• Nenhum resultado encontrado

DEZ ANOS DE (DE)IGUALDADE DE GÉNERO NO TRABALHO E EMPREGO ( )

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DEZ ANOS DE (DE)IGUALDADE DE GÉNERO NO TRABALHO E EMPREGO ( )"

Copied!
51
0
0

Texto

(1)

 

DEZ ANOS DE (DE)IGUALDADE DE GÉNERO NO TRABALHO E EMPREGO (2001‐2011) 

 

Introdução 

A  igualdade  entre  mulheres  e  homens  é  um  direito  fundamental  que  a  Constituição  da  República  Portuguesa  consagra  no  seu  artigo  1º,  sendo  a  sua  promoção  uma  tarefa  fundamental  do  Estado  (artigo  9º).  A  igualdade  de  género  é,  igualmente,  um  valor  fundamental  da  União  Europeia,  constituindo‐se  como  um  princípio  do  direito  comunitário  consagrado no artigo 2º e no n.º 2 do artigo 3º do Tratado da Comunidade Europeia.  É reconhecido nos instrumentos de política, mais estratégicos, que a igualdade entre mulheres  e homens é pré‐condição para o crescimento sustentável, para o emprego, a competitividade  e a coesão social.  No entanto, e não obstante o quadro jurídico, nacional e europeu, e os esforços e iniciativas  encetados no sentido de tornar a igualdade de género numa realidade, o facto de homens e  mulheres não participarem de forma equitativa no mercado de trabalho, na vida familiar e nos  processos  de  tomada  de  decisão,  demonstra  que  a  igualdade  de  género  ainda  não  é  uma  realidade. 

Este relatório, que apresenta indicadores estatísticos que permitem fazer um retrato sintético  da  situação  das  mulheres  e  dos  homens  no  mercado  de  trabalho  em  Portugal,  ao  longo  da  década  de  2000,  mostra  que  foram  alcançados  alguns  progressos  no  sentido  de  uma  maior  igualdade, No entanto, o ritmo dos avanços é, no geral, ainda muito lento, sendo, portanto, o  mercado de trabalho marcado pela persistência de uma elevada assimetria dos indicadores de  género. 

As  mulheres  continuam  a  enfrentar  mais  dificuldades  do  que  os  homens  em  aceder  e  participar  na  vida  profissional,  bem  como  em  conciliar  o  trabalho  com  a  vida  familiar.  Em  contrapartida,  é  fundamental  que  os  homens  assumam  uma  maior  quota  na  partilha  das  responsabilidades familiares. 

(2)

Assim,  para  alterar  esta  realidade,  para  além  das  necessárias  políticas  e  medidas  que  promovam  a  igualdade  de  género,  é  fundamental  uma  mudança  de  mentalidade  e  a  desconstrução de estereótipos acerca dos papéis e competências de homens e mulheres. 

(3)

I ‐ Participação no Mercado de Trabalho: Emprego e Desemprego 

Em Portugal  a participação feminina na atividade profissional é elevada, tendo mantido  uma  tendência de crescimento ao longo da última década. 

Até  2008  registou‐se  um  aumento  contínuo  da  taxa  de  atividade  em  Portugal  decorrente  da  evolução da taxa de atividade feminina, que anulou o ligeiro decréscimo verificado na taxa de  atividade masculina, no mesmo período, levando a que o diferencial entre a taxa de atividade  dos homens e das mulheres se tenha esbatido. 

O  crescimento  contínuo  da  taxa  de  atividade  feminina  entre  2001  e  2010  resultou  de  um  aumento  da  população  ativa  feminina,  que  neste  período  aumentou  em  208,3  mil  pessoas,  enquanto que o aumento da população ativa masculina foi somente de 84,6 mil pessoas, para  o mesmo período.  

Neste mesmo período, a taxa de atividade feminina aumentou 2,7 p.p. (de 53,6% para 56,3%)  face a um decréscimo de ‐2,3 p.p. (de 70,2% para 67,9%) da taxa de atividade masculina. Em  2010,  a  taxa  de  atividade  feminina  atinge  o  valor  mais  elevado  da  década  (idêntico  ao  de  2007), enquanto que, pelo contrário, a taxa de atividade masculina atingiu o valor mais baixo  desde 1998. 

Esta  evolução  reflete  uma  tendência  de  convergência  das  taxas  de  atividade  feminina  e  masculina, sendo, no entanto, o diferencial entre ambas ainda favorável aos homens (de 16,6  p.p. em 2001 para 11,6 p.p. em 2010). 

Em  2011,  verificou‐se  um  decréscimo  da  população  ativa  em  Portugal,  embora  o  registado  para as mulheres (‐29,7 mil pessoas) tenha sido inferior ao decréscimo registado na população  ativa masculina (‐45,5 mil pessoas). 

Elevada participação feminina na atividade profissional em 

Portugal 

(4)

A taxa de atividade1 em 20112, em Portugal, foi de 61,3%, sendo de 68% para os homens e de  55,2%  para  as  mulheres,  tendo  o  diferencial  entre  a  taxa  de  atividade  dos  homens  e  a  das  mulheres sido de 12,8%.    Gráfico 1 – Taxa de atividade em Portugal, por sexo, 2001‐2011  70,2 70,5 70,0 69,7 69,4 69,7 69,5 69,4 68,2 67,9 68,0 53,6 54,2 54,7 54,8 55,6 55,8 56,3 56,2 56,0 56,3 55,2 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

Total Homens Mulheres

*quebra de série 

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 

 

De  referir,  também,  que,  no  período  entre  2001  e  2010,  a  taxa  de  atividade  das  mulheres  cresceu em todas as regiões (NUT II) do país, enquanto que a dos homens diminuiu em quase  todas  as  regiões,  com  excepção  do  Algarve  e  da  Região  Autónoma  dos  Açores,  onde  aumentou. 

1 A taxa de atividade representa a relação entre a população ativa (empregada mais desempregada) com 15 e mais  anos e a população total com 15 e mais anos.  2  Iniciou‐se no 1º trimestre de 2011 uma nova série do Inquérito ao Emprego. Esta nova série configura uma quebra  de série de dados estatísticos, o que, segundo o INE, impossibilita comparações directas com a série anterior. Assim,  as análises do mercado de trabalho feitas nesta publicação, com dados do Inquérito ao Emprego, realizam‐se em  dois períodos, 2001‐2010 e 2011. 

(5)

Comparativamente  aos  países  da  UE27,  Portugal  é  dos  países  com  maior  participação  das  mulheres na atividade profissional. Em 20113, a taxa de atividade feminina (15 ‐ 64 anos) em  Portugal (69,8%) apresentava‐se superior à média da UE27 (64,9%)4. De realçar que nos países  onde esta taxa é superior à registada em Portugal, a percentagem de mulheres que trabalham  a tempo parcial é, de modo geral, muito mais elevada.      Quadro 1 – Taxa de atividade (15 – 64 anos) em Portugal e na UE27, por sexo, 2011 

  Total  Homens  Mulheres 

UE27  71.2%  77,6%  64,9% 

Portugal  74,1%  78,5%  69,8% 

Fonte: Eurostat, Labour Force Survey, 2011   

À  semelhança  do  observado  para  a  taxa  de  atividade,  também  o  emprego  em  Portugal  manteve ao longo da última década uma tendência muito ligeira de crescimento, que começou  a inverter‐se em 2009. 

Entre  2009  e  2010,  o  decréscimo  líquido  de  emprego  foi  de  cerca  ‐76  mil  pessoas,  com  um  valor mais elevado para os homens (‐43 mil) do que para as mulheres (‐33 mil).     Gráfico 2 – População empregada (>=15 anos) em Portugal, por sexo, 2001‐2011 

3  INE, Inquérito ao Emprego 2011  4 EUROSTAT, Labour Force Survey, 2011 

(6)

0,0 1000,0 2000,0 3000,0 4000,0 5000,0 6000,0 Total Homens Mulheres Total 5111,7 5137,3 5118,0 5122,8 5122,5 5159,5 5169,7 5197,8 5054,1 4978,2 4837,0 Homens 2809,8 2816,4 2787,1 2784,2 2765,4 2789,7 2789,3 2797,1 2687,6 2644,5 2574,5 Mulheres 2302,0 2320,9 2330,9 2338,6 2357,2 2369,8 2380,4 2400,7 2366,5 2333,6 2262,5 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* * quebra de série  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego    Também a taxa de emprego5 se manteve relativamente estável ao longo da década até 2009,  quando regista um decréscimo de ‐1,9p.p. em relação a 2008.  A tendência de crescimento do emprego até 2009, bem como a relativa estabilidade da taxa  de emprego, deveu‐se a um crescimento significativo do volume total do emprego feminino e  consequente aumento contínuo, embora lento, da taxa de emprego feminino, ao contrário do  sucedido com o emprego masculino, que decresceu, perdendo de 2001 a 2010 ‐165 mil postos  de trabalho. 

A  partir  de  2009  a  taxa  de  emprego  em  Portugal  regista  uma  tendência  mais  acentuada  de  decréscimo, que atinge tanto os homens como as mulheres, embora o decréscimo da taxa de  emprego  para  os  homens  seja  mais  acentuado  que  para  as  mulheres,  o  que  se  justifica  pelo  facto  da  crise  financeira  de  2008,  e  a  subsequente  recessão  económica,  estar  a  ter,  pela  natureza  dos  sectores  da  economia  que  têm  sido  mais  afectados,  um  impacto  mais  significativo sobre o emprego dos homens. 

5

 A taxa de emprego é a relação entre a população empregada com 15 a 64 anos e a população total com 15 a 64  anos. 

(7)

 

Os decréscimos mais acentuados da taxa de emprego dos homens conduziu a uma redução do  diferencial  entre  as  taxas  de  emprego  dos  homens  e  a  das  mulheres,  embora  em  2011  este  ainda  seja  de  7.7  p.p.  a  favor  dos  homens  (no  inicio  da  década,  em  2001,  era  de  15,4  p.p.  a  favor  dos  homens).  Em  geral,  o  diferencial  entre  as  taxas  de  emprego  dos  homens  e  das  mulheres  aumenta  com  a  idade,  atingindo  o  seu  valor  mais  elevado  nos  grupos  de  trabalhadores/as mais velhos/as (55 a 64 anos e 65 e mais anos).  O decréscimo da taxa de emprego em Portugal, a partir de 2009, afastou o país da meta fixada  pela Cimeira de Lisboa para 2010, 70%. Em Portugal a taxa de emprego fixou‐se, em 2010, em  65,6% quando em 2008 tinha sido de 68,2%.  É, no entanto, de realçar que a taxa de emprego feminino superou, desde o ano 2000, a meta  estabelecida na Cimeira de Lisboa para a UE para 2010, 60%, e que apesar do decréscimo que  se regista nesta taxa desde 2009, ela ainda se mantém acima dos 60%. 

Em  2011,  a  taxa  de  emprego  em  Portugal  situou‐se  nos  64,2%,  sendo  de  68,1%  para  os  homens e de 60,4% para as mulheres.        Gráfico 3 – Taxa de emprego em Portugal, por sexo, 2001‐2011 

Entre 2001 e 2011 dá‐se uma redução acentuada do diferencial 

entre as taxas de emprego dos homens e das mulheres 

(8)

68,1 76,7 76,3 74,8 74,1 73,4 73,9 73,9 74,0 71,1 70,1 61,3 61,4 61,4 61,7 61,7 62,0 61,9 62,5 61,6 61,1 60,4 50,0 60,0 70,0 80,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* %

Total Homens Mulheres

* quebra de série   Fonte: INE, Inquérito ao Emprego    Apesar do decréscimo da taxa de emprego portuguesa ao longo da última década, ela era em  2011 apenas 0,1 p.p. inferior à observada para a média da UE27. Mas comparando a evolução  da taxa de emprego de Portugal com a média da UE27, de 2001 a 2010 e em 2011, verificamos  que  a  taxa  de  emprego  portuguesa  registou  uma  tendência  inversa  à  da  UE27,  tendo  diminuído, enquanto a média da UE27 aumentou. 

A taxa de emprego para os homens regista uma diminuição quer em Portugal quer no conjunto  da UE27, sendo, no entanto, o ritmo de diminuição em Portugal muito superior ao verificado  para  a  média  comunitária,  que  estabilizou  em  2011.  A  taxa  de  emprego  para  as  mulheres,  inversamente, regista um crescimento, sendo o ritmo de crescimento em Portugal inferior ao  verificado para a média UE27, tendo mesmo diminuído a partir de 2009. 

Também o diferencial entre a taxa de emprego masculina e feminina regista uma tendência de  decréscimo,  quer  em  Portugal,  quer  na  UE27,  tendo,  no  entanto,  o  decréscimo  deste  diferencial  sido  mais  acentuado  em  Portugal  do  que  na  média  da  UE27,  como  resultado  de  uma quebra mais acentuada na taxa de emprego masculina. 

   

(9)

 

Quadro 2 – Taxa de emprego por sexo em Portugal e UE27, 2001, 2010 e 2011 

  Total  Homens  Mulheres  Diferencial H/M 

  2001  2010  2011  2001  2010  2011  2001  2010  2011  2001  2010  2011  UE27  62,6  64,1  64,3  70,9  70,1  70,1  54,3  58,2  58,5  16,6  11,9  11,6  Portugal  69,0  65,6  64,2*  77,0  70,1  68.1*  61,3  61,1  60,4*  15,7  9,0  7,7         *quebra de série  Fonte: Eurostat, Labour Force Survey, 2011    Analisando a taxa de emprego por grupo etário, ao longo da última década, constatamos que  entre 2001 e 2010, a taxa de emprego feminina diminuiu menos que a masculina em todos os  grupos  etários,  com  excepção  do  grupo  entre  os  55  e  os  64  anos,  onde  a  taxa  relativa  às  mulheres aumentou e a dos homens desceu. 

Também  em  relação  a  2011,  se  verifica  a  mesma  tendência.  Ao  longo  do  ano,  a  taxa  de  emprego  feminina  diminuiu  menos  que  a  taxa  relativa  ao  emprego  masculino  em  todos  os  grupos  etários,  com  exceção  dos  jovens  (15  a  24  anos),  onde  as  raparigas  apresentaram  um  decréscimo ligeiramente superior ao dos rapazes. 

Em  todas  as  regiões  (NUT  II)  de  Portugal,  a  taxa  de  emprego  masculina  é  sempre  superior  à  feminina. Não obstante, de 2001 a 2010, a taxa de emprego apresentou decréscimos menos  intensos  para  as  mulheres  do  que  para  os  homens  em  todas  as  regiões  do  país,  tendo,  pelo  contrário, a taxa relativa às mulheres registado um  acréscimo na região Centro, no Alentejo,  no Algarve e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores. 

 

A população empregada com o ensino superior é 

predominantemente feminina 

(10)

Quanto ao grau de instrução, a maioria da população empregada em Portugal não possui mais  do que o 3.º ciclo do ensino básico, sendo esta situação mais relevante para os homens do que  para as mulheres (em 2011, 66,4% dos homens empregados possuíam o 3º ciclo contra 55,2%  das  mulheres).  No  entanto,  o  nível  de  qualificações  académicas  da  população  empregada  melhorou ao longo da última década para ambos os sexos, ainda que de forma mais evidente  no  caso  da  população  feminina.  A  população  empregada  com  o  ensino  superior  é  predominantemente feminina (58,5% %, face a 41,5 % para os homens). Já no que se refere ao  ensino secundário e pós‐secundário são os homens que representam a maioria da população  empregada com este nível de qualificação, com 50,3% face a 49,7% para as mulheres.  Gráfico 4 – População empregada (%) segundo as habilitações, por sexo, 2011*  57,8 50,3 41,5 42,2 49,7 58,5 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 Até ao ensino básico ‐ 3.º ciclo Secundário e pós‐ secundário  Superior Homens Mulheres *quebra de série  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego    O desemprego em Portugal aumentou de forma sistemática desde o inicio da década de 2000,  passando de 4% em 2001 para 10,8% em 20106.  Em 2011, a taxa de desemprego7 situou‐se nos 12,9%, sendo de 12,7% para os homens e de  13,2% para as mulheres. 

6  População desempregada com 15 e mais anos.   7  População desempregada dos 15 a 74 anos. INE, Inquérito ao Emprego 2011. 

(11)

 

Analisando  o  desemprego  por  sexo,  verifica‐se  que  as  mulheres  estão  mais  expostas  às  situações de desemprego, apresentando sistematicamente taxas de desemprego superiores às  dos homens. O diferencial entre as taxas de desemprego das mulheres e dos homens, que foi  praticamente constante até meio da última década, tem vindo a acentuar‐se em desfavor das  mulheres desde 2005, exceptuando‐se o ano de 2008, onde se registou uma descida da taxa  de desemprego feminina de ‐0,8p.p. comparativamente a 2007, enquanto que o desemprego  masculino  só  diminuiu  ‐0,1p.p.,  e  o  ano  de  2009,  onde  se  registou  uma  subida  da  taxa  de  desemprego masculina de 2,4p.p. comparativamente com 2008. 

Entre  2009  e  2010,  o  aumento  verificado  na  taxa  de  desemprego  em  Portugal  foi  mais  acentuado no caso das mulheres (1,7 p.p. para as mulheres contra 0,9 p.p. para os homens),  ampliando‐se novamente o diferencial entre a taxa feminina e a masculina.   Gráfico 5 – Taxa de desemprego, por sexo, 2001‐2011  5,8 6,7 12,7 5,0 11,9 3,2 4,1 5,5 6,5 6,6 6,5 8,9 9,8 6,0 7,2 7,6 8,7 9,0 9,6 8,8 10,2 13,2 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* %

Total Homens Mulheres

       *quebra de série 

As mulheres estão mais expostas às situações de desemprego, 

apresentando sistematicamente taxas de desemprego superiores às dos 

(12)

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego   

A  taxa  de  desemprego  feminina  foi,  entre  2001  e  2010,  sempre  mais  elevada  do  que  a  masculina em todas as regiões, com excepção da Madeira nos anos de 2009 e 2010. As regiões  que  apresentaram  um  maior  diferencial  entre  as  taxas  de  desemprego  feminina  e  masculina  foram o Norte e o Alentejo. As regiões onde as taxas mais se aproximaram foram a de Lisboa e  o Algarve.  

Em 2011, apesar da taxa de desemprego feminina continuar a ser mais elevada do que a dos  homens,  em  termos  regionais  só  se  observava  esta  situação  nas  regiões  Norte,  Centro  e  Alentejo.  Refira‐se  que  a  taxa  de  desemprego  feminina  em  Lisboa  foi  2.5  p.p.  inferior  à  dos  homens e na região autónoma da Madeira 3.1 p.p. 

 

Em  2011,  ao  contrário  do  verificado  em  2010,  e  de  acordo  com  os  dados  do  Inquérito  ao  Emprego, o peso relativo do desemprego de longa duração8 foi ligeiramente mais elevado para  as  mulheres  do  que  para  os  homens  (53,4  %  nas  mulheres  e  52,8  %  nos  homens),  embora  tenham  sido  os  homens  que  mais  contribuíram  para  o  aumento  do  peso  relativo  do  desemprego de longa duração no desemprego total. 

Analisando a evolução do desemprego de longa duração, verificamos que a  partir de 2006 o  peso  do  desemprego  de  longa  duração  passa  a  ser  mais  expressivo  para  os  homens  do  que  para  as  mulheres  (com  excepção  do  ano  de  2009  e  2011),  situação  esta  que  constitui  uma  inversão  da  tendência  do  peso  relativo  do  desemprego  de  longa  duração  ser  uma  característica do desemprego feminino.  Quadro 3 – Rácios do Desemprego  DLD/DT  2001  2002  2003  2004 2005 2006 2007 2008 2009  2010  2011*

8  12 meses e mais. 

Maioria da população desempregada está em situação de desemprego 

de longa duração 

(13)

Taxa (%)  HM  40,0  37,2  37,8  46,3  49,9  51,7  48,9  49,8  46,5  54,3  53,1  H  39,8  35,9  35,0  45,1  48,9  52,7  49,2  50,5  43,2  54,4  52,8  M  40,2  38,2  40,2  47,3  50,8  50,9  48,7  49,2  49,7  54,2  53,4  * quebra de série  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego      A incidência do desemprego é mais relevante na população jovem e a diferença entre as taxas  de  desemprego  das  raparigas  e  dos  rapazes  são  particularmente  acentuadas.  A  leitura  dos  dados  por  sexo,  neste  grupo,  mostra  uma  proporção  menor  de  desemprego  dos  rapazes  (‐3  p.p. em 2011) comparativamente à taxa de desemprego das raparigas, embora com tendência  de  uniformização,  como  resultado  do  aumento  bastante  acentuado  do  desemprego  dos  rapazes em 2009 e 2010. A maior taxa de desemprego das raparigas é o reflexo da ainda maior  dificuldade destas, comparativamente com os rapazes, em aceder ao mercado de trabalho.    Gráfico 6 – Taxa de desemprego de jovens 15 a 24 anos9, por sexo, 2001‐2011 

9  A taxa de desemprego é igual ao total da população desempregada neste escalão de idade/população ativa no  respectivo escalão etário. 

Desemprego feminino atinge sobretudo as mulheres mais jovens 

(14)

7,2 9,8 12,4 13,5 13,7 14,5 13,5 13,3 18,7 21,2 28,7 12,1 14,0 17,0 17,6 19,1 18,4 20,3 20,2 21,6 23,7 31,7 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

Total Homens Mulheres

*quebra de série 

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 

 

A  taxa  de  desemprego  feminina  diminui  à  medida  que  aumenta  a  idade  das  mulheres,  apresentando o valor mais baixo no grupo etário dos 55 a 64 anos, 9,4% em 2011. 

Para  este  comportamento  menos  favorável  do  desemprego  das  mulheres  tem  contribuído  o  facto  da  respectiva  população  ativa  ter  vindo  a  aumentar  a  um  ritmo  muito  superior  ao  registado para os homens, verificando‐se também, por essa razão, uma maior dificuldade do  mercado de trabalho para a absorção desse maior crescimento da população ativa feminina.    

 

O  desemprego  encontra‐se  sobretudo  concentrado  nos  indivíduos  com  baixos  níveis  de  escolaridade  (até  ao  9.º  ano  de  escolaridade).  Em  termos  relativos  registam‐se  diferenças,  particularmente,  acentuadas  no  desemprego  segundo  o  sexo,  nos  níveis  educacionais  mais  elevados.  Na  população  com  qualificações  académicas  ao  nível  do  ensino  secundário  e  superior  o  desemprego  masculino  apresenta  valores  inferiores  ao  feminino,  mas  a  maior  diferença entre sexos regista‐se ao nível do ensino superior, onde o desemprego das mulheres 

(15)

licenciadas  é  muito  superior  ao  dos  homens.  Esta  situação,  de  maior  representatividade  das  mulheres entre a população desempregada com habilitações académicas de nível superior, é  reflexo da maior dificuldade que as mulheres em Portugal enfrentam no mercado de trabalho,  mesmo quando detêm qualificações académicas.    Gráfico 7 – População desempregada (%) segundo as habilitações, por sexo, 2011*  55,3 45,2 44,8 44,7 54,8 55,2 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Até ao ensino básico ‐ 3.º ciclo Secundário e pós‐ secundário  Superior Homens Mulheres        *quebra de série  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego   

(16)

II – Segregação do Mercado de Trabalho 

No  mercado  de  trabalho,  os  homens  e  as  mulheres  não  estão  uniformemente  distribuídos  entre  as  principais  categorias  ocupacionais  e  atividades  económicas.  A  segregação  sexual  no  mercado de trabalho, quer em termos de ocupação ou sector de atividade, é estrutural e não  tem sofrido alterações muito significativas, tendo o aumento da participação das mulheres no  mercado de trabalho ocorrido principalmente em ocupações e sectores já muito feminizados.  A entrada em força das mulheres no mercado de trabalho também não se traduziu num amplo  exercício  profissional  feminino  nos  trabalhos  mais  qualificados.  Pese  embora  a  percentagem  de mulheres a exercerem ocupações mais qualificadas tenha aumentado, a segregação vertical  ainda é evidente. 

O  maior  nível  de  qualificações  académicas  das  mulheres  não  se  reflete  diretamente  nas  posições  que  elas  ocupam  no  mercado  de  trabalho.  As  mulheres  trabalham  em  sectores  e  profissões  muito  feminizadas  e  ocupam  as  categorias  mais  baixas  e  com  menos  acesso  a  posições de direção ou chefia. 

Apesar das mulheres já possuírem níveis de habilitação mais elevados do que os homens, são,  segundo  os  dados  dos  Quadros  de  Pessoal10,  as  categorias  que  correspondem  a  um  nível  de  qualificação  mais  baixo  aquelas  que  apresentam  uma  taxa  de  feminização  mais  elevada,  ou  seja,  as  relativas  aos  grupos  “profissionais  semi‐qualificados”  (58,5%  são  mulheres),  “não  qualificados” (55,3% são mulheres) e “praticantes e aprendizes” (51% são mulheres).  

   

10

Quadros de Pessoal 2010, último ano para o qual existem dados disponíveis. MSSS/GEP - SISED

As mulheres trabalham em sectores e profissões muito feminizadas e 

ocupam as categorias mais baixas e com menos acesso a posições de 

direção ou chefia. 

As categorias profissionais com níveis de qualificação baixa 

apresentam taxas de feminização mais elevadas 

(17)

     

Quadro  4  –  Taxa  de  feminização  dos  trabalhadores  por  conta  de  outrem  segundo  os  níveis  de 

qualificação, 2010 

Total  Homens  Mulheres  Taxa feminização    Milhares  %  Total  2.599.509  1.404.782  1.194.727  46  Quadros superiores  204.548  115.830  88.718  43,4  Quadros médios  143.693  80.199  63.494  44,2  Encarregados, mestres, chefe equipa  129.097  86.157  42.940  33,3  Profissionais altamente qualificados  192.972  102.795  90.177  46,7  Profissionais qualificados  996.346  614.951  381.395  38,3  Profissionais semi qualificados  519.961  215.998  303.963  58,5  Profissionais não qualificados  311.659  139.247  172.412  55,3  Praticantes e aprendizes  101.233  49.605  51.628  51  Fonte: MSSS/GEP, Quadros de pessoal    No entanto, e embora sejam mais feminizadas as categorias profissionais às quais corresponde  um  nível  de  qualificação  mais  baixo,  tem‐se  verificado  um  aumento  da  representação  das  mulheres nos quadros superiores (33,9% em 2002 contra 43,4% em 2010), nos quadros médios  (40,5%  em  2002  e  44,2%  em  2010),  nos  encarregados/as,  contramestres  e  chefes  de  equipa  (de 23,8% em 2002 para 33,3% em 2010) e nos profissionais altamente qualificados (de 44,3%  em 2002 para 46,7% em 2010). 

A  segregação  do  mercado  de  trabalho  em  função  do  sexo  é  também  evidente  ao  nível  das  profissões e das atividades económicas. 

Quanto  às  profissões  exercidas,  verifica‐se  que  o  nível  de  habilitações  das  mulheres  não  as  favorece,  sendo,  em  201111,  as  profissões  ligadas  ao  grupo  “trabalhadores  não  qualificados”  (73,4  %),  ao  grupo  “pessoal  administrativo”  (64,9  %)  e  grupo  “trabalhadores  dos  serviços 

11

(18)

pessoais, proteção e segurança e vendedores” (62,9 %), onde se verifica um maior predomínio  das mulheres. Contudo, as mulheres encontram‐se também sobrerepresentadas ao nível das  profissões do grupo “especialistas das atividades intelectuais e científicas” (57,5%).                  No entanto, uma análise de âmbito temporal mais extenso permite verificar que enquanto o  aumento do peso relativo das mulheres ocorre essencialmente nos grupos profissionais mais  feminizados  e  de  menor  nível  de  qualificação,  a  participação  dos  homens  nestes  mesmos  grupos  diminuiu.  Assim,  entre  2001  e  201012,  a  participação  das  mulheres  no  grupo  “trabalhadores  não  qualificados”  aumentou  de  62%  para  66,7%,  enquanto  a  dos  homens  diminuiu de 38% para 33,3%; a participação das mulheres no grupo “pessoal administrativo e  similares” aumentou de 62,3% para 63,1% e a dos homens diminuiu de 38,7% para 36,9%; no  grupo “pessoal dos serviços e vendedores” a participação das mulheres passou de 64,1% para  67,3%, enquanto a participação dos homens diminuiu de 35,9% para 32,7%.           

12

Devido  à  quebra  de  série  do  Inquérito  ao  Emprego  em  2011,  esta  análise  de  evolução  do  peso  relativo  das  mulheres e homens nas profissões é feita apenas entre 2001 e 2010, uma vez que uma quebra de série impossibilita  comparações diretas com a série anterior. 

As mulheres predominam nas profissões menos qualificadas apesar 

do aumento acentuado do seu nível de habilitações literárias 

As mulheres já representam mais de metade dos efetivos a nível das 

profissões intelectuais e científicas 

(19)

            Gráfico 8 – População empregada (15 e mais anos) em Portugal por profissão e sexo, 2011 (%)    67,30% 42,50% 59,90% 35,10% 37,10% 60,30% 84,00% 71,00% 26,60% 32,70% 57,50% 40,10% 64,90% 62,90% 39,70% 16,00% 29,00% 73,40% 0% 25% 50% 75% 100%

Representantes do poder legislativo e de orgãos executivos, dirigentes, diretores/as e gestores/as Especialistas das atividades intelectuais e

científicas

Técnicos/as e profissionais de nível intermédio Pessoal administrativo Trabalhadores/as dos serviços pessoais, de

proteção e segurança e vendedores Agricultores/as e trabalhadores/as qualificados da

agricultura, da pesca e da floresta Trabalhadores/as qualificados da indústria,

construção e artifícies

Operadores/as de instalações e máquinas e trabalhadores/as da montagem Trabalhadores/as não qualificados/as

Homens Mulheres

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 

 

A  análise  do  emprego  segundo  a  atividade  económica  mostra  que  as  mulheres  apenas  predominam  no  sector  terciário  (56,1%).  Em  201113,  as  atividades  mais  feminizadas  foram  “outros  serviços”  (85,5%),  “atividades  da  saúde  humana  e  apoio  social”  (80,7%),  “educação”  (76,7%),  “alojamento,  restauração  e  similares”  (60,5%)  e  “atividades  administrativas  e  dos  serviços de apoio” (52,1%). 

13

(20)

Por  seu  turno,  a  predominância  dos  homens  é  evidente  nas  atividades  “construção”  (94  %),  “indústria extrativa” (87,4 %), “electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (85,2 %),  “captação,  tratamento  e  distribuição  água;  saneamento,  gestão  de  resíduos  e  despoluição”  (85,2%) e dos “transportes e armazenagem” (82,7 %).  

De destacar que, nos últimos anos da década passada14, a taxa de participação das mulheres  aumentou  em  maior  proporção  nas  atividades  em  que  a  predominância  dos  homens  é  tradicionalmente  mais  evidente,  nomeadamente  na  “captação,  tratamento  e  distribuição  de  água; saneamento” na “indústria extrativa” e na “construção”. Em contrapartida, em nenhuma  das  atividades  em  que  a  predominância  das  mulheres  é  tradicionalmente  mais  evidente  se  verificou um aumento, com algum significado, da participação dos homens.  Gráfico 9 – População empregada (15 e mais anos) em Portugal por sector de atividade e sexo (%), 2011   59,3 72,5 87,4 59,7 85,2 85,2 94,0 43,9 53,6 82,7 39,5 67,6 55,6 52,1 48,4 47,9 63,0 23,3 19,3 50,6 14,5 40,7 27,5 12,6 40,3 14,8 14,8 6,0 56,1 46,4 17,3 60,5 32,4 44,4 47,9 51,6 52,1 37,0 76,7 80,7 49,4 85,5 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca  Indústria, construção, energia e água Indústria extrativa Indústrias transformadoras Captação, tratamento e distribuição água; saneamento, gestão de resíduos e despoluição Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio Construção Serviços Comércio por grosso e a retalho Transportes e armazenagem Alojamento, restauração e similares Atividades de informação e de comunicação Atividades financeiras e de seguros Atividades imobiliárias Atividadesde consultoria, científicas, técnicas e similares Atividades administrativas e dos serviços de apoio Adm. Púb., defesa e segurança social obrigatória Educação Atividades de Saúde humana e apoio social Atividades artísticas, de espetáculos, desporto e recreativas Outros serviços Homens Mulheres   Fonte: INE, Inquérito ao Emprego     

14  De 2008 a 2010, anos em que os dados são comparáveis. INE, Inquérito ao Emprego.

Enorme assimetria entre homens e mulheres no exercício de cargos 

de direção e chefia 

(21)

   

No  que  respeita  ao  exercício  de  cargos  de  direcção  e  chefia  ou  alta  responsabilidade  institucional, existe também uma enorme assimetria entre homens e mulheres, quer no sector  público, quer no sector privado. 

Segundo  dados  do  Inquérito  ao  Emprego,  as  mulheres  têm  representado  ao  longo  da  última  década  apenas  cerca  de  1/3  dos  quadros  superiores  da  administração  pública,  dirigentes  e  quadros superiores de empresas. O aumento das qualificações académicas das mulheres não  se  traduziu  no  proporcional  aumento  do  exercício  de  cargos  de  direcção.  Efectivamente,  exceptuando  o  período  de  2004  a  2006,  a  proporção  de  mulheres  nestas  categorias  profissionais manteve‐se constante.        Gráfico 10  –  Evolução da população no exercício de cargos de direcção, por sexo, 2001‐2011  67,3 68,2 68,6 68,8 67,2 68,8 70,4 68,1 67,2 66,1 68,5 31,2 29,5 31,9 32,8 33,9 32,8 31,5 31,2 31,4 31,8 32,7 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* Homens Mulheres   *quebra de série   

(22)

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 

Analisando  os  dados  referente  aos  membros  dos  conselhos  de  administração  das  empresas  verificamos  que  a  distribuição  por  sexo  demonstra  uma  diminuta  participação  das  mulheres  neste tipo de funções face à evidente hegemonia dos homens, e que a tendência de evolução  é lenta e muito pouco expressiva. 

 

Quadro 5 – Membros do conselho de administração das 20 maiores empresas cotadas em bolsa – PSI 20, 

2007‐2010 

Total de membros  Homens  Mulheres 

  N.º  %  N.º  %  N.º  %  2010  242  100  227  93,8  15  6,2  2009  249  100  241  96,9  8  3,2  2008  242  100  236  97,5  6  2,5  2007  251  100  245  97,6  6  2,4  Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas            

Também  na  Administração  Pública  Central  é  evidente  a  assimetria  entre  a  percentagem  de  trabalhadores  do  sexo  feminino  e  do  sexo  masculino,  sendo  o  peso  do  emprego  feminino  bastante superior ao valor do mesmo rácio para o conjunto do mercado de trabalho. A 31 de  Dezembro de 2011, a taxa de feminização na Administração Central situava‐se nos 62,8%15. No  entanto,  se  analisarmos  a  situação  das  mulheres  nas  categorias  de  dirigentes  e  chefias,  em  2011,  verificamos  que  embora  estas  representem  mais  de  50%  do  total  de  dirigentes  na  Administração Pública Central, elas apenas representam 36% dos dirigentes superiores.   

15  DGAEP/SIEP – Síntese Estatística do Emprego Público, 1º trimestre 2012, 15 de Maio de 2012. 

As mulheres representam apenas 1/3 dos quadros superiores da 

administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresas 

Participação diminuta das mulheres nos conselhos de administração 

das empresas 

(23)

          Quadro 6 – População no exercício de cargos de dirigente na Administração Pública Central, 2011   

Nível profissional  Mulheres  Total  Taxa de 

feminização  Dirigentes Superiores16  419 1 164 36%  Dirigentes Intermédios17  3 251 5 623 57,8%  TOTAL  3 670 6 787 54,1%  Fonte: DGAEP/OBSEP – SIOE 2010 (Dados provisórios)     

Também  as  universidades  portuguesas,  pese  embora  as  mulheres  já  representem  mais  de  metade  dos  efetivos  a  nível  das  profissões  intelectuais  e  científicas,  reflectem  a  segregação  vertical do mercado de trabalho, que afasta as mulheres do exercício de cargos de topo.   No  conselho  de  reitores  das  universidades  portuguesas,  a  distribuição  por  sexos  dos  seus  membros não só é bastante assimétrica, estando os homens em clara maioria, como tem vindo  a diminuir a representação das mulheres. 

 

Quadro 7 – Membros do conselho de reitores das universidades portuguesas, por sexo, 2004‐2008 

Total de membros  Homens  Mulheres 

  N.º  %  N.º  %  N.º  %  2008  16  100  15  93,7  1  6,3  2007  16  100  15  93,7  1  6,3 2006  16  100  15  93,7  1  6,3 2005  16  100  14  87,5  2  12,5  2004  15  100  13  86,7  2  13,3  Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior  

16

  Os  dados  relativos  ao  cargo  de  Dirigente  Superior  incluem  Director‐geral,  Subdirector  geral,  Inspector‐geral,  Subinspector‐geral, Secretário‐Geral, Secretário‐geral adjunto e outros equiparados.

17

  O  cargo  de  Dirigente  Intermédio  inclui  dirigentes  de  todos  os  níveis  de  direcção  intermédia  (por  exemplo:  Director de Serviço, Chefe de Divisão, Chefe de Equipa e outros dirigentes intermédio de diversos graus).

(24)

  Quanto ao tipo de vínculo, a população trabalhadora por conta de outrem representava, em  201118, 78,87 % das pessoas empregadas, sendo a percentagem de mulheres empregadas por  conta de outrem superior à dos homens (83 %, contra 75,2 % para os homens).               Analisando a evolução do trabalho por conta de outrem entre 2001 e 2010, verifica‐se que o  peso relativo dos homens com este vínculo laboral diminuiu, passando de 54% em 2001 para  51,4% em 2010, enquanto que o peso relativo das mulheres aumentou, passando de 46% para  48,5%. Em 2011, o peso relativo dos homens era de 50,8% e o das mulheres era de 49,2%.  No  que  se  refere  ao  tipo  de  vínculo  contratual  da  população  trabalhadora  por  conta  de  outrem, a diferenciação entre homens e mulheres também é visível, embora de forma menos  evidente. De facto, são os homens que possuem a maior percentagem de contratos sem termo  (78%  no  total  de  TCO  homens  e  77,6%  no  total  de  TCO  mulheres).  Já  no  que  refere  aos  contratos  de  trabalho  a  termo  e  outras  situações  são  as  mulheres  que  apresentam  uma  percentagem  mais  elevada  (18,9%  no  total  dos  TCO  mulheres  e  18,2%  no  total  de  TCO  homens).            

18 INE Inquérito ao Emprego 2011, INE. 

Ao longo da década de 2000 verificou‐se a diminuição do peso 

relativo dos homens no trabalho por conta de outrem enquanto que 

o peso relativo das mulheres aumentou 

As mulheres continuam mais expostas a contratos de trabalho 

temporário, embora o diferencial entre trabalho temporário nos 

homens e nas mulheres se tenha reduzido de forma acentuada 

(25)

A  tendência  para  o  decréscimo  do  peso  dos  contratos  de  trabalho  não  permanentes  que  se  verificou a partir de 2002 inverteu‐se a partir de 2006, com exceção do ano de 2009. Apesar da  proporção  de  trabalhadoras  com  este  tipo  de  contrato  ser  invariavelmente  superior  à  dos  homens, tem‐se verificado a aproximação da situação das mulheres e dos homens devido ao  aumento mais significativo de contratos temporários entre os homens. 

Entre 2009 e 2010, a percentagem de trabalhadores e trabalhadoras com contratos a termo e  outros  vínculos  laborais  temporários  aumentou,  sendo  o  acréscimo  dos  homens  superior  ao  das mulheres (1,5 p.p. contra 0,4 p.p. para as mulheres), verificando‐se uma situação inversa  na  população  vinculada  a  contratos  de  trabalho  sem  termo.  Assiste‐se  assim  a  um  aumento  mais acentuado da precarização dos vínculos contratuais dos homens.             

Em  2011,  o  peso  relativo  dos  contratos  a  termo  diminuiu  quer  para  homens  quer  para  mulheres,  sendo  o  diferencial  entre  homens  e  mulheres  apenas  de  0,7  p.p.  a  desfavor  das  mulheres.  Em  contrapartida,  o  peso  dos  contratos  de  trabalho  sem  termo  aumentou  para  ambos  os  sexos,  embora  em  maior  proporção  para  as  mulheres,  situando‐se  a  taxa  de  feminização  em  49,1%.  Esta  situação  pode  ser  explicada  pela  diminuição  da  população  empregada  e  com  a  não  renovação  ou  despedimento  de  trabalhadores  e  trabalhadoras  com  contratos de trabalho a termo. 

Aumento mais acentuado da precarização dos vínculos contratuais 

dos homens

(26)

   

Quadro 8 – Trabalhadores/as por conta de outrem, por tipo de contrato, por sexo, 2000‐2010 

2001  2010  2011 

Homens  Mulheres  Homens  Mulheres  Homens    Mulheres   

Tipo de  Contrato  milhares  milhares  Taxa de  feminização  (%)  milhares  milhares  Taxa de  feminização  (%)  milhares  milhares  Taxa de  feminização  (%)  Sem termo  1 633,7  81,6  1 323,3  77,5  44,75  1 537,6  77,6  1 423,45  76,4  48,07  1 510,6  78  1 456,9  77,6  49,1  Com termo  368,8  18,4  385  22,5  51,1  443,5  22,4  440,5  23,6  49,83  352,6  18,2  354,6  18,9  50,1  Total  2 002,6  100  1 708,3  100  46  1 981,1  100  1 863,95  100  48,47  1 863,2  100  1 811,5  100  49,3  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego       

(27)

  Gráfico 11 – Trabalhadores/as por conta de outrem com contratos de trabalho não permanentes (em %  do total TCO), por sexo, 2001‐2011   22,0 22,4 20,9 21,7 21,8 19,5 18,7 18,7 19,0 19,9 18,4 23,6 23,2 24,1 23,0 21,7 20,4 21,1 22,3 23,3 22,5 22,4 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Homens Mulheres   *quebra de série  Fonte: INE, Inquérito ao Emprego    A percentagem de trabalhadores e trabalhadoras por conta própria era, em 201119, de 20,52%,  representando os homens 63,1% dos trabalhadores por conta própria e as mulheres 36,9%.  Apenas  25  %  dos  trabalhadores  e  trabalhadoras  por  conta  própria  têm  pessoal  ao  serviço,  sendo  esta  percentagem  mais  baixa  para  o  sexo  feminino.  As  mulheres  trabalhadoras  por  conta própria com pessoal ao serviço constituem 27,2% dos trabalhadores por conta própria  nestas circunstâncias. 

Em 2011, as mulheres trabalhadoras por conta própria representavam apenas 16,2% de todas  as  mulheres  trabalhadoras,  enquanto  que  os  homens  representavam  24,3%.  Verificou‐se  ao  longo  da  década  um  decréscimo  dos  trabalhadores  por  conta  própria,  que  em  2001 

19

(28)

representavam  24,6%,  sendo  que  21,7%  das  mulheres  trabalhadoras  eram‐no  por  conta  própria, contra 27% dos homens.  Gráfico 12 – Trabalhadores/as por conta própria (%), por sexo, 2001‐2011  24,3 24,3 25,3 24,6 25 24,5 25,5 26,5 27 27 27 21,7 22 22,6 21,4 21,2 20,6 20,6 20,9 20 18,9 16,2 0 5 10 15 20 25 30 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

Total Homens Mulheres

         *quebra de série 

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 

 

Relativamente  ao  tipo  de  duração  do  trabalho,  a  maioria  da  população  empregada  em  Portugal  trabalha  a  tempo  inteiro  (86,7  %),  sendo  que  os  homens  representam  54,8%  da  população empregada que trabalha a tempo inteiro e as mulheres 45,2%. A percentagem total  de  população  empregada  a  tempo  parcial  era  em  2011  de  13,3  %,  sendo,  neste  caso,  a  percentagem de mulheres mais elevada do que a dos homens (16,3 % para as mulheres contra  10,7 % para os homens).          

Crescimento do trabalho a tempo parcial.  

Embora as mulheres trabalhem mais a tempo parcial do que os 

homens, a percentagem de homens em trabalho a tempo parcial 

tem aumentado de forma contínua 

(29)

 

A população empregada a tempo parcial aumentou – era em 2001 de 11,1% ‐ verificando‐se  no entanto uma ligeira tendência de diminuição da percentagem das mulheres que trabalham  a  tempo  parcial,  com  excepção  dos  anos  de  2007  e  2008,  contra  o  aumento  progressivo  da  percentagem de homens em trabalho a tempo parcial.   Gráfico 13 – População empregada por tipo de duração do trabalho (em %), por sexo, 2001‐2011  6,7 7 7,3 7,1 7 7,4 8 7,4 7,5 8,2 10,7 16,3 15,5 16,4 17,2 16,4 16,4 16,9 16,3 16,2 15,8 16,9 0 5 10 15 20 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

Total Homens Mulheres

*quebra de série 

(30)

III – Disparidades salariais: Salários, remunerações e ganhos 

O princípio da igualdade remuneratória entre trabalhadores de ambos os sexos, que executam  trabalho igual ou de valor igual, consagrado nas leis da República Portuguesa, bem como em  instrumentos  de  direito  internacional  que  o  Estado  português  ratificou,  tem‐se  revelado  de  difícil  implementação  prática,  como  se  pode  verificar  pelas  diferenças  que  ainda  persistem  entre as remunerações dos homens e das mulheres. 

Os  dados  relativos  à  população  trabalhadora  por  conta  de  outrem  a  tempo  completo,  em  Portugal,  mostram  que  a  diferença  salarial  entre  homens  e  mulheres  é  uma  característica  a  realçar na desigual inserção de homens e mulheres no mercado de trabalho. 

Em  grande  medida  o  diferencial  salarial  entre  homens  e  mulheres  não  pode  ser  atribuível  a  critérios  objectivos  e  reflete  as  desigualdades  que  persistem  no  mercado  de  trabalho  em  relação às mulheres. 

Frequentemente, as mulheres ganham menos que os homens para fazer trabalho igual ou de  valor  igual.  As  causas  para  as  disparidades  salariais  entre  homens  e  mulheres  são  múltiplas,  complexas  e  muitas  vezes  interligadas,  podendo  incluir  fatores  estruturais,  legais,  sociais,  culturais e económicos, como sejam as escolhas e as qualificações escolares e profissionais, a  ocupação  profissional,  o  sector  de  atividade,  as  interrupções  na  carreira,  a  dimensão  da  empresa onde se trabalha, bem como o tipo de contrato de trabalho e a duração da jornada.  As mulheres estão subrepresentadas em determinadas profissões e sectores de atividade, bem  como  nas  áreas  de  gestão  e  em  cargos  de  decisão  (mesmo  nos  sectores  onde  elas  estão  relativamente  bem  representadas),  onde  os  níveis  salariais  são  mais  altos.  Frequentemente,  quer  os  sectores  de  atividade,  quer  os  empregos  onde  as  mulheres  são  predominantes  são  caracterizados por serem menos valorizados e pior remunerados. 

 

Persistem em Portugal as disparidades salariais entre homens e 

mulheres 

(31)

     

 

Em  201020,  as  mulheres  auferiam  cerca  de  82%  da  remuneração  média  mensal  de  base  dos  homens, ou, se falarmos de ganho médio mensal (que contém outras componentes do salário,  tais como compensação por trabalho suplementar, prémios e outros benefícios, geralmente de  carácter discricionário), 79,1%. Ou seja, as mulheres auferiam de remuneração média mensal  de  base  menos  18%  do  que  os  homens,  e  se  falarmos  em  ganho  a  diferença  é  ainda  maior,  20,9% menos que os homens.  

Desde 2006, observa‐se uma ligeira aproximação das remunerações entre homens e mulheres,  uma vez que o diferencial da remuneração média mensal de base e de ganho das mulheres e  dos  homens  diminuiu.  Embora,  em  2010  o  diferencial  da  remuneração  média  base  das  mulheres e dos homens tenha registado novamente um ligeiro aumento de 0.2 p.p. 

No  entanto,  analisando  a  evolução  das  disparidades  salariais  entre  homens  e  mulheres  ao  longo  da  década  podemos  constatar  que  as  disparidades  persistem  e  têm  permanecido  praticamente inalteráveis. Em 8 anos o diferencial das remunerações médias mensais de base  entre homens e mulheres decrescer apenas ‐1,4 p.p. e o diferencial no ganho ‐1,8 p.p.  Assim, embora a disparidade salarial entre homens e mulheres tenha diminuído, ela mantém‐ se elevada.       

20

Esta  análise  é  feita  com  base  nos  Quadros  de  Pessoal,  MSSS/GEP,  e  baseia‐se  no  peso  da  remuneração  média  base/ganho das mulheres sobre a remuneração média base/ganho dos homens. 

2010 é o último ano para o qual existem dados disponíveis. 

As mulheres auferem em média menos 18% do que os homens, 

no que se refere à remuneração mensal base 

(32)

        Gráfico 14 – Diferencial da remuneração média mensal de base e de ganho, RM/RH (%), 2002‐2010  77,3 76,4 76,8 77,4 77,3 77,6 78,4 79 79,1 82 82,2 81,6 81,3 80,6 80,7 80,1 79,9 80,6 65 70 75 80 85 90 95 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Remuneração - Ganho Remuneração - Base

      Nota: Não existem dados referentes ao ano de 2001 

Fonte: MSSS/GEP, Quadros de Pessoal 

 

As  disparidades  salariais  variam  em  função  dos  níveis  de  qualificação,  dos  níveis  de  habilitações literárias e académicas, bem como da atividade económica. 

 

 

O diferencial salarial entre homens e mulheres é maior nos níveis de 

qualificação mais elevados 

(33)

No  que  respeita  aos  níveis  de  qualificação,  constata‐se  que  o  diferencial  salarial  entre  mulheres  e  homens  é  directamente  proporcional  aos  níveis  de  qualificação,  ou  seja,  quanto  mais  elevado  o  nível  de  qualificação  maior  o  diferencial  salarial,  sendo  portanto,  particularmente,  elevado  entre  os  quadros  superiores.  Neste  nível  de  qualificação,  o  rácio  entre  a  remuneração  das  mulheres  e  a  dos  homens  era  em,  2010,  de  71,8%  para  a  remuneração média base e de 71,1% em relação à média do ganho. Em contrapartida, o gap  salarial de género é  menor entre as categorias com níveis de qualificação mais baixas, como  por  exemplo,  entre  praticantes  e  aprendizes  (94,5  %  e  91,2  %,  em  termos  de  remuneração  média de base e de ganho, respectivamente) e profissionais não qualificados/as (89,1 % e 84,6  %, respectivamente, em termos de remuneração média de base e de ganho).  De realçar, no entanto, que estes rácios mantiveram‐se praticamente inalteráveis ao longo da  década de 2000.    Quadro 9 – Remunerações médias mensais base e ganho por nível de qualificação, RM/RH (%), 2002‐2010  2002  2004  2006  2008  2010 

Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho 

Níveis de  qualificação  RM/RH  RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH Total  80,6  77,3  80,1  76,8  80,6  77,2  81,5  78,3  82,0  79,1  Quadros  superiores  70,6  70,9  73,8  73,1  70,6  70,4  70,9  69,9  71,8  71,1  Quadros médios  87,6  84,4  85,9  82,4  85,7  81,3  83,7  80,0  85,7  83,0  Encarregados,  mestres, chefes  de equipa  89,5  86,3  86,3  83,3  86,0  83,6  86,6  84,0  93,2  90,2  Profissionais  altamente  qualificados  92,5  87,4  89,0  83,9  88,6  84,7  88,1  85,4  85,2  82,3  Profissionais  semi qualificados  84,5  77,6  85,7  79,2  89,0  84,8  88,9  84,8  91,3  86,7  Profissionais  qualificados  89,2  85,3  88,9  85,2  86,0  79,7  87,3  81,8  88,1  83,4 

(34)

Profissionais não  qualificados  91,4  86,3  89,8  84,7  89,3  84,3  89,4  84,7  89,1  84,6  Praticantes e  aprendizes  95,4  93,9  95,1  93,5  94,5  92,0  93,9  91,5  94,5  91,2  Nível  desconhecido  84,8  78,6  82,0  76,7  84,9  79,2  85,8  81,0  ‐  ‐  Fonte: MSSS/GEP, Quadros de Pessoal   

Situação  idêntica  verifica‐se  quanto  às  desigualdades  salariais  em  função  dos  níveis  de  habilitação  académica,  ou  seja,  o  diferencial  salarial  aumenta  conforme  vai  aumentando  a  esc olar ida de,  sendo  menor  para  quem  possui  habilitação  inferior  ao  1º  ciclo  do  ensino  básico  (88%  na  remuneração  base  e  82,3%  no  ganho),  ou  mesmo  o  3.º  ciclo  do  ensino  básico  (79,8  %  na  remuneração  média  de  base  e  76  %  no  ganho),  do  que  para  quem  possui  uma  licenciatura  (69,4 % na remuneração média de base e 68,8 % no ganho). 

   

Quadro 10 – Remunerações médias mensais base e ganho por nível de habilitação, RM/RH (%), 2002‐2010 

2002  2004  2006  2008  2010 

Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho  Base  Ganho 

Níveis de  habilitação  RM/RH  RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH RM/RH Total  80,6  77,3  80,1  76,8  80,6  77,2  81,5  78,3  82,0  79,1  < 1º Ciclo de  Ensino Básico  85,8  80,4  84,9  80,3  85,6  81,4  86,4  81,6  88,0  82,3  1º Ciclo de  Ensino Básico  77,7  72,1  76,9  72,0  77,2  72,4  77,4  72,5  78,7  73,8  2º Ciclo de  Ensino Básico  78,5  74,1  77,7  73,2  77,4  72,8  77,6  72,7  78,6  74,0 

As disparidades salariais entre homens e mulheres são também 

maiores nos níveis de habilitações académicas mais elevadas 

(35)

3º Ciclo de  Ensino Básico  79,5  76,0  78,8  75,1  78,9  74,9  79,0  75,1  79,8  76,0  Ensino  Secundário  75,2  72,2  74,2  70,9  74,4  71,3  74,6  71,7  74,6  72,2  Bacharelato  67,9  66,8  68,8  67,5  69,2  68,2  68,1  67,4  68,0  67,8  Licenciatura  66,7  66,7  66,3  65,7  66,5  65,8  67,8  67,2  69,4  68,8  Nível  desconhecido  82,8  81,5  89,7  85,0  78,8  76,1  84,7  80,7  85,3  82,1  Fonte: MSSS/GEP, Quadros de Pessoal    Quando se analisam as remunerações e os ganhos por atividade económica verifica‐se que o  diferencial  salarial  entre  mulheres  e  homens  é  mais  acentuado  nas  atividades  onde  a  participação feminina é maior. Por exemplo, em 2010, a remuneração média de base e ganho  em  “Atividades  de  saúde  humana  e  apoio  social”,  que  teve  uma  participação  feminina  de  80,7%, foi de 71,3% na base e 68,7% no ganho, valores inferiores à média. 

Em  contrapartida,  é  nas  atividades  onde  os  homens  predominam  (“captação,  tratamento  e  distribuição  água  e  saneamento”,  “construção”,  “transportes  e  armazenagem”)  que  as  mulheres  ganham  mais  que  os  homens.  Esta  situação  poderá  ser  explicada  pelos  níveis  de  qualificação e profissões desempenhadas pelas mulheres nestas atividades.    Também as remunerações horárias da população trabalhadora por conta de outrem a tempo  completo são superiores nos homens. Em 2010, em média, os homens auferiram 20,7 % mais  que as mulheres por hora na remuneração base e mais 24,6 % na remuneração horária ganho.  Analisando as remunerações horárias (base e ganho) da população trabalhadora, entre 2002 e  2010, verifica‐se que o diferencial sempre foi favorável aos homens, tendo no entanto vindo a 

Quanto maior a participação feminina numa atividade económica 

maior o diferencial salarial entre homens e mulheres 

(36)

reduzir‐se. O diferencial entre a remuneração base horária de homens e de mulheres diminuiu  ‐ 3.3 p.p. de 2002 a 2010, enquanto que o diferencial entre o ganho horário diminuiu ‐ 4.9 p.p.    Quadro 11 – Remunerações médias horárias (base e ganho) (€) dos trabalhadores por conta de outrem,  por sexo, 2002‐2010     2002  2003  2004  2005  2006  2007  2008  2009  2010  Base  4,29  4,42  4,68  4,84  4,93  5,00  5,20  5,42  5,71  Homens  Ganho   5,19  5,37  5,63  5,82  5,94  6,07  6,31  6,55  6,64  Base  3,46  3,54  3,76  3,94  4,02  4,11  4,28  4,48  4,73  Mulheres  Ganho   4,01  4,11  4,35  4,54  4,65  4,77  4,99  5,21  5,33  Fonte: MSSS/GEP, Quadros de Pessoal 

(37)

IV – Conciliação da Vida Profissional e da Vida Familiar e Partilha do Trabalho Não Pago   

 

A  conciliação  entre  a  vida  profissional  e  a  vida  familiar  e  pessoal,  sendo  um  direito  dos  trabalhadores  e  trabalhadoras  consagrado  na  Constituição  da  República  Portuguesa,  é  um  elemento  chave  para  a  igualdade  de  género  e  uma  condição  para  aumentar  e  melhorar  a  participação de homens e mulheres no trabalho, para a sua realização profissional e familiar,  bem como para o seu envolvimento mais equitativo nas responsabilidades familiares. 

O  uso  que  homens  e  mulheres  fazem  do  seu  tempo,  e  a  forma  como  combinam  o  trabalho  com a vida privada, depende das suas circunstâncias pessoais, nomeadamente a sua situação  familiar,  mas  também  de  fatores  que  lhe  são  externos,  como  o  contexto  socioeconómico,  a  existência  de  infraestruturas  sociais,  as  formas  de  organização  do  trabalho  ou  o  sistema  de  proteção social existente. 

Efetivamente, a participação das mulheres e dos homens no trabalho pago faz‐se no quadro de  uma  desigual  partilha  do  tempo  gasto  por  umas  e  outros  no  trabalho  não  pago  (tarefas  domésticas e cuidados com a família). Homens e mulheres assumem compromissos diferentes  quanto ao trabalho não pago.   Em Portugal, apesar das mulheres trabalharem maioritariamente a tempo inteiro, são elas que  têm a seu cargo a maior parte do trabalho doméstico e de prestação de cuidados dentro da  família, enquanto que os homens dedicam mais tempo ao trabalho profissional.  Os resultados do 4º Inquérito Europeu às Condições de Trabalho, conduzido em 2005 21 pela  Fundação  Europeia  para  a  Melhoria  das  Condições  de  Vida  e  de  Trabalho,  confirmam  as  tendências  conhecidas  de  uma  acentuada  assimetria  na  partilha  do  trabalho  não  pago  entre  mulheres e homens.         

21 Este é um inquérito de base quinquenal. 

(38)

  Quadro 12 – Tempo de trabalho semanal da população com emprego, por sexo (horas e minutos)    Tempo de trabalho  pago  Tempo de deslocação  (casa‐trabalho‐casa)  Tempo de  trabalho não  pago  Tempo de  trabalho total  43h30  2h48  9h24  55h42  41h06  2h36  25h24  69h00   

Fonte:  Cálculos  próprios,  com  base  em  European  Foundation  for  the  Improvement  of  Living  and  Working 

Conditions, 4º Inquérito Europeu às Condições de Trabalho, 2005.   

Ao  nível  da  afectação  de  tempos  às  diferentes  formas  de  trabalho,  os  dados  mostram  um  tempo  de  trabalho  total  claramente  superior  para  as  mulheres,  facto  que  resulta  principalmente  da  desigual  duração  do  trabalho  doméstico  não  remunerado  por  género.  Efetivamente, como são as mulheres que têm a seu cargo a maior parte do trabalho doméstico  e  de  prestação  de  cuidados  a  crianças  e  a  adultos  dependentes  –  as  mulheres  gastam  semanalmente  mais  16  h  nestas  tarefas,  comparativamente  com  os  homens  –  são  elas  que  têm a semana de trabalho total mais longa. 

No  que  se  refere  ao  trabalho  pago,  os  homens  afetam  semanalmente  mais  2h  e  24m  comparativamente às mulheres. 

No  cômputo  total,  o  diferencial  entre  o  trabalho  semanal  das  mulheres  e  dos  homens  ultrapassa as 13 horas.     

São as mulheres que, apesar de trabalharem maioritariamente a 

tempo inteiro, asseguram a maior parte do trabalho doméstico e de 

prestação de cuidados dentro da família 

(39)

No trabalho não pago, são as mulheres que asseguram grande parte das tarefas rotineiras de  manutenção  da  casa  e  da  família  –  preparação  de  refeições,  limpeza  da  casa  e  cuidado  da  roupa  –  enquanto  que  os  homens  se  dedicam  a  tarefas  mais  esporádicas  e  menos  exigentes  em termos de tempo. Tratar de assuntos administrativos (seguros, impostos, banco, contas) é  a tarefa doméstica que mais de metade dos homens assegura frequentemente. 

A divisão sexual do trabalho não pago, bem como a presença de crianças ou outros familiares  dependentes no agregado familiar, tem impacto na conciliação da atividade profissional com a  vida  familiar  e  pessoal,  sendo  mais  provável  que  esse  impacto  afete  de  forma  mais  penalizadora as mulheres, nomeadamente restringindo as suas possibilidades de participação  no mercado de trabalho. 

Segundo  os  dados  do  módulo  ad  hoc  relativo  à  conciliação  da  vida  profissional  com  a  vida  familiar  do  Inquérito  ao  Emprego  de  2010,  a  relação  entre  a  existência  de  filhos  e  a  participação na vida ativa é negativa para as mulheres com filhos com idade  até aos 9 anos,  com redução da probabilidade de participação na vida profissional em 4,3 p.p., enquanto que  para  os  homens  a  relação  é  positiva.  Também  a  probabilidade  de  participação  na  vida  profissional ativa diminui (5,2 p.p. para as mulheres e 2,4 p.p. para os homens) quando se trata  da necessidade de prestação de cuidados a dependentes com 15 ou mais anos de idade.   

 

A  possibilidade  de  conciliar  o  exercício  de  uma  atividade  profissional  com  a  existência  de  filhos/as em idades que carecem de acompanhamento a tempo inteiro e/ou de outras pessoas  dependentes, pressupõe a existência de equipamentos de acolhimento e cuidados a crianças e  adultos dependentes e de medidas de flexibilidade na gestão dos tempos de trabalho. 

Na  análise  dos  motivos  que  levam  mulheres  e  homens,  com  crianças  a  cargo,  a  não  trabalharem ou a trabalharem menos horas, a falta de serviços de acolhimento de crianças é  evocada  principalmente  por  mulheres,  sendo  que  91,5%  dos  que  referem  este  motivo  são  mulheres. 

A existência de filhos/as reduz a probabilidade de participação das 

mulheres na vida profissional  

(40)

        Quadro 13 ‐ Indivíduos dos 15 aos 64 anos de idade, que não trabalham ou trabalham a tempo parcial,  devido à falta de serviços de acolhimento para crianças, segundo o sexo (%), 2º trimestre de 2010 

  Total  Homens  Mulheres 

Não trabalham ou não trabalham mais horas devido à  falta  de  serviços  de  acolhimento  para  crianças  ou  pessoas dependentes  5,3%  1,7%  6,6%  Não trabalham ou não trabalham mais horas devido a  outra razão não relacionada com a falta de serviços de  acolhimento para crianças ou pessoas dependentes  77,9%  75,2  78,8%  Não resposta  16,8%  23,1%  14,5%  Total  100%  100%  100%  Fonte: INE, Conciliação da vida profissional com a vida familiar – Módulo ad hoc do Inquérito ao Emprego de  2010.      O recurso, da população empregada, com filhos/as a cargo, a um serviço pago de acolhimento  de crianças aumentou significativamente de 2005 para 2010. Segundo o módulo ad hoc sobre  conciliação  da  vida  profissional  com  a  vida  familiar  do  Inquérito  ao  Emprego  de  2005,  nesse  ano,  33,9%  da  população  empregada  com  filhos/as  a  cargo  utilizou  um  serviço  pago  de 

O recurso, da população empregada, a serviço pago de acolhimento 

para cuidarem dos/as filhos/as enquanto trabalham aumentou 

Referências

Documentos relacionados

Código Descrição Atributo Saldo Anterior D/C Débito Crédito Saldo Final D/C. Este demonstrativo apresenta os dados consolidados da(s)

As questões acima foram a motivação para o desenvolvimento deste artigo, orientar o desenvol- vedor sobre o impacto que as cores podem causar no layout do aplicativo,

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Foram avaliados cinco fatores: fonte da água para irrigação (rio, córrego, água encanada ou poço artesiano), tipo de adubo utilizado no cultivo das alfaces, criação de animais

Objetivou-se com este estudo avaliar o efeito da redução de nutrientes e energia suplementada ou não com fitase para frango de corte na fase 14 a 24 dias de idade

No primeiro, destacam-se as percepções que as cuidadoras possuem sobre o hospital psiquiátrico e os cuidados com seus familiares durante o internamento; no segundo, evidencia-se

Assim, cabe às Ciências Sociais e Humanas trabalhar esta problemática pois além de pobreza, o desemprego gera consequências negativas a nível pessoal e social (Gonçalves, et

Porém, a partir dos meados do século XIV, e até antes para algumas regiões como o Baixo-Alentejo ou o concelho de Santarém, medidas defensivas, procurando conservar as matas para