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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

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Academic year: 2022

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO MONOGRAFIA JURÍDICA

CARTÃO CONSIGNADO INFINITO: A FRAGILIDADE DO APOSENTADO E PENSIONISTA COM OS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO

ORIENTANDA: GABRIELA RIOS DA COSTA SOUZA ORIENTADOR: PROF. DR GIL CÉSAR COSTA DE PAULA

GOIÂNIA-GO 2021

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GABRIELA RIOS DA COSTA SOUZA

CARTÃO CONSIGNADO INFINITO: A FRAGILIDADE DO APOSENTADO E PENSIONISTA COM OS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO

Monografia Jurídica apresentado à disciplina Trabalho de Curso I, da Escola de Direito e Relações Internacionais, Curso de Direito, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGOIÁS).

Prof. Orientador –Doutor Gil César Costa de Paula

GOIÂNIA-GO 2021

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GABRIELA RIOS DA COSTA SOUZA

CARTÃO CONSIGNADO INFINITO: A FRAGILIDADE DO APOSENTADO E PENSIONISTA COM OS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO

Data da Defesa: 16 de novembro de 2021

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR GIL CÉSAR COSTA DE PAULA

Orientador (a): Prof. (a) Titulação e Nome Completo Nota

PROFESSOR FERNANDO GOMES RODRIGUES

Examinador (a) Convidado (a): Prof. (a): Titulação e Nome Completo Nota

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Dedicatória

Dedico este trabalho a todos aqueles que fizeram e fazem parte da minha caminhada e história!

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Agradecimentos

Quero agradecer primeiramente a Deus, que foi quem me ajudou e me capacitou até aqui. Segundamente, a minha família e amigos que me apoiaram nesta jornada. Em suma, de forma não menos importante agradeço também a esta renomada instituição e a todos os professores que se fizeram presentes nesta caminhada.

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RESUMO

O cartão consignado traz aos consumidores uma forma facilitada de conseguir dinheiro, entretanto, para aposentados e pensionista está facilidade traz inúmeros problemas e abre portas para fraudes. O Código de Defesa do Consumidor alude as circunstâncias pelas quais o consumidor poderá reivindicar seus direitos. O consumidor idoso é o público alvo e de fácil acesso em sua maioria, por serem menos ligados a internet e em grande parte serem analfabetos ou com pouco estudo. A informação é de grande utilidade nesses casos, pois assim podem ser identificados empréstimos abusivos, cartões não contratados, caso que tem ocorrido com muita frequência entre os idosos.

Palavras-chave: Consumidor idoso. Cartão consignado. Desvantagens. Direito do Consumidor.

ABSTRACT

The payroll card provides consumers with an easier way to get money, however, for retirees and pensioners, this facility brings numerous problems and opens doors for fraud. The Consumer Protection Code alludes to the circumstances under which consumers can claim their rights. The elderly consumer is the target audience and most of them are easily accessible, as they are less connected to the internet and are largely illiterate or with little education. The information is very useful in these cases, as abusive loans and uncontracted cards can be identified in this way, a case that has occurred very frequently among the elderly.

Keywords: Elderly. consumer. Payroll card. Disadvantages. Consumer Law.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...09

1 DA PROPOSTA DO CARTÃO CONSIGNADO NA VIDA DO CONSUMIDOR IDOSO...12

1.1 – CONCEITO ABRANGENTE DO QUE É CARTÃO CONSIGNADO...12

1.2 – FUNCIONALIDADE DO CARTÃO NA VIDA DO CONSUMIDOR IDOSO...13

1.3 – FRAGILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO ...14

2 DESVANTAGENS E MEIOS DE SOLUÇÃO NA CONTRATAÇÃO...16

2.1 – FORMA DE CONTRAÇÃO A DÍVIDA E SUPERENDIVIDAMENTO...16

2.2 – MÉTODO DE RESOLUÇÃO DA NÃO CONTRATAÇÃO...17

3 COMPARAÇÃO DE JUSRISPRUDÊNCIAS PELO PAÍS...19

3.1 – JURISPRUDÊNCIAS FAVORAVEIS AO CONSUMIDOR ...19

3.2 – JURISPRUDÊNCIAS DESFAVORAVEIS AO CONSUMIDOR...21

3.3 – ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS...23

CONCLUSÃO...27

REFERÊNCIAS...29

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INTRODUÇÃO

A informação hoje é difundida por muitos meios, os quais facilitam e agregam entendimento e conhecimento, entretanto, com tantas vantagens que a modernidade traz, há também as desvantagens.

Os empréstimos estão no mercado bancário há muito tempo, são conhecidos e utilizados por milhões de consumidores. Com a modernização e o aumento de aposentados e pensionistas, o empréstimo foi amplificado para uma nova modalidade de Crédito, o “Cartão de Crédito Consignado”, que será abordado mais profundamente no decorrer deste trabalho.

O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito pessoal destinado aos funcionários públicos, servidores da ativa, aposentados pensionistas, funcionários do exército, marinha e aeronáutica. Adveio a partir de 2004 com a Lei 10.820/2003 e, atualmente, chega a representar 60% das operações de crédito pessoal. As operações de crédito foram iniciadas pela Caixa Econômica Federal cujas parcelas eram descontadas do benefício previdenciário e, depois, foi estendida às demais empresas de arrendamento e financeiras, desde que devidamente credenciadas. (EDALTO,2011).

O crédito consignado tem sido um excelente meio de dinheiro rápido para aqueles que o solicitam e autorizam, porém, atualmente muitos consumidores idosos têm tido problemas com cartões de crédito não solicitados. Dentre estes problemas estão o de não saberem o que estão contratando ou sua forma de funcionamento.

Além do mais os consumidores as vezes demoram a descobrir que está sendo descontado este tipo de serviço em seu pagamento, pois na maioria das vezes o consumidor tem outros empréstimos e este tem descontos em folha de pagamento.

As contratações do cartão consignado são altamente atrativas para aqueles que sabem e entendem o que estão contratando, é importante contratar estes tipos de serviços em bancos e/ou financeiras competentes e confiáveis. Nesta modalidade também o consumidor pode pagar o valor mínimo da fatura, que já é descontado diretamente em folha, com isso, caso o consumidor não se atente as faturas elas se multiplicarão rapidamente, pelos juros rotativos e logo o mesmo

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estará endividado. A dívida poderá ser ilimitada ou infinita, pelo fato de apenas estarem sendo pagos o valor mínimo.

De acordo com o jornal folha de São Paulo, a dívida de aposentados e pensionistas com crédito consignado bateu recorde em dezembro de 2019, atingindo a marca de R$ 138,7 bilhões, segundo dados do Banco Central. Desta forma, os cuidados deverão ser redobrados.

Ao longo deste estudo, será apresentado o entendimento jurisprudencial de alguns Tribunais de Justiça do país, o entendimento majoritário e será demonstrado os meios de solução.

Um exemplo jurisprudencial é o do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, que entendeu a favor do consumidor lesado:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS - DESCONTOS A TÍTULO DE CARTÃO DE CRÉDITO RELAÇÃO CONSUMERISTA - EMPRÉSTIMO CONSIGNADO/CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO – VIOLAÇÃO AO INCISO IV, DO ART. 51, DO CDC - CONVERSÃO DO CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO EM EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - DANO MORAL – ABUSIVIDADE NA CONTRATAÇÃO - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - REPETIÇÃO DE INDÉBITO NA FORMA SIMPLES – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1- Configura prática abusiva ao consumidor o induzimento de contratação de empréstimo mediante cartão de crédito consignado com aparência de mútuo comum com desconto na folha de pagamento, violando o dever de informação de boa-fé que devem nortear os contratos consumeristas.

Comprovado que o consumidor foi induzido a erro, declarar-se-á parcialmente nulo o contrato firmado entre as partes, devendo ser adequada a taxa de juros à média de mercado. 2- A indenização a título de danos morais, é cabível no caso em questão, uma vez que a contratação ilegal e abusiva ofende direitos da personalidade da autora, que foi ludibriada a assinar contrato extremamente desfavorável a seu patrimônio e praticamente sem possibilidade de quitação. O dever de indenizar é incontroverso, ante a falha na prestação dos serviços decorrente da insuficiência de informações, que levaram a consumidora, no momento da celebração do contrato, acreditar que estava aderindo a empréstimo consignado quando na verdade era cartão de crédito consignado, cujas regras, taxas e consequências são totalmente diferentes. 3- O arbitramento do dano moral deve pautar-se em parâmetros razoáveis, atentando para a extensão do dano, as condições pessoais do ofensor e da ofendida, considerando, ainda, o caráter pedagógico da medida, para desestímulo da prática desidiosa que o ensejou 4- Reconhecida a nulidade parcial do contrato, por abusividade da cláusula contratual, que faz incidir sobre empréstimo consignado as taxas de juros de cartão de crédito, imperiosa é a procedência, também, do pedido de repetição de indébito, pois tal instituto tem como finalidade a punição do agente causador da conduta danosa, cujo ressarcimento é autorizado pela Lei, em favor da vítima e para afastar o enriquecimento sem causa. No entanto, não demonstrado a má-fé da instituição financeira, a devolução dos valores da aludida diferença deve se dar na forma simples e atualizada, que, em razão da alteração dos

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encargos aqui dirimido, somente poderá aquilatar após a liquidação da sentença.(TJ-MT - AC: 10339747520188110041 MT, Relator: NILZA MARIA POSSAS DE CARVALHO, Data de Julgamento: 05/11/2019, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/11/2019).

Assim como o Tribunal de Justiça do Mato Grosso, muitos outros Tribunais de Justiça têm tido o mesmo entendimento acerca do assunto, entretanto o Tribunal Superior e o Supremo Tribunal Federal têm tido entendimentos diferentes, como veremos no decorrer deste trabalho.

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CAPÍTULO I

DA PROPOSTA DO CARTÃO CONSIGNADO NA VIDA DO CONSUMIDOR IDOSO

1.1 – CONCEITO ABRANGENTE DO QUE É CARTÃO CONSIGNADO

A concessão de empréstimos consignados foi introduzida formalmente no Brasil mediante a Medida Provisória nº 130/2003 (Dispõe sobre a autorização para desconto de prestações em folha de pagamento, e dá outras providências), inserida no pacote de estímulos à economia brasileira posto em prática durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelo então Ministro Antônio Palocci.

O crédito consignado consiste em um empréstimo realizado mediante pagamento indireto, cujas parcelas são descontadas da folha de pagamento do trabalhador, é ofertado a aposentados, pensionistas e servidores públicos.

Os juros e encargos incidentes podem ser consultados no site do Ministério da Previdência Social, sendo que para aposentados e pensionistas as taxas máximas atualmente praticadas são de 2,14% ao mês para empréstimos e de 3,06% ao mês para o cartão consignado.

O Crédito Consignado tem sido bastante divulgado pelos juros mais baixos e pela facilidade da concessão do empréstimo para os consumidores, como já mencionado é descontado diretamente em folha de pagamento.

Sobre a natureza jurídica do cartão consignado, cumpre ressaltar ensinamento do professor Arnoldo Wald (2011, pág. 291):

Como vimos, o crédito pessoal consignado é uma modalidade de mútuo, de natureza privada, cujo pagamento ocorre mediante desconto direto das prestações em folha de pagamento ou de benefício previdenciário do mutuário, conforme o disposto na Lei 10.820/2003.

Basicamente, as consignações em folha de pagamento caracterizam-se pela expressa e prévia autorização do mutuário à instituição financeira, bem como pela formal concordância do seu empregador ou da instituição de previdência em efetuar a retenção e o repasse dos valores devidos diretamente a essa instituição financeira.

A grande vantagem dessa modalidade de mútuo é a oferta de baixas taxas de juros, tendo em vista o menor risco de inadimplência, uma vez que o mutuário terá o valor da prestação deduzido diretamente de seu salário ou benefício, por seu empregador ou pelo INSS.

O STJ, em julgamento de junho de 2006, concluiu por unanimidade, embora dois votos tivessem fundamentação diferente, pela legalidade do crédito consignado, entendendo que a consignação de prestação em folha de pagamento de salários constituía modalidade de liquidação de obrigação livremente pactuada pelo tomador do crédito. Com tal julgamento, esse tipo de operação ganhou estabilidade jurídica. Essa decisão também enfatizou a

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peculiaridade e quase poderíamos dizer a singularidade do crédito consignado.

O conceito e a funcionalidade adesão basicamente os mesmos do cartão de crédito tradicional, ou seja, é um meio de pagamento em que se compra um produto ou serviço que se deseja, o pagamento é efetuado imediatamente ao vendedor, e após um prazo de aproximadamente 30 a 40 dias, o pagamento é efetuado a instituição financeira, a única diferença é que o desconto da fatura se dará automaticamente com o valor mínimo da fatura em folha ou integral se o cliente o requer.

O empréstimo consignado é altamente seguro para quem está emprestando, já que a cobrança tem caráter automático e quem carrega a responsabilidade é a empresa empregadora, o sindicato ou o órgão do governo ao qual o trabalhador esteja vinculado. Já para o consumidor traz severas situações que podem levar, inclusive ao endividamento permanente.

1.2 – FUNCIONALIDADE DO CARTÃO NA VIDA DO CONSUMIDOR IDOSO

Os aposentados e pensionistas por serem um público em grande parte idosos, são extremamente vulneráveis as instituições financeiras que oferecem incessantemente produtos e serviços, principalmente os empréstimos e cartões consignados, que dão um lucro maior a estas instituições.

O Decreto nº 8.690/2016 introduziu no rol de consignações facultativas a

“amortização de despesas contraídas e de saques realizados por meio de cartão de crédito” (art. 4°, XII). Fixou também um limite percentual destinado a esta nova modalidade de crédito consignado, como demonstrado abaixo:

Art. 5° A soma mensal das consignações não excederá trinta e cinco por cento do valor da remuneração, do subsídio, do salário, do provento ou da pensão do consignado, sendo cinco por cento reservados exclusivamente para:

I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou II - a utilização com a finalidade de saque por meio de cartão de crédito.

Para o consumidor, o limite de crédito funciona com um limite que a instituição financeira oferece, na data do pagamento do benefício ou pensão, este

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valor da fatura é descontado diretamente no contracheque, este valor descontado não poderá ultrapassar 5% da renda do consumidor.

O valor descontado será descontado de qualquer forma, sendo assim quando a fatura deste cartão chegar o valor do pagamento será o valor da fatura menos o valor que já foi descontado na folha de pagamento.

Com isso, se a fatura for paga integralmente no vencimento, não haverá cobrança de juros, pois esta fatura estará quitada. Entretanto, se o valor pago for apenas a parcela mínima, que é o valor debitado diretamente no contracheque, serão cobrados juros rotativos sobre este valor, a cada mês que for pago o valor mínimo este valor será duplicado.

Marielza Brandão Franco leciona que o fornecedor detém o dever de orientar e advertir o consumidor sobre a melhor opção e custo benefício, e caso não ocorra estas orientações o consumidor poderá se recusar e não adquirir o produto que lhe foi oferecido, “a melhor forma de crédito a ser usada em seu caso em específico analisando suas características financeiras e pessoais, sendo nulas e ineficazes as cláusulas contratuais observarem estes preceitos do Art.46 do CDC”.

(Franco, 2010, p.234-235).

.

1.3 – FRAGILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO

Os consumidores idosos em sua maioria não apresentam altos níveis de escolaridade e alfabetização, há que se acrescentar que no geral não são muitos adeptos as novas tecnologias, ficando assim mais vulneráveis a ligações e mensagens que na maioria das vezes não são nem lidas.

Infelizmente, as algumas instituições financeiras têm usado de má-fé para com os idosos, pois se aproveitam da fragilidade e desinformação do consumidor para lhes fazer aceitar empréstimos e cartões aos quais os próprios consumidores não querem. Há também algumas instituições que estão fazendo os empréstimos sem o consentimento ou solicitação do consumidor e depositando direto em suas contas, para que assim o consumidor não perceba ou quando perceba o dinheiro já está em sua conta.

Salienta-se, o trecho de uma notícia recente sobre esses casos de abusos sofridos por idosos (Redação Migalhas, 2020):

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Idosa aposentada que contratou empréstimo consignado, mas foi lesada com descontos do seu benefício previdenciário decorrente de um empréstimo consignado à título de RMC - reserva de margem consignável por cartão de crédito, será indenizada por banco. A decisão é do juiz de Direito Ivo Faccenda, da 2ª vara Cível de São José dos Pinhais/PR.

Ademais, os idosos são grupo de risco no que diz respeito a contratação de consignados, são consumidores hipervuneráveis. Sobre este assunto, destaca-se o trecho do texto do IDIB – Instituto de Desenvolvimento Institucional Brasileiro:

A indução ao endividamento abusivo é muito frequente, provocada não só pelo marketing agressivo das instituições financeiras na oferta do consignado e pelo assédio dos correspondentes, que recebem pelo número de contratos firmados. Muitas instituições burlam a margem legal quando induzem os idosos a transformar as contas exclusivas para recebimento de proventos ou pensões em contas correntes, passando a oferecer diversas modalidades de crédito, como os automáticos liberados nos caixas eletrônicos. Por esse mecanismo, alguns idosos chegam a comprometer 100% da aposentadoria ou pensão, impossibilitando a subsistência deles e das famílias.

Sobre a irresponsabilidade da financeira a fornecer o crédito sem apreciar a capacidade do consumidor, o art. 422 do Código Civil Brasileiro descreve que o consumidor superendividado tem direito a repactuação das cláusulas com base no dever de cooperação de outro contratante.

Em suma, o crédito consignado tem suas vantagens, que muitas vezes não estão disponíveis em modalidades de crédito tradicionais, ao passo que também pode tornar-se um fator de endividamento, a depender a forma de utilização.

Destarte, há que se ressaltar a importância da educação financeira na vida dos consumidores em geral, também é importante mencionar que todo idoso deve ter alguém para auxiliá-lo e ajuda-lo com questões mais burocráticas e estar ter sempre em observação os extratos bancários e do próprio INSS, onde poderão ser identificadas de pronto, algo que esteja fora do convencional.

Os aposentados e pensionistas, fazem parte de um grande número de consumidores ativos, sendo assim não é um desperdício de tempo explicar ou fazer algo por eles, pelo contrário, é de extremo reaproveitamento e benefício para eles, pois assim terão controle de suas finanças.

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CAPÍTULO II

DESVANTAGENS E MEIOS DE SOLUÇÃO NA CONTRATAÇÃO

2.1 - FORMA DE CONTRAÇÃO A DÍVIDA E SUPERENDIVIDAMENTO

Esse tipo de dívida pode surgir de duas formas, a primeira é intencional e ocorre quando o consumidor solicita ou aceita o cartão consignado, porém lhe é omitido a funcionalidade deste; e a segunda forma não é intencional, ocorre em sua maioria quando o banco ou financeira se aproveita dos dados do consumidor que constam no sistema e injunge o serviço sem o pedido ou consentimento.

Na primeira forma, quando o empréstimo é intencional, em sua maioria ocorre quando a instituição financeira é procurada ou quando ligam oferecendo serviços, assim é demonstrado ao consumidor idoso apenas as vantagens e opções favoráveis do serviço, entretanto lhes são omitidos dados importantes como explicar que o não pagamento integral lhe trará juros sobre juros, causando assim uma dívida eterna, se não extinguida.

Outra forma intencional, porém, que o banco usa de má-fé, é quando o consumidor está em busca de um empréstimo simples e a própria instituição financeira embute o cartão consignado no pedido de empréstimo, se aproveitando da situação para enganar o consumidor, prática abusiva como demonstrado e assegurado o direito do consumidor no art.52 do Código de Defesa Consumidor, que confere ao consumidor o direito de saber antecipadamente os detalhes da contração que envolva crédito.

Na segunda forma não intencional, ocorre também por má-fé, pois os bancos tem os dados dos aposentados e pensionistas, estão sempre em busca de convencer o consumidor a aceitar seus produtos e serviços, entretanto, ultimamente têm ocorrido muitos casos em que os bancos apenas fazem o cartão consignado e/ou o empréstimo simples, e colocam os respectivos valores na conta bancária do consumidor e não comunicam absolutamente nada, como já mencionado se o consumidor for observador perceberá o erro e procederá de forma a solucionar o problema, ou caso contrário pagará a dívida que não contraiu.

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Sobrevindo, sobre o superendividamento verifica-se que contrair a dívida é de extrema facilidade, visto que atualmente os empréstimos podem ser solicitados, por telefones, sites, caixas eletrônicos, e ainda de má-fé usadas por bancos e financeiras, como citado anteriormente.

2.2 - MÉTODO DE RESOLUÇÃO DA NÃO CONTRAÇÃO

As reclamações sobre empréstimos e cartões consignados contratados sem autorização do cliente tiveram uma alta de percentual 266% (duzentos e sessenta e seis por cento) até o momento no ano de 2021, sendo comparado a 2020, de acordo com o site Reclame Aqui.

Uma vez que, sendo tão frequente tal situação é de suma importância que o consumidor tenha amparo da lei, uma vez que, seus direitos e privacidade estão sendo violados e irrelevantes.

Observar-se-á, primeiramente, que assim que for descoberta tal ação, é necessário fazer uma reclamação formal no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para que internamente possam verificar possível vazamento de dados, uma vez que para que haja empréstimo sem solicitação, os bancos e financeiras precisam dos dados pessoais do consumidor.

Segundamente, é importante abrir reclamações em sites como Reclame Aqui e Consumidor.gov, para que as empresas possam ser notificadas da falha e possam ter o direito de dar sua resposta e solução. E também há o PROCON que é um órgão de proteção ao consumidor, onde o consumidor poderá abrir sua reclamação formal e poderá ser orientado de outras formas.

Ademais, caso o consumidor se interesse por outras opções, outra forma de resolução é ligar para o banco que fez o empréstimo e solicitar uma forma de devolução do dinheiro que foi depositado em conta, extinguindo assim, o empréstimo como se o mesmo fosse quitado, e o consumidor também tem direito as parcelas debitadas de sua conta.

Nestes casos, o banco ou financeira devem estar abertos a assumirem o erro, o que em geral não ocorre. Caso não haja solução pacifica, há a como contratar um advogado de preferência especialista em Direito do Consumidor, e

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levar o caso a justiça, neste caso há que se falar também em restituição de valores de danos morais, ocasionados pela não contratação, fraudação e até omissão do contrato.

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CAPÍTULO III

COMPARAÇÃO DE JUSRISPRUDÊNCIAS PELO PAÍS

3.1 JURISPRUDÊNCIAS FAVORÁVEIS AO CONSUMIDOR

Como demonstrado durante todo o estudo, o consumidor tem profusos direitos, que infelizmente não têm sido respeitados pelas instituições financeiras e por pessoas que se aproveitam de situações para a aplicação de golpes e fraudes, deste modo, examinar-se-á o entendimento de alguns dos Tribunais de Justiça do país acerca das relações Consumidor x Instituições Financeiras.

A princípio, analisar-se-á a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que julgou uma causa sobre os danos morais gerados por dívidas não contraídas pelo consumidor, entendendo por procedente o pedido, veja:

Apelações cíveis. Relação de consumo. Ação revisional de contrato c/c repetição de indébito e reparação por danos morais. Termo de Adesão à Consignação em Folha de Pagamento para Empréstimo e Cartão de Crédito. Sentença de parcial procedência. Recursos das partes. Pretensão autoral que se sujeita ao prazo prescricional e não ao decadencial. Súmula nº 207 desta Corte. Inocorrência de prescrição. Disponibilização de empréstimo por meio de cartão de crédito. Valor mensal do desconto em folha de pagamento suficiente apenas para quitar parcela mínima do cartão de crédito, gerando dívida inesgotável em decorrência dos elevados juros atribuídos ao crédito rotativo, em dissonância com os utilizados nos empréstimos consignados. Ausência de informações claras e adequadas ao consumidor, máxime em se tratando de contrato de adesão. Violação dos artigos 6º, 31 e 51. IV do CDC. Precedentes. A má-fé da instituição financeira se revela quando se verifica que os juros do rotativo são muito superiores aos ordinariamente cobrados nos empréstimos consignados, o que justifica a devolução em dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC. Danos morais configurados e fixados em sintonia com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Desprovimento do recurso do Réu, Apelante 1, e provimento parcial do recurso adesivo do Autor, Apelante 2, para determinar que os valores descontados indevidamente no contracheque do Autor a título de crédito rotativo de cartão de crédito sejam restituídos em dobro...

(TJ-RJ - APL: 03676818120158190001, Relator: Des(a). LUCIANO SABOIA RINALDI DE CARVALHO, Data de Julgamento: 02/09/2020, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/09/2020).

No caso em tela o relator julgou procedente o pedido de indenização, pois entendeu a má-fé da instituição financeira, visto que a mesma simulou um empréstimo quando na verdade havia feito um cartão consignado para o autor, e

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como já mencionado, ocorreu o pagamento do valor mínimo do cartão descontado diretamente em folha, e quando o autor se deu conta o valor havia triplicado, e quando tentou reverter a situação, o valor altíssimo havia comprometido sua própria subsistência.

O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 14, dispõe que:

O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Deste modo, observa-se a má-fé da instituição financeira em não entregar o produto pedido pelo consumidor, visto que o cartão consignado para a instituição é uma forma mais vantajosa economicamente e para o consumidor que não é informado sobre o serviço diverso do que foi solicitado, causa grandes danos materiais e morais.

Ademais, demonstra-se algumas Súmulas que corroboram para a aplicação do entendimento majoritário do juízo dos Tribunais de Justiça do Rio de Janeiro:

SUMULA TJ Nº 200 - A RETENÇÃO DE VALORES EM CONTA- CORRENTE ORIUNDA DE EMPRÉSTIMO BANCÁRIO OU DE UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO PODE ULTRAPASSAR O PERCENTUAL DE 30% DO SALÁRIO DO CORRENTISTA. REFERÊNCIA:

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº. 0013659-91.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM 22/11//2010 - RELATOR: DESEMBARGADORA LEILA MARIANO. VOTAÇÃO UNÂNIME.

SUMULA TJ Nº 203 - NOS CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO BANCÁRIO E DE UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO É INAPLICÁVEL A TAXA SELIC COMO PERCENTUAL DE JUROS REMUNERATÓRIOS.

REFERÊNCIA: PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº. 0013659- 91.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM 22/11//2010 - RELATOR:

DESEMBARGADORA LEILA MARIANO. VOTAÇÃO UNÂNIME

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SUMULA TJ Nº 295 - NA HIPÓTESE DE SUPERENDIVIDAMENTO DECORRENTE DE EMPRÉSTIMOS OBTIDOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS DIVERSAS, A TOTALIDADE DOS DESCONTOS INCIDENTES EM CONTA CORRENTE NÃO PODERÁ SER SUPERIOR A 30% DO SALÁRIO DO DEVEDOR. REFERÊNCIA: PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº. 0063256-29.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM 21/01/2013 - RELATOR: DESEMBARGADOR NILDSON ARAÚJO CRUZ.

VOTAÇÃO UNÂNIME.

Todas as súmulas em questão, são do nobre Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, sendo assim são a base das decisões sobre os assuntos de empréstimos consignados, superendividamento e taxas aplicáveis.

Outrossim, cumpre analisar o entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo, acerca do cartão não solicitado:

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*APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNANDO – COBRANÇA DE RMC (RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL) - Alegação de que contratou empréstimo consignado e não cartão de crédito – Devida a aplicação do Código de Defesa do consumidor, eis que a autora é destinatária final – Em se tratando de negativa de contratação era ônus do banco réu colacionar aos autos documentos aptos a provar a licitude da contratação e dos descontos efetuados sob a nomenclatura RMC – Ônus do qual não se desincumbiu o banco réu - Banco que colacionou diversas faturas, contudo, não comprovou a contratação do cartão de crédito na modalidade consignado – Violação ao disposto na IN 28/2008 do INSS - Dever de restituir referidas cobranças de forma simples – Faturas que evidenciaram a utilização do cartão de crédito, mas não a contratação na modalidade consignado – Compras realizadas que devem ser ressarcidas ao banco – Dano moral configurado – Dever de indenizar – Autora que teve seu benefício previdenciário indevidamente limitado, prejudicando seu sustento – Valor que deve ser fixado em R$ 10.000,00 suficiente a reparar o dano, sem gerar indevido enriquecimento a autora – Sentença reformada – Sucumbência invertida - Apelo provido.*

(TJ-SP 10022462220178260077 SP 1002246-22.2017.8.26.0077, Relator:

Jacob Valente, Data de Julgamento: 11/09/2017, 12ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/09/2017). (sem grifo no original).

Como observado na jurisprudência colacionada, o entendimento do ilustre juízo foi favorável ao consumidor, entendendo assim a não contratação e a violação aos dispositivos legais que amparam ao consumidor. Acatando inclusive, seu pedido de indenização por danos morais no valor de R$10.000.00 (dez mil reais), vale lembrar que cada causa tem um valor correspondente ao seu processo.

Como outrora mencionado, os bancos e financeiras, têm tido acesso livre aos dados de aposentados e pensionistas, antigos e novos, de que maneira ainda não se sabe, pois de acordo com alguns jornais de renome nacional, houve um grande vazamento de dados do INSS, causando assim grandes “assédios” a população que recebe benefício, entre eles a concessão de empréstimos não solicitados ou autorizados. (TERRA, Eduarda Andrade, 2021)

Em suma, por se tratar de um assunto muito atual e relevante, os Tribunais têm sido mais maleáveis e compreensivos, principalmente com os consumidores idosos, obviamente que cada situação exige uma ação diversa, mas no geral o consumidor tem conseguido ter seu direito resguardado em juízo.

3.2 JURISPRUDÊNCIAS DESFAVORÁVEIS AO CONSUMIDOR

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No que se refere aos entendimentos dos Tribunais de Justiça do país, neste momento será exposto algumas jurisprudências nas quais os nobres relatores entenderam de forma desfavorável ao consumidor.

Posteriormente, verificar-se-á uma jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO CUMULADA COM PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO - CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO - TAXA DE JUROS - EQUIPARAÇÃO CONTRATUAL - IMPROCEDÊNCIA. 1.

Verificando-se que os termos do contrato de cartão de crédito consignado são claros e distintos do contrato de empréstimo consignado, não há que se equipararem os juros cobrados em uma e outra operação, por possuírem diferentes riscos de inadimplemento. Precedentes. 2. Recurso desprovido.

(TJ-MG - AC: 10000205332554001 MG, Relator: Fausto Bawden de Castro Silva (JD Convocado), Data de Julgamento: 27/01/2021, Câmaras Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 01/02/2021).

Conforme demonstrado neste caso em específico o Relator entendeu que não houve violação na contratação, alegando assim que os termos do contrato eram claros e distintos, causando assim impossibilidade da indenização por danos morais pleiteada.

Consoante ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, de forma majoritária o entendimento do juízo é a favor das instituições financeiras, o Egrégio tribunal não tem admitido o vício nos contratos e tampouco a suspensão deste desconto em folha de pagamento.

Na região nordeste do país, tem –se o seguinte entendimento do Tribunal de Justiça da Bahia:

APELAÇÃO. DIREITO DO CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. Reserva de margem consignável no benefício previdenciário que, supostamente, não foi contratada. Sentença de improcedência. Irresignação do autor. Descabimento. Comprovante de disponibilização de saque em favor da parte autora. Compras efetuadas através do aludido cartão de crédito. Pagamento da fatura através de desconto em folha de pagamento. Regularidade da contratação comprovada. Vício da alegada lesão não configurado. Danos morais não comprovados. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. (Classe: Apelação, Número do Processo:

0550855-15.2017.8.05.0001, Relator (a): Baltazar Miranda Saraiva, Quinta Câmara Cível, Publicado em: 28/05/2019).

(TJ-BA - APL: 05508551520178050001, Relator: Baltazar Miranda Saraiva, Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: 28/05/2019)

Observa-se que na maioria das decisões improvidas mencionadas, o ilustre juízo não compreende que não foi elucidado ao consumidor sobre como incidiria este valor a ser descontado diretamente na folha de pagamento e que o

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referido valor ofertado ao consumidor é a margem do consignado, ocasionando assim uma dívida infinita por sempre ser pago o valor mínimo da fatura do cartão de consignado não solicitado.

Outrossim, adentre-se ao texto do entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sobre o referido assunto:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. Caso concreto. Verifica-se comprovada a contratação de cartão de crédito consignado, apesar da negativa de contratação. Observado o disposto no art. 373, II, do CPC. Improcedência da ação mantida. APELO IMPROVIDO. (Apelação Cível, Nº 70082321498, Vigésima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado em: 26-08-2019)

(TJ-RS - AC: 70082321498 RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Data de Julgamento: 26/08/2019, Vigésima Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 03/09/2019)

Conforme visto conforme todo o exposto, de alguma forma os bancos e financeiras tentam demonstrar que o serviço foi sim contratado pelo consumidor, como em sua maioria são idosos, alguns fazem ofertas via mensagens e por telefone para tentar persuadi-los e dessa forma dizem ter sido autorizados.

Entretanto, tem acontecido muito de o consumidor não precisar nem solicitar e o cartão ou dinheiro do empréstimo serem depositados em conta.

Em resumo, para que o consumidor possa ser amparado por lei é necessário a maior quantidade de provas possíveis, sendo assim contam chamadas telefônicas e protocolos de ligações, e-mails e mensagens, para que prove ratificado o vício e o dano causado ao consumidor que não solicitou estes serviços.

3.3 ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS

Neste tópico em especifico, demonstrar-se-á o entendimento majoritário do Tribunal de Justiça de Goiás sobre os cartões consignados.

Precipuamente, cumpre mencionar a Súmula 63 do Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás acerca do Cartão de Crédito Consignado:

Os empréstimos concedidos na modalidade ‘Cartão de Crédito Consignado’

são revestidos de abusividade, em ofensa ao CDC, por tornarem a dívida impagável em virtude do refinanciamento mensal, pelo desconto apenas da parcela mínima devendo receber o tratamento de crédito pessoal consignado, com taxa de juros que represente a média do mercado de tais

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operações, ensejando o abatimento no valor devido, declaração de quitação do contrato ou a necessidade de devolução do excedente, de forma simples ou em dobro, podendo haver condenação em reparação por danos morais, conforme o caso concreto, a permitir ser a operação interpretada ou confundida com contrato de crédito pessoal consignado.”

Como exposto, a súmula alude sobre a abusividade desta modalidade de crédito, causando ao consumidor uma dívida impagável se não houver intervenção jurídica. A súmula traz ainda, a possibilidade de restituição dos valores descontados e de indenização por danos morais, que são os pedidos mais comuns nestes casos que versam sobre o direito do consumidor.

Acresce-se, a seguinte jurisprudência julgada pela 3ª Câmara Cível Tribunal de Justiça de Goiás:

APELAÇÃO CÍVEL. RESCISÃO CONTRATUAL C/C PEDIDO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS E RESSARCIMENTO DE DANOS.

CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR APLICÁVEL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.

DESCONTO MÍNIMO DA FATURA MENSAL. DÍVIDA INSOLÚVEL. ABUSO E ONEROSIDADE EXCESSIVAS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO DO VALOR QUE ULTRAPASSAR O DEVIDO. APELO PROVIDO. 1 - Inequívoca a relação de consumo travada entre os litigantes, incidem as normas protetivas contempladas pela Lei nº 8.078/90, nos termos do enunciado da Súmula 297/STJ. 2 - A modalidade contratual cartão de crédito consignado mostra-se extremamente onerosa e lesiva ao consumidor, visto o banco estar autorizado a deduzir da folha de pagamento do autor a quantia correspondente ao mínimo da fatura. Todavia, abatidos os encargos de financiamento, o valor principal da dívida é mensalmente refinanciado, ainda acrescido, de juros exorbitantes, aumentando de forma vertiginosa, razão pela qual deve ser alterada a natureza do contrato para empréstimo consignado. 3 - Reconhecida a existência do negócio jurídico, porém como empréstimo consignado, prevalece a dívida do consumidor no montante pegado de empréstimo por ele, acrescido de juros legais de 1%

(um por cento) ao mês e corrigido monetariamente pelo INPC, a partir da disponibilização do numerário na conta de titularidade dele. 4 - De outro lado, nulo o contrato de fornecimento de cartão de crédito, resulta cabível a devolução em dobro da quantia indevidamente debitada, nos termos do art.

42, parágrafo único, CDC, corrigida monetariamente pelo INPC e acrescida de juros de mora à taxa de 1% (um por cento) ao mês desde a citação. 5 - Apelo conhecido e provido.

(TJ-GO - APL: 04332379620128090006, Relator: BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO, Data de Julgamento: 14/03/2018, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 14/03/2018).

O Código de Defesa do Consumidor é claro em seu artigo 39, inciso III, que classifica como prática abusiva, o envio ou entrega de produto ou serviço sem a solicitação do consumidor, nestes termos, fica claro que a não solicitação gera o direito de recorrer. Assim, incide também o artigo 42, CDC, parágrafo único que disserta sobre o direito a repetição indébito do consumidor que for cobrado em quantia indevida.

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Por conseguinte, constatar-se-á mais uma jurisprudência do nobre Tribunal de Justiça de Goiás, da comarca de Jataí:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE

NULIDADE/EXIGIBILIDADE DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO (BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO) CUMULADO COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA.

JULGAMENTO DA DEMANDA. ARTIGO 1.013, § 4º DO CPC. APLICAÇÃO DO CDC. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DO VALOR CONTRATADO A CONSUMIDORA. DEVOLUÇÃO DE QUANTIAS PELO BANCO DE FORMA SIMPLES. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO. OBSERVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS. ART. 85, § 2º DO CPC. VERBA HONORÁRIA RECURSAL.

NÃO MAJORAÇÃO. 1. Não se tratando de ação de reparação por fato do serviço, mas sim de declaração de inexistência de débito não incide a prescrição quinquenal do CDC ou trienal, do Código Civil (art. 206, § 3º, V), e como tal, o prazo prescricional é o comum de 10 anos (art. 205, CC), razão pela qual a prejudicial de prescrição acolhida na sentença restou afastada, com a cassação desta. 2. Como a ação já se encontra pronta para o julgamento incide os ditames vistos no artigo 1.013, § 4º do CPC, com a apreciação do mérito da demanda. 3. A relação jurídica existente entre litigantes é regida pelo Código de Defesa do Consumidor, conforme determina o enunciado da Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça. 4.

As instituições financeiras respondem, objetivamente, pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros, no âmbito de operações bancárias (Súmula 479 do STJ). 5. Não tendo o réu comprovado a transferência do valor do empréstimo supostamente contratado pela consumidora, apto a ensejar os descontos em sua folha de pagamento (benefício previdenciário), prova que lhe competia, presume-se que houve fraude no contrato em análise, devendo, portanto, ser declarada a inexistência da relação jurídica, com a determinação da devolução dos valores retidos pelo Banco. 6. Os descontos indevidos realizados no benefício previdenciário da autora acarretam abalo emocional e constrangimento de ordem pessoal, sendo devida a indenização por dano moral. 7. A fixação do valor devido, a título de danos morais, deve obedecer aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, servindo como forma de compensação da dor impingida e, ainda, como meio de coibir o agente da prática de outras condutas semelhantes, sendo o valor de R$

5.000,00 (cinco mil reais) razoável e proporcional para evitar o enriquecimento sem causa e suficiente para reparar os danos sofridos pela consumidora, acrescidos de juros legais de 1% (um por cento) ao mês desde a citação (responsabilidade contratual) e correção monetária (INPC) a partir da prolação desta decisão (Súmula nº 362 do STJ). 8. A repetição do indébito é cabível quando o consumidor é cobrado em quantia injusta, como ocorreu na espécie, no entanto, somente será em dobro quando, além da ocorrência de pagamento indevido, houver má-fé do credor, essa última não evidencia na dos autos, de modo que a restituição dar-se-á em sua forma simples, acrescidos de correção monetária pelo INPC a partir da data dos respectivos pagamentos indevidos e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês desde a citação (responsabilidade contratual). 9. Com a cassação da sentença, e, em razão da sucumbência mínima da autora/recorrente, fica o réu/apelado incumbido de arcar com a integralidade do pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes arbitrados em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85, § 2º do CPC. 10. Deixa-se de majorar os honorários recursais a que faz referência o § 11, do artigo 85, do Código de Processo Civil, posto que sua

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aplicação incide apenas quando o recurso é desprovido, hipótese que não é a dos autos. Apelação cível conhecida e provida. Sentença cassada.

(TJ-GO - PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -

> ApelaçãoCível: 00287545220208090093 JATAÍ, Relator: Des(a). ITAMAR DE LIMA, Data de Julgamento: 10/05/2021, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 10/05/2021).

Em suma, o Tribunal de Justiça de Goiás tem sido bem rígido quanto a aceitar a queixa do consumidor sobre a não contratação desses serviços, apesar de expostas jurisprudências favoráveis ao consumidor, não tem sido tão simples comprovar a má-fé das instituições financeiras, pois sabe-se que têm grande poder aquisitivo e grande amparo jurídico.

Mediante todo o exposto, espera-se ter corroborado para que o consumidor (principalmente idoso) possa estar alerta a seus recebimentos financeiros, a sua folha de pagamento e principalmente atento a mensagens, ligações e instituições que não prezam pelo cliente, mas sim pelo valor que possa angariar sobre eles.

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CONCLUSÃO

A vulnerabilidade do consumidor diante de empresas que prestam e oferecem serviços é muito grande, como visto, não poucas vezes o consumidor se encontra em situações onde não sabem como recorrer, assim, neste trabalho foram elucidadas algumas formas de se proteger e até evitar casos como os mencionados.

O consumidor idoso tem tendência a ser mais desligado do mundo virtual e de suas tecnologias, por este motivo são alvos fáceis para golpes e fraudes. O importante é saber como recorrer caso ocorra alguma movimentação bancária não autorizada ou solicitada, como recorrer ao PROCON por exemplo.

Ademais, cumpre ressaltar a importância do Aplicativo Meu INSS, pelo qual o consumidor tem acesso de forma detalhada a seus ganhos e a seus empréstimos, inclusive, nesta plataforma onde acessa-se o detalhamento de empréstimos, há também o local onde se localiza o cartão consignado. Desta forma, facilita-se assim a localização de possível empréstimo não solicitado e se há ou não o cartão consignado ativo.

Destarte, foi mencionado também de forma explicativa o entendimento de alguns Tribunais de Justiça do país, demonstrando assim que o assunto tem sido bastante difundido pelos inúmeros casos noticiados e que se tem chegado ao judiciário.

Em síntese, o entendimento dos Tribunais não tem sido tão uníssono, uma vez que alguns Tribunais como os do Rio de Janeiro e de Goiás, por exemplo, já tem súmulas que servem de base para as decisões acerca do assunto, enquanto outros Tribunais se regem pelo entendimento jurisprudencial.

Resumidamente, apesar do amparo dado pelo CDC ao consumidor idoso lesado, não tem sido suficientes as leis que vigoram sobre assuntos relacionados a

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instituições financeiras, pois na prática, quando é levado a juízo, o advogado representante e o consumidor precisam esgotar todas as formas possíveis para restar provada a má-fé, inclusive, mesmo acontecendo muito ainda há tribunais que não reconhecem como cartão consignado não solicitado ou autorizado, desta forma, vê-se a necessidade primordial da informação sobre o assunto.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 8.690, de 11 de março de 2016. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8690.htm>.

Acesso em: 24 mai. 2021.

EDAUTO, Álvaro da Silva Gomes.CRÉDITO CONSIGNADO: MEDIDAS CORRETIVAS PARA EVITAR O SUPERENDIVIDAMENTO.Revista FMU Direito.

São Paulo, ano 25, n. 35, p.01-10, 2011.

FRANCO, Marielza Brandão. O superendividamento do consumidor: fenômeno social que merece regulamentação legal. Revista de Direito do Consumidor, n. 74, p. 227-242, abr.-jun., São Paulo: RT, 2010.

IDIB – Instituto de Desenvolvimento Institucional Brasileiro. Disponível em:

https://idib.org.br/

Acesso em 23 mai. 2021.

MIGALHAS, Redação.Idosa que buscou consignado e acabou com outro tipo de

empréstimo será indenizada. Disponível em:

https://www.migalhas.com.br/quentes/332635/idosa-que-buscou-consignado-e- acabou-com-outro-tipo-de-emprestimo-sera-indenizada>

Acesso em: 24 mai. 2021.

Reclame aqui. Empréstimo contratado sem autorização. Disponível em:

https://www.reclameaqui.com.br/categoria/bancos/

Acesso em 14 agosto 2021.

Súmulas TJ-RJ – Portal do Conhecimento. Disponível em:

http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/31404/empres-bancario.pdf Acesso em 20 agosto 2021.

TERRA, Redação. Dados vazados do INSS geram empréstimos não autorizados; como se proteger? Disponível em:

https://fdr.com.br/2021/07/30/dados-vazados-do-inss-geram-emprestimos-nao- autorizados-como-se-proteger/

Acesso em 15 agosto 2021.

Tribunal de Justiça da Bahia. - APL: 05508551520178050001. Quinta Câmara Cível.

Relator: BALTAZAR MIRANDA SARAIVA, Data de Publicação: 28/05/2019.

Tribunal de Justiça de Goiás. - APL: 04332379620128090006. 3ª Câmara Cível.

Relator: BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO. Julgamento em: 14/03/2018.

Tribunal de Justiça de Goiás, JATAÍ. APL: 00287545220208090093. 3ª Câmara Cível. Relator: Des(a). ITAMAR DE LIMA. Julgamento em: 10/05/2021.

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Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso. APL: 1033974752018. Primeira Câmara de Direito Privado. Relatora: NILZA MARIA POSSAS DE CARVALHO.

Julgado em: 05 nov.2021.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais. - AC: 10000205332554001. 9ª CÂMARA CÍVEL. Relator: FAUSTO BAWDEN DE CASTRO SILVA (JD Convocado).

Julgamento em: 27/01/2021.

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. - APL: 03676818120158190001. SÉTIMA CÂMARA CÍVEL. Relator: Des(a). LUCIANO SABOIA RINALDI DE CARVALHO.

Julgamento em: 02/09/2020.

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - AC: 70082321498. Vigésima Terceira Câmara Cível. Relator: BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS. Julgamento em:

26/08/2019.

Tribunal de Justiça de São Paulo – APL: 1002246-22.2017.8.26.0077. 12ª Câmara de Direito Privado Relator: JACOB VALENTE. Julgamento em: 11/09/2017.

WALD, Arnoldo. O regime especial do crédito pessoal consignado. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais, São Paulo, v. 54, p. 291, out/2011.

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Referências

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