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CAPÍTULO 1: AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE

2.1 O Ensino Médio Inovador (PROEMI)

Em 2009 surge o chamado Programa Ensino Médio Inovador –

PROEMI (Parecer 11/2009). O objetivo principal é induzir a reestruturação os

currículos do Ensino Médio. Segundo o Portal do MEC:

o objetivo do ProEMI é apoiar e fortalecer o

desenvolvimento de propostas curriculares

inovadoras nas escolas de ensino médio, ampliando o

tempo dos estudantes na escola e buscando garantir

a formação integral com a inserção de atividades que

tornem o currículo mais dinâmico, atendendo também

as expectativas dos estudantes do Ensino Médio e às

demandas da sociedade contemporânea (BRASIL,

2009, p. 1).

A possibilidade de alteração do currículo é uma tentativa de tornar o

Ensino Médio mais atraente aos jovens e desta forma, tentar aumentar os

índices de retenção. Além de aumentar a carga horária de 2400h para 3000h, o

programa prevê ainda, mudanças mais consistentes, sustentada em

concepções claras da formação que se busca e também no compromisso

político dos professores engajados.

O currículo deve ser trabalhado a partir da sua realidade, com suas

peculiaridades e a comunidade deve estar envolvida nesse processo de

mudança. Somente assim as alterações curriculares são legítimas e

adequadas, pois as mudanças têm que partir das demandas reais. Sobre essa

questão, Neu (2014) destaca:

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“O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, instituído pela Portaria nº 1.140, de 22 de

novembro de 2013, representa a articulação e a coordenação de ações e estratégias entre a União e os

governos estaduais e distrital na formulação e implantação de políticas para elevar o padrão de qualidade

do Ensino Médio brasileiro, em suas diferentes modalidades, orientado pela perspectiva de inclusão de

todos que a ele tem direito. Neste primeiro momento duas ações estratégicas estão articuladas, o

redesenho curricular, em desenvolvimento nas escolas por meio do Programa Ensino Médio Inovador –

ProEMI” e a formação continuada de professores do Ensino Médio, que inicia no primeiro semestre de

2014 a execução de sua primeira etapa. In: http://pactoensinomedio.mec.gov.br/ (acesso em 10/12/2015).

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A sigla do Programa Ensino Médio Inovador pode ser encontrada na literatura de duas maneiras:

PROEMI ou ProEMI.

o programa pretende estabelecer mudanças

significativas na organização curricular pressupondo

perspectivas de articulação interdisciplinar, disciplinas

articuladas com atividades integradoras entre os

eixos constituintes do Ensino Médio, ou seja, o

trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura

vislumbrando uma nova escola nessa etapa da

Educação Básica. Considera que, além de novas

propostas o avanço qualitativo dependerá “do

compromisso político e da competência técnica dos

professores, do respeito às diversidades dos

estudantes jovens e da garantia da autonomia

responsável das instituições escolares na formulação

de seu projeto político‐pedagógico.” Ressalta,

“ninguém mais do que a própria comunidade escolar

conhece a sua realidade e, portanto, está mais

habilitada para tomar decisões a respeito do currículo

que vai, efetivamente, ser praticado”. Ao Governo

Federal cabe a responsabilidade de criar as

condições materiais e o aporte conceitual que

permitam as mudanças necessárias (NEU, 2014, p. 7).

Essa reorganização curricular pressupõe, portanto, o envolvimento

de todos. Configura-se não como obrigatório, mas como um programa de

adesão voluntária, perante assinatura de um Temo de Cooperação Técnica e

também pela elaboração de um Plano de Ação Pedagógica (PAP) . A

reorganização estrutura sua proposta no compromisso político, competência

técnica dos professores, respeito às diversidades dos estudantes e na

autonomia garantida à formulação do projeto político-pedagógico – PPP. São

elementos importantes sem os quais não é possível aspirar o sucesso deste

programa. O PROEMI pretende que os novos currículos sejam pensados a

partir da realidade da escola, com recursos e suporte do governo, porém, com

autonomia para gerir este processo, a partir das demandas encontradas

localmente.

O Parecer 11/ 2009 reforça que, para a construção

dos projetos, as escolas devem seguir um referencial

de proposições curriculares e condições básicas,

quais sejam: mínimo de 3.000 (três mil) horas de

carga horária; a leitura como base de todas as

disciplinas; estímulo às atividades teórico‐práticas;

fomento de atividades de artes; mínimo de 20% da

carga horária total do curso em atividades e

disciplinas eletivas a serem escolhidas pelos

estudantes; atividade docente em tempo integral na

escola; Projeto Político‐Pedagógico implementado

com participação efetiva da Comunidade Escolar e

organização curricular articulada com os exames do

Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Médio

(NEU, 2014, p. 8).

Essas exigências foram colocadas para impactar significativamente

em um novo modelo de Ensino Médio. Neu (2014, p. 9) ressalta que o ProEMI

não pretende mudar a concepção legal do Ensino Médio. Trata-se de um

programa experimental com inovações pedagógicas. De fato,

o Programa proposto é, essencialmente, um incentivo

à inovação pedagógica e pretende fomentar um novo

paradigma educacional por meio do debate sobre o

Ensino Médio junto aos sistemas de ensino estaduais,

fomentar propostas curriculares inovadoras e

disponibilizar apoio técnico e financeiro para

disseminação da cultura de um currículo dinâmico,

flexível e compatível com as exigências da sociedade

contemporânea (NEU, 2014, p. 9).

O que se objetiva é atender de fato, às necessidades que se

colocam perante a escola e os sujeitos que atuam nela, a partir de suas

necessidades regionais e da cultura escolar em que tais sujeitos estão

envolvidos.

O Pro-EMI se estruturou a partir de 8 macrocampos que abarcam as

áreas do saber. O macrocampo pode ser assim definido:

Compreende-se por macrocampo um campo de ação

pedagógico-curricular no qual se desenvolvem

atividades interativas, integradas e integradoras dos

conhecimentos e saberes, dos tempos, dos espaços

e dos sujeitos envolvidos com a ação educacional. Os

macrocampos se constituem, assim, como um eixo a

partir do qual se possibilita a integração curricular

com vistas ao enfrentamento e à superação da

fragmentação e hierarquização dos saberes. Permite,

portanto, a articulação entre formas disciplinares e

não disciplinares de organização do conhecimento e

favorece a diversificação de arranjos curriculares

(BRASIL, 2013, p. 15).

Os macrocampos apresentados pelo Pro-EMI são:

- Acompanhamento Pedagógico (Linguagens, Matemática, Ciências

Humanas e Ciências da Natureza);

- Iniciação Científica e Pesquisa;

- Leitura e Letramento;

- Cultura Corporal;

- Produção e Fruição das Artes;

- Comunicação, Cultura Digital e uso de Mídias;

- Participação Estudantil.

Sobre as ações pedagógicas a partir dos macrocampos o Pro-EMI

prevê que elas devem acontecer em interação direta com o estudante. Esses

macrocampos podem ser entendidos como eixos estruturantes do currículo. Tal

entendimento sobre como esse trabalho pode ser desenvolvido poderá

possibilitar o acesso ao Ensino Médio em tempo integral.

2.2 O PROEMI, a formação humana integral e a escola unitária