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Ensino espírita

No documento COMO EU ENTENDO OBRAS PÓSTUMAS (páginas 189-194)

Um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver os princípios da ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a van- tagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso como de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas consequências.

CAPÍTULO 87 Publicidade

Dar-se-ia maior desenvolvimento à Revista, quer aumentando-se-lhe o número de páginas, quer tomando-se-lhe mais frequente a publicação. Agregar-se-lhe-ia um reda- tor remunerado.

Uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral.

CAPÍTULO 88 Viagens

Dois ou três meses do ano seriam consagrados a viagens, em visita aos diferen- tes centros e a lhes imprimir correta direção.

Se os recursos o permitissem, instituir-se-ia uma caixa para custear as despesas de viagem de certo número de missionários, esclarecidos e talentosos, que seriam en- carregados de espalhar a Doutrina.

Uma organização completa e a assistência de auxiliares remunerados, com os quais eu pudesse contar, libertando-me de uma imensidade de ocupações e preocupa- ções, me dariam o lazer necessário para ativar os trabalhos que ainda me restam por fazer e aos quais o atual estado das coisas não permite que eu me consagre tão assi- duamente como fora preciso, por me faltar materialmente o tempo e por não serem su- ficientes para tanto as minhas forças físicas.

Se porventura me estivesse reservado realizar este projeto, em cuja execução eu teria de me haver com a mesma prudência de que usei no passado, indubitavelmente alguns anos bastariam para fazer que a Doutrina avançasse de alguns séculos.

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A Constituição do Espiritismo, Allan Kardec a inseriu na Revista Espírita de de- zembro de 1868, mas sem os comentários que lhe acrescentou antes de desencarnar e que reproduzimos textualmente. A morte corpórea o deteve, quando se preparava para formular os princípios fundamentais da Doutrina Espírita reconhecidos como verdades definitivas, o que os nossos leitores certamente lamentarão, como nós, porquanto es- ses princípios teriam completado aquela constituição por meio de apreciações lógicas e judiciosas. É o último manuscrito do Mestre e nós o lemos com profundo respeito.

CAPÍTULO 89

Constituição do Espiritismo - Exposição de motivos – 1º Considerações preliminares

O Espiritismo teve, como todas as coisas, o seu período de gestação e, enquanto todas as questões, principais e acessórias, que dele derivam não se acharem resolvi- das, somente pode dar resultados incompletos. Entreviu-se-lhe a finalidade, pressenti- ram-se-lhe as consequências, mas apenas de modo vago. Da incerteza sobre pontos ainda não determinados haviam forçosamente de nascer divergências sobre a maneira de os considerar; a unificação tinha que ser obra do tempo e se efetuou gradualmente à medida que os princípios se foram elucidando. Unicamente quando tiver desen- volvido todas as partes em que se desdobra é que a Doutrina formará um todo harmô- nico e só então se poderá julgar do que é o Espiritismo.

Enquanto ele não passava de uma opinião filosófica, não podia contar, da parte de seus adeptos, senão com a simpatia natural que a comunhão de ideias produz; ne- nhum laço sério podia existir entre eles, por falta de um programa claramente traçado. Esta, evidentemente, a causa fundamental da débil coesão e da instabilidade dos gru- pos e sociedades que logo se formaram. Por isso mesmo, constantemente procura- mos, e com todas as nossas forças, afastar os Espíritas do propósito de fundarem prematuramente qualquer instituição especial com base na Doutrina, antes que esta assentasse em alicerces sólidos. Fora exporem-se a fracassos inevitáveis, cujo efeito teria sido desastroso, pela impressão que produziriam no público e pelo desânimo em que lançariam os adeptos. Semelhantes fracassos talvez retardassem de um século o progresso definitivo da Doutrina, a cuja impotência se imputaria um insucesso devido, na realidade, à imprevidência. Por não saberem esperar, a fim de chegarem no mo- mento exato, os muito apressados e os impacientes, em todos os tempos, hão com- prometido as melhores causas. (1)

(1) Veja-se, para maiores desenvolvimentos sobre a questão das instruções espíritas, a Revista Espírita de julho de 1866, pág. 193.

Não se deve pedir às coisas senão o que elas podem dar, à medida que se vão pondo em estado de produzir. Não se pode exigir de uma criança o que se pode espe- rar de um adulto, nem de uma árvore que acaba de ser plantada o que ela dará quando estiver em toda a sua pujança. O Espiritismo, em via de elaboração, somente resulta- dos individuais podia dar; os resultados coletivos e gerais serão fruto do Espiritismo completo, que sucessivamente se desenvolverá.

Se bem não haja ele dito ainda sua última palavra sobre todos os pontos, aproxi- ma-se do seu complemento e soou a hora de se lhe oferecer uma base forte e durável, suscetível, contudo, de receber todos os desenvolvimentos que as circunstâncias ulte- riores comportem e que ofereça toda a segurança aos que inquiram quem lhe tomará as rédeas, depois daquele que lhe dirigiu os primeiros passos.

A Doutrina é, sem dúvida, imperecível, porque repousa nas leis da Natureza e porque, melhor do que qualquer outra, corresponde às legítimas aspirações dos huma- nos. Entretanto, a sua difusão e a sua instalação definitiva podem ser adiantadas ou re- tardadas por circunstâncias várias, algumas das quais subordinadas à marcha geral das coisas, outras inerentes à própria doutrina, à sua constituição e à sua organização.

Conquanto a questão de substância seja preponderante em tudo e acabe sempre por prevalecer, a questão de forma tem aqui importância capital; poderia mesmo so- brepujar momentaneamente e suscitar embaraços e atrasos, conforme a maneira por que fosse resolvida.

Houvéramos, pois, feito coisa incompleta e deixado grandes dificuldades para o futuro, se não prevíssemos as que podem surgir. Com o intuito de evitá-las foi que ela- boramos um plano de organização, pondo em jogo a experiência do passado, a fim de evitar os escolhos contra que se chocaram a maioria das doutrinas que apareceram no mundo.

O plano aqui exposto concebemo-lo há longo tempo, porque sempre nos preocu- pamos com o futuro do Espiritismo. Fazemo-lo pressentir, em diversas ocasiões, va- gamente, é certo, mas o bastante para mostrar que não é esta, hoje, uma concepção nova e que, trabalhando na parte teórica da obra, não nos descuidávamos do lado prá- tico.

CAPÍTULO 90

No documento COMO EU ENTENDO OBRAS PÓSTUMAS (páginas 189-194)