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O equipamento de wheel tracking utilizado foi o Wessex 867 Wheel Tracking Machine, que é um equipamento considerado, de acordo com a pré-norma prEN 12697-22, de pequena dimensão, Small size device model A (CEN, 2002). Nestes equipamentos o provete é condicionado e ensaiado à temperatura desejada através do aquecimento do ar na câmara de ensaio.

4.5.1 Realização dos Provetes em Laboratório

Os provetes ensaiados foram lajes com 305x305x80 mm. A prEN 12697-22 indica estas dimensões para os provetes, variando a espessura com a máxima dimensão do agregado. Para misturas com a máxima dimensão de agregado entre 22 mm e 32 mm a espessura de laje indicada é de 80 mm. Esta é também a altura máxima das lajes recomendada para o equipamento utilizado.

Cada laje pesa aproximadamente 18 kg o que poderá apresentar dificuldades de fabrico em laboratórios que não possuam equipamento de mistura de dimensão adequada.

Os provetes realizados em laboratório foram compactados em molde de madeira com as dimensões finais. A temperatura de compactação foi de 135ºC. A compactação foi realizada com a ajuda de um pequeno cilindro de rolos utilizando vibração (Figura 4.4). A quantidade de mistura colocada no molde foi determinada de forma que o volume de vazios das lajes após compactação fosse próximo dos 4 %. Após a colocação da mistura no molde compactou- se até se obter uma superfície nivelada.

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Figura 4.4 - Compactação dos provetes laje em laboratório para o ensaio de wheel tracking

Na Figura 4.5 apresenta-se o aspecto de um provete laje realizado em laboratório para o ensaio de wheel tracking.

Figura 4.5 - Provete fabricado em laboratório em forma de laje com 305*305*80 mm para o ensaio de wheel tracking

Constatou-se que as principais dificuldades envolvem a quantidade de mistura a realizar e a necessidade de a compactação destes provetes exigir um cilindro de pequenas dimensões. Este último facto tem no entanto a vantagem de aproximar a forma como se realiza a compactação de provetes em laboratório com a realizada em obra.

As características dos provetes produzidos em laboratório e submetidos ao ensaio de wheel tracking apresentam-se no Quadro 4.9.

Quadro 4.9 - Características dos provetes realizados em laboratório para o ensaio de wheel tracking

Laje Origem Pb [%] Baridade [g/cm3] Vv [%] Dimensões [mm]

L5 Laboratório 3,7 2,398 4,8 307*308*82 L6 Laboratório 3,7 2,387 5,2 308*306*82 L2 Laboratório 4,2 2,355 5,5 306*305*84 L7 Laboratório 4,2 2,383 4,3 307*303*82 L3 Laboratório 4,7 2,374 4,4 308*308*83 L4 Laboratório 4,7 2,393 3,6 305*307*82

4.5.2 Realização dos Provetes em Obra

Os provetes foram cortados in situ em lajes de 350x350mm tendo sido depois cortados com uma serra circular de forma a apresentarem as dimensões exigidas para prEN 12697-22 de 305x305mm.

Os provetes cortados do pavimento tinham a altura da camada colocada em obra, desta forma, também foram cortados na altura de forma a terem aproximadamente 80 mm de altura. A face cortada foi a face inferior uma vez que se apresentava bastante irregular. O corte não permitiu obter uma face regular, os provetes foram então rectificados de forma a ficarem com as faces lisas e paralelas. Esta operação permitiu melhores condições para a realização do ensaio, pois as irregularidades existentes nas faces dos provetes podem provocar um movimento saltitante da roda durante o ensaio. Na Figura 4.6 apresenta-se uma imagem da rectificação dos provetes de obra.

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No Quadro 4.10 apresentam-se as características dos provetes recolhidos em obra para o ensaio de wheel tracking.

Quadro 4.10 - Características dos provetes de wheel tracking de obra Laje Origem Pb [%] Baridade

[g/cm3] Vv [%] Dimensões [mm] LA1-2 Obra 3,7 2,348 6,2 299*299*73 LA1-5 Obra 3,7 2,339 6,6 299*299*78 LA1-6 Obra 3,7 2,346 6,3 299*299*79 LA2-1 Obra 4,2 2,364 5,3 299*299*76 LA2-2 Obra 4,2 2,398 4,0 299*298*72 LA2-4 Obra 4,2 2,402 3,8 299*298*80 LA3-3 Obra 4,7 2,390 4,1 300*299*78 LA3-5 Obra 4,7 2,396 3,9 299*299*77 LA3-6 Obra 4,7 2,399 3,8 299*299*76 4.5.3 Procedimentos de Ensaio

O procedimento de ensaio seguido foi o descrito na prEN 12697-22 (CEN, 2002), que define de forma clara algumas das condições de ensaio, nomeadamente dimensões dos provetes e forma de carregamento. Existem outras condições, como por exemplo, a temperatura, que a norma deixa em aberto.

É comum estes ensaios serem realizados com temperaturas que variam entre 40ºC a 60ºC. Em Portugal as temperaturas nos pavimentos podem atingir valores elevados, e algumas normas referem como temperatura de ensaio os 60ºC (DGC, 1984 e BSI,1998).

No entanto, esta temperatura pode não ser representativa excepto nas zonas mais quentes de Portugal (Freire, 2002 e Capitão, 2003). Assim, optou-se por uma temperatura de 45ºC, a escolha desta temperatura para a realização dos ensaio fundamentou-se nos seguintes aspectos:

ƒ É uma temperatura representativa da gama de temperaturas para a zona média (Freire, 2002);

ƒ Permite também que a mistura apresente um comportamento mais rígido do que utilizando temperaturas superiores, o que favorece a avaliação da sensibilidade dos ensaios; ƒ A utilização de temperaturas mais elevadas não se justifica pois esta mistura é utilizada em camadas de regularização e base betuminosa pelo que não estão sujeitas a temperaturas extremas como as camadas de desgaste;

ƒ Considerou-se importante que a temperatura utilizada se situasse abaixo da temperatura de amolecimento anel-bola dos betumes utilizados, isto permite que o betume apresente uma

parcela de resistência à deformação permanente. Esta parcela de resistência da mistura devido ao betume reduz-se com a utilização de temperaturas em que este apresente viscosidades baixas. Este aspecto requer maior acuidade sempre que se utilizam betumes de viscosidades diferentes. A temperatura escolhida permite incluir as diferentes parcelas de resistência das misturas betuminosas na caracterização a efectuar pelos diferentes ensaios.

A temperatura de ensaio de 45ºC foi utilizada em todos os ensaio, não só com base nas razões apresentadas, mas de forma a permitir uma melhor comparação entre os resultados dos diversos ensaios.

As lajes foram acondicionadas a 45ºC, em ar, dentro da câmara do Wheel-Tracker durante 7 horas. A pré-norma especifica um tempo mínimo de 6 horas e um máximo de 24 horas. Após o acondicionamento foram ensaiadas com a temperatura de ensaio mantida constante.

Os ensaios têm a duração de 45 minutos, com uma frequência de 21 ciclos por minuto (cada ciclo corresponde a duas passagens da roda (CEN, 2002)). A pré-norma não especifica a tensão de contacto da roda, indicando que esta deve aplicar uma carga de 700 N ao provete. Uma avaliação rápida realizada em laboratório permitiu estimar a tensão de contacto da roda em aproximadamente 700 kPa.

Foram ensaiados 6 provetes em laboratório e recolhidos 9 provetes em obra. A face de ensaio foi a contrária à da compactação para todos os provetes.

A velocidade da roda é menor nos limites exteriores do provete, junto às faces, e anula-se quando a roda muda de sentido. Desta forma podem verificar-se deformações verticais superiores nestas zonas do provete. A própria configuração das placas de apoio do provete pode potenciar este efeito, pois têm um rasgo na direcção de andamento da roda o que provoca falta de apoio na face lateral do provete na zona onde esta muda de sentido. No entanto, devido à rigidez da mistura e à temperatura de ensaio este efeito não se verificou. Apresenta-se na Figura 4.7 uma laje após ter sido ensaiada, pode observar-se que a deformação na zona de passagem do pneu é uniforme.

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Figura 4.7 - Provete laje após realização do ensaio de wheel tracking