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Entrada dos Clubes no Mercado de Capitais – Chile

4 GOVERNANÇA CORPORATIVA E MERCADO DE CAPITAIS

4.2 Entrada dos Clubes no Mercado de Capitais – Chile

Chelsea que é um dono só, somos três pessoas para decidir, ou seja, é muito menos complicado.

4.2 - Entrada dos Clubes no Mercado de Capitais – Chile

Os clubes de futebol no Chile saíram do estado de falência ao se tornar empresas e vender ações na Bolsa.

Especialmente o clube de futebol chileno Universidad de Chile entra em 2012 em estado de graça. Na temporada que terminou, ganhou dois títulos e a Copa Sul- Americana o seu primeiro título internacional.

Conforme Junior (2012) em reportagem da revista Época, edição 712 de 09/01/2012, “no Chile os times estão lançando ações na bolsa, para receber investimentos de todos os interessados em lucrar, sejam ou não torcedores, gostem ou não de futebol.” Os dados a seguir se basearam nesta citada reportagem.

Os três (3) maiores clubes do país, Universidad do Chile, Universidad Católica e Colo Colo, têm ações na Bolsa de Santiago. Em 2005, uma lei obrigou os clubes a se transformarem em empresas, a fim de tirá-los do estado gravíssimo de endividamento em que se encontravam.

O Colo Colo foi o primeiro a buscar recursos na Bolsa de Valores em 2007, o Universidad Católica seguiu seus passos no ano seguinte (2008) e seus papéis se valorizaram 155% no ano de conquistas que foi 2011. Na época, um analista de

mercado chileno disse à agência de notícias Reuters que aquilo não iria se sustentar afinal a Universidad Catolica estaria valendo US$ 160 milhões.

A verdade é que antes do Chile, somente na Europa havia experiências similares, lá os investidores podem seguir o índice Stoxx Europe Football, que acompanha o desempenho dos papéis de 22 clubes de Itália, Portugal, Reino Unido, Holanda, Turquia, França, Grécia e Alemanha.

No Brasil, o Coritiba tentou abrir o capital na Bolsa sem sucesso, não conseguiu cumprir a série de exigências, conforme Mário Amigo, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI). Pedem-se transparências na apresentação de balanços, expectativas de receitas e administração profissional.

O modelo do futebol brasileiro se baseia em associações sem fins lucrativos, comandados por um presidente eleito pelos sócios. O presidente escolhe diretores e vice-presidentes por critérios pessoais e presta contas ao Conselho Deliberativo.

O professor de economia da Unicamp e ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo, não considera a abertura de capital uma garantia de sucesso, mas acredita que a medida contribuiria para tirar os clubes do que chama de “inferno irracional do amadorismo”.

O governo brasileiro, ao contrário do chileno, passou a mão na cabeça dos dirigentes. Criou a Timemania uma loteria cujos recursos são usados para abater dívidas dos times com o governo federal.

A experiência chilena, por outro lado, enquanto o Universidad Catolica vence os campeonatos os outros times não, o que é natural, pois nem todos podem ganhar

ao mesmo tempo. Essa parece ser uma das deficiências do modelo de capital aberto: conecta muito de perto o desempenho da Bolsa. Quando o time perde seu valor de mercado cai.

O único time que conseguiu romper esta conexão foi o Manchester United da Inglaterra. Perdendo ou ganhando ele teve seis (6) anos de caixa repleto. Mesmo assim, em 2005, o empresário americano Malcolm Gleizer, arrebatou o clube da Bolsa e fechou o seu capital, preferindo não arriscar.

Conforme a consultoria BDO, de São Paulo, a única forma de garantir receitas que independem dos resultados em campo é explorar o marketing, melhorar a relação com patrocinadores e torcedores e distribuir dividendos aos acionistas.

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5 MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

Para cumprir a tarefa de identificar as variáveis que possam explicar o alto grau de endividamento dos clubes de futebol no Brasil, inicialmente vislumbrou-se a possibilidade de conseguir Demonstrativos Financeiros de pelo menos os trinta (30) maiores clubes do Brasil e em um período de pelo menos cinco (5) exercícios consecutivos.

5.1 - Processo de Levantamento de Dados

Conseguiu-se obter efetivamente, após o envio de E-mails para clubes e federações de futebol dos principais estados da federação, localizados nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste, através do próprio site dos clubes e do site das federações, ou através de contatos com a empresa Austin Asis, os Demonstrativos Financeiros de vinte e cinco (25) clubes referentes ao exercício 2010, de doze (12) clubes referentes ao exercício 2009, de nove (9) clubes em 2008 e de apenas três (3) referentes aos exercícios de 2006/2007, conforme se pode observar no quadro a seguir.

Além das quantidades de Demonstrativos Financeiros que se obteve de cada clube, o quadro ainda informa que cinco (5) dos demonstrativos informados em 2010, não apresentaram notas explicativas e ainda que, quase todos eles funcionam como entidades sem fins comerciais, não exercendo, portanto, a faculdade que lhes são conferidas de poderem se transformar em sociedades com fins comerciais.

Exceção feita aos dois clubes da região do ABC da Grande São Paulo, Santo André e São Caetano que criaram ou contrataram empresa para cuidar de suas administrações ou parceria como tem o Botafogo do Rio, para a administração do Estádio “Engenhão”.

Conforme Aidar, Leoncini e Oliveira (2000: 73) o endividamento bancário e inadimplência junto ao fisco e à previdência social, separados ou somados, esses fatores são quase unânimes entre os mais de quinhentos (500) clubes de futebol que compõem o leque desse esporte no país.

Quadro 8 – Amostragem dos Balanços dos Clubes

Amostragem dos Balanços dos Clubes

2010 2009 2008 2007 2006 Notas Expl Tipo de Sociedade

Santos I I I NI I I Sem fins econômicos

Corinthians I I I I NI NI idem

Palmeiras I I I NI NI I idem

São Paulo I NI NI NI NI I idem

Gremio I I NI NI NI I idem Internacional I I I I I I idem Vasco I NI NI NI NI I idem Botafogo I I NI NI NI I idem Fluminense I I I NI NI I idem Flamengo I NI NI NI NI I idem Cruzeiro I I NI NI NI I idem

Atlético Mineiro I NI NI NI NI I idem

Atlético Paraná I I I I I I idem

Figueirense I NI NI NI NI I idem

Avaí I NI NI NI NI I idem

Joinville I NI NI NI NI NI idem

Atl. Goiás I NI NI NI NI NI idem

Vila Nova I NI NI NI NI I idem

Portuguesa I NI NI NI NI NI idem

Paraná I NI NI NI NI I idem

Guarani I NI NI NI NI I idem

Sto. André I I I NI NI I empresa desde 2/5/2007 Coritiba I NI NI NI NI I Sem fins econômicos

Ponte Preta I I I NI NI I idem

São Caetano I I I NI NI I empresa de 2003 a 2013

QT. Amostras 25 12 9 3 3 21

Fonte: Criação do Autor com base Balanço dos Clubes (Austin Asis e Site dos Clubes).

I = Informado NI = Não Informado

A pesquisa se valeu única e exclusivamente de dados secundários, através de dados constantes dos Demonstrativos Financeiros, e em alguns casos houve necessidade de se recorrer a informações constantes nas Notas Explicativas destes demonstrativos ou até mesmo, a complementação de dados, através da publicação de consultorias como foi o caso da informação do número de torcedores, obtida mediante pesquisa realizada pela Pluri Pesquisas Esportivas.

Segundo a citada empresa de consultoria, o futebol brasileiro parece estar finalmente encontrando o caminho já trilhado pelos principais clubes do mundo, a valorização do seu torcedor.

Afirmação de Gustavo Lopes (site gustavo@universidade do futebol.com.br):

O torcedor, consumidor, cada vez mais exigente, irracional e apaixonado por natureza, capaz de, por essa paixão, distorcer totalmente a realidade em benefício das cores de seu clube de coração, deve ser tratado como protagonista.

O futebol movimenta anualmente, bilhões de dólares. Além disso, milhões de empregos são criados direta e indiretamente e a paixão pelo esporte transforma cada um dos habitantes do planeta Terra em torcedor e, por consequência, em um consumidor em potencial. Porém, devem-se respeitar os direitos do torcedor.

Ainda segundo Gustavo Lopes, seguem alguns procedimentos que ele entende que seriam imprescindíveis para a fidelização do torcedor:

 Venda de ingressos – deve realizar-se em vários locais e por meio eletrônico, de forma organizada, com plenas informações, de forma a garantir celeridade, eficiência e segurança.

 Estádios devem ser acessíveis por meio de transportes urbanos de qualidade: metrô, trem urbano e ônibus.

 Estádios devem possuir infraestrutura com estacionamento, restaurantes, banheiros e o acesso às suas dependências devem ser amplos e também assegurar o acesso a deficientes físicos.

 A segurança do torcedor deve ser garantida não somente no interior dos estádios, durante os eventos esportivos, mas em todo o entorno do estádio.

 Policiamento ostensivo, punições rigorosas aos torcedores violentos, monitoramento por meio de câmeras.

A seguir, números da pesquisa efetuada pela Pluri Consultoria, das 30 maiores torcidas do futebol brasileiro em 2012:

Tabela 4 – Estimativa de Torcedores dos Principais Clubes do País Torcedores

Ranking Clube Torcedores (mil) Part. (%)

1 Flamengo 29.200 15,2% 2 Corinthians 25.100 13,0% 3 São Paulo 16.200 8,4% 4 Palmeiras 12.300 6,4% 5 Vasco da Gama 8.800 4,6% 6 Grêmio 6.700 3,5% 7 Cruzeiro 6.600 3,4% 8 Internacional 5.800 3,0% 9 Santos 5.300 2,8% 10 Atlético MG 4.600 2,4% 11 Botafogo 2.800 1,5% 11 Fluminense 2.800 1,5% 13 Bahia 2.400 1,2% 14 Sport 2.200 1,1% 15 Vitória 2.000 1,0% 16 Santa Cruz 1.400 0,7% 17 Atlético PR 1.200 0,6% 18 Coritiba 1.100 0,6% 19 Ceará 1.000 0,5% 20 Fortaleza 900 0,5% 21 Náutico 800 0,4% 21 Goiás 800 0,4% 23 Vila Nova 600 0,3% 24 Avaí 500 0,3% 25 Figueirense 400 0,2% 25 Atlético GO 400 0,2% 27 Paraná 300 0,2% 28 Guarani 200 0,1% 29 Ponte Preta 200 0,1% 30 Portuguesa 100 0,1%

Torcem para outro time 9.100 4,7%

Não torcem para nenhum 40.900 21,2%

192.700 100,0%

Fonte: Criação do Autor com base em pesquisa da Pluri Consultoria em 2012. Total

A determinação do tipo de pesquisa é a de uma pesquisa quantitativa descritiva, conforme classificação sugerida por Creswell (2007), para este tipo de levantamento: “Um projeto de levantamento dá uma descrição quantitativa ou numérica de tendências, atitudes ou opiniões de uma população ao estudar uma amostra dela”.

Para auxiliar na análise dos números dos demonstrativos financeiros e tentar com isto, visualizar as variáveis que podem explicar o endividamento, efetuou-se uma análise horizontal e vertical daqueles clubes a que foram possíveis o acesso a, pelo menos, três exercícios de dados. Com isso, detectados nove (9) clubes para a elaboração da referida análise: Santos, Corinthians, Palmeiras, Internacional, Fluminense, Atlético Paranaense, Santo André, Ponte Preta e São Caetano3.

Para solucionar o problema de padronização das contas registradas nos demonstrativos financeiros, foram utilizadas como padrão, as contas registradas nos demonstrativos do clube Santos FC, uma vez que parte dos clubes selecionados apresenta uma razoável uniformidade com as contas registradas nesta agremiação e que também este clube apresenta em seus demonstrativos uma abertura bastante razoável.

Como exceção a esse padrão de uniformidade detectou-se as agremiações Palmeiras, Internacional, Santo André e Ponte Preta, principalmente com relação às contas de resultado, que se apresentam excessivamente resumidas.

Para melhor estudar o endividamento procurou-se trabalhar com três variáveis dependentes, cujo detalhamento das suas composições, está na sequência. Estas três variáveis dependentes foram testadas, uma de cada vez, com

oito (8) variáveis independentes sendo sete (7) delas quantitativas e uma variável qualitativa, referente às auditorias independentes que prestam serviços aos clubes, se pertencem a grupos internacionais ou não.

 EndivTotal – endividamento total englobando as contas de curto e longo prazo do Passivo. Utilizou-se nos cálculos o índice apurado do endividamento (Passivo Circulante mais Passivo Não Circulante) sobre o Total do Ativo;

 EmprFinanc – endividamento com bancos que se refere aos empréstimos e financiamentos bancários contraídos com instituições financeiras, também utilizou-se índice com relação ao Ativo Total; e

 EmpTrib – endividamento com bancos mais os parcelamentos fiscais de tributos federais, dívidas com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) ou com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) ou ainda, mediante acordo de parcelamento da TIMEMANIA4 ou ainda outros planos de parcelamento de dívida tributária com a Receita Federal, com os municípios ou com os estados. Utilizou-se nos cálculos, o índice deste valor de dívida ao dividi-lo pelo ativo.

Na sequência, quadro com os índices calculados para as sete (7) variáveis independentes quantitativas: Torcedores, Reav, VenAtl, FormAtl, Market, Ebitda, Ativo Fixo, e para as três (3) variáveis dependentes já citadas, com as suas respectivas representatividades em termos de quantidade de amostras. Como são índices, basicamente para contas patrimoniais, utilizou-se o total do Ativo como denominador para a apuração, e para as contas de resultado o Faturamento como denominador, apurando-se uma margem, exceto no caso do Ebitda, que se optou pelo Ativo, por responder melhor aos testes. No caso da variável independente

4 Refere-se à concurso de prognóstico, conforme Lei 11345/06 e decreto6187/07, que permite aos clubes firmarem um Termo

Torcedores, por ser um número absoluto, optou-se por transformá-lo em logaritmo neperiano.

Tabela 5 – Índices para o Cálculo de Regressão

Amostras para o cálculo de Regressão (Dados Balanços 2010) Clubes

Torcedores (LN) Reav/At VenAtl/Fat Form Atl/At Market/Fatur EBITDA/At(ROA) Ativo Fixo/Ativo EndivTotal/At EmprFinanc/At EmpTribut/At

Santos 8,5755 24,8% 19,6% 5,4% 16,1% 6,9% 36,4% 186,0% 28,8% 91,3% Corinthians 10,1306 22,3% 27,3% 9,4% 38,9% 85,6% 14,7% 28,1% Palmeiras 9,4174 3,3% 34,6% 7,1% 62,3% 99,6% 0,0% 16,7% São Paulo 9,6928 48,1% 7,7% 9,2% 6,0% 68,2% 41,6% 17,6% 29,0% Grêmio 8,8099 72,1% 18,9% 7,1% 4,7% -6,2% 60,0% 89,2% 13,2% 56,3% Internacional 8,6656 72,2% 1,0% 10,2% 1,3% 82,8% 34,0% 2,9% 21,4% Vasco 9,0825 33,3% 1,6% 4,6% -4,6% 48,8% 218,7% 43,4% 76,4% Botafogo 7,9374 2,7% 19,1% -19,2% 43,7% 437,7% 55,5% 185,1% Fluminense 7,9374 86,6% 17,1% 0,8% 11,2% -2,8% 94,0% 110,1% 8,7% 50,9% Flamengo 10,2819 55,1% 3,1% 34,4% -6,2% 67,0% 128,8% 14,6% 79,2% Cruzeiro 8,7948 20,5% 2,0% 20,9% 5,1% 31,7% 94,0% 16,5% 39,0% Atlético Mineiro 8,4338 60,6% 0,6% 30,0% 30,0% 81,5% 19,7% 70,4% Atlético Paraná 7,0901 50,7% 29,1% 10,7% 4,1% 72,9% 24,1% 1,7% 4,7% Figueirense 5,9915 78,3% 16,8% 3,8% 24,9% -19,8% 91,0% 71,4% 16,9% 47,7% Avaí 6,2146 46,5% 10,5% 1,9% 15,2% 4,9% 95,0% 94,8% 18,4% 51,4% Joinville -64,7% 231,8% 10,3% 10,3% Atl Goiás 5,9915 82,6% 100,0% 0,0% 8,6% Vila Nova 6,3969 -11,0% 69,5% 254,9% 13,6% 55,6% Portuguesa 4,6052 62,4% 17,5% -15,1% 92,4% 97,7% 7,0% 34,9% Paraná 5,7038 96,7% 0,5% 4,0% -4,3% 99,1% 21,8% 0,7% 12,0% Guarani 5,2983 -9,1% 98,0% 169,0% 16,6% 101,8% Sto. André 41,8% -2,0% 75,6% 24,9% 3,8% 17,5% Coritiba 7,0031 5,1% 4,9% 7,3% -18,5% 75,0% 120,3% 21,0% 58,4% Pte Preta 5,2983 42,2% 3,0% -27,3% 72,4% 282,0% 37,6% São Caetano 16,1% 35,3% 69,9% -19,1% 2,2% 80,6% 51,3% 57,9% QT. Amostras 22 16 10 17 18 23 24 25 24 25

Fonte: Criação do Autor com base Balanço dos Clubes

Variáveis Independentes (X) Variáveis Dependentes (Y)

Torcedores – variável independente, muito importante para o faturamento do clube pelo reflexo no valor da marca, pelo consumo dos brindes e materiais promocionais dos clubes, o reflexo nas transmissões esportivas e renda da bilheteria, quando fidelizado, são fatores que alavancam o faturamento e

influenciariam de forma inversa ao processo de endividamento. Nos cálculos utilizou- se o número absoluto de torcedores em logaritmo neperiano.

Reav – reavaliação de bens patrimoniais, pelo menos em alguns casos, dá uma significativa contribuição para a valorização do Ativo, o que em consequência, provoca a diminuição dos índices de endividamento sobre Ativo.

VenAtl – variável correspondente à venda de atletas que contribui para o faturamento, e consequentemente para a redução ou estabilização da dívida, não obstante, possa ser um fator negativo para a torcida, se ela entender que haverá uma perda de potencial, para a performance em competições. Utilizou-se nos cálculos o índice de margem com relação ao faturamento.

FormAtl – investimento na formação de atletas, que quando bem administrado, é tanto uma fonte de receita importantíssima para o clube no caso da venda do atleta após a sua formação ou até antes, com o benefício do aproveitamento deste atleta para reforçar o elenco de jogadores do clube, preenchendo lacunas que evitem gastos com contratações no mercado. Utilizou-se nos cálculos o seu índice com relação ao ativo.

Market – receitas de marketing, uma das mais rentáveis receitas operacionais do clube que integram receitas com patrocínio e publicidade, e um dos itens operacionais de maior representatividade no faturamento, que pode contribuir, portanto, para a redução ou pelo menos, a estabilização da dívida. Utilizou-se nos cálculos, o índice deste item sobre o faturamento.

EBITDA – corresponde ao resultado operacional que se apura antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Utilizou-se nos cálculos o índice sobre o ativo que resulta no ROA (retorno sobre ativo).

Ativo Fixo – investimento em um conjunto de bens patrimoniais que podem influenciar substancialmente nas receitas, como uma arena esportiva, que se bem avaliada e dimensionada, pode trazer uma série de benefícios econômico- financeiros; conjunto de bens de um centro de excelência, para a formação de atletas, ou mesmo, novas tecnologias para o tratamento fisioterápico dos atletas com redução no tempo de suas recuperações, entre outros investimentos.

A seguir, quadro do levantamento realizado identificando as auditorias independentes dos clubes de futebol, que ressalvaram os demonstrativos financeiros no exercício de 2010, discriminação de quais são estas auditorias e se elas pertencem a grupos estrangeiros ou não.

Quadro 9 – Auditorias Independentes dos Clubes

Clubes Empresa de Auditoria Independente Procedência

Santos Ernst & Young Terco Auditores Independentes S/S Internacional Corinthians BDO Auditores Independentes Internacional Palmeiras Grant Thorton Auditores Independentes Internacional São Paulo BC Control Auditores Independentes S/S Internacional

Grêmio BDO Auditores Independentes Internacional

Internacional SAWERIN & Associados S/S Auditores Independentes Nacional Vasco PS CONTAX & ASSOCIADOS Auditores Independentes SS Nacional Botafogo Parker Randall Auditores Independentes - Carlos Aragaki Internacional Fluminense Parker Randall - Auditores Independentes Internacional Flamengo Loudon Blomquist Auditores Independentes Nacional Cruzeiro EDISON ARAN BARBOSA DOS SANTOS - Contador CRC/MG 43599 Nacional Atlético Mineiro SOLTZ, MATTOSO & MENDES Auditores Independentes Nacional Atlético Paraná Parker Randall Auditores Independentes - Carlos Aragaki Internacional

Figueirense NI NI

Avaí AUDIBANCO - Auditores Independentes S/S Nacional Joinville SELECTA AUDITORES INDEPENDENTES Nacional

Atl Goiás NI NI

Vila Nova W. Machado Auditoria Nacional

Portuguesa NI NI

Paraná Mülller & PREI Auditores Independentes S/S Nacional Guarani Higuchi & Assurance - Auditores Independentes Nacional Sto. André Horwath Tuffani, Reis & Soares Nacional Coritiba Axcel Auditores Independentes S/S Nacional Ponte Preta Assessora Assessores e Auditores SS Internacional São Caetano Unity Auditores Independentes Nacional

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Fonte: Criação do Autor com base em Notas Explicativas dos Balanços dos Clubes NI = Não Informado

Total de Amostras

Constatou-se que nove (9) clubes se utilizam de auditorias independentes pertencentes a grupos de empresas internacionais.

5.2 - Análise Descritiva

Com o intuito de descrever o comportamento das dez (10) variáveis numéricas efetuou-se o cálculo de algumas medidas resumo, tais como: mínimo, máximo, quartis, mediana, média e desvio padrão. Para a variável categórica (dummy) efetuou-se o cálculo da frequência e porcentagem.

Para a apuração de como as variáveis estão correlacionadas entre si, utilizou- se o coeficiente de correlação de Pearson para as variáveis numéricas e aplicou-se um teste para verificar se não são correlacionadas a um nível de 5% de significância.

Para a variável categórica, que se refere à existência de auditoria internacional, ou não, foi utilizado um teste não paramétrico de Mann – Whitney para verificar a relação com as três (3) variáveis dependentes, EndivTotal, EmprFinanc e

EmprTrib.

Para a realização de todas estas análises, recorreu-se a Bussab e Morettin (2002).

5.3 - Modelo de Regressão

Após a elaboração da análise descritiva, observou-se que algumas variáveis possuem muitos dados faltantes (Reav: faltando 9 observações, VenAtl: 15

observações, FormAtl: 8 observações e Market com a falta de 7 observações) optou- se assim, por não utilizá-las no modelo de regressão.

Deste modo, restaram apenas quatro (4) variáveis independentes:

Torcedores, EBITDA, Ativo Fixo e Auditoria, para explicar as variáveis dependentes (EndivTot, EmprFinanc, EmprTrib).

Para encontrar a melhor alternativa do modelo de regressão a ser utilizado, elaborou-se o histograma das variáveis dependentes (figura 1 – Histograma das Variáveis Dependentes) para termos uma ideia de que modelo de regressão melhor se ajusta aos dados.

Gráfico 2 - Histograma das Variáveis Dependentes.

A partir dos histogramas notou-se que elas parecem seguir uma distribuição positiva e assimétrica, portanto um modelo de regressão Gamma seria mais apropriado.

Portanto utilizou-se a teoria de Modelos Lineares Generalizados (McCullagh e Nelder, 1989) para a elaboração do modelo de regressão, o modelo escolhido foi o modelo de regressão Gamma com função de ligação logarítmica.

5.4 – Resultados

Na tabela a seguir, encontram-se as medidas resumo das variáveis em estudo. Pode-se notar que as variáveis independentes, Reav, VenAtl, FormAtl e

Market, possuem muitos missings (pelo menos 7), por isso analisou-se estas variáveis apenas de forma exploratória, não incluindo-as no modelo de regressão. A variável Torcedores, está transformada pelo LN (logaritmo neperiano) e as demais estão no formato de proporções (1 igual a 100%) exceto Auditoria que está no formato 0 (sem auditoria internacional) e 1 (com auditoria internacional).

A variável dependente EmprFinanc é a única que possui um clube que não forneceu a informação (Ponte Preta). Os clubes que forneceram todas as informações foram: Santos, Grêmio, Fluminense, Figueirense e Avaí.

Tabela 6 – Análise Descritiva

Mínimo 1º QuartilMediana Média 3º Quartil Máximo Missings Desvio Padrão Torcedores (LN) 4,605 6,047 7,937 7,607 8,806 10,28 3 1,714019 Reav 0,05 0,3975 0,53 0,5356 0,72 0,97 9 0,247897 VenAtl 0,1 0,17 0,18 0,208 0,2075 0,42 15 0,0884182 Form_Atl 0,01 0,02 0,03 0,05059 0,05 0,35 8 0,07988043 Market 0,04 0,0925 0,155 0,1967 0,265 0,7 7 0,1607702 EBITDA -0,65 -0,165 -0,05 -0,08043 0,045 0,09 2 0,1616247 Ativo_Fixo 0,02 0,4775 0,71 0,6625 0,85 0,99 1 0,2545627 EndivTotal 0,22 0,81 0,98 1,273 1,69 4,38 0 0,968094 EmprFinanc 0 0,0625 0,15 0,1662 0,185 0,56 1 0,1502407 EmprTribut 0,05 0,21 0,48 0,4964 0,58 1,85 0 0,3868342

Auditoria Internacional Não: 13 (59.09%); Sim: 9 (40.91%) 3

Análise descritiva

A partir da elaboração de uma matriz de correlação (tabela 6, a seguir) pode- se ter uma noção de quais são as variáveis independentes que são correlacionadas entre si e também quais são correlacionadas com as variáveis dependentes, bem como a correlação entre as variáveis dependentes.

Como já se previa as três (3) variáveis dependentes são correlacionadas entre si, uma vez que EmprFinanc está contida em EmprTrib e esta está contida em

EndivTot.

Tabela 7 – Matriz de Correlação de Pearson

Variáveis Torcedor Reav VenAtl Form_Atl Market Ebitda Ativo_Fixo EndivTotal EmprFinanc EmpTribut

Torcedor 1 Reav -0,1536008 1 VenAtl 0,7181755 0,03426032 1 Form_Atl 0,4965756 -0,21544247 0,60501383 1 Market -0,7435324 -0,10424827 -0.15858954 -0.2512604 * 1 EBITDA 0.3909189 * -0,7271568 -0,19523311 -0,1501788 -0,41645497 1 Ativo_Fixo -0.7420511 * 0.64645927 * -0,69698872-0.7203711 * 0.25367227 * -0.4044981 1 EndivTotal 0,5608699 -0,7554801 0,41742738 0,1013873 -0,078988980.7130177 * -0,7618153 1 EmprFinanc 0,0725451-0.9185081 * 0.18244834 0.3100897 * 0,38463702 0,436038-0.6854593 * 0.73307667 * 1 EmpTribut 0,5689966 -0,80913116 0,52425415 0,3709483 -0,02818591 0,5890516 -0,89900710.95289754 * 0.8414868 * 1

* Correlação é diferente de 0 a um nível 5% de significância

Para verificar se a Auditoria está relacionada com as variáveis explanatórias se realizou três (3) testes de Mann-Whitney (tabela 8, a seguir), e nestes testes pode-se notar que o fato do clube utilizar os trabalhos de uma auditoria não provoca

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