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Neste tópico em especifico, demonstrar-se-á o entendimento majoritário do Tribunal de Justiça de Goiás sobre os cartões consignados.

Precipuamente, cumpre mencionar a Súmula 63 do Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás acerca do Cartão de Crédito Consignado:

Os empréstimos concedidos na modalidade ‘Cartão de Crédito Consignado’

são revestidos de abusividade, em ofensa ao CDC, por tornarem a dívida impagável em virtude do refinanciamento mensal, pelo desconto apenas da parcela mínima devendo receber o tratamento de crédito pessoal consignado, com taxa de juros que represente a média do mercado de tais

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operações, ensejando o abatimento no valor devido, declaração de quitação do contrato ou a necessidade de devolução do excedente, de forma simples ou em dobro, podendo haver condenação em reparação por danos morais, conforme o caso concreto, a permitir ser a operação interpretada ou confundida com contrato de crédito pessoal consignado.”

Como exposto, a súmula alude sobre a abusividade desta modalidade de crédito, causando ao consumidor uma dívida impagável se não houver intervenção jurídica. A súmula traz ainda, a possibilidade de restituição dos valores descontados e de indenização por danos morais, que são os pedidos mais comuns nestes casos que versam sobre o direito do consumidor.

Acresce-se, a seguinte jurisprudência julgada pela 3ª Câmara Cível Tribunal de Justiça de Goiás:

APELAÇÃO CÍVEL. RESCISÃO CONTRATUAL C/C PEDIDO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS E RESSARCIMENTO DE DANOS.

CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR APLICÁVEL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.

DESCONTO MÍNIMO DA FATURA MENSAL. DÍVIDA INSOLÚVEL. ABUSO E ONEROSIDADE EXCESSIVAS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO DO VALOR QUE ULTRAPASSAR O DEVIDO. APELO PROVIDO. 1 - Inequívoca a relação de consumo travada entre os litigantes, incidem as normas protetivas contempladas pela Lei nº 8.078/90, nos termos do enunciado da Súmula 297/STJ. 2 - A modalidade contratual cartão de crédito consignado mostra-se extremamente onerosa e lesiva ao consumidor, visto o banco estar autorizado a deduzir da folha de pagamento do autor a quantia correspondente ao mínimo da fatura. Todavia, abatidos os encargos de financiamento, o valor principal da dívida é mensalmente refinanciado, ainda acrescido, de juros exorbitantes, aumentando de forma vertiginosa, razão pela qual deve ser alterada a natureza do contrato para empréstimo consignado. 3 - Reconhecida a existência do negócio jurídico, porém como empréstimo consignado, prevalece a dívida do consumidor no montante pegado de empréstimo por ele, acrescido de juros legais de 1%

(um por cento) ao mês e corrigido monetariamente pelo INPC, a partir da disponibilização do numerário na conta de titularidade dele. 4 - De outro lado, nulo o contrato de fornecimento de cartão de crédito, resulta cabível a devolução em dobro da quantia indevidamente debitada, nos termos do art.

42, parágrafo único, CDC, corrigida monetariamente pelo INPC e acrescida de juros de mora à taxa de 1% (um por cento) ao mês desde a citação. 5 - Apelo conhecido e provido.

(TJ-GO - APL: 04332379620128090006, Relator: BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO, Data de Julgamento: 14/03/2018, 3ª Câmara Cível, Data de

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Por conseguinte, constatar-se-á mais uma jurisprudência do nobre Tribunal de Justiça de Goiás, da comarca de Jataí:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE

NULIDADE/EXIGIBILIDADE DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO (BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO) CUMULADO COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA.

JULGAMENTO DA DEMANDA. ARTIGO 1.013, § 4º DO CPC. APLICAÇÃO DO CDC. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DO VALOR CONTRATADO A CONSUMIDORA. DEVOLUÇÃO DE QUANTIAS PELO BANCO DE FORMA SIMPLES. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO. OBSERVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS. ART. 85, § 2º DO CPC. VERBA HONORÁRIA RECURSAL.

NÃO MAJORAÇÃO. 1. Não se tratando de ação de reparação por fato do serviço, mas sim de declaração de inexistência de débito não incide a prescrição quinquenal do CDC ou trienal, do Código Civil (art. 206, § 3º, V), e como tal, o prazo prescricional é o comum de 10 anos (art. 205, CC), razão pela qual a prejudicial de prescrição acolhida na sentença restou afastada, com a cassação desta. 2. Como a ação já se encontra pronta para o julgamento incide os ditames vistos no artigo 1.013, § 4º do CPC, com a apreciação do mérito da demanda. 3. A relação jurídica existente entre litigantes é regida pelo Código de Defesa do Consumidor, conforme determina o enunciado da Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça. 4.

As instituições financeiras respondem, objetivamente, pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros, no âmbito de operações bancárias (Súmula 479 do STJ). 5. Não tendo o réu comprovado a transferência do valor do empréstimo supostamente contratado pela consumidora, apto a ensejar os descontos em sua folha de pagamento (benefício previdenciário), prova que lhe competia, presume-se que houve fraude no contrato em análise, devendo, portanto, ser declarada a inexistência da relação jurídica, com a determinação da devolução dos valores retidos pelo Banco. 6. Os descontos indevidos realizados no benefício previdenciário da autora acarretam abalo emocional e constrangimento de ordem pessoal, sendo devida a indenização por dano moral. 7. A fixação do valor devido, a título de danos morais, deve obedecer aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, servindo como forma de compensação da dor impingida e, ainda, como meio de coibir o agente da prática de outras condutas semelhantes, sendo o valor de R$

5.000,00 (cinco mil reais) razoável e proporcional para evitar o enriquecimento sem causa e suficiente para reparar os danos sofridos pela consumidora, acrescidos de juros legais de 1% (um por cento) ao mês desde a citação (responsabilidade contratual) e correção monetária (INPC) a partir da prolação desta decisão (Súmula nº 362 do STJ). 8. A repetição do indébito é cabível quando o consumidor é cobrado em quantia injusta, como ocorreu na espécie, no entanto, somente será em dobro quando, além da ocorrência de pagamento indevido, houver má-fé do credor, essa última não evidencia na dos autos, de modo que a restituição dar-se-á em sua forma simples, acrescidos de correção monetária pelo INPC a partir da data dos respectivos pagamentos indevidos e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês desde a citação (responsabilidade contratual). 9. Com a cassação da sentença, e, em razão da sucumbência mínima da autora/recorrente, fica o réu/apelado incumbido de arcar com a integralidade do pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes arbitrados em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85, § 2º do CPC. 10. Deixa-se de majorar os honorários recursais a que faz referência o § 11, do artigo 85, do Código de Processo Civil, posto que sua

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aplicação incide apenas quando o recurso é desprovido, hipótese que não é a dos autos. Apelação cível conhecida e provida. Sentença cassada.

(TJGO PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO > Recursos

-> ApelaçãoCível: 00287545220208090093 JATAÍ, Relator: Des(a). ITAMAR DE LIMA, Data de Julgamento: 10/05/2021, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 10/05/2021).

Em suma, o Tribunal de Justiça de Goiás tem sido bem rígido quanto a aceitar a queixa do consumidor sobre a não contratação desses serviços, apesar de expostas jurisprudências favoráveis ao consumidor, não tem sido tão simples comprovar a má-fé das instituições financeiras, pois sabe-se que têm grande poder aquisitivo e grande amparo jurídico.

Mediante todo o exposto, espera-se ter corroborado para que o consumidor (principalmente idoso) possa estar alerta a seus recebimentos financeiros, a sua folha de pagamento e principalmente atento a mensagens, ligações e instituições que não prezam pelo cliente, mas sim pelo valor que possa angariar sobre eles.

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CONCLUSÃO

A vulnerabilidade do consumidor diante de empresas que prestam e oferecem serviços é muito grande, como visto, não poucas vezes o consumidor se encontra em situações onde não sabem como recorrer, assim, neste trabalho foram elucidadas algumas formas de se proteger e até evitar casos como os mencionados.

O consumidor idoso tem tendência a ser mais desligado do mundo virtual e de suas tecnologias, por este motivo são alvos fáceis para golpes e fraudes. O importante é saber como recorrer caso ocorra alguma movimentação bancária não autorizada ou solicitada, como recorrer ao PROCON por exemplo.

Ademais, cumpre ressaltar a importância do Aplicativo Meu INSS, pelo qual o consumidor tem acesso de forma detalhada a seus ganhos e a seus empréstimos, inclusive, nesta plataforma onde acessa-se o detalhamento de empréstimos, há também o local onde se localiza o cartão consignado. Desta forma, facilita-se assim a localização de possível empréstimo não solicitado e se há ou não o cartão consignado ativo.

Destarte, foi mencionado também de forma explicativa o entendimento de alguns Tribunais de Justiça do país, demonstrando assim que o assunto tem sido bastante difundido pelos inúmeros casos noticiados e que se tem chegado ao judiciário.

Em síntese, o entendimento dos Tribunais não tem sido tão uníssono, uma vez que alguns Tribunais como os do Rio de Janeiro e de Goiás, por exemplo, já tem súmulas que servem de base para as decisões acerca do assunto, enquanto outros Tribunais se regem pelo entendimento jurisprudencial.

Resumidamente, apesar do amparo dado pelo CDC ao consumidor idoso lesado, não tem sido suficientes as leis que vigoram sobre assuntos relacionados a

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instituições financeiras, pois na prática, quando é levado a juízo, o advogado representante e o consumidor precisam esgotar todas as formas possíveis para restar provada a má-fé, inclusive, mesmo acontecendo muito ainda há tribunais que não reconhecem como cartão consignado não solicitado ou autorizado, desta forma, vê-se a necessidade primordial da informação sobre o assunto.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 8.690, de 11 de março de 2016. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8690.htm>.

Acesso em: 24 mai. 2021.

EDAUTO, Álvaro da Silva Gomes.CRÉDITO CONSIGNADO: MEDIDAS CORRETIVAS PARA EVITAR O SUPERENDIVIDAMENTO.Revista FMU Direito.

São Paulo, ano 25, n. 35, p.01-10, 2011.

FRANCO, Marielza Brandão. O superendividamento do consumidor: fenômeno social que merece regulamentação legal. Revista de Direito do Consumidor, n. 74, p. 227-242, abr.-jun., São Paulo: RT, 2010.

IDIB – Instituto de Desenvolvimento Institucional Brasileiro. Disponível em:

https://idib.org.br/

Acesso em 23 mai. 2021.

MIGALHAS, Redação.Idosa que buscou consignado e acabou com outro tipo de

empréstimo será indenizada. Disponível em:

https://www.migalhas.com.br/quentes/332635/idosa-que-buscou-consignado-e-acabou-com-outro-tipo-de-emprestimo-sera-indenizada>

Acesso em: 24 mai. 2021.

Reclame aqui. Empréstimo contratado sem autorização. Disponível em:

https://www.reclameaqui.com.br/categoria/bancos/

Acesso em 14 agosto 2021.

Súmulas TJ-RJ – Portal do Conhecimento. Disponível em:

http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/31404/empres-bancario.pdf

Tribunal de Justiça da Bahia. - APL: 05508551520178050001. Quinta Câmara Cível.

Relator: BALTAZAR MIRANDA SARAIVA, Data de Publicação: 28/05/2019.

Tribunal de Justiça de Goiás. - APL: 04332379620128090006. 3ª Câmara Cível.

Relator: BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO. Julgamento em: 14/03/2018.

Tribunal de Justiça de Goiás, JATAÍ. APL: 00287545220208090093. 3ª Câmara Cível. Relator: Des(a). ITAMAR DE LIMA. Julgamento em: 10/05/2021.

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Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso. APL: 1033974752018. Primeira Câmara de Direito Privado. Relatora: NILZA MARIA POSSAS DE CARVALHO.

Julgado em: 05 nov.2021.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais. - AC: 10000205332554001. 9ª CÂMARA CÍVEL. Relator: FAUSTO BAWDEN DE CASTRO SILVA (JD Convocado).

Julgamento em: 27/01/2021.

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. - APL: 03676818120158190001. SÉTIMA CÂMARA CÍVEL. Relator: Des(a). LUCIANO SABOIA RINALDI DE CARVALHO.

Julgamento em: 02/09/2020.

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - AC: 70082321498. Vigésima Terceira Câmara Cível. Relator: BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS. Julgamento em:

26/08/2019.

Tribunal de Justiça de São Paulo – APL: 1002246-22.2017.8.26.0077. 12ª Câmara de Direito Privado Relator: JACOB VALENTE. Julgamento em: 11/09/2017.

WALD, Arnoldo. O regime especial do crédito pessoal consignado. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, São Paulo, v. 54, p. 291, out/2011.

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