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ENTRE A FISCALIZAÇÃO E A AUTORIZAÇÃO: AS FUNÇÕES DAS SRES

No documento edianepereiradeoliveira (páginas 33-36)

2 ANÁLISE DE PROCESSOS DE AUTORIZAÇÃO DE FUNCIONAMENTO

2.3 ENTRE A FISCALIZAÇÃO E A AUTORIZAÇÃO: AS FUNÇÕES DAS SRES

O Estado de Minas possui a responsabilidade compartilhada com a União e os municípios de proporcionar os meios de acesso à educação, à cultura e à ciência (MINAS GERAIS, 1989). Entretanto, deve-se considerar sempre a imensidão territorial.

Segundo dados do IBGE (2017), Minas Gerais abrange uma área de (586.520,732 km²) quinhentos e oitenta e seis mil, quinhentos e vinte, setecentos e trinta e dois quilômetros quadrados. É, portanto, um dos maiores estados brasileiros, com oitocentos e cinquenta e três municípios. Sua população estimada atingiu, em 2018, a quantidade de vinte e um milhões, quarenta mil e seiscentos e sessenta e duas pessoas (21.040.662) (IBGE, 2017).

Com objetivo de proporcionar melhor atendimento populacional, a estrutura orgânica da SEE/MG compõe-se de forma descentralizada. Assim, a sua organização administrativa divide-se nos níveis de gestão central e regional.

A unidade central encontra-se localizada na Rodovia Papa João Paulo II, 4.143, Bairro Serra Verde, na Cidade Administrativa – Prédio Minas – 10º e 11º andares, em Belo Horizonte, Minas Gerais. A gestão regional é realizada por

quarenta e sete Superintendências Regionais de Ensino, segundo o artigo 70 do Decreto nº 45.849, de 27 de dezembro de 2011.

artigo 70. As Superintendências Regionais de Ensino estão subordinadas ao titular da Secretaria Adjunta e têm por finalidade exercer, em nível regional, as ações de supervisão técnico- pedagógica, de orientação normativa, de cooperação, de articulação e de integração do Estado e Município, em consonância com as diretrizes e políticas educacionais (MINAS GERAIS, 2011a, recurso online).

A regionalização da SEE/MG, por meio das SREs, possibilita a maior aproximação do Estado com as escolas particulares, porém dificulta a padronização da gestão administrativa dos processos, interferindo no intento de contribuir para o melhor funcionamento da prestação do serviço público. A relativa autonomia desse órgão é, pois, condição imprescindível para a supervisão, coordenação e execução das ações educacionais, visto a extensão do território mineiro.

As Superintendências Regionais de Ensino possuem as atribuições de orientação, acompanhamento e supervisão das escolas de suas circunscrições. São as unidades responsáveis pela fiscalização das escolas particulares, por meio da equipe de Inspeção Escolar.

Dentre as várias normas e orientações quanto à instrução dos processos de autorização de funcionamento, elencadas pelo CEE e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio de Pareceres, Resoluções e Prerrogativas, que normatizam todos os estabelecimentos de ensino do Estado de Minas Gerais, a equipe de Inspeção Escolar deverá analisar os processos. Qualquer irregularidade nos itens descritos deve ser baixada em diligência (MINAS GERAIS, 2002), o que pode impedir à escola de matricular novos alunos ou abrir novos cursos/nível de ensino.

artigo 18 - Cabe à Secretaria inspecionar, previamente, mediante comissão de verificação in loco, as condições de funcionamento da instituição.

§ 1º – Verificadas as condições adequadas à oferta de educação de qualidade e ao atendimento às exigências legais, a comissão verificadora fará relatório à Secretaria, que expedirá ato autorizativo de funcionamento do(s) curso(s), após

pronunciamento do Conselho

§ 2º – Verificada a ausência de elemento essencial ao bom desempenho da instituição e o não-cumprimento de exigência legal,

o processo será baixado em diligência para que se tomem as providências necessárias.

§ 3º - Em caso de não atendimento da diligência, na forma do parágrafo anterior, o pedido de autorização será negado.

§ 4º – Cabe recurso ao Conselho, no prazo de 10 (dez) dias, da decisão que denegar o pedido de autorização. (MINAS GERAIS, 2002a, recurso online)

O Quadro 6 sintetiza o passo a passo para análise do processo pela Equipe de Inspeção Escolar.

Quadro 6 – Análise do processo pela equipe de Inspeção Escolar junto às escolas

Ordem Procedimentos da escola que serão analisados

I Elaborar Regimento escolar, a proposta pedagógica e o currículo;

II Ministrar tanto os dias letivos fixados quando a carga horária prevista para cada conteúdo curricular;

III Contratar professores legalmente habilitados ou autorizados pelo órgão competente;

IV Escriturar, com autenticidade, os diários de classe, com registro fiel da frequência e aproveitamento dos alunos, e lançamento da matéria lecionada; V

Realizar a escrituração e manter o arquivo escolar, de forma a assegurar a verificação da identidade de cada aluno e da regularidade e autenticidade de sua

vida escolar;

VI Promover a avaliação do aproveitamento e a apuração da frequência dos alunos;

VII Registrar, com autenticidade e fidelidade, o comparecimento dos professores às aulas;

VIII Manter, em dia e em ordem, as pastas escolares dos alunos, com toda a documentação exigida pela legislação e normas de ensino;

IX Registrar, fielmente, em livro próprio, as matrículas recebidas, as transferências expedidas e o aproveitamento escolar, ano a ano;

X Disponibilizar, à demanda dos cursos, técnicos, os recursos tecnológicos recomendados pelo Catálogo Nacional de Cursos Técnicos; XI Disponibilizar agências para a realização das atividades de estágio

supervisionado, caso previsto;

XII A entidade mantenedora encontra-se em dia com seus compromissos Tributários, nas Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e FGTS; XIII Praticar os demais atos escolares também com observância da legislação

pertinente. Fonte: Minas Gerais (2002a; 2002c) adaptado pela autora.

Diante do exposto, verificamos que as visitas dos Inspetores Escolares visam ao bom funcionamento das escolas do Estado de Minas Gerais vinculadas ao Sistema Estadual de Ensino, porém, segundo Alves (2009), o ensino privado é submetido a verdadeiras arbitrariedades, tornando-se um dos mais controlados pelo aparato estatal.

Nas últimas décadas, no Brasil, as relações entre ensino privado e Estado brasileiro vêm sofrendo mudanças significativas. A cada dia os estabelecimentos de ensino privado se vêem enredados em um cipoal legal. Tem-se a impressão de uma completa subversão da ordem jurídica estabelecida. O ensino privado, por vezes, é obrigado a conviver com verdadeiras arbitrariedades. (ALVES, 2009, p. 75)

A organização burocrática dos processos tem por objetivo ser um sistema racional, formal e impessoal, ou seja, busca elevar a eficiência, por isso possui um sistema de normas, escritas e exaustivas, com isso não leva em consideração o aspecto emocional das entidades mantenedoras que fazem parte dela.

Nesta seção, pretende-se evidenciar a possibilidade de ausência de um sistema padronizado para controle e monitoramento dos processos devolvidos no âmbito da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.

O Decreto nº 45.849/2011 (MINAS GERAIS, 2011a), que dispõe sobre a organização da Secretaria de Estado de Educação, pronuncia que a Superintendência de Organização e Atendimento Educacional tem por desígnio coordenar o planejamento e o desenvolvimento das ações voltadas para a universalização das oportunidades educacionais e organizar o atendimento escolar, o funcionamento das escolas e a melhoria da qualidade do ensino; porém, o Decreto não prevê nenhuma atribuição de monitoramento à SOE, como evidenciado no Quadro 4 supracitado.

Diante do exposto, apresentamos como hipóteses para a existência de entraves que dificultam o processo de autorização de funcionamento das escolas particulares os seguintes fatores: inexistência de um sistema unificado de controle, conforme Decreto nº 45.849/2011, artigo 25, que não prevê nenhuma atribuição de monitoramento à SOE, ausência de critérios e metodologia adequados para o acompanhamento e o monitoramento dos processos devolvidos, o artigo 70 que demonstra a finalidade das SREs, não preveem monitoramento de processos (MINAS GERAIS, 2011a), e cada superintendência possui critérios próprios, servidores sem formação e que não compreendem os processos de autorização, sobrecarga de funções sobre os inspetores escolares e demais servidores envolvidos no acompanhamento dos processos agravado pela falta de pessoal e falta de capacitação para o constante aperfeiçoamento profissional.

No documento edianepereiradeoliveira (páginas 33-36)