conforme observado por autores como Moruzzi e Reali (2012); Moruzzi, Patrizzi e Reali (2001); Dantas et al. (2011); Salem, El-Awady e Amin (2012) e Tarasevich et al. (2012), a adição de um agente oxidante na água contendo ferro e manganês acarretará a precipitação dos mesmos, resultando numa filtração através dos mecanismos de transporte e aderência, descritos por Di Bernardo e Paz (2008). O uso da zeólita WATERCELL ZF-0410® não traria, sob essa perspectiva, vantagem perante outros meios filtrantes consagrados e de menor custo, se cumprida a indicação do fabricante de adicionar cloro na água decantada.

No entanto, a corroboração, diante dos resultados, de que o leito filtrante remove consideravelmente o manganês solúvel sem adição prévia de um oxidante, qualifica a zeólita WATERCELL ZF-0410® como um material que pode ser utilizado a filtração sem adição de agente oxidante, para pequenas concentrações.

A análise dos dados obtidos, entretanto, não garante que a remoção dos metais, em especial do manganês solúvel, tenha ocorrido exclusivamente por meio da filtração adsortiva, sendo necessário, para tal, uma análise química do material após a filtração para verificação de sua morfologia e a presença dos íons metálicos removidos.

Realizado o ensaio de filtração adsortiva com a zeólita sem a adição de cloro, procedeu-se o ensaio com a adição do oxidante, para verificação do aumento, ou não, da remoção dos metais de interessa da pesquisa, uma vez que a adição do cloro deveria provocar a precipitação dos compostos de ferro e manganês.

Os resultados simulando a configuração de ciclo completo com filtração em zeólita WATERCELL ZF-0410® com etapa de pré oxidação, para os parâmetros

monitorados, estão apresentados nos gráficos da Figura 25, com indicação das eficiências médias de remoção e valores de desvio padrão.

FIGURA 25: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM ZEÓLITA WATERCELL ZF-0410®,

COM ADIÇÃO PRÉVIA DE CLORO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE

FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

a) Turbidez

FIGURA 25: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM ZEÓLITA WATERCELL ZF-0410®,

COM ADIÇÃO PRÉVIA DE CLORO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Cbaixa (1,6 mg.L-1 DE

FERRO E 1,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

c) Ferro

d) Manganês

Fonte: O Autor

No que se refere à remoção de ferro, neste caso, a concentração afluente ao filtro foi, em média, menor do que no outro ensaio com zeólitas, e houve remoção total em todas as repetições. A baixa concentração inicial, em virtude da remoção ocorrida durante a sedimentação, dificultou a avaliação da remoção. Em relação à remoção de

manganês, a mesma foi sensivelmente menor do que a remoção ocorrida no ensaio anterior com zeólitas.

A eficiência média de remoção de turbidez no ensaio de filtração adsortiva com zeólitas com adição prévia de cloro foi menor do que nas zeólitas sem adição de cloro; o desvio padrão foi maior do que o observado no outro ensaio. A mesma comparação pode ser observada na remoção de cor aparente, que não foi 100% removida nesse ensaio.

No caso da remoção de ferro, foram atingidas eficiências de remoção semelhantes ao outro ensaio com zeólitas; e a remoção média de manganês foi menor, com desvio padrão inexistente. Entretanto, as concentrações remanescentes de manganês ficaram acima do limite estabelecido pelos Valores Máximos Permitidos (VMP); os outros parâmetros ficaram em conformidade com os limites.

A comparação entre os ensaios na zeólita WATERCELL ZF-0410®, com e sem adição de cloro em forma de pré oxidação, permitiu observar que a ação do cloro não apresentou influências significativas na remoção dos parâmetros, em especial do manganês, que inclusive apresentou valores menores, para todas as repetições e para a média. Dessa forma, na análise para as concentrações avaliadas, nas condições testadas, é possível afirmar que a zeólita WATERCELL ZF-0410® não necessitou da adição de um agente oxidante para melhor eficiência na ação do material, conforme indicação do fabricante.

Análises posteriores de cloro residual livre foram realizados em algumas amostras de água filtrada e em todos os casos foi constatada ausência de cloro residual livre. O fornecedor da zeólita recomenda que na água filtrada deve permanecer uma concentração de cloro residual livre de 1 a 2 mg.L-1. A ausência de cloro residual livre significa que todo o cloro aplicado foi consumido na reação.

A partir dos resultados referentes aos quatro ensaios de filtração nos diferentes leitos filtrantes empregados, e perante as médias e desvios padrões determinados, é possível afirmar que, na condição de concentração Cbaixa (1,6 mg.L-1 de ferro e 1,0 mg.L-1), com o emprego da zeólita WATERCELL ZF-0410®, utilizada sem adição prévia de agente oxidante, obtiveram-se os melhores resultados de remoção, para todos os parâmetros físico-químicos avaliados, em termos de remoção média e menores desvios em relação à média, indicando maior regularidade na remoção de impurezas, avaliadas com base nos parâmetros físico-químicos.

5.1.3.2 Ensaio de Filtração em Leitos de Bancada para a Condição de Concentração Calta (3,2 mg.L-1 de Ferro e 2,0 mg.L-1 de Manganês)

A bateria de ensaios relativa à condição Calta foi realizada levando-se em consideração a observação feita nos ensaios com configuração de ciclo completo na condição Cbaixa (1,6 mg.L-1 de Ferro e 1,0 mg.L-1 de manganês), ou seja, a remoção parcial dos metais durante a sedimentação. A fim de impor uma maior concentração de metais na entrada dos filtros de bancada e o subsequente comportamento dos leitos filtrantes perante este aumento, os procedimentos foram repetidos, para as mesmas condições de concentração de coagulante PAC.

Os resultados gráficos do ensaio simulando a configuração de ciclo completo com filtração em areia, na condição Cbaixa, encontram-se apresentados na Figura 26. Foram monitorados os parâmetros de turbidez para as amostras de água decantada (após 2’20’’, 4’40’’ e 14’00’’) e para as amostras de água filtrada, e de ferro e manganês para as amostras após 14’00’’, e após a filtração. O parâmetro de cor aparente não pode ser realizado. A eficiência média de remoção após a filtração, para a concentração de entrada no filtro, e o desvio padrão correspondente também estão indicados, tal como o Valor Máximo Permitido (VMP) para cada parâmetro (Tabela 21).

FIGURA 26: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM AREIA, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Calta (3,2 mg.L-1 DE FERRO E 2,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

FIGURA 26: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM AREIA, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Calta (3,2 mg.L-1 DE FERRO E 2,0 mg.L-1 DE MANGANÊS) (continuação)

b) Ferro

c) Manganês

Fonte: O Autor

Face os resultados obtidos (Figura 26), pode-se afirmar que a remoção de turbidez após o terceiro tempo de sedimentação não foi satisfatória, resultando em valores considerados altos para entrada nos filtros de areia. Tal disparidade explica- se pelos valores de pH de coagulação registrados, para os quais não foi atingido o

valor pretendido no par ótimo, após análise dos diagramas de coagulação (pH 7,0). O pH da amostra bruta utilizada nos ensaios da condição Calta, de 6,9, não foi modificado, visto que a ação do coagulante PAC diminui o pH da amostra, como visto nos diagramas de coagulação. Como consequência da entrada de água decantada com valor considerável de turbidez no filtro, os valores de turbidez da água filtrada, como já se pode notar no gráfico da Figura 26, ficaram maiores do que aquele indicado pela Portaria MS 2914/2011, cujo VMP é 0,5 uT.

A eficiência média de remoção de turbidez, de 84,95%, não foi suficiente para atingir um valor remanescente adequado. O desvio em relação a média, no entanto, não foi elevado, indicando regularidade na remoção dos flocos menores pelo filtro, embora sobrecarregado pela carga afluente.

Cerca de metade da concentração de entrada (3,2 mg.L-1), foi removida até a etapa de sedimentação. No entanto, as concentrações remanescentes do metal na água decantada após 14’00’’, afluentes ao filtro, permitiram melhor avaliação, visto que são significativamente maiores do que aquelas resultantes na condição Cbaixa. O filtro removeu, em média, pouco mais da metade da concentração de ferro afluente ao filtro (56,55%), valor próximo do observado na condição Cbaixa, que foi de 65%. O desvio padrão foi sensivelmente menor na condição Calta, permitindo afirmar que o metal foi removido com melhor regularidade.

Quanto ao manganês, uma parcela também foi retida na sedimentação, comportamento também observado na condição Cbaixa. Uma pequena fração, no entanto, foi retida pelo filtro de areia (9,06%), contrastando com o observado na condição Cbaixa, onde não houve remoção. A remoção obtida desta vez, no entanto, foi insatisfatória na pretensão de atingir o valor máximo permitido (VMP), de 0,1 mg.L-1.

Os resultados gráficos do ensaio simulando a configuração de ciclo completo com filtração em carvão antracito, na condição Calta, encontram-se apresentados na Figura 27, assim como a eficiência média de remoção após a filtração, para a concentração de entrada no filtro, e o desvio padrão correspondente também estão indicados, tal como o Valor Máximo Permitido (VMP) para cada parâmetro (Tabela 21). A leitura de cor aparente, neste caso, pode ser realizada em apenas duas repetições.

FIGURA 27: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO, COM FILTRAÇÃO EM CARVÃO ANTRACITO, NA CONDIÇÃO DE CONCENTRAÇÃO Calta (3,2 mg.L-1 DE FERRO E 2,0 mg.L-1 DE MANGANÊS)

a) Turbidez

FIGURA 27: GRÁFICOS DE VARIAÇÃO DOS VALORES DOS PARÂMETROS MONITORADOS NO

No documento Henrique Azevedo Silveira (páginas 76-101)

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