Anos 2005 2007 2008 2009 2010 2011
Crianças nascidas* 109.399 102.492 104.594 99.491 101.507 97.112
Homens que receberam subsídio por licença obrigatória (5 dias até Abril de 2009 e 10 dias
desde Maio de 2009) 42.982 45.687 45.973 53.278 58.069 61.604
(% no total de crianças nascidas) 39,3 44,6 44,0 53,6 57,2 63,4
(% no total das licenças das mulheres) 56,5 60,7 61,2 62,6 67,3 70,9
Homens que receberam subsídio por licença parental de uso exclusivo do pai (15 dias até
Abril de 2009 e 10 dias desde Maio de 2009) 32.945 37.552 38.442 44.447 49.823 52.283
(% no total de crianças nascidas) 30,1 36,6 36,8 44,7 49,1 53,8
(% no total das licenças das mulheres) 43,3 49,9 51,2 52,2 57,8 60,1
Homens que partilharam licença de 120/150 dias 413 551 577 8.593 19.711 20.528
(% no total de crianças nascidas) 0,4% 0,5% 0,6% 8,6% 19,4% 21,1%
(% no total das licenças das mulheres) 0,5% 0,7% 0,8% 10,1% 22,9% 23,6%
Mulheres que receberam subsídio por licença de 120/150 dias 76.125 75.297 75.128 85.085 86.242 86.941
(% no total de crianças nascidas) 69,6% 73,5% 71,8% 85,5% 85,0% 89,5%
Homens que receberam subsídio social de paternidade/subsídio social parental** 3.945 7.100 6.601
(% no total de crianças nascidas) 4,0% 7,0% 6,8%
(% no total das licenças das mulheres que beneficiam do subsídio social de maternidade) 17,9% 33,3% 35,2%
Mulheres que receberam subsídio social de maternidade/subsídio social parental* 7.257 22.094 21.300 18.742
(% no total de crianças nascidas) 6,9% 22,2% 21,0% 19,3%
Fontes: Instituto de Informática, IP - MTSS; INE
Notas: n.d. - não disponível; * Nados-vivos (dados provisórios para 2011: n.º de "testes de pézinho" do INSA);** esta medida apenas existe desde 2008; O mesmo beneficiário pode ter tido processamento em mais de um benefício, pelo que, tal constrangimento deverá ser tido em conta na utilização e análise dos dados
Gráfico 15 – Evolução no uso das licenças parentais, 2005‐2011 60,7 61,2 62,6 67,3 70,9 0,5 0,7 0,8 56,5 57,8 60,1 52,2 51,2 49,9 43,3 10,1 22,9 23,6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2005 2007 2008 2009 2010 2011 Homens que gozaram a licença obrigarória exclusiva do pai (5 dias até 30 Abril e 10 dias desde 1 de Maio 2009) Homens que gozaram a licença facultativa exclusiva do pai (15 dias até 30 Abril e + 10 dias desde 1 de Maio 2009) Pais que partilharam a licença com a mãe (30 dias ou mais ) Fonte: Instituto de Informática, IP‐MSSS
Conclusões
Os indicadores estatísticos da situação de mulheres e homens no mercado de trabalho, referentes ao período de 2001 a 2011, permitem constatar que as desigualdades entre mulheres e homens continuam a caracterizar o mercado de trabalho, pese embora se verifiquem algumas tendências de mudança.
Da análise dos indicadores estatísticos destacamos as principais conclusões:
‐ As taxas de atividade e de emprego das mulheres têm registado algum progresso, face a um decréscimo no caso dos homens, o que resultou numa tendência de convergência das taxas femininas com as masculinas. De referir, ainda, que a taxa de emprego feminina é superior à média europeia, tendo superou, desde o ano 2000, a meta estabelecida na Cimeira de Lisboa para a UE para 2010, 60%.
‐ Apesar do aumento do emprego das mulheres, elas continuam mais expostas às situações de desemprego, o que se reflete em taxas de desemprego sistematicamente superiores às dos homens, embora com uma tendência de convergência no final da década, resultante do aumento mais acentuado do desemprego masculino a partir de 2008, o que se justifica pelo facto da crise financeira de 2008 e a subsequente recessão económica estar a ter, pela natureza dos sectores da economia que têm sido mais afectados, um impacto mais significativo sobre o emprego dos homens. No desemprego feminino, é de realçar que o desemprego das mulheres licenciadas é muito superior ao dos homens com o mesmo nível de habilitação, o que reflete a maior dificuldade que estas enfrentam no mercado de trabalho, mesmo quando detêm qualificações académicas.
O agravamento do desemprego masculino registado durante a década de 2000 veio inverter a tendência do peso relativo do desemprego de longa duração ser uma característica do desemprego feminino.
‐ Mulheres e homens tendem a concentrar‐se em determinadas profissões e sectores de atividade. As mulheres trabalham em profissões e sectores muito feminizados e ocupam as categorias mais baixas e com menos acesso a posições de direção ou chefia, pese embora o acentuado aumento do seu nível de habilitações literárias. Apesar da representatividade das mulheres ter aumentado nas profissões mais qualificadas, nomeadamente nas profissões intelectuais e científicas, o peso relativo das mulheres aumentou essencialmente nos grupos
profissionais mais feminizados e de menor nível de qualificação. Em contrapartida, a participação dos homens nestes mesmos grupos diminuiu.
‐ No exercício de cargos de direção e chefia existe uma enorme assimetria entre homens e mulheres, situação que se manteve praticamente inalterada ao longo da década, representando as mulheres apenas cerca de 1/3 dos quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresas.
‐ As mulheres continuam mais expostas a contratos de trabalho temporário, embora assistindo‐se a uma redução acentuada da diferença entre a percentagem de mulheres e de homens com contratos a termo, resultante de uma tendência de maior precarização dos vínculos contratuais dos homens.
‐ O trabalho a tempo parcial é pouco significativo em Portugal, tendo, no entanto, registando‐ se um aumento do número dos indivíduos a trabalhar nesta modalidade de duração do trabalho. Embora mais mulheres que homens trabalhem a tempo parcial registou‐se uma ligeira tendência de diminuição da percentagem de mulheres a trabalhar nesta modalidade. Em contrapartida, registou‐se o aumento progressivo da percentagem de homens que trabalham a tempo parcial.
‐ A desigualdade salarial é uma característica do mercado de trabalho que persiste, sendo o gap salarial entre mulheres e homens particularmente elevado entre os níveis de qualificação e de escolaridade superiores. As mulheres auferem, de remuneração média mensal base, cerca de menos 18% do que os homens, ou, se falarmos de ganho médio mensal, menos 20,9%. Apesar da persistência das disparidades salariais entre mulheres e homens, observou‐se, entre 2002 e 2010, uma muito ligeira aproximação das remunerações entre mulheres e homens, tendo o diferencial da remuneração média mensal de base e de ganho das mulheres e dos homens diminuído ‐1,4p.p. e ‐1,8p.p., respectivamente.
‐ Continua a existir em Portugal uma acentuada assimetria na partilha do trabalho não pago entre mulheres e homens, sendo as mulheres que, apesar de trabalharem maioritariamente a tempo inteiro, asseguram a maior parte do trabalho doméstico e de prestação de cuidados dentro da família.
São, também, as mulheres quem mais condiciona o seu horário de trabalho diário e a sua atividade profissional e carreira por razões familiares, recorrendo com mais frequência a
medidas de conciliação entre a vida profissional e a vida familiar, como sejam a flexibilização do horário de trabalho ou a sua redução efetiva, a interrupção da carreira e a licença parental. No que se refere à paternidade, regista‐se uma tendência de aumento do uso das licenças a que o pai tem direito e uma evolução muito positiva da partilha da licença parental inicial entre mãe e pai.