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A entrada no ‘meio da carreira’ docente: terceira fase ‘Diversificação/ Pôr se

1. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE ATRELADA AO CICLO

1.6 Conceituando o Ciclo de Vida da Carreira Profissional Docente

1.6.2 A entrada no ‘meio da carreira’ docente: terceira fase ‘Diversificação/ Pôr se

A terceira é a Fase de Diversificação, esta é caracterizada pelo percurso mais individual. É o ciclo da carreira profissional entre os 7 e os 25 anos de experiência. “São inseridas as respostas e observações elaboradas ao longo das experiências profissionais do próprio professor” (HUBERMAN, 1992, p.41). Nesta fase há mais ousadia, experimentações e diversificações de suas práticas pedagógicas.

De acordo com Huberman (1992, p.42) “não há confirmações empíricas que a grande maioria dos professores passe por esta fase, mas os que passam estão em busca de novos desafios para não emergir na rotina”. Geralmente ficam mais motivados, ambiciosos a trabalhos administrativos e criativos no desenvolvimento de trabalhos pedagógicos em equipes.

Desse modo, o Pôr-se em questão, que é vista por alguns estudiosos como uma fase especifica dentro desse ciclo, seguida dessa fase de Diversificação, tem suas

origens e características difíceis de perceber. Visto que, geralmente esta fase surge em virtude dos muitos casos que foram surgindo durante a fase anterior, de diversificação, como por exemplo, os que estão relacionados “ao monotonismo de sala de aula; o desencanto diante os fracassos das experiências de luta. Como os professores não tinham respostas claras ficavam a se por em questão” (HUBERMAN, 1992, p.43).

Não obstante, esta atitude gera o desenvolvimento de vários sintomas, que podem ir desde “uma ligeira sensação de rotina até uma ‘crise’ existencial efectiva face à prossecução da carreira”. Já para outros nota- se o desenvolvimento de forma mais progressiva de uma “sensação de rotina a partir da fase de estabilização, sem que as pessoas passem por uma actividade inovadora significativa”. (HUBERMAN, 1992, p.43)

Uma vez que esta é uma fase com múltiplos aspectos e tentar reduzi- la dentro de uma concepção se torna tarefa impossível. Até porque este é o período que decorre aproximadamente no “meio da carreira”, os professores passam a refletir mais sobre a sua vida profissional, e dependendo da situação pode causar certo pânico ao deduzir que lhe restaria pouco tempo, caso quisesse seguir outras carreiras.

Assim sendo, pôr-se em questão, afirma Hubermam (1992):

Corresponderia a uma fase – ou várias fases – “arquetípica (s)” da vida, durante a (s) qual (s) as pessoas examinam o que terão feito da sua vida, face aos objectivos e ideais dos primeiros tempos, e em que embrenharem na incerteza e, sobretudo, na insegurança de outro percurso. (HUBERMAN, 1992, p.43)

Por fim, Huberman (1992) conclui seu pensamento a cerca desta fase afirmando que estes questionamentos são vivenciados de forma diferentes por homens e mulheres. Sendo mais elevado nos homens quando são mais jovens; nas mulheres aparecem mais tarde.

1.6.2.1 A quarta fase: Serenidade e Distanciamento afetivo e/ou Conservadorismo e Lamentações

Após passar pela quarta fase, a dos questionamentos, vem à fase da Serenidade e Distanciamento afectivo. É o quarto ciclo entre os 25 e 35 anos de experiência. É interessante notar que a grande maioria dos professores não chega lá, mas os que chegam podem ser por diversos caminhos. (HUBERMAN, 1992, p.44)

Presume-se que estes professores apresentam muita serenidade, pois, prevêem o que vai acontecer em situação de sala de aula e já têm as respostas prontas. Tão menos importância a avaliação dos alunos, e dos colegas de profissão. É preciso ressaltar que os professores dessa fase falam explicitamente de “serenidade”, de ter, enfim, chegado à situação de me aceitar tal como sou e não como os outros me querem (HUBERMAN, 1992, p.44).

Enquanto isso, “o nível de ambição diminui e consequentemente o nível de investimento, pois não precisam ficar provando nada a ninguém, nem a si mesma” (HUBERMAN, 1992, p.44). Este fato faz com que a sensação de confiança e de serenidade se eleve, e voltem seu tempo para investimento em projetos futuros.

Cabe frisar que nessa fase do Conservadorismo e das Lamentações, alguns estudiosos também a vêem como uma fase específica dentro desse ciclo de vida profissional docente. Nessa os professores ficam mais resmungões e se queixam constantemente da bagunça e desmotivação dos alunos. Huberman (1992) afirma que nessa fase há uma maior:

[...] descredibilidade da política educacional; da incompetência dos profissionais recém chegados. As mulheres deploram, em particular, a evolução dos alunos, e os homens têm tendência para aceitar a idéia de que as modificações raramente conduzem a melhorias no sistema. (HUBERMAN, 1992, p.45)

É preciso ressaltar que uma das coisas que levam os professores a não passarem por esta fase é decorrente da “evolução da escola secundária. Porém, os mais conservadores são os mais jovens, estes podem chegar a esta fase por vários caminhos, por estarem mais freqüentemente influenciados pelos meios sociais e políticos” (HUBERMAN, 1992, p.45).

Tem- se que os que são mais velhos na idade e que se encontram nesta fase têm a maior tendência “a uma maior rigidez e dogmatismo, para uma prudência acentuada, para uma resistência mais firme as inovações, para uma nostalgia do passado, para uma mudança de óptica geral face ao futuro, etc.” (HUBERMAN, 1992, p.46).

Quadro 2- Principais características das fases que compõem o meio Ciclo de Vida da Carreira

Profissional Docente de acordo com Huberman (1992).

Meio da Carreira (Dos 7 aos 35 anos de carreira)

TERCEIRA FASE – 7 aos 25 anos de carreira

Diversificação: percurso mais individual; mais ousadia; experimentações e diversificações nas

práticas pedagógicas; novos desafios; fogem da rotina; mais motivados e ambiciosos; mais envolvidos em trabalhos pedagógicos em equipe.

Pôr-se em questão: monotonismo de sala de aula; desencantos; sensação de rotina; crise existencial

efetiva face a prossecução da carreira;

Para que os professores não entrem nessa fase, é importante que passem por atividades inovadoras significativas. O pôr-se em questão é uma fase vivenciada de forma diferente por homens e mulheres. Nos homens ocorre de forma mais intensa quando são jovens; nas mulheres quando são mais maduras.

QUARTA FASE – 25 aos 35 anos de carreira

Serenidade e Distanciamento Afetivo: muita serenidade; domínio da situação disciplinar dos alunos

e didático- pedagógica; tão menos importância à avaliação dos alunos e dos colegas de profissão; maior investimento em projetos futuros;

Conservadorismo e Lamentações: ficam mais resmungões; se queixam constantemente da bagunça

e desmotivação dos alunos.

Este último perfil pode ser considerado como uma fase específica dentro do Ciclo Profissional Docente. Nota-se que os mais conservadores são os mais jovens, geralmente influenciados pelos meios sociais e políticos. Ou os mais velhos na idade, em que predomina “uma maior rigidez e dogmatismo” e uma forte resistência a inovações.